No ministério da cura, o médico tem de ser um cooperador de Cristo. CBVc 34.1
O Salvador assistia tanto à alma como ao corpo. O evangelho por Ele pregado era uma mensagem de vida espiritual e de restauração física. O libertamento do pecado e a cura da doença estavam ligados entre si. O mesmo ministério é confiado ao médico cristão. Ele deve se unir a Cristo no aliviar tanto as necessidades físicas como as espirituais de seus semelhantes. Cumpre-lhe ser para o enfermo um mensageiro de misericórdia, levando-lhe um remédio ao corpo doente e à alma enferma de pecado. CBVc 34.2
Cristo é a verdadeira cabeça da profissão médica. O Médico-chefe acha-Se ao lado de todo clínico que trabalha para aliviar os sofrimentos humanos. Ao mesmo tempo que emprega remédios naturais para a doença física, o médico deve encaminhar seus doentes Àquele que pode aliviar tanto os males da alma como os do corpo. Aquilo que os médicos só podem ajudar a fazer é realizado por Cristo. Eles se esforçam por auxiliar a operação da natureza na cura; quem cura é o próprio Cristo. O médico busca conservar a vida; Jesus a comunica. CBVc 34.3
A fonte da cura — Em Seus milagres, o Salvador revela o poder que está continuamente operando em favor do homem, para manter e curar. Por intermédio de agentes naturais, Deus está operando dia a dia, hora a hora, momento a momento, para nos conservar em vida, construir e restaurar-nos. Quando qualquer parte do corpo sofre um dano, principia imediatamente um processo de cura; os agentes da natureza põem-se em operação para restaurar a saúde. Mas o poder que opera por intermédio seu é o poder de Deus. Todo poder comunicador de vida tem nEle sua origem. Quando alguém se restabelece de uma enfermidade, é Deus que o restaura. CBVc 34.4
Doença, sofrimento e morte são obra de um poder antagônico. Satanás é o destruidor; Deus, o restaurador. CBVc 34.5
As palavras dirigidas a Israel verificam-se hoje naqueles que recuperam a saúde do corpo ou da alma. “Eu sou o Senhor, que te sara”. Êxodo 15:26. CBVc 34.6
O desejo de Deus para com toda criatura humana, exprime-se nas palavras: “Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma”. 3 João 2. CBVc 34.7
“É Ele que perdoa todas as tuas iniqüidades e sara todas as tuas enfermidades; quem redime a tua vida da perdição e te coroa de benignidade e de misericórdia”. Salmos 103:3, 4. CBVc 35.1
Quando Cristo curava a doença, advertia a muitos dos enfermos: “Não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior”. João 5:14. Assim Ele ensinava que haviam trazido sobre si mesmos a doença transgredindo as leis de Deus, e que a saúde podia ser preservada unicamente pela obediência. CBVc 35.2
O médico deve ensinar a seus pacientes que devem cooperar com Deus na obra de restauração. O médico tem uma compreensão sempre crescente de que a enfermidade é o resultado do pecado. Sabe que as leis da natureza são tão verdadeiramente divinas como os preceitos do decálogo, e que unicamente obedecendo-lhes podemos conservar ou recuperar a saúde. Ele vê sofrendo muitos em resultado de práticas nocivas, os quais poderiam ser restituídos à saúde caso fizessem o possível em benefício de sua própria cura. Precisam que se lhes ensine que toda prática destrutiva das energias físicas, mentais ou espirituais é pecado, e que a saúde tem de ser garantida por meio da obediência às leis estabelecidas por Deus para o bem da humanidade. CBVc 35.3
Quando um médico vê um doente sofrendo uma doença ocasionada por regime alimentar impróprio, ou outros hábitos errôneos, e todavia deixa de dizer-lhe isso, está fazendo um mal a seu semelhante. Bêbados, maníacos, os que se entregam a licenciosidade, todos apelam ao médico para que lhes declare positiva e claramente que o sofrimento é resultado do pecado. Os que compreendem os princípios da vida deviam ser zelosos em lutar para combater as causas das doenças. Vendo o contínuo conflito com a dor, trabalhando constantemente para aliviar o sofrimento, como pode o médico manter-se em silêncio? É ele benévolo e misericordioso se não ensina a estrita temperança como o remédio contra a doença? CBVc 35.4
Torne-se claro que o caminho dos mandamentos de Deus é a vereda da vida. Deus estabeleceu as leis da natureza, mas Suas leis não são arbitrárias exigências. Todo “Não farás”, seja na lei física seja na moral, implica uma promessa. Se obedecemos, a bênção nos seguirá os passos. Deus nunca nos força a fazer o que é direito, mas nos procura salvar do mal e levar-nos ao bem. CBVc 35.5
