Os oráculos pagãos têm sua imitação nos médiuns espíritas, nos videntes, nos necromantes de hoje. As vozes místicas que falaram em Ecrom e em En-Dor, estão ainda, por suas palavras de mentira, desviando os filhos dos homens. O príncipe das trevas apenas apareceu sob novo disfarce. Os mistérios do culto pagão acham-se substituídos pelas associações secretas e as sessões, as obscuridades e as maravilhas dos feiticeiros de nosso tempo. Suas revelações são ansiosamente recebidas por milhares que recusam aceitar a luz da Palavra de Deus, ou de Seu Espírito. Ao passo que falam desdenhosamente dos mágicos de outrora, o grande enganador ri triunfante, vendo-os ceder a suas artes, manifestadas sob aspecto diferente. TS2 51.3
Seus agentes ainda pretendem curar a doença. Atribuem seu poder à eletricidade, ao magnetismo, ou aos chamados “remédios de simpatia”. Efetivamente, eles não são senão veículos das correntes elétricas de Satanás. Por esse meio lança ele seu encantamento sobre o corpo e a alma dos homens. TS2 52.1
Tenho recebido de tempos a tempos cartas de ministros e de membros leigos da igreja, perguntando se acho errado consultar médicos espíritas e videntes. Não tenho respondido a essas cartas por falta de tempo. Mas agora o assunto me é de novo insistentemente apresentado à atenção. Tão numerosos se estão tornando esses instrumentos de Satanás, e tão geral é o costume de buscar deles conselho, que parece necessário proferir palavras de advertência. TS2 52.2
Deus colocou ao nosso alcance o obter conhecimento das leis da saúde. Constituiu em dever para nós o conservar nossas energias físicas nas melhores condições possíveis, a fim de Lhe podermos prestar serviço aceitável. Os que se recusam a aperfeiçoar a luz e o conhecimento posto ao seu alcance, estão rejeitando um dos meios a eles assegurados por Deus para promover tanto a vida espiritual como a física. Colocam-se assim em condições em que ficam expostos aos enganos de Satanás. TS2 52.3
Não poucos, neste século e nação professadamente cristãos, recorrem aos maus espíritos, em vez de confiarem no poder do Deus vivo. Velando ao pé do leito de enfermidade de seu filho, a mãe exclama: “Não posso fazer mais nada. Não haverá médico que possa restaurar meu filho?” Contam-lhe as maravilhosas curas realizadas por algum vidente ou operador de curas pelo magnetismo, e ela confia seu querido aos cuidados dele, colocando-o tão certamente nas mãos de Satanás como se ele lhe estivesse ao lado. Em muitos casos, a vida futura da criança é regida por uma força satânica, que parece impossível quebrar. TS2 52.4
Muitos são os que não têm boa vontade para exercer o necessário esforço a fim de obter conhecimento das leis da vida, e os simples meios a serem empregados para a restauração da saúde. Não se colocam na devida relação para com a vida. Quando a doença é a conseqüência de sua transgressão da lei natural, não buscam corrigir seus erros, e depois pedir a bênção de Deus, mas recorrem aos médicos. Se recuperam a saúde, atribuem às drogas e aos médicos toda a honra. Estão sempre prontos a idolatrar o poder e sabedoria humanos, parecendo não conhecer outro Deus senão a criatura — pó e cinza. TS2 53.1
Ouvi uma mãe rogando a um médico descrente que lhe salvasse a vida do filho; mas quando lhe pedi insistentemente que buscasse auxílio do Grande Médico que é capaz de salvar perfeitamente todo aquele que O busca com fé, ela se afastou com impaciência. Vemos aí o mesmo espírito manifestado por Acazias. TS2 53.2
Não é seguro confiar em médicos que não têm diante de si o temor de Deus. Sem a influência da graça divina, o coração dos homens é “enganoso... mais do que todas as coisas, e perverso”. Jeremias 17:9. Seu objetivo é o engrandecimento próprio. Sob a capa da profissão médica, quanta iniqüidade tem sido ocultada; que enganos apoiados! O médico pode pretender possuir grande sabedoria e habilidade maravilhosa, quando seu caráter é depravado, e sua prática contrária às leis da vida. O Senhor nosso Deus nos afirma estar esperando para mostrar-Se bondoso; convida-nos a invocá-Lo no dia da angústia. Como nos podemos desviar dEle para confiar em um braço de carne? TS2 53.3
Vinde comigo ali, a um quarto de doente. Ali jaz um esposo e pai, homem que é uma bênção à sociedade e à causa de Deus. Foi subitamente derribado pela doença. O ardor da febre parece consumi-lo. Ele anseia um pouco de água fresca para lhe umedecer os ressequidos lábios, saciar a sede abrasadora, e refrescar a fronte febril. Mas não; o médico proibiu a água. Dá-se-lhe o estimulante da bebida forte, acrescentando combustível ao fogo. A bendita água, enviada pelo Céu, quando habilmente aplicada, extinguiria a chama devoradora, mas é substituída por drogas venenosas. TS2 53.4
Por algum tempo, a natureza luta por seus direitos, mas afinal, vencida, desiste da luta, e a morte liberta o sofredor. Deus desejava que aquele homem vivesse, que fosse uma bênção ao mundo; Satanás decidiu destruí-lo, e por meio do médico, conseguiu-o. Até quando permitiremos que nossas mais preciosas luzes sejam assim apagadas? TS2 54.1
Acazias enviou seus servos a indagar de Baal-Zebube, em Ecrom; mas em vez de uma mensagem do ídolo, ouve a tremenda denúncia vinda do Deus de Israel: “Da cama a que subiste, não descerás, mas sem falta morrerás.” Foi Cristo que mandou Elias dizer estas palavras ao rei apóstata. TS2 54.2
Jeová Emanuel tinha razão de ficar grandemente desgostoso com a impiedade de Acazias. Que não fizera Cristo para conquistar o coração dos pecadores, e inspirar-lhes inabalável confiança nEle? Durante séculos visitara Seu povo com manifestações da mais condescendente bondade e amor sem paralelo. Desde os tempos dos patriarcas Ele manifestara como Suas “delícias” estavam com os filhos dos homens. Provérbios 8:31. Fora um socorro bem presente para todos quantos O buscavam em sinceridade. “Em toda a angústia deles foi Ele angustiado, e o anjo da Sua face os salvou; pelo Seu amor, e pela Sua compaixão Ele os remiu.” Isaías 63:9. Todavia Israel se rebelara contra Deus, e se volvera para os piores inimigos do Senhor. TS2 54.3
Os hebreus eram a única nação favorecida com o conhecimento do Deus verdadeiro. Quando o rei de Israel mandou indagar de um oráculo pagão, proclamou aos pagãos que confiava mais nos ídolos deles do que no Deus de seu povo, o Criador dos Céus e da Terra. Da mesma maneira os que professam conhecer a Palavra de Deus O desonram, quando se voltam da Fonte da força e da sabedoria, para pedir conselhos aos poderes das trevas. Se a ira de Deus se acendeu por tal procedimento da parte de um rei ímpio, idólatra, como considerará Ele atitude semelhante quando seguida pelos que professam ser servos Seus? TS2 54.4