Com o atual sistema de educação, abre-se a porta da tentação para os jovens. Conquanto, em geral, eles tenham demasiadas horas de estudo, dispõem de muitas horas sem ter o que fazer. Esses períodos de lazer são passados freqüentemente de modo descuidado. O conhecimento de maus hábitos é comunicado de uma pessoa para a outra, e o vício aumenta consideravelmente. Muitíssimos jovens que foram instruídos religiosamente no lar e que partem para as escolas relativamente inocentes e virtuosos, são corrompidos pela associação com companheiros depravados. Perdem o respeito próprio e sacrificam nobres princípios. Acham-se então preparados para seguir a trilha descendente; pois abusaram tanto da consciência que o pecado não mais se afigura tão excessivamente perverso. Tais males existentes nas escolas dirigidas de acordo com o sistema atual, poderiam ser corrigidos em grande parte se o estudo fosse combinado com o trabalho. Os mesmos males existem nas escolas superiores, só que em maior grau; pois muitos jovens se educaram no vício, e sua consciência está cauterizada. CE 18.2
Muitos pais exageram a firmeza e as boas qualidades de seus filhos. Não parecem considerar que serão expostos às enganadoras influências de jovens corruptos. Os pais têm os seus receios ao enviá-los à escola, a certa distância de casa, mas alimentam a ilusão de que, tendo recebido bons exemplos e instrução religiosa, eles serão fiéis aos princípios em sua vida estudantil. Muitos pais têm apenas uma vaga idéia da extensão que a licenciosidade assume nessas instituições de ensino. Em muitos casos, os pais labutaram arduamente e sofreram numerosas privações com o acariciado propósito de fazer com que os filhos obtivessem uma educação esmerada E depois de todos esses esforços, muitos passam pela amarga experiência de receber os filhos de volta de seu curso de estudos com hábitos dissolutos e constituição física arruinada E com freqüência são desrespeitosos a seus pais, ingratos e profanos. Esses pais maltratados, que são recompensados dessa maneira por filhos ingratos, lamentam haverem-nos enviado para lá, a fim de serem expostos a tentações e voltarem para eles como destroços físicos, mentais e morais. Com esperanças frustradas e coração quase dilacerado, vêem os filhos, de quem tanto esperavam, seguindo o caminho do vício e levando uma existência miserável. CE 19.1
Existem, porém, os que possuem princípios firmes, que correspondem às expectativas dos pais e professores. Atravessam o curso de estudos com a consciência limpa, e saem de lá com boa constituição física e moral incontaminada por influências corruptoras. O seu número, porém, é pequeno. CE 19.2
Alguns estudantes dedicam-se inteiramente aos estudos e concentram toda a atenção no objetivo de obter educação. Exercitam o cérebro, mas permitem que as faculdades físicas permaneçam inativas. O cérebro é sobrecarregado, e os músculos se debilitam pelo fato de não serem exercitados. Quando tais estudantes se formam, é evidente que adquiriram sua educação à custa da vida. Estudaram dia e noite, ano após ano, mantendo a mente em contínuo estado de tensão, mas não exercitaram suficientemente os músculos. Sacrificaram tudo pelo conhecimento de ciências, e descem à sepultura. CE 19.3
As moças freqüentemente se entregam ao estudo, em detrimento de outros ramos de educação mais importantes para a vida prática do que o estudo de livros. E depois de adquirirem sua educação, amiúde ficam inválidas por toda a vida. Negligenciam a saúde permanecendo muito tempo em recintos fechados, destituídos do ar puro do céu, e da luz solar dada por Deus. Essas jovens poderiam ter saído com saúde de suas escolas, se houvessem ligado os estudos a trabalhos domésticos e exercícios ao ar livre. CE 20.1
A saúde é um grande tesouro. É a mais valiosa posse concedida aos mortais. Riqueza, honra ou cultura custam muito caro se forem adquiridas a expensas do vigor da saúde. Nenhuma dessas consecuções pode trazer felicidade, se não houver saúde. É um terrível pecado abusar da saúde que Deus nos deu; pois todo abuso dessa natureza debilita a nossa vida e constitui um prejuízo, mesmo que obtenhamos toda a educação possível. CE 20.2