Chame-se a atenção às leis ensinadas a Israel. Deus lhes deu definidas instruções quanto a seus hábitos de vida. Deu-lhes a conhecer as leis relativas tanto ao bem-estar físico como ao espiritual; e, sob a condição de obediência, assegurou-lhes: “E o Senhor de ti desviará toda enfermidade”. Deuteronômio 7:15. “Aplicai o vosso coração a todas as palavras que hoje testifico entre vós”. Deuteronômio 32:46. “Porque são vida para os que as acham e saúde para o seu corpo”. Provérbios 4:22. CBVc 35.6
Deus deseja que alcancemos a norma de perfeição que o dom de Cristo nos tornou possível. Ele nos convida a fazer nossa escolha do direito, para nos ligarmos com os instrumentos celestes, adotarmos princípios que hão de restaurar em nós a imagem divina. Na palavra escrita e no grande livro da natureza, Ele revelou os princípios da vida. É nossa obra obter conhecimento desses princípios e, pela obediência, cooperar com Ele na restauração da saúde do corpo bem como da alma. CBVc 35.7
Os homens precisam saber que as bênçãos da obediência, em sua plenitude eles só podem fruir à medida que receberem a graça de Cristo. É Sua graça que dá ao homem poder para obedecer às leis de Deus. É isso que o habilita a quebrar as cadeias do mau hábito. Esse é o único poder que pode colocá-lo e conservá-lo firme no caminho do direito. CBVc 36.1
Quando o evangelho é recebido em sua pureza e poder, é uma cura para as doenças originadas pelo pecado. O Sol da Justiça ergue-Se “trazendo salvação nas Suas asas”. Malaquias 4:2. Todos os recursos do mundo não podem curar um coração quebrantado, nem comunicar paz de espírito, nem remover o cuidado, nem banir a enfermidade. A fama, o engenho, o talento — são todos impotentes para alegrar um coração dolorido ou restaurar uma vida arruinada. A vida de Deus na alma, eis a única esperança do homem. CBVc 36.2
O amor difundido por Cristo por todo o ser é um poder vitalizante. Todo órgão vital — o cérebro, o coração, os nervos — esse amor toca, transmitindo cura. Por ele são despertadas para a atividade as mais altas energias do ser. Liberta a alma da culpa e da dor, da ansiedade e do cuidado que consomem as forças vitais. Vêm com ele serenidade e compostura. Implanta na alma uma alegria que coisa alguma terrestre pode destruir — a alegria no Espírito Santo — alegria que comunica saúde e vida. CBVc 36.3
As palavras de nosso Salvador “Vinde a Mim, [...] e Eu vos aliviarei” (Mateus 11:28) são uma receita para a cura dos males físicos, mentais e espirituais. Embora os homens hajam trazido sobre si o sofrimento por causa de suas más ações, Ele os olha com piedade. NEle podem encontrar socorro. Grandes coisas fará por aqueles que nEle confiam. CBVc 36.4
Se bem que por séculos o pecado tenha estado a intensificar seu domínio sobre a raça humana, não obstante por meio de mentiras e artifícios Satanás haver lançado a negra sombra de sua interpretação sobre a Palavra de Deus, e feito os homens duvidarem de Sua bondade, a misericórdia e amor do Pai não têm cessado de fluir em abundantes torrentes para a Terra. Se os seres humanos abrissem as janelas da alma em direção ao Céu, apreciando as divinas dádivas, por elas penetraria uma onda de restauradora virtude. CBVc 36.5
O médico que deseja ser um aceitável colaborador de Cristo esforçar-se-á por se tornar eficiente em todos os ramos de seu trabalho. Estudará diligentemente, a fim de se habilitar para as responsabilidades de sua profissão e buscará com afinco atingir uma norma mais elevada, procurando crescente conhecimento, maior habilidade e mais profundo discernimento. Todo médico devia compreender que aquele que faz um trabalho fraco, ineficiente, está causando prejuízo não só ao doente, como também a seus colegas de profissão. O médico que se satisfaz com uma baixa norma de competência e conhecimento não somente amesquinha a profissão médica, mas desonra ao próprio Cristo, o Médico-chefe. CBVc 36.6
