Aquele que deu Eva a Adão por companheira, operou Seu primeiro milagre numa festa de casamento. Na sala festiva em que amigos e parentes juntos se alegravam, Cristo começou Seu ministério público. Sancionou assim o matrimônio, reconhecendo-o como instituição por Ele mesmo estabelecida. Ordenou que homens e mulheres se unissem em santo matrimônio, para constituir famílias cujos membros, coroados de honra, fossem reconhecidos como membros da família celestial. CBVc 153.1
Cristo honrou a relação matrimonial tornando-a também símbolo da união entre Ele e os remidos. Ele próprio é o esposo; a esposa é a igreja, da qual diz: “Tu és toda formosa, amiga Minha, e em ti não há mancha”. Cânticos 4:7. CBVc 153.2
Cristo “amou a igreja e a Si mesmo Se entregou por ela, para a santificar, purificando-a, [...] para a apresentar a Si mesmo [...] santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar a sua própria mulher”. Efésios 5:25-28. CBVc 153.3
O vínculo da família é o mais íntimo, o mais terno e sagrado de todos na Terra. Foi designado a ser uma bênção à humanidade. E assim o é sempre que se entre para o pacto matrimonial inteligentemente, no temor de Deus, e tomando em devida consideração as suas responsabilidades. CBVc 153.4
Os que pensam em casar-se devem tomar em conta qual será o caráter e a influência do lar que vão fundar. Ao tornarem-se pais, é-lhes confiado um santo legado. Deles depende em grande medida o bem-estar dos filhos neste mundo e sua felicidade no mundo por vir. Determinam, em grande extensão, a imagem física e a moral que os pequeninos recebem. E da qualidade do lar depende a condição da sociedade; o peso da influência de cada família concorrerá para fazer subir ou descer o prato da balança. CBVc 153.5
A escolha do companheiro para a vida deve ser feita de molde a melhor assegurar, aos pais e aos filhos, a felicidade física, mental e espiritual — de maneira que habilite tanto os pais como os filhos a serem uma bênção aos semelhantes e uma honra ao Criador. CBVc 153.6
Antes de assumir as responsabilidades que o casamento envolve, devem os jovens ter na vida prática uma experiência que os prepare para os deveres e encargos do mesmo. Casamentos precoces não convêm. Relação tão importante como seja a do casamento, e tão vasta em seus resultados, não deve ser assumida precipitadamente, sem suficiente preparo, e antes de se acharem bem desenvolvidas as faculdades mentais e físicas. CBVc 153.7
Podem as partes não ter abastança, mas devem ter a bênção, muito maior, da saúde. E na maioria dos casos não convém grande diferença de idade. Da não observância desta regra poderá resultar sério prejuízo para a saúde da pessoa mais jovem. E muitas vezes os filhos são privados de força física e mental. Não podem receber de um idoso pai ou mãe o cuidado e a camaradagem que requer sua vida nova, e poderão ser pela morte privados do pai ou da mãe, exatamente quando mais precisavam de seu amor e guia. CBVc 154.1
Só em Cristo é que se pode com segurança entrar para o casamento. O amor humano deve fazer derivar do amor divino os seus laços mais íntimos. Só onde Cristo reina é que pode haver afeição profunda, verdadeira e altruísta. CBVc 154.2
É o amor um dom precioso, que recebemos de Jesus. A afeição pura e santa não é sentimento, mas princípio. Os que são movidos pelo amor verdadeiro não são irrazoáveis nem cegos. Ensinados pelo Espírito Santo, amam a Deus supremamente e ao próximo como a si mesmos. CBVc 154.3
Pesem, os que pretendem casar-se, todo sentimento e observem todas as modalidades de caráter naquele com quem desejam unir o destino de sua vida. Seja todo passo em direção ao casamento caracterizado pela modéstia, simplicidade, e sincero propósito de agradar e honrar a Deus. O casamento afeta a vida futura tanto neste mundo como no vindouro. O cristão sincero não fará planos que Deus não possa aprovar. CBVc 154.4
Se desfrutais a bênção de ter pais tementes a Deus, procurai deles conselhos. Abri-lhes vossas esperanças e planos, aprendei as lições que lhes ensinaram as experiências da vida, e poupar-se-vos-ão muitas dores. Sobretudo, fazei de Cristo vosso conselheiro. Estudai Sua Palavra com oração. CBVc 154.5
Sob essa guia, receba a jovem como companheiro vitalício tão-somente ao que possua traços de caráter puros e varonis, que seja diligente, honesto e tenha aspirações, que ame e tema a Deus. Procure o jovem, para lhe ficar ao lado, aquela que esteja habilitada a assumir a devida parte dos encargos da vida, cuja influência o enobreça e refine, fazendo-o feliz com seu amor. CBVc 154.6
“Do Senhor vem a mulher prudente”. Provérbios 19:14. “O coração do seu marido está nela confiado. [...] Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida. Abre a boca com sabedoria, e a lei da beneficência está na sua língua. Olha pelo governo de sua casa e não come o pão da preguiça. Levantam-se seus filhos, e chamam-na bem-aventurada; como também seu marido, que a louva, dizendo: Muitas filhas agiram virtuosamente, mas tu a todas és superior”. Provérbios 31:11, 12, 26-29. O que consegue tal esposa “acha uma coisa boa e alcançou a benevolência do Senhor”. Provérbios 18:22. CBVc 154.7
