Sinto-me solicitada pelo Espírito do Senhor a dizer-vos que agora é vosso dia de privilégio, de confiança, de bênção. Aproveitá-lo-eis? Estais trabalhando para a glória de Deus, ou por interesses egoístas? Estais mantendo diante dos olhos de vosso espírito lisonjeiras perspectivas de êxito mundano, pelo qual podereis obter a satisfação do próprio eu e o ganho financeiro? Se assim é, sereis amargamente decepcionados. Se, porém, buscais viver vida pura e santa, aprender diariamente na escola de Cristo as lições que Ele vos convidou a aprender, a ser mansos e humildes de coração, tendes então uma paz que circunstância alguma terrena pode mudar. TS2 189.2
A vida em Cristo é uma vida de descanso. Desassossego, descontentamento, mal-estar, revelam a ausência do Salvador. Se Jesus for introduzido na vida, essa vida encher-se-á de obras boas e nobres para o Mestre. Esquecer-vos-eis de cuidar em servir ao próprio eu, e vivereis cada vez mais perto do querido Salvador; vosso caráter tornar-se-á semelhante ao de Cristo, e todos quantos vos rodeiam conhecerão que estivestes com Jesus e dEle aprendestes. Cada um possui em si mesmo a fonte da própria felicidade, ou infortúnio. Se ele quiser, poderá erguer-se acima da impressões baixas, sentimentais, que constituem a vida de muitos; mas enquanto ele for cheio de si mesmo, o Senhor nada poderá fazer em seu benefício. Satanás apresentará ambiciosos projetos para estontear os sentidos, mas cumpre-nos conservar sempre diante de nós “o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. Filipenses 3:14. Amontoai nesta vida todas as boas obras que puderdes. “E os entendidos pois resplandecerão, como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas sempre e eternamente.” Daniel 12:3. TS2 189.3
Caso nossa vida seja cheia de santa fragrância, se honrarmos a Deus tendo bons pensamentos para com os outros, e bons atos para beneficiá-los, não importa se vivemos em uma modesta casinha, ou num palácio. Pouco têm que ver as circunstâncias com as experiências da alma. É o espírito nutrido o que dá colorido a todas as nossas ações. Uma pessoa em paz com Deus e seus semelhantes não pode ser infeliz. Em seu coração não há lugar para a inveja; tampouco para as ruins suspeitas; o ódio não pode existir. O coração em harmonia com Deus eleva-se acima dos aborrecimentos e provas desta vida. TS2 190.1
Mas um coração em que não há a paz de Cristo, é descontente, infeliz; a pessoa vê defeitos em tudo, e ocasionaria discórdia na mais celestial das músicas. Uma vida de egoísmo é uma vida cheia do mal. Aqueles cujo coração se acha cheio do amor de si mesmos, armazenarão maus pensamentos para com seus irmãos, e falarão contra os instrumentos de Deus. As paixões mantidas ardentes, violentas, pelas sugestões de Satanás, são fonte amarga jorrando sempre amargosas correntes para envenenar a vida de outros.... TS2 190.2
Que todo aquele que professa seguir a Cristo, estime-se em menos e aos outros em mais. Avançai juntos, avançai juntos! Na união há força e vitória; na discórdia e divisão, fraqueza e derrota. Estas palavras me foram dirigidas do Céu. Como embaixadora de Deus, eu vo-la digo. TS2 190.3
Busquem todos, um por um, atender a oração de Cristo: “Para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti.” Oh! que união essa! e Cristo diz: “Nisto todos conhecerão que sois Meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” João 17:21; 13:35. TS2 191.1
Quando a morte reclama um de nosso número, que lembranças nos ficam do tratamento recebido por ele? São os quadros pendurados nas paredes da memória aprazíveis para neles nos determos? São eles recordações de bondosas palavras proferidas, ou de simpatia dispensada ao devido tempo? Repeliram acaso seus irmãos as ruins suspeitas de indiscretos intrigantes? Defenderam-lhe a causa? Foram eles fiéis à inspirada recomendação: “Consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos”? 1 Tessalonicenses 5:14. “Eis que ensinaste a muitos, e esforçaste as mãos fracas.” Jó 4:3. “Confortai as mãos fracas, e fortalecei os joelhos trementes. Dizei aos turbados de coração: Esforçai-vos, não temais.” Isaías 35:3, 4. TS2 191.2
Quando aqueles com quem nos associamos na igreja estão mortos, quando sabemos que seu relatório nos livros do Céu está fixado, e que eles devem enfrentar esse registro no juízo, quais são as reflexões de seus irmãos quanto à atitude que tiveram para com eles? Qual foi sua influência sobre eles? Quão claramente é invocada agora toda palavra áspera, toda ação desavisada! Quão diferentemente se conduziriam, caso tivessem outra oportunidade! TS2 191.3
O apóstolo Paulo deu graças a Deus pelo conforto a ele dado na dor, dizendo: “Bendito seja o Deus e Pai... de toda a consolação; que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus.” 2 Coríntios 1:3, 4. À medida que Paulo sentia o conforto e calor do amor de Deus penetrando em sua alma, refletia a bênção sobre os outros. Disponhamos de tal maneira nossa conduta, que os quadros pendurados nas paredes de nossa memória não sejam de tal sorte que não suportemos refletir sobre eles. TS2 191.4
Depois que aqueles com quem convivemos estiverem mortos, jamais haverá oportunidade de retirar qualquer palavra a eles dirigida, ou de apagar da lembrança qualquer dolorosa impressão. Atentemos pois para os nossos caminhos, para que não ofendamos a Deus com nossos lábios. Seja afastada toda frieza e desinteligência. Abrande-se o coração em ternura diante de Deus, ao Lhe recordarmos o misericordioso trato para conosco. Permiti que o Espírito de Deus, qual chama santa, consuma todo lixo empilhado à porta do coração, e deixai Jesus entrar; então, Seu amor fluirá para os outros por nosso intermédio em ternas palavras, e pensamentos e ações. Então, se a morte nos separar de nossos amigos, para não mais nos encontrarmos até que nos achemos perante o tribunal de Deus, não nos envergonharemos ao ver aparecer o registro de nossas palavras. TS2 192.1
Quando a morte cerra os olhos, e as mãos se dobram sobre o peito silencioso, quão pronto mudam os sentimentos de desinteligência! Não há má vontade nem amargura; as desatenções e as injustiças são perdoadas, esquecidas. Quantas palavras de amor são ditas acerca do morto! Quantas boas coisas em sua vida são evocadas! Louvores e boas apreciações são agora francamente expressas; caem, porém, em ouvidos que nada ouvem, coração que já não sente. Houvessem essas palavras, sido ditas quando o fatigado espírito tanto delas carecia, quando os ouvidos as podiam escutar e o coração sentir, que aprazível quadro haveria sido deixado na memória! Quantos, ao estarem respeitosos e em silêncio ao pé de um morto, recordam com vergonha e dor as palavras e atos que causaram tristeza ao coração agora para sempre quieto! Tragamos agora toda beleza, amor e bondade que nos for possível, à nossa vida. Sejamos considerados, agradecidos, pacientes e longânimos em nossas relações uns com os outros. Que os pensamentos e sentimentos que encontram expressão em tomo do moribundo e do morto sejam introduzidos no convívio diário com nossos irmãos e irmãs em vida. TS2 192.2