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A natureza não é Deus ME1 293

Os que possuem verdadeiro conhecimento de Deus não se tornarão tão obcecados com as leis da matéria ou as operações da Natureza que passem por alto, ou se recusem a reconhecer, a constante operação de Deus na Natureza. A Natureza não é Deus, nem jamais foi Deus. A voz da Natureza testifica de Deus, mas a Natureza não é Deus. Como Sua obra criada, ela simplesmente dá testemunho do poder de Deus. A Divindade é o autor da Natureza. O mundo natural não tem, em si, poder algum senão o que Deus lhe supre. Existe um Deus pessoal, o Pai; existe um Cristo pessoal, o Filho. E “havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da Sua glória, e a expressa imagem da Sua pessoa, e sustentando todas as coisas, pela palavra do Seu poder, havendo feito por Si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-Se à destra da Majestade nas alturas”. Hebreus 1:1-3. ME1 293.1

Diz o salmista: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das Suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Sem linguagem, sem fala, ouvem-se as suas vozes.” Salmos 19:1-3. Podem alguns supor que essas grandes coisas do mundo natural sejam Deus. Não são Deus. Todas essas maravilhas nos céus estão apenas fazendo a obra que lhes é designada. São instrumentos do Senhor. Deus é o superintendente, assim como Criador, de todas as coisas. O Ser Divino empenha-Se em manter as coisas por Ele criadas. A própria mão que sustenta as montanhas e as mantém em posição, guia os mundos em sua misteriosa marcha em volta do Sol. ME1 293.2

Dificilmente se encontra uma operação da Natureza à qual a Palavra de Deus não faça referência. A Palavra declara que Deus “faz que o Seu Sol se levante”, e que a chuva caia. Mateus 5:45. Ele “faz brotar nos montes a erva”. Ele “dá a neve como lã, esparge a geada como cinza. ... Manda a Sua palavra, e os faz derreter; faz soprar o vento, e correm as águas”. Salmos 147:8, 16-18. “Faz subir os vapores das extremidades da Terra; faz os relâmpagos para a chuva; tira os ventos dos seus tesouros.” Salmos 135:7. ME1 294.1

Estas palavras da Santa Escritura nada dizem de leis da Natureza independentes. Deus fornece a matéria e as propriedades com as quais executar Seus planos. Emprega Seus instrumentos para que a vegetação cresça. Manda o orvalho e a chuva e o sol, para que a relva germine e estenda sobre a terra seu tapete verde; para que os arbustos e as árvores frutíferas desabrochem os botões e produzam. Não se pode supor que seja posta em ação uma lei para que a semente opere por si mesma, e a folha apareça porque isso tenha que fazer por si mesma. Deus instituiu leis, mas estas são apenas servos pelos quais Ele efetua resultados. É pela imediata instrumentalidade de Deus que cada pequenina semente irrompe através da terra e surge para a vida. Cada folha cresce, cada flor desabrocha, pelo poder de Deus. ME1 294.2

O organismo físico do homem está sob a supervisão de Deus; não é, porém, como um relógio que seja posto a trabalhar e tenha de prosseguir por si mesmo. O coração pulsa, uma batida sucede a outra, respiração segue a respiração, mas o ser inteiro está sob a supervisão de Deus. “Vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.” 1 Coríntios 3:9. Em Deus vivemos e nos movemos e existimos. Cada pulsar do coração, cada ato de respirar, são inspiração dAquele que soprou nas narinas de Adão o fôlego da vida — a inspiração do Deus sempre presente, o grande EU SOU. ME1 294.3

Os antigos filósofos jactavam-se de seus superiores conhecimentos. Leiamos como entendia a questão o apóstolo inspirado: “Dizendo-se sábios”, diz ele, “tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e das aves, e de quadrúpedes, e de répteis. ... Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador.” Romanos 1:22-25. Em sua sabedoria humana não pode o mundo conhecer a Deus. Seus homens sábios reúnem um imperfeito conhecimento de Deus, por Suas obras criadas, e então, em sua loucura, exaltam a Natureza e as leis da Natureza acima do Deus da Natureza. Os que não possuem um conhecimento de Deus mediante a aceitação da revelação que de Si mesmo deu em Cristo, esses só obterão um conhecimento imperfeito dEle, na Natureza; e este conhecimento, longe de proporcionar conceitos elevados acerca de Deus, e colocar o ser inteiro em conformidade com Sua vontade, fará dos homens idólatras. Professando-se sábios, tornar-se-ão loucos. ME1 295.1

Os que pensam poder obter um conhecimento de Deus à margem de Seu Representante, a quem a Palavra declara ser “a expressa imagem da Sua Pessoa” (Hebreus 1:3), terão de tornar-se loucos em sua própria estima antes de ser sábios. É impossível alcançar um perfeito conhecimento de Deus, da Natureza tão-somente; pois a Natureza mesma é imperfeita. Em sua imperfeição não pode representar a Deus; não pode revelar o caráter de Deus em sua perfeição moral. Mas Cristo veio ao mundo como um Salvador pessoal. Representou um Deus pessoal. Como Salvador pessoal, subiu ao alto; e virá de novo tal qual subiu ao Céu — como Salvador pessoal. É Ele a expressa imagem da pessoa do Pai. “NEle habita corporalmente toda a plenitude da Divindade.” Colossences 2:9. ME1 295.2