Por mais cuidadosa e sabiamente que se tenha entrado no casamento, poucos casais se encontram completamente unidos ao realizar-se a cerimônia matrimonial. A real união dos dois em matrimônio é obra dos anos subseqüentes. CBVc 154.8
Quando o casal passa a enfrentar vida com sua carga de perplexidade e dificuldades desaparece o romance com o qual tantas vezes a imaginação reveste o casamento. Marido e mulher ficam conhecendo mutuamente o caráter, como não lhes era possível conhecê-lo em sua associação anterior. E este é um período realmente crítico de sua vida. A felicidade e utilidade de toda a sua vida futura dependem de seguirem agora o devido procedimento. Muitas vezes descobrem no outro fraquezas e defeitos insuspeitáveis; mas os corações que o amor uniu descobrirão também excelências até então desconhecidas. Que todos procurem descobrir as virtudes e não os defeitos. Muitas vezes é nossa própria atitude, a atmosfera que nos rodeia, o que determina aquilo que o outro nos revelará. Muitos há que consideram a expressão de amor como uma fraqueza, e mantêm uma reserva que repele aos outros. Este espírito detém a corrente de simpatia. Sendo reprimidos os generosos impulsos sociais, eles mirram, e o coração torna-se desolado e frio. Devemos precaver-nos contra este erro. O amor não pode existir por muito tempo sem se exprimir. Não permitais que o coração do que se acha ligado convosco pereça à míngua de bondade e simpatia. CBVc 155.1
Embora possam surgir dificuldades, perplexidades e desânimo, nem o marido nem a esposa abrigue o pensamento de que sua união é um erro ou uma decepção. Resolva cada qual ser para o outro tudo que é possível. Continuai as primeiras atenções. De todos os modos, anime um ao outro nas lutas da vida. Procure cada um promover a felicidade do outro. Haja amor mútuo, mútua paciência. Então, o casamento, em vez de ser o fim do amor, será como que o seu princípio. O calor da verdadeira amizade, o amor que liga coração a coração, é um antegozo das alegrias do Céu. CBVc 155.2
Há um círculo sagrado em torno de cada família, que deve ser preservado. Nenhuma outra pessoa tem o direito de entrar nesse círculo. Nem o marido nem a esposa permitam que outro partilhe das confidências que somente a eles pertencem. CBVc 155.3
Dê cada um amor, em vez de exigi-lo. Cultive aquilo que tem em si de mais nobre, e esteja pronto a reconhecer as boas qualidades do outro. É um admirável estímulo e satisfação saber alguém que é estimado. A simpatia e o respeito animam na luta em busca da perfeição, e o próprio amor cresce à medida que estimula a propósitos mais nobres. CBVc 155.4
Nem o marido nem a esposa deve imergir sua individualidade na do outro. Cada qual tem uma relação pessoal para com Deus; e a Ele cada um deve perguntar: “Que é direito?” “Que não é direito?” “Como posso cumprir melhor o propósito de minha vida?” Que a abundância de vosso afeto flua para Aquele que deu a vida por vós. Fazei com que Cristo seja o primeiro, o último e o melhor em todas as coisas. Ao aprofundar-se e fortalecer-se vosso amor para com Ele, vosso recíproco amor será purificado e fortalecido. CBVc 155.5
O espírito que Cristo manifesta para conosco é o que devem manifestar mutuamente os esposos. “E andai em amor, como também Cristo vos amou. [...] Assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido. Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a Si mesmo Se entregou por ela”. Efésios 5:2, 24, 25. CBVc 155.6
Nem o marido nem a esposa devem pensar em exercer governo arbitrário um sobre o outro. Não intentem impor um ao outro os seus desejos. Não é possível fazer isso e ao mesmo tempo reter o amor mútuo. Sede bondosos, pacientes, longânimos, corteses e cheios de consideração mútua. Pela graça de Deus podeis ter êxito em vos fazerdes mutuamente felizes, como prometestes no voto matrimonial. CBVc 156.1
Felicidade no serviço abnegado — Lembrai-vos, porém, de que não encontrareis a felicidade encerrando-vos em vós mesmos, satisfeitos com entornar toda a vossa afeição um sobre o outro. Aproveitai toda oportunidade de contribuir para a felicidade dos que vos rodeiam. Lembrai-vos de que a verdadeira alegria só se encontra no serviço desinteressado. CBVc 156.2
A longanimidade e a abnegação assinalam as palavras e atos de todos quantos vivem vida nova em Cristo. Ao procurardes viver Sua vida, lutando por vencer o próprio eu e o egoísmo, e ajudar os outros em suas necessidades, alcançareis uma vitória após outra. Assim, vossa influência abençoará o mundo. CBVc 156.3
Homens e mulheres podem atingir o ideal de Deus a seu respeito, se tomarem a Cristo como seu ajudador. O que a sabedoria humana não pode fazer, Sua graça realizará pelos que a Ele se entregarem em amorosa confiança. Sua providência pode unir corações com laços de origem celestial. O amor não será mera troca de suaves e lisonjeiras palavras. O tear do Céu tece com trama e urdidura mais fina, porém mais firme, do que se pode tecer nos teares da Terra. O resultado não é um tecido débil, mas sim capaz de resistir a fadigas e provas. Coração unir-se-á a coração nos áureos vínculos de um amor que é perdurável. CBVc 156.4