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Conselhos aos Idosos

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    Apêndice C*Ellen White morreu na sexta-feira, 16 de Julho de 1915. Seguiram-se três serviços fúnebres. No domingo à tarde, 18 de Julho, foi realizado um serviço fúnebre no gramado da sua casa em “Elmshaven”. No dia seguinte, foi realizado um outro funeral na reunião campal de Richmond e, no sábado, 24 de Julho, realizou-se o terceiro e maior serviço fúnebre em Battle Creek, Michigan.

    Comentários de G. B. Starr nos funerais de Ellen G. White em Elmshaven

    É meu privilégio falar sobre alguns aspectos da vida da irmã White. Eu a conheci há aproximadamente 40 anos, e minha senhora a conheceu faz mais de 50. Ouvimos dos seus próprios lábios a história da sua conversão cedo, aos 13 anos de idade, passando da dúvida e das trevas para a luz e para o amor especial à pessoa de Jesus Cristo. Penso que jamais ouvi outra pessoa falar do seu amor à Jesus, amor pessoal, como ela o fez. Muitas vezes, em grandes congregações, a ouvi irromper com a exclamação: “Jesus, eu O amo, eu O amo, eu O AMO!” Alguns dos presentes sabem disto; ouviram-no; o auditório se emocionou com isto. Sentimos a influência daquele amor a Jesus.CId 216.1

    Creio ser algo maravilhoso competir com ela neste sentido para, não somente ter fé no aspecto geral, mas tê-la em Jesus e no Seu amor. Sua vida inteira foi devotada a levar outros a amá-Lo e servi-Lo de todo o coração.CId 216.2

    Nos seus escritos, encontramos o que creio ser a mais clara, poderosa, simples e sincera apresentação do evangelho jamais feita em qualquer outro escrito com exceção das próprias Escrituras. A linguagem dos seus escritos são do mais atrativo, simples e poderoso estilo. Agora, peço que vocês mesmos julguem se ele não é atrativo, entusiástico, poderoso e que nada há semelhante a ele no mundo. Nunca vi alguém cujos escritos de alguma maneira pudessem imitar os dela. Seu pequeno livro Caminho a Cristo — tive o privilégio de lê-lo no manuscrito, e ela pediu a vários de nós que aconselhássemos sobre o que deveria ser feito com ele. “Por que”, dissemos, “não publicá-lo em todas as línguas o mais cedo possível? pois é o mais simples e claro guia na fé salvadora de Jesus que já lemos.” Este livro já foi traduzido em [muitas] línguas.CId 216.3

    Vi um painel com a relação completa de todas as suas obras que, penso, está debaixo das árvores do outro lado da casa. Acho, porém, que deveria estar mais perto. É um número surpreendente de volumes.CId 217.1

    Quando a contemplei no outro dia, apertando sua mão na despedida, pensei comigo mesmo: “Esta mão escreveu mais exortações evangélicas e mais preciosas coisas do que, talvez, qualquer outra mão humana. Estudei os escritos de muitos autores, mas não sei de nenhum outro que tenha sido tão diligente quanto ela, que se levantava às 2, 3 e 4 horas da madrugada e continuava a trabalhar até depois do pôr-do-sol. Ela se recolhia muito cedo, este era seu hábito, e então, bem de manhã, levantava-se e começava a escrever. Poderiam encontrá-la, tal como todos os profetas, levantando-se cedo para fazer seu trabalho.CId 217.2

    Eu a vi, penso, sob quase todas as circunstâncias em que se pode ver um amigo. Tivemos o privilégio de viajar com ela em Michigan e, depois, acompanhá-la na Austrália, vivendo em seu lar, vendo-a sob todas as circunstâncias de uma vida doméstica e, em acréscimo, levando o fardo da obra mundial que tanto amava. Queremos testificar hoje, minha senhora e eu, que a consideramos um dos mais leais e fiéis cristãos que já encontramos em nossa vida. Não o digo porque queira louvá-la agora, hoje, mas o creio de todo o coração; tenho razões para sabê-lo. Sei disto pessoalmente.CId 217.3

    Ela me foi de grande auxílio, pessoalmente. Não me escreveu cartas lisonjeiras quando estava no campo missionário, em Queensland e noutros lugares, mas me escreveu palavras muito sinceras de conselhos que me foram verdadeiramente proveitosos, tanto na minha vida como no meu ministério.CId 218.1

    Quero falar da sua personalidade como amiga e estou certo de que os presentes que a conheceram vão confirmar o que digo. Lembrava-se dos nomes das pessoas de maneira impressionante. Parecia nunca se esquecer de alguém que encontrasse em qualquer parte do mundo. Levava-os em seu coração e nas suas orações. Sua constância na amizade era notável, estendendo-se por provas e tentações. Como o rapazinho na escola que, perguntado sobre o significado da amizade, respondeu: “Amigo verdadeiro é aquele que sabe tudo a seu respeito e o ama exatamente da mesma maneira”, assim podemos dizer dela que, embora conhecesse muito bem as falhas dos seus amigos, os amava da mesma forma e da mesma forma orava e trabalhava por eles.CId 218.2