Os que se sentem inaptos para a obra médica devem escolher outra profissão. Os que são bem capazes de cuidar dos doentes, mas cuja educação e habilitações médicas são limitadas, fariam bem em empreender as partes mais humildes dessa obra, trabalhando fielmente como enfermeiros. Mediante paciente serviço sob a direção de hábeis médicos, poderão aprender continuamente, e aproveitando toda oportunidade de adquirir conhecimento tornar-se, a seu tempo, plenamente habilitados para realizar obra médica. Que os médicos mais jovens “cooperando também com Ele [o Médico-chefe]”, [...] não recebam “a graça de Deus em vão, [...] não dando [...] escândalo em coisa alguma, para que o [...] ministério não seja censurado. Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo”. 2 Coríntios 6:1, 3-4. CBVc 37.1
O desígnio de Deus a nosso respeito é que avancemos sempre em direção ascendente. O verdadeiro médico-missionário será um profissional de habilidade sempre maior. Talentosos médicos cristãos, possuindo superior capacidade profissional, deviam ser procurados, e animados a entrar para o serviço de Deus em lugares em que possam instruir e preparar outros para que se tornem médicos-missionários. CBVc 37.2
O médico deve reunir em sua alma a luz da Palavra de Deus. Deve fazer contínuo progresso na graça. Para ele, a religião não deve ser meramente uma influência entre outras. Tem de ser uma força que domine todas as outras. Deve agir por elevados e santos motivos — motivos que são poderosos porque provêm dAquele que deu Sua vida para nos proporcionar poder a fim de vencer o mal. CBVc 37.3
Se o médico se esforçar fiel e diligentemente para se tornar eficiente em sua profissão, se ele se consagrar ao serviço de Cristo, e dedicar tempo para examinar o próprio coração, compreenderá a maneira de se apoderar dos mistérios de sua vocação sagrada. Poderá disciplinar-se e educar-se de tal modo, que todos os que se encontram dentro da esfera de sua influência verão a excelência da educação e da sabedoria obtidas por meio dAquele que Se acha ligado com o Deus de sabedoria e poder. CBVc 37.4
Em parte alguma é mais necessária uma íntima comunhão com Cristo do que na obra do médico. Aquele que queira realizar devidamente os deveres médicos deve viver, dia a dia, hora a hora, uma vida cristã. A vida do enfermo está nas mãos do médico. Um diagnóstico negligente, uma receita errada, num caso melindroso, ou um inábil movimento da mão, por um fio de cabelo sequer, numa operação, e uma vida pode ser sacrificada, uma alma lançada à eternidade. Que solene pensamento! Como é importante que o médico esteja sempre sob a direção do Médico divino! CBVc 37.5
O Salvador está disposto a ajudar a todos quantos O invoquem em busca de sabedoria e discernimento. E quem mais necessita de sabedoria e clareza de idéias do que o médico, de cujas decisões tanto depende? Que aquele que está procurando prolongar a vida olhe com fé em Cristo para que Ele lhe dirija cada movimento. O Salvador lhe dará tato e habilidade no lidar com os casos difíceis. CBVc 38.1
Maravilhosas são as oportunidades oferecidas aos guardiões dos enfermos. Em tudo quanto se faz para a restauração dos doentes, faça-se com que eles compreendam estar o médico procurando ajudá-los a cooperar com Deus no combate à doença. Levai-os a sentir que, em cada passo dado em harmonia com as leis de Deus, eles podem esperar o auxílio do poder divino. CBVc 38.2
Se crêem que o médico ama e teme a Deus, os doentes e sofredores terão muito mais confiança nele. Descansam em sua palavra. Experimentam um sentimento de segurança na presença e na direção desse médico. CBVc 38.3
Conhecendo o Senhor Jesus, é o privilégio do clínico cristão pedir em oração Sua presença no quarto do enfermo. Antes de efetuar uma operação melindrosa, peça o cirurgião o auxílio do grande Médico. Assegure ao paciente que Deus pode fazê-lo passar a salvo pelo problema, que em todos os tempos de aflição é Ele um seguro refúgio para os que nEle confiam. O médico que não pode fazer isso perde um caso após o outro que, do contrário, teriam sido salvos. Se ele pudesse proferir palavras que inspirassem fé no compassivo Salvador que sente cada pulsação de angústia, e Lhe pudesse apresentar em oração as necessidades da alma, a crise passaria freqüentemente com mais facilidade. CBVc 38.4
Unicamente Aquele que lê o coração pode saber com que tremor e terror consentem muitos pacientes numa operação às mãos de um médico. Compreendem o perigo em que se acham. Conquanto tenham confiança na competência do cirurgião, sabem que ele não é infalível. Ao verem, porém, o médico curvado em oração, pedindo o auxílio de Deus, são inspirados a confiar. Gratidão e confiança abrem-lhe o coração ao poder restaurador de Deus, as energias de todo o ser são possuídas de vigor, e as forças vitais triunfam. CBVc 38.5
