A profecia da mensagem do primeiro anjo, apresentada em Apocalipse 14, teve o seu cumprimento no movimento do Advento de 1840-1844. Na Europa e na América, homens de fé e de oração ficaram profundamente entusiasmados quando a sua atenção foi chamada para as profecias, e, ao examinarem o registo inspirado, viram evidências convincentes de que o fim de todas as coisas estava muito próximo. - The Spirit of Prophecy , vol. 4, p. 222. MTA 37.1
A Guilherme Miller e aos seus cooperadores coube a pregação desta advertência na América do Norte. Este país tornou-se no centro da grande obra do Advento. Foi aqui que a profecia da mensagem do primeiro anjo teve o cumprimento mais direto. Os escritos de Miller e dos seus companheiros foram levados até países distantes. Em todo o mundo, onde quer que tivessem penetrado missionários, para lá se enviaram as alegres novas da breve volta de Cristo. Por toda a parte se propagou a mensagem do Evangelho eterno: “Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque vinda é a hora do seu juízo” MTA 37.2
O testemunho das profecias, que pareciam indicar a vinda de Cristo na primavera de 1844, apoderou-se profundamente do espírito do povo. À medida que a mensagem ia de um Estado para outro, despertava-se por toda a parte um grande interesse. Muitos estavam convictos de que os argumentos tirados dos períodos proféticos estavam corretos e, sacrificando o orgulho das suas opiniões, recebiam a verdade alegremente. Alguns pastores puseram de lado as suas ideias e os seus sentimentos sectários e, renunciando aos seus salários e às suas igrejas, uniram-se na proclamação da vinda de Jesus. Houve, entretanto, poucos pastores que aceitaram esta mensagem; foi, por conseguinte, confiada em grande parte a leigos humildes. Lavradores deixavam os campos; mecânicos as ferramentas; negociantes as suas mercadorias; profissionais os seus cargos. Mesmo assim, o número de obreiros era pequeno em comparação com a obra a ser empreendida. A condição de uma Igreja ímpia e de um mundo cheio de maldade pesava na alma dos verdadeiros vigias, e eles suportavam voluntariamente as fadigas, as privações e o sofrimento, para poderem chamar os homens ao arrependimento para a salvação. A obra, ainda que Satanás se opusesse, prosseguia firmemente, sendo a verdade do Advento aceite por muitos milhares de pessoas. MTA 38.1
Por toda a parte se ouvia o penetrante testemunho, advertindo os pecadores, tanto mundanos como membros da Igreja, a fugirem da ira vindoura. Tal como João Batista, o precursor de Cristo, os pregadores punham o machado na raiz da árvore, e insistiam com todos para que produzissem frutos dignos de arrependimento. Os seus fervorosos apelos estavam em evidente contraste com as afirmações de paz e segurança que se ouviam dos púlpitos populares. E, onde quer que a mensagem fosse apresentada, comovia o povo. O simples e direto testemunho das Escrituras, levado ao coração pelo poder do Espírito Santo, comunicava-lhes um peso de convicção a que poucos eram capazes de resistir inteiramente. Os que professavam a religião eram despertados da sua falsa segurança. Viam a sua apostasia, o seu mundanismo e a sua incredulidade, bem como o seu orgulho e egoísmo. Muitos procuravam o Senhor com arrependimento e humilhação. Fixavam agora no Céu as afeições que durante tanto tempo tinham estado ligadas às coisas terrenas. O Espírito de Deus repousava sobre eles, e, com o coração abrandado e subjugado, uniam-se para fazer soar o clamor: “Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque vinda é a hora do seu juízo.” MTA 38.2
Pecadores, chorando, perguntavam: “O que devo fazer para me salvar?” Aqueles, cuja vida tinha sido de desonestidade, estavam ansiosos por fazer a devida restituição. Todos os que encontravam paz em Cristo ansiavam ver outros participarem desta bênção. O coração dos pais convertia-se aos filhos, e o dos filhos aos pais. As barreiras do orgulho e da reserva foram varridas. Fizeram-se confissões sinceras, e os membros da família trabalhavam pela salvação dos mais queridos e dos que estavam mais perto. Frequentemente ouviase uma voz de fervorosa intercessão. Por toda a parte havia almasprofundamente angustiadas, lutando com Deus. Muitos passavam toda a noite em oração para obter a certeza de que os seus pecados estavam perdoados, ou pela conversão dos parentes ou vizinhos. MTA 39.1
