Aquilo de que a parábola do semeador principalmente trata é o efeito produzido sobre o crescimento da semente pelo solo em que é lançada. Por essa parábola diz Jesus virtualmente a Seus ouvintes: Não é seguro vos colocardes como críticos de Minha obra, ou condescenderdes com desapontamentos por não corresponder a vossas opiniões. A questão de maior importância para vós é: Como tratais Minha mensagem? De vossa aceitação ou rejeição da mesma depende vosso destino eterno. PJ 14.2
Na explicação da semente que caiu à beira do caminho, disse: “Ouvindo alguém a Palavra do Reino e não a entendendo, vem o maligno e arrebata o que foi semeado no seu coração; este é o que foi semeado ao pé do caminho.” Mateus 13:19. PJ 14.3
A semente lançada à beira do caminho representa a Palavra de Deus quando cai no coração de um ouvinte desatento. Como o calcado caminho, pisado pelos pés de homens e animais, é o coração que se torna estrada para o comércio do mundo, seus prazeres e pecados. Absorvido em aspirações egoístas e condescendência pecaminosa, o coração se endurece “pelo engano do pecado”. Hebreus 3:13. As faculdades espirituais são enfraquecidas. O homem ouve, sim, a Palavra, mas não a entende. Não discerne que ela se aplica a ele próprio. Não reconhece suas necessidades nem seu perigo. Não percebe o amor de Cristo, e passa pela mensagem de Sua graça como alguma coisa que não lhe diz respeito. PJ 14.4
Como os pássaros estão prontos para tirar a semente do caminho, assim também Satanás está atento para tirar da mente os princípios da verdade divina. Teme que a Palavra de Deus possa despertar os negligentes e ter efeito sobre o coração endurecido. Satanás e seus anjos estão nas reuniões onde o evangelho é pregado. Enquanto anjos do Céu se esforçam para impressionar os corações com a Palavra de Deus, o inimigo está alerta para torná-la sem efeito. Com fervor só comparável à sua maldade, procura frustrar a obra do Espírito de Deus. Enquanto Cristo, pelo Seu amor, atrai a alma, Satanás procura desviar a atenção daquele que é movido a buscar o Salvador. Preocupa a mente com projetos mundanos. Instiga a crítica ou insinua dúvida e incredulidade. A linguagem do orador ou suas maneiras podem não agradar o ouvinte, e ele se detém sobre esses defeitos. Assim, a verdade de que carecem, e que Deus lhes enviou tão graciosamente, não causa impressão duradoura. PJ 14.5
Satanás tem muitos auxiliares. Muitos que se dizem cristãos ajudam o tentador a tirar de outros as sementes da verdade. Muitos que ouvem a pregação da Palavra de Deus, fazem-na em casa objeto de crítica. Julgam a pregação, como se estivessem dando opinião sobre um discurso ou a respeito de um orador político. A mensagem que deve ser considerada a Palavra do Senhor para eles, é discutida com comentários frívolos e sarcásticos. O caráter, motivos e atos do pregador como também o procedimento dos membros da congregação são discutidos livremente. Pronuncia-se crítica cruel; calúnias e boatos são repetidos, e tudo isso aos ouvidos de não-conversos. Muitas vezes essas coisas são faladas pelos pais ao ouvido dos próprios filhos. Desse modo destrói-se o respeito aos mensageiros de Deus e a reverência à Sua mensagem, e muitos são ensinados a considerar levianamente a própria Palavra de Deus. PJ 15.1
Assim, nos lares de professos cristãos são educados muitos jovens de modo a se tornarem incrédulos; e os pais perguntam por que os filhos possuem tão pouco interesse no evangelho e estão tão prontos para duvidar da verdade da Bíblia. Admiram-se de que seja tão difícil alcançá-los com influências morais e religiosas. Não vêem que seu próprio exemplo endureceu o coração dos filhos. A boa semente não acha lugar para se enraizar, e Satanás a arranca. PJ 15.2