O homem não pode realizar proezas dignas de louvor que lhe dêem alguma glória. Os homens têm o hábito de glorificar os homens e de exaltá-los. Estremeço ao ver ou ouvir algo a esse respeito, pois me foram revelados não poucos casos em que a vida familiar e a obra no interior do coração desses próprios homens se acham repletas de egoísmo. Eles são corruptos, desprezíveis e vis; e nada que procede de todos seus feitos pode elevá-los diante de Deus, pois tudo que fazem constitui uma abominação à Sua vista. Não pode haver verdadeira conversão sem o abandono do pecado, e não é discernida a grave natureza do pecado. Com uma agudeza de percepção jamais atingida pela vista humana, anjos de Deus discernem que seres tolhidos por influências corruptoras, com a mente e mãos impuras, estão decidindo seu destino para a eternidade. No entanto, muitos têm pouca compreensão do que constitui pecado e qual é o remédio. FO 21.3
Ouvimos serem pregadas tantas coisas a respeito da conversão da pessoa que não são verdade. Os homens são ensinados a pensar que se alguém se arrepende, será perdoado, supondo que o arrependimento é o caminho e a porta para o Céu; que há no arrependimento certo valor garantido que compre o perdão para ele. Pode o homem arrepender-se por si mesmo? Não mais do que pode perdoar a si próprio. Lágrimas, suspiros, resoluções — tudo isso constitui apenas o apropriado exercício das faculdades que Deus concede ao homem e o ato de afastar-se do pecado na regeneração de uma vida que é de Deus. Onde está o mérito do homem para ganhar sua salvação ou para colocar diante de Deus algo que seja valioso e excelente? Pode uma oferta de dinheiro, casas, terras, colocar-vos na lista do merecimento? Impossível! FO 22.1
Há o perigo de considerar que a justificação pela fé concede algum mérito à fé. Quando aceitamos a justiça de Cristo como um dom gratuito somos justificados gratuitamente por meio da redenção de Cristo. Que é fé? “O firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem.” Hebreus 11:1. É uma aprovação do entendimento às palavras de Deus que leva o coração a uma voluntária consagração e serviço a Deus, o qual deu o entendimento, o qual sensibilizou o coração, o qual primeiro levou a mente a contemplar a Cristo na cruz do Calvário. Fé é entregar a Deus as faculdades intelectuais, submeter-Lhe a mente e a vontade e fazer de Cristo a única porta de entrada no reino dos Céus. FO 22.2
Quando os homens aprendem que não podem obter a justiça pelo mérito de suas próprias obras e olham com firme e inteira confiança para Jesus Cristo como sua única esperança, não haverá tanto do próprio eu e tão pouco de Jesus. Almas e corpos são maculados e poluídos pelo pecado, o coração é alienado de Deus, contudo muitos estão-se debatendo, em sua própria força finita, para conquistar a salvação por boas obras. Jesus, pensam eles, efetuará uma parte da salvação, e eles precisam fazer o resto. Necessitam ver pela fé a justiça de Cristo como sua única esperança para o tempo e para a eternidade. FO 22.3