Todas as classes se congregavam nas reuniões Adventistas. Ricos e pobres, grandes e humildes, estavam, por vários motivos, ansiosos por ouvir, por si mesmos, a doutrina do Segundo Advento. O Senhor detinha o espírito de oposição enquanto os Seus servos explicavam as razões da sua fé. Algumas vezes o instrumento era fraco, mas o Espírito de Deus dava poder à Sua verdade. Nessas assembleias sentia-se a presença dos santos anjos, e muitos eram diariamente acrescentados aos crentes. Quando as provas da próxima vinda de Cristo eram repetidas, vastas multidões escutavam, silenciosas e extasiadas, as solenes palavras. O Céu e a Terra pareciam aproximar-se. O poder de Deus fazia-se sentir em pessoas velhas, jovens e de meia-idade. Os homens chegavam aos seus lares com louvores nos lábios, ressoando o som festivo no ar silencioso da noite. Ninguém que tenha assistido àquelas reuniões poderá esquecer-se dessas cenas do mais profundo interesse. MTA 39.2
A proclamação de um tempo definido para a vinda de Cristo despertou grande oposição de muitos, entre todas as classes, desde o pastor, no púlpito, até ao mais ousado pecador. Cumpriram-se as palavras da profecia: “Nos últimos dias, hão de aparecer certas pessoas que viverão de acordo com as suas paixões. Fazendo pouco de vocês, eles dirão: Cristo prometeu voltar. Em que é que ficou essa promessa? Os nossos pais já morreram e tudo continua na mesma, como desde o princípio do mundo” (II Pedro 3:3 e 4, BN). Muitos que diziam amar o Salvador declaravam que não se opunham à doutrina do Segundo Advento. Apenas faziam objeções ao tempo definido. Mas os olhos de Deus, que veem tudo, liam o seu coração. Não desejavam ouvir falar acerca da vinda de Cristo para julgar o mundo com justiça. Tinham sido servos infiéis. As suas obras não resistiriam à inspeção do Deus que sonda os corações, e receavam encontrar-se com o Senhor. Tal como os Judeus nos dias de Cristo, não estavam preparados para O receber. Não só se recusavam a ouvir os claros argumentos das Escrituras Sagradas, mas procuravam ridicularizar os que aguardavam o Senhor. Satanás e os seus anjos exultavam e lançavam insultos ao rosto de Cristo e dos santos anjos, pelo facto dos que dizem ser Seu povo terem tão pouco amor por Ele que não desejavam o Seu aparecimento. MTA 40.1
“Daquele dia e hora ninguém sabe”, era o argumento mais frequentemente apresentado pelos que rejeitavam a fé do Advento. A passagem é: “Daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente o meu Pai” (Mateus 24:36). Os que aguardavam o Senhor apresentavam uma explicação clara e harmoniosa desta passagem, e o uso errado que os seus opositores faziam dela foi claramente demonstrado. Estas palavras foram proferidas por Cristo na memorável conversação com os discípulos, no Monte das Oliveiras, depois de Ele Se ter afastado do templo pela última vez. Os discípulos tinham feito a pergunta: “Qual vai ser o sinal da tua vinda e do fim do mundo?” Jesus deu-lhes sinais, e disse: “Quando virem acontecer estas coisas, fiquem sabendo que o tempo já está próximo” (Mateus 24:3, 33, BN). Não se deve admitir que uma declaração do Senhor destrua outra. Embora ninguém saiba o dia ou a hora da Sua vinda, somos instruídos quanto à sua proximidade, e exige-se que saibamos isto. Além disso, é-nos ensinado que desprezar a advertência ou recusar saber a proximidade do Advento do Salvador ser-nos-á tão fatal como foi para os que viveram no tempo de Noé o não saber quando viria o Dilúvio. E a parábola, no mesmo capítulo, que põe em contraste o servo fiel com o infiel e sentencia o que disse para consigo: “O meu patrão ainda se demora”, mostra sob que luz Cristo olhará e recompensará os que encontrar a vigiar e a pregar a Sua vinda, bem como os que a negam. “Vigiai, pois”, diz Ele; “bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim” (Mateus 24:42-51). “Se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei” (Apocalipse 3:3). MTA 40.2
