Pudesse ser erguido o véu que separa o mundo visível do invisível, e pudesse o povo de Deus contemplar o grande conflito que se trava entre Cristo e os santos anjos, e Satanás e suas hostes malignas, acerca da redenção do homem; pudesse compreender a maravilhosa obra de Deus em prol da salvação de almas da escravidão do pecado, e a constante operação de Seu poder para sua proteção da maldade do maligno, e estariam melhor preparados para resistir aos tramas de Satanás. Sentiriam no espírito uma impressão solene em vista da vasta extensão e importância do plano da redenção e da grandeza da obra que se lhes depara, como colaboradores de Cristo. Sentir-se-iam humilhados, todavia animados, sabendo que todo o Céu se acha interessado em sua salvação. TS2 170.1
Uma ilustração muito viva e impressionante da obra de Satanás e da de Cristo, e do poder de nosso Mediador para vencer o acusador de Seu povo, é dada na profecia de Zacarias. Em santa visão contempla o profeta a Josué, o sumo sacerdote, “vestido de vestidos sujos”, diante do Anjo do Senhor, suplicando a misericórdia de Deus em favor de seu povo, que se acha em profunda aflição. Satanás acha-se a Sua mão direita, para Lhe resistir. Por isso que Israel fora escolhido para preservar na Terra o conhecimento de Deus, tinham sido eles desde quando vieram a existir como nação, o objeto especial da inimizade de Satanás, e ele determinara promover sua destruição. Não lhes podia ele fazer mal algum enquanto fossem obedientes a Deus; por isso envidara todo o seu poder e astúcia para os induzir ao pecado. Enganados por suas tentações, haviam transgredido a lei de Deus, separando-se assim da Fonte de sua força, tendo sido deixados a tornar-se presa de seus*Testimonies for the Church 5:467-476 (1885). inimigos gentios. Foram levados em cativeiro para a Babilônia, e ali permaneceram por muitos anos. Entretanto, não foram abandonados pelo Senhor. Foram-lhes enviados Seus profetas, com repreensões e advertências. O povo foi desperto para reconhecer sua culpa, humilharam-se perante Deus e a Ele volveram com arrependimento verdadeiro. Então o Senhor lhes enviou mensagens de animação, declarando que os livraria do cativeiro e os restauraria ao Seu favor. Isso era o que Satanás estava resolvido a impedir. Já um remanescente de Israel voltara para sua terra, e procurava Satanás levar as nações pagãs, que eram agentes seus, a destruí-los por completo. TS2 170.2
Quando Josué roga humildemente o cumprimento das promessas de Deus, ergue-se Satanás ousadamente, para lhe resistir. Aponta para as transgressões de Israel como razão de não dever o povo ser restaurado ao favor de Deus. Reclama-os como presa sua, e requer que sejam entregues em suas mãos, para serem destruídos. TS2 171.1
O sumo sacerdote não se pode defender, nem ao seu povo, das acusações de Satanás. Não alega que Israel esteja livre de falta. Em suas vestes sujas, simbolizando os pecados do povo, com os quais ele arca como representante seu, está ele perante o anjo, confessando a falta deles, mas ao mesmo tempo alegando seu arrependimento e humilhação, confiando na misericórdia de um Redentor que perdoa o pecado e, com fé, reclamando as promessas de Deus. TS2 171.2