Tenho sido repetidamente instruída quanto ao fato de que a relação da obra médico-missionária com a obra da terceira mensagem angélica é a mesma relação que o corpo mantém com o braço e a mão. Sob a direção da divina Cabeça, devem trabalhar unidos no preparar o caminho para a vinda de Cristo. O braço direito do corpo da verdade deve estar constantemente ativo, trabalhando incessantemente, e Deus o fortalecerá. Não deve, porém, tornar-se o corpo. Ao mesmo tempo o corpo não deve dizer ao braço: “Não tenho necessidade de ti.” 1 Coríntios 12:21. O corpo necessita do braço a fim de fazer obra ativa e intensiva. Ambos têm seu trabalho designado, e ambos sofrerão grande prejuízo caso operem independentemente um do outro. T6 288.1
A obra de pregar a terceira mensagem angélica não tem sido considerada por alguns como Deus designa que seja. Tem sido olhada como trabalho inferior, quando deve ocupar lugar importante entre os instrumentos humanos na salvação do homem. O espírito dos homens deve ser atraído para as Escrituras como o meio mais eficaz na salvação de almas, e o ministério da palavra é a grande força educacional para produzir tal resultado. Os que rebaixam o ministério e procuram levar avante a obra médico-missionária independentemente estão buscando separar o braço do corpo. Qual seria o resultado, caso fossem eles bem-sucedidos nisso? Veríamos braços e mãos voando de um lado para outro dispensando meios, sem ser dirigidos pela cabeça. O trabalho tornar-se-ia desproporcionado e carente de equilíbrio. Aquilo que Deus designou que fosse o braço e a mão, tomaria o lugar do corpo todo e o ministério seria amesquinhado ou totalmente passado por alto. Isso causaria perturbação e confusão, ficando muitas partes da vinha do Senhor sem serem alcançadas. T6 288.2
A obra médico-missionária deve fazer parte do trabalho de toda igreja em todos os lugares. Desligada da igreja, ela se tornaria em breve uma estranha miscelânea de desorganizados átomos. Consumiria, mas não produziria. Em vez de servir de mão auxiliadora de Deus para promover a verdade, sugaria a vida e a força da igreja, e enfraqueceria a mensagem. Conduzida independentemente, não somente consumiria talento e meios necessários em outros ramos como, no próprio trabalho de ajudar os desamparados independentemente do ministério da Palavra, colocaria os homens em situação de zombarem de uma verdade bíblica. T6 289.1
O ministério evangélico é necessário a fim de dar permanência e estabilidade à obra médico-missionária; e o ministério necessita da obra médico-missionária para demonstrar a operação prática do evangelho. Nenhuma das duas partes da obra é completa sem a outra. T6 289.2
A mensagem da próxima vinda do Salvador deve ser dada em todas as partes do mundo, devendo em todos os setores ser caracterizada por solene dignidade. Grande é a vinha a ser trabalhada e o sábio agricultor fará a obra de tal maneira que cada parte produza frutos. Caso sejam conservados puros os vivos princípios da verdade na obra médico-missionária, não contaminados por qualquer coisa que lhes prejudique o brilho, o Senhor há de presidir o trabalho. Caso os que têm os pesados encargos permaneçam fiéis e firmes aos princípios da verdade, o Senhor os apoiará e susterá. T6 289.3
A união que deve existir entre a obra médico-missionária e o ministério é claramente salientada no capítulo cinqüenta e oito de Isaías. Há sabedoria e bênção para os que se empenharem na obra segundo é ali apresentada. Esse capítulo é explícito, e nele há o suficiente para esclarecer quem quer que deseje fazer a vontade de Deus. Apresenta grande oportunidade para que a humanidade sofredora seja ajudada, e seja ao mesmo tempo instrumento nas mãos de Deus para levar a luz da verdade a um mundo agonizante. Se a obra da terceira mensagem angélica for levada avante pela maneira certa, não se dará ao ministério um lugar inferior, nem os doentes e pobres serão negligenciados. Deus uniu em Sua Palavra esses dois ramos de trabalho, e pessoa alguma os deveria separar. T6 289.4
Pode haver, e há de fato, perigo em perder de vista os grandes princípios da verdade, ao realizar em benefício dos pobres a obra que é justo fazer, mas devemos ter sempre em mente que, ao fazer esse trabalho, cumpre dar o primeiro lugar às necessidades espirituais do ser humano. Em nossos esforços para aliviar as necessidades temporais, corremos o risco de separar da última mensagem evangélica seus aspectos principais e mais urgentes. Tal como tem sido feita em alguns lugares, a obra médico-missionária tem absorvido talento e meios que caberiam a outros ramos da obra, com negligência de atividades mais diretamente espirituais. T6 290.1
Devido às sempre crescentes oportunidades para ministrar às necessidades temporais de todas as classes, há perigo de essa obra eclipsar a mensagem que Deus nos deu para levar a toda cidade — a proclamação da próxima vinda de Cristo, a necessidade de obediência aos mandamentos de Deus e ao testemunho de Jesus. Essa mensagem é a preocupação de nossa obra. Tem de ser proclamada com grande voz e ir a todo o mundo. Tanto no campo nacional como nos estrangeiros, a apresentação dos princípios da saúde precisa estar unida com ela e não ser independente dela ou tomar-lhe de qualquer maneira o lugar; tampouco deve ela absorver tanta atenção que amesquinhe outros ramos. O Senhor nos instruiu a que consideremos a obra em todos os seus aspectos, de modo que se desenvolva de forma proporcional, simétrica e equilibrada. T6 290.2
A verdade para este tempo abrange todo o evangelho. Devidamente apresentada, ela operará no ser humano as adequadas mudanças que manifestarão o poder da graça de Deus no coração. Efetuará uma obra completa, e desenvolverá um completo homem. Portanto, não se trace uma linha divisória entre a genuína obra médico-missionária e o ministério evangélico. Unam-se essas duas para fazer o convite: “Vinde; pois tudo está preparado.” Lucas 14:17. Juntem-se elas em inseparável união, da mesma forma como o braço está unido ao corpo. T6 290.3