Paulo fala de uma classe de pessoas para a qual o aparecimento do Senhor há de ser surpresa. “O dia do Senhor virá como o ladrão de noite; pois que quando disserem: Há paz e segurança; então lhes sobrevirá repentina destruição, ... e de modo nenhum escaparão.” Mas ele diz aos que estão atentos à advertência do Salvador: “Vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão; porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas” (I Tessalonicenses 5:2-5). MTA 41.1
Mostrou-se assim que as Escrituras não oferecem garantia aos homens que permanecem na ignorância em relação à proximidade da vinda de Cristo. Aqueles, porém, que apenas desejavam uma desculpa para rejeitar a verdade fechavam os ouvidos a esta explicação, e as palavras “Daquele dia e hora ninguém sabe” continuaram a ser repetidas pelos audaciosos escarnecedores e mesmo pelos professos ministros de Cristo. MTA 41.2
Quando os homens despertaram e começaram a procurar o caminho da salvação, houve mestres religiosos que se interpuseram entre eles e a verdade, procurando acalmar os seus temores com interpretações falsas da Palavra de Deus. Vigias infiéis uniram-se na obra do grande enganador, clamando: “Paz, Paz!”, quando Deus não tinha falado de paz. Muitos, tal como os fariseus do tempo de Cristo, recusaram entrar no Reino do Céu e perturbaram os que estavam a entrar. O sangue dessas almas ser-lhes-á requerido. MTA 41.3
Os mais humildes e devotos nas igrejas eram geralmente os primeiros a receber a mensagem. Os que estudavam por si mesmos a Escritura Sagrada não podiam deixar de ver o desacordo entre as opiniões populares com os textos sagrados referentes à profecia. Onde quer que o povo não fosse dirigido pela influência do corpo ministerial, onde quer que por si mesmo investigasse as Escrituras, a doutrina do Advento precisava apenas de ser comparada com as Escrituras para lhe estabelecer a sua autoridade divina. MTA 42.1
Muitos eram perseguidos pelos seus irmãos descrentes. Alguns, para conservarem a sua posição na Igreja, resolveram não falar a respeito da sua esperança. Outros, porém, sentiam que a lealdade para com Deus não lhes permitia ocultar desta maneira as verdades que Ele lhes tinha confiado. Muitos foram separados da comunidade da Igreja, unicamente pelo facto de exprimirem a sua crença na vinda de Cristo. As palavras do profeta: “Vossos irmãos que vos aborrecem e longe de si vos separam por amor do meu nome, dizem: O Senhor seja glorificado para que vejamos a vossa alegria; mas eles serão confundidos” (Isaías 66:5), tornaram-se muito preciosas, para os que suportavam esta prova da sua fé. MTA 42.2
Anjos de Deus observavam, com o mais profundo interesse, o resultado da advertência. Quando houve uma rejeição geral da mensagem por parte das igrejas, os anjos afastaram-se com tristeza. Mas havia muitos que ainda não tinham sido provados quanto à verdade do Advento. Muitas pessoas eram desviadas por maridos, esposas, pais ou filhos, que as convenciam de que era pecado até mesmo escutar as heresias pregadas pelos Adventistas. Os anjos receberam ordem de cuidar fielmente daquelas pessoas, pois outra luz, procedente do trono de Deus, deveria ainda resplandecer sobre elas. MTA 42.3
Os que tinham recebido a mensagem aguardavam a vinda do Salvador com um inexprimível desejo. A altura em que esperavam encontrar-se com Ele estava às portas. Com calma e solenidade, viam a hora aproximar-se. Permaneciam em doce comunhão com Deus, como que antegozando a paz de que desfrutariam no glorioso fu-turo. Ninguém que tenha experimentado esta confiante esperança poderá esquecer-se daquelas preciosas horas de expectativa. Algumas semanas antes do tempo, as ocupações seculares foram, na sua maior parte, postas de lado. Como se estivessem no leito de morte, e devessem dentro de poucas horas cerrar os olhos para as cenas terrestres, os crentes sinceros examinavam cuidadosamente todos os pensamentos e emoções do seu coração. Não houve confeção de “vestes para a ascensão”, mas todos sentiam a necessidade de evidência íntima de que estavam preparados para se encontrarem com o Salvador. As suas vestes brancas eram a pureza da alma - o caráter purificado do pecado pelo sangue expiatório de Cristo. Oxalá ainda houvesse entre o povo professo de Deus o mesmo espírito de exame do coração, a mesma fé, ardente e resoluta. Se eles tivessem continuado a humilhar-se perante o Senhor desta maneira, a insistir com os seus pedidos no propiciatório, possuiriam uma experiência muito mais rica do que aquela que agora têm. Há muito pouca oração, muita falta de verdadeira convicção do pecado, e a ausência de uma fé viva deixa muitos destituídos da graça tão ricamente provida pelo nosso Redentor. MTA 42.4