Em muitos casos os pais ricos não vêem a importância de dar a seus filhos educação nos deveres práticos da vida como o fazem em relação às ciências. Não sentem a necessidade de, para o bem do intelecto e da moral dos filhos, e para sua futura utilidade, dar-lhes um conhecimento cabal do trabalho útil. É esta uma obrigação que têm para com os filhos, a fim de que, se lhes chegarem reveses, possam manter-se com nobre independência, sabendo como fazer uso das mãos. Se têm um capital de vigor, não podem ser pobres, ainda que não possuam um centavo. Muitos que na juventude se achavam em circunstâncias favoráveis, podem ficar despojados de todas as suas riquezas, e com pais, irmãos e irmãs para manter. Quão importante é, pois, que a todo jovem se ensine a trabalhar, a fim de que possa estar preparado para qualquer emergência! As riquezas são uma verdadeira maldição, quando os seus possuidores deixam que elas sejam um impedimento para os filhos e filhas obterem o conhecimento de algum trabalho útil que os habilite para a vida prática. CE 20.3
Os que não são compelidos a trabalhar, com freqüência não fazem suficiente exercício ativo para terem saúde física. Jovens, por não ocuparem a mente e as mãos em trabalho ativo, adquirem hábitos de indolência, e obtêm amiúde o que é mais espantoso ainda: uma educação de rua, o vício de perambular pelas lojas, fumar, beber e jogar cartas. CE 20.4
Algumas jovens querem ler novelas, escusando-se de fazer trabalho ativo por terem saúde delicada. Sua debilidade é conseqüência da falta de exercitarem os músculos que Deus lhes deu. Crêem que são demasiado débeis para realizar trabalhos domésticos, mas fazem crochê e rendas, e preservam a delicada palidez das mãos e do rosto, ao passo que suas mães sobrecarregadas trabalham penosamente para lavar e passar seus vestidos. Estas jovens não são cristãs, pois transgridem o quinto mandamento. Não honram a seus pais. A mãe leva, porém, a maior culpa. Satisfez o desejo das filhas e eximiu-as de partilharem dos deveres domésticos, até o trabalho tornar-se desagradável para elas, e amam e desfrutam uma ociosidade doentia. Comem, dormem, lêem novelas e falam de modas, ao passo que sua vida é inútil. CE 21.1
A pobreza, em muitos casos, é uma bênção; pois evita que os jovens e as crianças sejam arruinados pela inatividade. Tanto as faculdades físicas como as mentais devem ser cultivadas e desenvolvidas devidamente. O primeiro e constante cuidado dos pais deve ser o de ver que os filhos tenham constituição vigorosa, para que possam ser homens e mulheres sadios. É impossível alcançar este objetivo sem exercício físico. Para sua própria saúde física e bem moral, as crianças devem ser ensinadas a trabalhar, mesmo que a necessidade não o requeira. Se querem ter caráter puro e virtuoso, devem gozar da disciplina de um trabalho bem regulado, que ponha em atividade todos os músculos. A satisfação das crianças por serem úteis e praticarem atos de abnegação para ajudar a outros, será o prazer mais salutar que já experimentaram. Por que deveriam os ricos privar a si mesmos e a seus queridos filhos desta grande bênção? CE 21.2
Pais, a inatividade é a maior maldição que já caiu sobre os jovens. Não deveis permitir que vossas filhas permaneçam na cama até tarde, deixando que o sono dissipe as preciosas horas que Deus lhes concedeu para serem dedicadas aos melhores fins e pelas quais terão de prestar contas a Ele. A mãe causa um grande dano às filhas levando as cargas que deveriam partilhar com ela para seu próprio bem presente e futuro. A conduta seguida por muitos pais ao permitir que os filhos sejam indolentes e satisfaçam seu desejo de ler novelas, incapacita-os para a vida real. A leitura de ficção e novelas é o maior mal a que podem entregar-se os jovens. As leitoras de novelas e histórias de amor sempre deixam de ser mães boas e práticas. Elas constroem castelos no ar, e vivem num mundo irreal e imaginário. Tornam-se sentimentais e têm concepções doentias. Sua vida artificial tende a arruiná-las para tudo o que é útil. Têm a inteligência diminuída, embora nutram a ilusão de serem superiores em mentalidade e atitudes. Empenhar-se nos afazeres domésticos é o que há de mais vantajoso para as moças. CE 21.3