Também ao médico a presença do Salvador é um elemento de força. Muitas vezes as responsabilidades e possibilidades de sua obra lhe trazem temor ao espírito. A febre da incerteza e do receio tornaria inábil sua mão. Mas a certeza de que o divino Conselheiro Se acha ao seu lado, a guiá-lo e sustê-lo, comunica serenidade e ânimo. O toque de Cristo na mão do médico traz-lhe vitalidade, calma, confiança e poder. CBVc 38.6
Tendo passado a salvo o momento da crise, e havendo perspectiva de êxito, sejam alguns momentos dedicados a orar com o paciente. Exprimi vosso reconhecimento pela vida que foi poupada. Ao brotarem dos lábios do paciente palavras de gratidão para com o médico, faça este que essa gratidão seja dirigida a Deus. Dizei-lhe que sua vida foi poupada porque ele se achava sob a proteção do Médico celestial. CBVc 38.7
O médico que segue essa orientação está conduzindo o doente para Aquele de quem depende a sua vida, Aquele que é capaz de salvar plenamente todos quantos a Ele se chegam. CBVc 39.1
Na obra do médico-missionário deve-se introduzir um profundo anseio por almas. Ao médico, da mesma maneira que ao pastor, é confiado o mais precioso depósito que já se entregou ao homem. Compreenda-o ele ou não, a todo médico é confiada a cura de almas. CBVc 39.2
Em sua obra de tratar com doença e morte, perdem os médicos freqüentemente de vista as solenes realidades da vida futura. Em seu ansioso esforço por afastar o perigo do corpo, esquecem o da alma. Aquele a quem estão ministrando pode estar-se desprendendo dos laços da vida. Estão-lhe fugindo as últimas oportunidades. Essa pessoa, o médico há de encontrar de novo no tribunal de Cristo. CBVc 39.3
Perdemos muitas vezes as mais preciosas bênçãos por negligenciar proferir uma palavra a seu tempo. Se não vigiarmos a áurea oportunidade, esta se perderá. Ao pé do enfermo, não se deve dizer nenhuma palavra relativa a credos ou pontos controvertidos. Que o sofredor seja encaminhado Àquele que está disposto a salvar a todos quantos a Ele vão ter com fé. Esforçai-vos zelosa e ternamente por ajudar a alma que paira entre a vida e a morte. CBVc 39.4
O médico que sabe ser Cristo seu Salvador pessoal, porque ele próprio foi conduzido ao Refúgio, sabe lidar com as almas trementes, culpadas, enfermas de pecado, que para ele se volvem em busca de auxílio. Sabe responder à pergunta: “Que é necessário que eu faça para me salvar?” Atos dos Apóstolos 16:30. Pode contar a história do amor do Redentor. Pode falar por experiência do poder do arrependimento e da fé. Em palavras simples e fervorosas, sabe apresentar a Deus em oração as necessidades da alma, e animar o doente a pedir também e aceitar a misericórdia do compassivo Salvador. Ao ministrar ele assim ao pé do leito do doente, esforçando-se por proferir palavras que levem auxílio e conforto, o Senhor opera com ele e por intermédio dele. Ao ser o espírito do sofredor encaminhado a Cristo, Sua paz enche-lhe o coração, e a saúde espiritual que lhe sobrevém é empregada como a mão ajudadora de Deus na restauração da saúde do corpo. CBVc 39.5
Ao atender um doente, muitas vezes o médico encontra oportunidade de confortar seus queridos. Enquanto eles permanecem à beira do leito do sofredor, sentindo-se impotentes para livrá-lo da agonia, seu coração se abranda. Muitas vezes a mágoa de outros ocultada é exposta ao médico. É então o ensejo de encaminhar esses aflitos Àquele que convidou cansados e oprimidos a irem a Ele. Pode-se fazer orações com eles e por eles, apresentando suas necessidades ao Aliviador de todos os infortúnios, o Suavizador de todas as dores. CBVc 39.6
As promessas de Deus — O médico tem preciosas oportunidades para dirigir a atenção de seus doentes para as promessas da Palavra de Deus. Cumpre-lhe tirar do tesouro coisas novas e velhas, falando aqui e ali as ansiadas palavras de conforto e instrução. Torne o médico sua mente um tesouro de novos pensamentos. Estude diligentemente a Palavra de Deus, a fim de estar familiarizado com suas promessas. Aprenda a repetir as confortadoras palavras que Cristo proferiu durante Seu ministério terrestre, quando dava Suas lições e curava os enfermos. Deve falar das obras de cura realizadas por Cristo, de Sua ternura e Seu amor. Nunca negligencie o encaminhar a mente dos doentes para Cristo, o Médico por excelência. CBVc 40.1