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Daniel e Apocalipse

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    Apocalipse 4 — Uma nova visão: o santuário celestial

    VERSÍCULO 1. Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no Céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas.DAP 307.1

    Nos três primeiros capítulos, João apresenta a visão que teve do Filho do homem, envolvendo uma descrição de Sua majestade e o registro de Suas palavras, as quais O ouviu pronunciar com o som de muitas águas. Agora uma nova cena e visão se abrem a nossa frente. A expressão “depois destas coisas” não denota que o registro do capítulo 4 em diante só iria acontecer após o cumprimento de todas as coisas relatadas nos três capítulos anteriores, mas tão somente que, após ter visto e ouvido o que fora escrito até então, ele teve outra visão que passa agora a apresentar.DAP 307.2

    Uma porta aberta no Céu. — É importante notar que João diz: “uma porta aberta no Céu”, não para o Céu. Não foi a abertura do próprio Céu perante a mente de João, como no caso de Estêvão (Atos 7:56); mas algum lugar, ou compartimento, dentro do Céu se abriu diante dele e recebeu permissão para contemplar aquilo que se passava lá dentro. Outros trechos do livro deixarão bem claro que esse compartimento que João viu ser aberto foi o santuário celestial.DAP 307.3

    O que deve acontecer depois destas coisas. Compare com Apocalipse 1:1. O grande objetivo do livro parece ser a apresentação de acontecimentos futuros, com o propósito de informar, edificar e confortar a igreja.DAP 307.4

    VERSÍCULO 2. Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no Céu um trono, e, no trono, Alguém sentado; 3. e Esse que Se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda. 4. Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro. 5. Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus.DAP 307.5

    Em espírito. Já deparamos com esta expressão uma vez no livro, a saber, em Apocalipse 1:10, “Achei-me em espírito, no dia do Senhor”. Nesse caso, chegamos à conclusão de que ela expressa o fato de João ter recebido a visão no sábado, ou dia do Senhor. Se, naquela ocasião, comunicou a condição de estar em visão, denota a mesma coisa aqui. Em consequência, a primeira visão termina com o capítulo 3 e uma nova é introduzida aqui. Não é contraditório a esse ponto de vista pensar que João, antes disso, conforme informa o primeiro versículo deste capítulo, se encontrava envolto em um estado espiritual que lhe permitia olhar para cima e ver uma porta aberta no Céu, bem como ouvir uma voz semelhante ao som poderoso da trombeta chamando-o a se aproximar de uma perspectiva mais próxima das coisas celestiais. Sem dúvida, pode haver estados de êxtase independentes de uma visão, como ocorreu com Estêvão, que, cheio do Espírito Santo, olhou para cima e viu os Céus se abrirem, com o Filho do homem à destra de Deus. Encontrar-se em espírito representa um estado ainda mais avançado de elevação espiritual. Não nos é informado em que dia a visão ocorreu.DAP 307.6

    Envolto mais uma vez em uma visão celestial, o primeiro objeto que João contempla é um trono armado no Céu e o Ser divino ali assentado. A descrição da aparência desse ser, vestido nas cores mistas do jaspe, frequentemente com tom de púrpura, e do sardônio cor de sangue, sugere à mente um monarca trajando suas vestes reais. E ao redor do trono havia um arco-íris. Os dois elementos acrescentam grandeza à cena e nos lembram de que Aquele que Se assenta no trono é tanto um governante todo-poderoso e absoluto quanto o Deus que guarda sempre Sua aliança.DAP 308.1

    Os vinte e quatro anciãos. A pergunta que foi feita a João acerca de determinado grupo surge com frequência em relação a esses vinte e quatro anciãos: “Estes [...] quem são e donde vieram?” (Apocalipse 7:13). Nota-se que eles trajam vestiduras brancas e têm uma coroa de ouro na cabeça, símbolos de um conflito terminado e de uma vitória conquistada. Com base nisso, concluímos que eles participaram da batalha cristã, trilhada no passado, em comum com todos os santos, nesta peregrinação terrena, mas conseguiram vencer. E por algum bom motivo, antes da grande multidão dos remidos, já estão usando a coroa de vencedores no mundo celestial. Aliás, eles nos dizem isso com toda clareza no cântico de louvor que, junto com os quatro seres viventes, erguem ao Cordeiro, no nono versículo do capítulo seguinte: “E entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e nos redimiste para Deus, mediante Teu sangue, de toda tribo, língua, povo e nação” (KJV). Essa música é cantada antes de ocorrerem quaisquer dos eventos proféticos dos sete selos, pois é entoada para expressar que o Cordeiro é digno de tomar o livro e abrir os selos, com base naquilo que já realizou, a saber, a redenção deles. Logo, não é mencionado aqui em antecipação, com uma aplicação futura; mas exprime um fato absoluto e consumado na vida daqueles que a cantaram. Portanto, estes consistem em uma classe de remidos desta Terra, como todos os outros serão remidos, pelo sangue precioso de Cristo.DAP 308.2

