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Escravos do apetite CRA 157

245. Há uma classe de pessoas que professam crer na verdade, e que não usam fumo, rapé, chá, ou café, e no entanto são culpadas de satisfazer o apetite de modo diferente. Anseiam por pratos altamente condimentados, com molhos muito fortes, e seu apetite tornou-se tão pervertido que não se satisfazem nem mesmo com carne, a menos que seja preparada de maneira muito prejudicial. O estômago torna-se febricitante, os órgãos digestivos são sobrecarregados, e ainda o estômago tem de trabalhar arduamente para desincumbir-se da carga que lhe é imposta. Depois de efetuar sua tarefa, o estômago fica exausto, o que causa desfalecimento. Aqui é onde muitos se enganam, pensando que é a falta de alimento que produz tal sensação, e sem darem ao estômago tempo para descansar, tomam mais alimento, o que no momento afasta o esmorecimento. E quanto mais se condescende com o apetite, tanto mais clamará ele por satisfação. Esse desfalecimento é em geral o resultado de comer carne, e comê-la freqüentemente, e em excesso. ... CRA 157.2

Por ser moda, e estar em harmonia com o apetite mórbido, são amontoados no estômago bolos substanciosos, tortas e pudins e tudo que é prejudicial. A mesa tem de estar repleta de variedade de pratos, ou não se satisfaz o apetite pervertido. De manhã esses escravos do apetite muitas vezes têm hálito impuro e língua saburrosa. Não gozam saúde, e ficam a pensar por que seria que sofrem dores, dor de cabeça e vários males. Muitos comem três vezes por dia, e ainda antes de deitar-se. Dentro de pouco tempo os órgãos digestivos ficam gastos, porque não tiveram tempo para descansar. Esses tornam-se miseráveis dispépticos, e indagam o que assim os teria tornado. A causa trouxe o resultado seguro. Não se deve jamais tomar a segunda refeição antes que o estômago tenha tido tempo para descansar do trabalho de digerir a refeição anterior. Se se quiser tomar uma terceira refeição, seja então leve, e várias horas antes do deitar. CRA 158.1

Muitos são tão devotados à intemperança que sob consideração nenhuma mudam seu procedimento de condescender com a glutonaria. Prefeririam sacrificar a saúde e morrer prematuramente, a restringir o intemperante apetite. E muitos há que são ignorantes da relação que seu comer e beber tem com a saúde. Pudessem esses ser esclarecidos, e talvez tivessem coragem moral para negar-se ao apetite, e comer mais comedidamente, e unicamente da espécie de alimento saudável, poupando-se, por seu procedimento, grande quantidade de sofrimento. CRA 158.2

Educar o apetite CRA 158

Pessoas que têm cedido ao apetite para comer livremente carne, molhos altamente condimentados, e várias espécies de substanciosos bolos e conservas, não se satisfazem imediatamente com um regime simples, saudável e nutritivo. Seu paladar está tão pervertido que não têm apetite para um regime saudável de frutas, pão simples e verduras. Nem devem esperar que logo ao princípio sintam prazer em alimento tão diverso daquele com que condescenderam alimentar-se. Se não podem desde o princípio ter prazer em alimentos simples, devem jejuar até que tenham. Esse jejum se lhes demonstrará de maior benefício do que os remédios, pois o abusado estômago encontrará o repouso de que havia tanto necessitava, e a verdadeira fome se satisfará com um regime simples. Levará tempo para o paladar recuperar-se dos abusos que sofreu e voltar ao seu tom natural. Mas a perseverança na adoção de um regime abnegado de comer e beber bem depressa tornará agradável o alimento simples e saudável, e logo este será ingerido com maior satisfação do que frui o gastrônomo com suas ricas iguarias. CRA 158.3

O estômago assim não fica febril e sobrecarregado de alimentos, mas acha-se em condição sadia, podendo de pronto efetuar sua tarefa. Não deve haver demora na reforma. Devem fazer-se esforços para preservar cuidadosamente a força que resta das forças vitais, evitando qualquer carga excessiva. O estômago talvez nunca mais recupere saúde plena, mas o procedimento acertado na questão do regime poupará novas debilidades, e muitos ficarão mais ou menos recuperados, a menos que tenham ido muito longe no suicídio glutão. CRA 159.1

Os que se permitem tornar-se escravos de um apetite glutão, muitas vezes vão mais longe ainda, degradando-se mediante a condescendência com suas paixões corruptas, que se tornaram excitadas pela intemperança no comer e beber. Dão rédea solta a suas paixões degradantes, até que a saúde e o intelecto vêm a sofrer grandemente. As faculdades de raciocínio são, em grande medida, destruídas pelos maus hábitos. — Spiritual Gifts 4:129-131 (1864). CRA 159.2