O trabalho físico não impedirá o cultivo do intelecto. Longe disso. As vantagens obtidas pelo trabalho físico darão equilíbrio à pessoa e impedirão que se sobrecarregue a mente. O trabalho atuará sobre os músculos e aliviará o cérebro cansado. Há muitas jovens apáticas e inúteis que consideram pouco feminino ocuparem-se em trabalho ativo. Mas o seu caráter é por demais transparente para enganar a pessoas sensatas no tocante à sua verdadeira inutilidade. Elas riem sem causa, e tudo nelas é afetação. Parecem não poder pronunciar as palavras claramente e com propriedade, mas deturpam tudo o que dizem com balbucios e risadinhas tolas. São elas damas? Não nasceram tolas, mas a educação as tornou assim. Não se requer uma coisa frágil, impotente, adornada com exagero e que ri tolamente para fazer uma dama. É necessário um corpo são para ter um intelecto são. Saúde física e um conhecimento prático de todos os deveres domésticos necessários jamais constituirão um obstáculo para um intelecto bem desenvolvido; ambos são grandemente importantes para uma senhora. CE 22.1
Todas as faculdades da mente devem ser postas em uso e desenvolvidas, a fim de que os homens e as mulheres tenham uma mente bem equilibrada. O mundo está cheio de homens e mulheres unilaterais, que ficaram assim porque uma parte de suas faculdades foi cultivada, ao passo que outras foram diminuídas pela inação. A educação da maioria dos jovens é um fracasso. Estudam em demasia, ao passo que negligenciam o que diz respeito à vida prática Homens e mulheres tornam-se pais e mães sem considerar suas responsabilidades, e sua descendência desce mais baixo do que eles na escala da deficiência humana. Deste modo a espécie degenera rapidamente. A aplicação constante ao estudo, segundo a maneira em que as escolas são agora dirigidas, está incapacitando a juventude para a vida prática A mente humana precisa ter atividade. Se não estiver ativa na direção certa, estará ativa na direção errada. A fim de conservá-la em equilíbrio, o trabalho e o estudo devem estar unidos nas escolas. CE 22.2
Deveriam ter sido tomadas providências nas gerações passadas para uma obra educacional em maior escala Relacionados com as escolas, deveria ter havido estabelecimentos de manufatura e de agricultura, como também professores de trabalhos domésticos. E uma parte do tempo diário deveria ter sido dedicada ao trabalho, de modo que as faculdades físicas e mentais pudessem exercitar-se igualmente. Se as escolas se houvessem estabelecido de acordo com o plano que mencionamos, não haveria agora tantas mentes desequilibradas. CE 23.1
Deus preparou um belo jardim para Adão e Eva Proveu-os de tudo quanto exigiam suas necessidades. Plantou para eles árvores frutíferas de toda a espécie. Com mão liberal circundou-os de Suas mercês. As árvores para utilidade e adorno, e as lindas flores, que brotavam espontaneamente e cresciam em rica profusão ao redor deles, deviam ignorar a degeneração. Adão e Eva eram ricos de fato. Possuíam o Éden. Adão era senhor em seu belo domínio. Ninguém pode contestar o fato de que ele foi rico. Deus sabia, porém, que Adão não podia ser feliz sem ocupação. Deu-lhe portanto algo para fazer; devia cultivar o jardim. CE 23.2
Se os homens e as mulheres deste século degenerado possuem grande soma de tesouro terrestre — que comparado com o Paraíso de beleza e opulência dado à soberania de Adão é insignificante — julgam-se eximidos do trabalho, e ensinam os filhos a considerá-lo como degradante. Esses pais abastados, por preceito e exemplo, ensinam a seus filhos que o dinheiro é o que faz o cavalheiro ou a dama. Mas o nosso conceito do que seja um cavalheiro ou uma dama se mede por seu valor intelectual e moral. Deus não avalia pelo vestuário. A exortação do inspirado apóstolo Pedro é: “Não seja o adorno [delas] o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus.” Um espírito manso e tranqüilo é exaltado acima da honra ou das riquezas do mundo. CE 23.3
O Senhor ilustra Sua avaliação dos ricos segundo o mundo, almas que se envaidecem por motivo de suas posses terrenas, pelo homem rico que destruiu os seus celeiros e edificou outros maiores, para ter onde guardar os seus bens. Olvidando a Deus, deixou de reconhecer de onde procediam todas as suas posses. Nenhum agradecimento ascendeu a seu amável Benfeitor. Ele felicitava a si mesmo dizendo: “Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos: descansa, come e bebe, e regala-te.” O Mestre, que lhe havia confiado riquezas terrenas para que beneficiasse com elas a seu próximo e glorificasse a seu Criador, irou-Se com justiça pela ingratidão dele, e disse: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus.” Temos aqui uma ilustração de como o Deus infinito avalia o homem. Imensa fortuna ou qualquer grau de riqueza não assegurará o favor de Deus. Todas essas munificências e bênçãos procedem dEle, a fim de provar e desenvolver o caráter do homem. CE 24.1