Deus desejou provar o Seu povo. A Sua mão ocultou um erro no cálculo dos períodos proféticos. Os Adventistas não descobriram esse erro. Também não foi descoberto pelos seus opositores mais instruídos. Estes últimos diziam: “A vossa contagem dos períodos proféticos é correta. Qualquer grande acontecimento está prestes a ocorrer, mas não é o que o senhor Miller prediz: é a conversão do mundo, e não a Segunda Vinda de Cristo.” MTA 43.1
Passou-se o tempo de expectação e Cristo não apareceu para a libertação do Seu povo. Os que com fé e amor sinceros tinham esperado o Salvador experimentaram um amargo desapontamento. Todavia, os propósitos de Deus cumpriam-se: estava a provar o coração dos que diziam estar à espera do Seu aparecimento. Havia muitos, entre eles, que não tinham sido constrangidos por motivos mais elevados do que o medo. A profissão de fé não tinha transformado nem o seu coração nem a sua vida. Quando o acontecimento esperado não se realizou, essas pessoas declararam que não estavam dececionadas, pois nunca tinham acreditado que Cristo viria. Eram as primeiras a ridicularizar a tristeza dos verdadeiros crentes. MTA 43.2
Mas Jesus e toda a hoste celestial olhavam com amor e simpatia para os provados e fiéis, embora dececionados. Se se pudesse descerrar o véu que separava o mundo visível do invisível, ter-se-iam visto anjos aproximarem-se daquelas almas sinceras, protegendo-as dos dardos de Satanás. - O Grande Conflito , pp. 315-320, 2020, ed. P. SerVir. MTA 44.1
Os sete trovões estão relacionados com este tempo - Depois de esses sete trovões terem feito ouvir a sua voz, vem a João a ordem, como aconteceu com Daniel, em relação ao pequeno livro: “Sela o que os sete trovões falaram.” [Apocalipse 10:4.] Eles estão relacionados com eventos futuros que serão revelados na sua ordem. ... MTA 44.2
... João ouviu os mistérios proferidos pelos sete trovões, mas foi-lhe ordenado que não os escrevesse. A luz especial dada a João, que foi expressa nos sete trovões, era uma apresentação de eventos que teriam lugar sob as mensagens do primeiro e do segundo anjos. Conhecer estas coisas não era o melhor para o povo, porque a sua fé tinha necessariamente de ser testada. Na ordem estabelecida por Deus, verdades extremamente maravilhosas e avançadas deviam ser proclamadas. As mensagens do primeiro e do segundo anjos deviam ser proclamadas, mas nenhuma outra luz devia ser revelada até que essas mensagens tivessem feito o seu trabalho específico. Isto é re-presentado pelo Anjo que estava em pé, com um pé sobre o mar, a proclamar, com um juramento muito solene, que não haveria mais tempo. - Manuscrito 59 , 16 de agosto de 1900 ( SDA Bible Commentary , vol. 7, p. 971). MTA 44.3
Os esforços passados serão ultrapassados no futuro - Devíamos estar a fazer esforços ainda maiores do que os que foram realizados pelos que proclamaram tão fielmente a mensagem do primeiro anjo. Estamos a aproximar-nos rapidamente do fim da história desta Terra; e, à medida que compreendermos que Jesus vem realmente em breve, seremos despertados para trabalhar como nunca antes. É-nos ordenado que façamos soar um alarme junto do povo. E devemos revelar na nossa própria vida o poder da verdade e da justiça. O mundo vai enfrentar em breve o grande Legislador relativamente à Sua Lei transgredida. Unicamente os que passam da transgressão para a obediência podem esperar ter perdão e paz. MTA 44.4
Devemos levantar a bandeira na qual se acha inscrito: “Os mandamentos de Deus, e a fé de Jesus.” [Apocalipse 14:12.] - Manuscrito 4 , 1913 ( Selected Messages , vol. 2, pp. 402 e 403). MTA 45.1