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O poder transformador de Cristo Ed 86

Dos doze discípulos, quatro deviam desempenhar papel saliente, cada um em um ramo distinto. Na preparação para tal, Cristo os ensinou, prevendo tudo. Tiago, destinado a próxima morte à espada; João, o que dentre os irmãos por mais tempo devia seguir seu Mestre nos trabalhos e perseguições; Pedro, o pioneiro em transpor as barreiras dos séculos e ensinar ao mundo gentio; e Judas, capaz de ascendência sobre seus irmãos, no serviço, e não obstante alimentando em sua alma propósitos cujos frutos ele mal sonhava — eram todos estes o objeto da maior solicitude de Cristo, e os que recebiam as Suas mais freqüentes e cuidadosas instruções. Ed 86.2

Pedro, Tiago e João procuravam toda oportunidade de entrar em íntimo contato com seu Mestre, e seu desejo era satisfeito. Dentre os doze, sua relação para com Ele era mais íntima. João poderia satisfazer-se apenas com uma intimidade ainda maior, e isto ele obteve. Naquela primeira conversa ao lado do Jordão, quando André, tendo ouvido a Jesus, correu a chamar seu irmão, João estava sentado em silêncio, extasiado na meditação de maravilhosos assuntos. Seguiu o Salvador, sempre como um ouvinte ávido e embevecido. Entretanto, o caráter de João não era irrepreensível. Ele não era um entusiasta gentil, sonhador. Ele e seu irmão foram chamados “filhos do trovão”. Marcos 3:17. João era orgulhoso, ambicioso e de espírito combativo; mas por sob tudo isto o divino Mestre divisou o coração ardente, sincero e amante. Jesus censurou-lhe o egoísmo, frustrou-lhe as ambições, provou-lhe a fé. Revelou-lhe, porém, aquilo por que sua alma anelava — a beleza da santidade, Seu próprio amor transformador. Disse Ele: “Manifestei o Teu nome aos homens que do mundo Me deste.” João 17:6. Ed 87.1

A natureza de João anelava amor, simpatia e companhia. Ele se achegava a Jesus, sentava-se a Seu lado, recostava-se-Lhe ao peito. Assim como a flor sorve o orvalho e a luz, bebia ele da luz e vida divinas. Contemplou o Salvador em adoração e amor, até que a semelhança de Cristo e comunhão com Ele se tornaram seu único desejo, e em seu caráter se refletiu o caráter do Mestre. Ed 87.2

“Vede”, disse ele, “quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo nos não conhece; porque O não conhece a Ele. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos. E qualquer que nEle tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro.” 1 João 3:1-3. Ed 87.3