Os homens podem ter riquezas sem limites; contudo, se não são ricos para com Deus, se não têm interesse em obter para si o tesouro celestial e a sabedoria de origem divina, são considerados loucos por seu Criador, e nós os colocamos precisamente onde Deus os coloca. O trabalho é uma bênção. Não é possível desfrutar saúde sem trabalho. É preciso exercitar todas as faculdades para que se desenvolvam devidamente e para que tanto os homens como as mulheres possuam uma mente bem equilibrada. Se os jovens houvessem recebido uma educação cabal nos diversos ramos de trabalho, se lhes tivessem ensinado o trabalho bem como as ciências, sua educação teria sido mais vantajosa para eles. CE 24.2
A constante tensão do cérebro enquanto os músculos se mantêm inativos debilita os nervos, e por isso os estudantes têm um desejo quase irresistível de variação e de diversões excitantes. E quando se vêem livres, depois de um confinamento de diversas horas de estudo diário, parecem quase selvagens. Muitos jamais foram controlados em casa. Permitiu-se-lhes seguir as inclinações, e crêem que a restrição das horas de estudo é uma imposição severa. Não tendo nada que fazer depois dessas horas, Satanás lhes sugere os jogos e as travessuras como variação. Sua influência sobre outros estudantes é desmoralizadora. Os que gozaram no lar dos benefícios do ensino religioso e que ignoravam os vícios da sociedade, chegam a ser com freqüência os que mais se relacionam com aqueles cuja mente se conformou a um molde inferior e cujas oportunidades de adquirir cultura mental e preparação religiosa foram muito limitadas. Acham-se em perigo, ao imiscuir-se com companhias dessa espécie, e ao respirar uma atmosfera que não é enobrecedora, mas, pelo contrário, tende a rebaixar e degradar a moralidade, de descer ao mesmo nível que seus companheiros. O deleite de um grande número de estudantes é divertir-se nas horas livres. E muitíssimos dos que deixam o lar inocentes e puros tornam-se corruptos por influência de seus companheiros de escola. CE 25.1
Sou levada a perguntar: Deve-se sacrificar tudo o que é valioso em nossos jovens a fim de dar-lhes uma educação colegial? Se tivesse havido estabelecimentos agrícolas e industriais ligados a nossas escolas, e se houvessem sido empregados professores competentes para educar os jovens nos diversos ramos de estudo e de trabalho, dedicando parte do tempo diário ao aperfeiçoamento mental e outra parte ao trabalho físico, haveria agora uma classe mais elevada de jovens a entrar em cena e a exercer influência na modelação da sociedade. Muitos dos jovens que se graduassem em tais instituições sairiam de lá com estabilidade de caráter. Teriam perseverança, fortaleza e coragem para sobrepor-se aos obstáculos, e nobres princípios que não os deixariam ser desviados por más influências, por mais populares que fossem. Deveria ter havido professoras experientes para dar aulas às jovens no departamento culinário. As moças deveriam ter aprendido a confeccionar roupas, a cortar, fazer e consertar artigos de vestuário, instruindo-se assim nos deveres práticos da vida. CE 25.2
Deveria haver estabelecimentos em que os jovens pudessem aprender diversos ofícios, que pusessem em atividade tanto os músculos como as faculdades mentais. Se os jovens não podem adquirir mais que uma educação unilateral, qual é mais importante: o conhecimento das ciências, com todas as suas desvantagens para a saúde e a vida, ou a aprendizagem do trabalho para a vida prática? Respondemos sem titubear: O último. Se um deles tiver de ser abandonado, que o seja o estudo dos livros. CE 26.1
Há muitas jovens casadas e com filhos, que possuem bem pouco conhecimento prático dos deveres pertinentes a uma esposa e mãe. Lêem e sabem tocar um instrumento musical, mas não sabem cozinhar. Não sabem fazer um bom pão, tão essencial para a saúde da família. Não sabem cortar e confeccionar vestidos, pois nunca aprenderam a fazê-lo. Consideravam estas coisas sem importância, e em sua vida de casadas dependem tanto de alguma outra pessoa que realize estas coisas para elas, como seus próprios filhinhos. É esta indesculpável ignorância no tocante aos deveres mais imprescindíveis da vida que torna infelizes a muitíssimas famílias. CE 26.2