    Em alguma outra passagem nós lemos sobre esse grupo de remidos? Acreditamos que Paulo se refere à mesma companhia quando escreveu o seguinte aos efésios: “Por isso, diz: Quando Ele [Cristo] subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens” (Efésios 4:8). A Nova Versão Internacional diz que ele levou cativos “muitos prisioneiros”. Retomando os acontecimentos que ocorreram junto com a crucifixão e ressurreição de Cristo, lemos: “Abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos, que dormiam, ressuscitaram; e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos” (Mateus 27:52-53). Assim surge a resposta a nossa pergunta, retirada inequivocamente das páginas sagradas. Existem pessoas que saíram da sepultura por ocasião da ressurreição de Cristo, as quais foram contadas junto com a ilustre multidão que Ele conduziu do cativeiro do domínio sombrio da morte quando ascendeu em triunfo ao alto. Mateus registra a ressurreição desses indivíduos; Paulo, sua ascensão, e João os contempla no Céu, realizando as tarefas sagradas para cuja realização foram ressuscitados.DAP 308.3

    Não estamos sós nesse ponto de vista. Wesley diz o seguinte acerca dos 24 anciãos: “Vestidos de branco. Isso e as coroas de ouro mostram que eles já haviam terminado a carreira e assumido o respectivo lugar entre os cidadãos do Céu. Em nenhum momento, são chamados de almas; logo, é provável que já tivessem o corpo glorificado. Compare com Mateus 27:52”.DAP 309.1

    Pede-se atenção especial do leitor para o fato de que os 24 anciãos são retratados como assentados em tronos. A palavra grega original é θρόνοι, “tronos”. Em consequência, esta passagem lança luz sobre a expressão encontrada em Daniel 7:9, “Continuei olhando, até que foram postos uns tronos”. São os mesmos tronos e, conforme demonstrado nos comentários sobre o texto de Daniel, o sentido, que pode ser deduzido com base numa tradução equivocada na KJV, não é de que os tronos foram derrubados, ou “lançados ao chão” [cast down], mas, sim, postos ou estabelecidos. A imagem usada pela KJV é extraída do costume oriental de lançar ao chão, ou colocar, tapetes ou divãs para que os convidados de honra se assentassem. Supõe-se que esses 24 anciãos (ver os comentários do capítulo 5) sejam auxiliadores de Cristo em Sua obra de mediador no santuário celestial. E quando a cena de juízo relatada em Daniel 7:9 começou no lugar santíssimo, seus assentos, ou tronos, foram ali colocados, de acordo com o testemunho da passagem.DAP 309.2

    As sete tochas de fogo. — Essas lâmpadas de fogo correspondem a um antítipo apropriado do candelabro de ouro do santuário típico, com suas sete lâmpadas que nunca paravam de queimar. Por direcionamento divino, esse candelabro foi colocado no primeiro compartimento do santuário terrestre (Êxodo 25:31-32, 37; 26:35; 27:20, etc.). Agora João nos conta que uma porta se abriu no Céu e, no compartimento que foi revelado, ele viu o antítipo do candelabro do santuário terrestre. Trata-se de uma boa prova de que ele estava vendo o primeiro compartimento do santuário celestial.DAP 309.3

    VERSÍCULO 6. Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás. 7. O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando. 8. E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, Aquele que era, que é e que há de vir. 9. Quando esses seres viventes derem glória, honra e ações de graças ao que Se encontra sentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos, 10. os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante Daquele que Se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando: 11. Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas Tu criaste, sim, por causa da Tua vontade vieram a existir e foram criadas.DAP 309.4

    O mar de vidro. Não feito de vidro, mas, sim, uma ampla expansão semelhante ao vidro, isto é, transparente, brilhante, de acordo com Greenfield. Essa ideia é desenvolvida ainda mais mediante a comparação com o cristal, cuja definição é “qualquer objeto concreto e transparente, como o gelo ou o vidro”. A posição desse mar demonstra que ele não apresenta nenhuma analogia com a pia do antigo cerimonial típico.DAP 310.1

