O sacrifício do Cordeiro é reconhecido pelos ímpios no juízo fi-nal - Logo que se abrem os livros de registo e o olhar de Jesus incide sobre os ímpios, eles tornam-se conscientes de todo o pecado cometido. Veem exatamente onde os seus pés se desviaram do caminho da pureza e da santidade, precisamente até onde o orgulho e a rebelião os levaram na violação da Lei de Deus. As sedutoras tentações que incentivaram na condescendência com o pecado, as bênçãos pervertidas, os mensageiros de Deus desprezados, as advertências rejeitadas, as ondas de misericórdia rebatidas pelo coração obstinado, impenitente - tudo aparece como que escrito com letras de fogo. MTA 85.3
Por cima do trono revela-se a Cruz. E, como numa vista panorâmica, aparecem as cenas da tentação e da queda de Adão, e os passos sucessivos no grande Plano da Redenção. O humilde nascimento do Salvador; a Sua infância de simplicidade e de obediência; o Seu batismo no Jordão; o jejum e a tentação no deserto; o Seu ministério público, desvendando aos homens as mais preciosas bênçãos do Céu; os dias repletos de atos de amor e de misericórdia; as Suas noites de oração e de vigília na solidão das montanhas; as intrigas de inveja, ódio e maldade, com que os Seus benefícios eram retribuídos; a agonia terrível e misteriosa no Getsémani, sob o peso esmagador dos pecados do mundo inteiro; a Sua traição nas mãos da multidão assassina; os terríveis acontecimentos daquela noite de horror - o Prisioneiro que não opunha resistência, abandonado pelos Seus discípulos mais amados, rudemente empurrado pelas ruas de Jerusalém, o Filho de Deus exultantemente exibido perante Anás, levado ao palácio do sumo-sacerdote, ao tribunal de Pilatos, perante o covarde e cruel Herodes, escarnecido, insultado, torturado e condenado à morte - tudo é vividamente esboçado. MTA 86.1
E agora, perante a multidão agitada, revelam-se as cenas finais - o paciente Sofredor percorrendo o caminho do Calvário; o Príncipe do Céu suspenso na cruz; os altivos sacerdotes e a plebe a troçar, a escarnecer da Sua agonia mortal; as trevas sobrenaturais; a Terra a tremer; as pedras despedaçadas; as sepulturas abertas, assinalando o momento em que o Redentor do mundo entregou a vida. MTA 86.2
O terrível espetáculo aparece exatamente como foi. Satanás e os seus anjos e súbditos não têm poder para se desviarem do quadro que é a sua própria obra. Cada ator relembra a parte que desempenhou. ... Em vão procuram ocultar-se da divina majestade do Seu rosto, mais resplandecente do que o Sol, enquanto os remidos lançam as suas coroas aos pés do Salvador, exclamando: “Ele morreu por mim!” ... É agora evidente para todos que o salário do pecado não é nenhuma nobre independência e vida eterna, mas escravidão, ruína e morte. Os ímpios veem o que perderam em virtude da sua vida de rebeldia. A glória eterna mui excelente foi desprezada quando lhes foi oferecida, mas, agora, quanto desejavam tê-la! “Tudo isto”, exclama a alma perdida, “eu poderia ter tido, mas preferi conservar estas coisas longe de mim. Estranha insensatez! Troquei a paz, a felicidade e a honra pela miséria, pela infâmia e pelo desespero”. Todos veem que a sua exclusão do Céu é justa. Através da sua vida declararam: “Não queremos que este Jesus reine sobre nós.” MTA 86.3
Como que extasiados, os ímpios contemplam a coroação do Filho de Deus. Veem nas Suas mãos as tábuas da lei divina, os estatutos que desprezaram e transgrediram. Testemunham o irromper de admiração, os enlevos e a adoração por parte dos salvos, e, ao propagar-se a onda de melodia sobre as multidões fora da cidade, todos, em unís-sono, exclamam: “Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó rei dos santos” (Apoc. 15:3); e, prostrando-se, adoram o Príncipe da vida. - O Grande Conflito, pp. 570-572, 2020, ed. P. SerVir. MTA 87.1