O conceito de que o trabalho é degradante para a vida social levou para a sepultura a milhares que poderiam haver vivido. Os que fazem unicamente trabalho manual, labutam com freqüência em excesso, sem períodos de descanso; ao passo que a classe intelectual sobrecarrega o cérebro e sofre por falta do saudável vigor proporcionado pelo trabalho físico. Se a classe intelectual quisesse partilhar até certo ponto do fardo da classe operária, fortalecendo assim os músculos, a classe operária poderia fazer menos e dedicar uma parte de seu tempo à cultura mental e moral. Os que se ocupam em atividades sedentárias e literárias devem fazer exercício físico, mesmo que não necessitem trabalhar para viver. A saúde deve ser um incentivo suficiente para induzi-los a unir o trabalho físico ao mental. CE 26.3
A cultura moral, intelectual e física deve ser combinada a fim de produzir homens e mulheres bem desenvolvidos e equilibrados. Alguns estão habilitados para realizar maior esforço intelectual que outros, ao passo que há pessoas inclinadas a amar e desfrutar o trabalho físico. Ambas essas classes devem procurar corrigir suas deficiências, para poderem apresentar a Deus todo o ser, como sacrifício vivo, santo e agradável, que é o seu culto racional. Os hábitos e costumes da sociedade amiga da moda não devem regular o seu modo de ação. O inspirado apóstolo Paulo acrescenta: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” CE 27.1
A mente de homens pensantes trabalha demasiado. Freqüentemente eles usam suas faculdades mentais prodigamente, ao passo que há uma outra classe cujo mais elevado alvo na vida é o trabalho físico. Esta última classe não exercita a mente. Seus músculos são postos em atividade, enquanto o cérebro é privado de força intelectual, do mesmo modo que a mente dos pensadores é posta a trabalhar, enquanto o corpo é fraudado em força e vigor por negligenciarem o exercício dos músculos. Os que se contentam em devotar a vida ao trabalho físico, e deixam que outros façam por eles a parte mental, enquanto simplesmente levam a cabo o que outros cérebros planejaram, terão força muscular, mas intelecto deficiente. Sua influência para o bem é pequena em comparação com o que poderiam fazer se usassem o cérebro como usam os músculos. Esta classe é vencida mais prontamente se atacada por enfermidade, visto que o organismo é vitalizado pela força elétrica do cérebro para resistir a doenças. CE 27.2
Homens que têm boas faculdades físicas deviam educar-se para pensar bem como para agir, e não ficar na dependência de que outros sejam cérebros para eles. É erro popular por parte de uma grande classe considerar o trabalho coisa degradante. Daí que os jovens se mostram ansiosos por educar-se a fim de se tornarem professores, clérigos, comerciantes, advogados, de modo que possam ocupar praticamente qualquer posição que não requeira esforço físico. Moças consideram o trabalho doméstico como amesquinhante. E embora o exercício físico requerido na realização de trabalho caseiro, desde que não demasiado severo, destine-se a promover a saúde, preferem buscar a educação que as habilite como professoras ou secretárias, ou aprender alguma profissão que as confine ao trabalho sedentário dentro de uma sala O colorido da saúde desaparece-lhes das faces e tornam-se vítimas da enfermidade, pois têm falta de exercício físico e pervertem os seus hábitos em geral. Tudo isto porque é moda! Apreciam a vida delicada, que debilita e arruína. CE 28.1
Na verdade, existem alguns motivos para que as jovens não decidam empregar-se em trabalhos domésticos, pois os que contratam pessoas para cozinheira, tratam-nas geralmente como servas. Seus patrões, com freqüência, não as respeitam e lidam com elas como se fossem indignas de ser membros de sua família. Não lhes dão os privilégios que concedem à costureira, à datilógrafa e à professora de música. Mas não pode haver melhor ocupação que os trabalhos domésticos. Cozinhar bem, apresentar sobre a mesa alimentos saudáveis, de maneira atraente, requer inteligência e experiência. A pessoa que prepara o alimento a ser introduzido em nosso estômago a fim de converter-se em sangue para nutrir o organismo, ocupa uma posição muito importante e elevada. A posição de datilógrafa, costureira ou professora de música não pode igualar-se em importância à da cozinheira. CE 28.2