    Pode passar debaixo do trono, ser seu fundamento e até ir além, transformando-se no fundamento da própria cidade. Ele é trazido à tona novamente em Apocalipse 15:2, como o lugar onde os vencedores, em meio à alegria e ao êxtase da vitória final, logo se posicionarão.DAP 310.2

    Os quatro seres viventes. A palavra grega usada, ζῷον, denota uma criatura viva. Bloomfield diz:DAP 310.3

    “‘Quatro criaturas vivas’ (não bestas, [conforme se encontra na KJV]). Heinr traduz da mesma maneira. [...] A adequação dessa correção é, creio eu, aceita unanimemente entre os comentaristas. A palavra é bem diferente de θηρίον, usada para designar as bestas proféticas do capítulo 13 em diante (Scholefield.) Deve-se acrescentar que Bulkeley reúne diversos exemplos para denotar não só criatura, mas um ser humano, especialmente um extraído de Orígenes, que o usa a respeito do Senhor Jesus.”DAP 310.4

    O primeiro capítulo de Ezequiel usa imagens semelhantes. As qualidades que os emblemas parecem representar são força, perseverança, razão e agilidade –força de afeição, perseverança em cumprir as exigências do dever, razão para compreender a vontade divina e agilidade em obedecer. Esses seres viventes se encontram ainda mais intimamente conectados com o trono do que os 24 anciãos. São representados no meio e em volta deles. Assim como os anciãos, em seu cântico ao Cordeiro, eles O louvam por tê-los redimido da Terra. Logo, pertencem ao mesmo grupo e representam uma parte da grande multidão, que, conforme já descrito (ver comentários sobre o versículo 4), foi elevada às alturas, tendo sido retirada do cativeiro da morte. Confira os comentários de Apocalipse 5:8 acerca do objetivo de sua redenção.DAP 310.5

    Não têm descanso. “Oh! Desassossego feliz!”, exclama belamente John Wesley; e o tema de sua adoração constante é: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, Aquele que era, que é e que há de vir”. Nenhuma melodia mais sublime do que essa já saiu de lábios criados. E eles a repetem dia e noite, ou seja, o tempo inteiro. Tais termos apenas denotam nosso modo de calcular o tempo aqui, pois não pode haver noite onde se encontra o trono de Deus.DAP 310.6

    Nós, mortais, somos propensos a nos cansar da repetição do simples testemunho que aqui transmitimos sobre a bondade e a misericórdia de Deus. E, às vezes, nos sentimos tentados a não dizer nada, pois é impossível falar algo novo a cada momento. Não deveríamos então aprender uma lição valiosa com o comportamento desses seres santos celestiais, que nunca se cansavam da repetição incessante das palavras “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso”, e que nunca enjoavam de tais palavras, pois seu coração sempre resplandecia com o senso de Sua santidade, bondade e Seu amor? O louvor para eles não se torna monótono, pois a cada declaração adquirem nova visão dos atributos do Todo-Poderoso. Alcançam maior elevação da visão de Suas perfeições; o horizonte se expande diante deles; o coração se alarga; e as novas emoções de adoração, provenientes dessa nova perspectiva, extraem deles uma renovada declaração de sua santa saudação, nova até para si próprios: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso”.DAP 310.7

    O mesmo deve ocorrer conosco aqui. Embora sejam repetidas com frequência declarações referentes à bondade, à misericórdia e ao amor de Deus, o valor dessa verdade e as atrações do mundo por vir não deveriam cansar nossos ouvidos, pois deveríamos, em todo período de nossa existência, elevar-nos a novas concepções das bênçãos que tais temas gloriosos abarcam.DAP 311.1

    Leia os comentários de Apocalipse 1:4 acerca da expressão “Aquele que era, que é e que há de vir”.DAP 311.2

    “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder”. Nunca seremos capazes de avaliar quão digno, até que, assim como os seres santos que proferem essas palavras, sejamos transformados para a imortalidade e apresentados sem mácula perante a presença de Sua glória (Judas 24).DAP 311.3

    Todas as coisas Tu criaste. As obras da criação fornecem o fundamento para a honra, a glória e o poder atribuídos a Deus. “Por causa da Tua vontade”, διὰ τὸ θέλημά σου, elas existem a foram criadas. Deus desejou e todas as coisas passaram a existir; e pelo mesmo poder elas são preservadas e sustentadas.DAP 311.4

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