O que se disse acima é uma afirmação do que poderia ter sido feito mediante um sistema de educação apropriado. O tempo é agora demasiado curto para levar a cabo o que poderia ter sido realizado nas gerações passadas; mas podemos fazer muito, mesmo nestes últimos dias, para corrigir os males existentes na educação da juventude. E visto que o tempo é curto, devemos ser fervorosos e trabalhar zelosamente para dar aos jovens a educação compatível com nossa fé. Somos reformadores. Desejamos que nossos filhos estudem com o maior proveito. A fim de realizar isto é necessário dar-lhes uma ocupação que ponha os músculos em atividade. O trabalho diário e sistemático deve constituir uma parte da educação dos jovens, mesmo nesta época tardia Pode-se ganhar muito agora associando-se o trabalho com as escolas. Seguindo este plano, os estudantes adquirirão elasticidade de espírito e vigor de pensamento, e serão capazes de executar mais trabalho mental, em determinado tempo, do que o fariam estudando somente. E poderão sair da escola com a constituição física inalterada, e com força e coragem para perseverar em qualquer posição que lhes for designada pela providência divina. CE 28.3
Visto que o tempo é breve, devemos labutar com diligência e redobrada energia. Nossos filhos talvez não ingressem numa escola superior, mas podem obter educação nos ramos essenciais que sejam aplicados depois na vida prática e que darão cultura à mente e exercício a suas faculdades. Muitíssimos jovens que fizeram um curso superior não obtiveram aquela educação verdadeira que pudessem pôr em uso na vida prática Talvez tenham a fama de possuir educação superior, mas, em realidade, são apenas ignorantes educados. CE 29.1
Há muitos jovens cujos serviços Deus aceitaria se se consagrassem a Ele sem reservas. Caso empregassem no serviço de Deus as faculdades mentais que usam para seu próprio serviço e para adquirir bens materiais, seriam obreiros fervorosos, perseverantes e de êxito na vinha do Senhor. Muitos de nossos jovens deviam voltar a atenção para o estudo das Escrituras, para que Deus possa usá-los em Sua causa Não se tornam, porém, tão versados no conhecimento espiritual como nas coisas temporais; deixam, portanto, de realizar a obra de Deus que poderiam fazer de maneira aceitável. Há tão-somente uns poucos para admoestar os pecadores e ganhar almas para Cristo, quando deveria haver muitos. Nossos jovens geralmente são sábios em assuntos mundanos, mas não são entendidos no tocante às coisas do reino de Deus. Poderiam concentrar a mente num conduto celestial, divino, e andar na luz, avançando de um grau de luz e poder a outro, até conseguir trazer pecadores a Cristo e dirigir os incrédulos e desalentados a uma brilhante senda voltada para o Céu. E quando a luta houver terminado, poderiam receber as boas-vindas para o gozo de seu Senhor. CE 29.2
Os jovens não devem ocupar-se na obra de explicar as Escrituras e fazer preleções sobre as profecias, quando não conhecem a fundo as importantes verdades bíblicas que procuram explicar a outros. Podem ser deficientes nos ramos comuns de educação e deixar, portanto, de realizar o bem que conseguiriam fazer se houvessem desfrutado as vantagens de uma boa escola A ignorância não aumenta a humildade ou a espiritualidade de qualquer professo seguidor de Cristo. As verdades da Palavra divina podem ser melhor apreciadas pelo cristão intelectual. Cristo pode ser melhor glorificado por aqueles que O servem inteligentemente. O grande objetivo da educação é habilitar-nos a usar as faculdades que Deus nos deu, de tal maneira que exponha melhor a religião da Bíblia e promova a glória de Deus. CE 30.1
Somos devedores Àquele que nos deu a existência, de todos os talentos que nos foram confiados; e temos o dever para com nosso Criador de cultivar e aperfeiçoar os talentos que Ele confiou a nosso cuidado. A educação disciplinará a mente, desenvolverá suas faculdades e as dirigirá de modo inteligente, para que sejamos úteis em promover a glória de Deus. Necessitamos de uma escola na qual aqueles que entram no ministério possam pelo menos receber instrução nos ramos comuns de educação, e onde aprendam também com mais perfeição as verdades da Palavra de Deus para este tempo. Em conexão com estas escolas deve haver preleções sobre as profecias. Os que realmente possuem boas aptidões que Deus aceitará para o trabalho em Sua vinha, receberiam grande benefício de uma instrução de apenas alguns meses em tais escolas. CE 30.2