    Outra palavra sobre sua personalidade: considerava-a como um dos mais resolutos caracteres que já encontrei. Posso compará-la com o inflexível carvalho que enfrenta os ventos e suporta as mais fortes pressões ou com a montanha que ri das tempestades. Sofreu desgostos e oposição da parte daqueles que deveriam ter sido amáveis para com ela; enfrentou-os no mais bondoso e amável espírito, mas com a firme determinação de os conquistar, sempre conquistar. Nunca a vi ser conquistada. Sua fé em Deus era invencível neste país e em qualquer outro. Sob circunstâncias que teriam naufragado a fé de muitos, ela triunfou nas provas.CId 218.3

    Apenas uma palavra mais sobre sua enfermidade. Foi seu quinhão, como observou o irmão Loughborough, sofrer mais do que o cristão comum. Deus o permitiu e vou deixar que ela fale por si mesma sobre como a enfrentava. Tenho um trecho tirado dos seus próprios escritos e que vou ler:CId 219.1

    “Não espero agora ser elevada acima de todas as enfermidades e tribulações, e navegar num mar tranqüilo em minha jornada rumo ao Céu. Espero provações, perdas, desapontamentos e aflições”, e ela os teve: dois filhos e seu esposo foram sepultados no mesmo lugar em que ela o será, lado a lado, em Michigan; ela teve suas provações desta e doutras maneiras, “mas”, disse ela, “tenho a promessa do Salvador: ‘A Minha graça te basta.’CId 219.2

    “Minha doença ensinou-me a própria fraqueza, e a paciência e o amor do meu Salvador, e Seu poder para salvar. Nas noites de insônia, encontrei esperança e conforto ao considerar a paciência e compaixão de Jesus para com Seus fracos e errantes discípulos, e lembrar que Ele ainda é o mesmo — imutável na misericórdia, na compaixão e no amor. Ele vê nossa fraqueza; Ele sabe como temos falta de fé e coragem; contudo, não nos lança fora. Ele é misericordioso e terno de compaixão para conosco.”CId 219.3

    Faz umas seis semanas, quando a visitamos, ela perguntou: “Quando vieram a última vez para me ver?”CId 220.1

    “Exatamente no sábado passado, à tarde”, respondi.CId 220.2

    “Oh, sim”, disse ela, “tinha me esquecido.” Então, voltando-se para nós, acrescentou: “Todos nós temos nossas fraquezas e esquecimentos, mas, se os corrigimos, eles fortalecem nosso caráter e não nos diminuem.” Podem ver que isto é semelhante à sua afirmação de que Cristo revela sua terna compaixão através do sofrimento.CId 220.3

    Falando da sua morte, ela disse: “Cairei no meu posto antes do Senhor voltar; mas, quando todos os que estiverem na sepultura ressuscitarem, também eu ressuscitarei se for fiel” — e ela foi fiel — “verei Jesus e serei feita como Ele. Oh, que gozo indizível, ver Aquele a quem amamos. — Vê-lo na Sua glória, Ele que tanto nos amou que Se deu por nós — contemplar aquelas mãos que foram traspassadas para nossa redenção, se estenderem para nós em bênçãos e boas-vindas!” São palavras triunfantes, não são?CId 220.4

    Agora, enquanto estava aqui, ela cantava muito. Quero ler-lhes um verso de um hino do qual gostava muito. Ouvimo-la cantar numa manhã, quando estávamos aos pés da escada. Perguntamos: “Quem está cantando?” E responderam: “É a irmã White.” Eis o que ela cantava: “Ouvimos da terra sagrada e de luz. Ouvimos, e nos alegramos; porque éramos um grupo solitário, cansado, exausto e triste. Disseram-nos que os peregrinos tinham moradas ali — não mais haverá os sem-lar. Sabemos que a terra é muito linda, onde corre o rio da vida.”CId 220.5

    Então, omitiu alguns versos e passou a cantar a última parte do último verso, como espécie de coro, repetindo-o vez após vez. Este era o seu coro: “Lá estaremos, lá estaremos, dentro de pouco, reunidos com os benditos e puros. A palma, o manto e a coroa ganharemos, vivendo para sempre em descanso.” Ela repetia esse hino muitas e muitas vezes.CId 220.6

    Alguns me perguntaram a respeito da sua posição entre nós. Ela nunca foi escolhida para cargo algum. Nunca os quis. Quando alguém falava com ela a respeito de um trabalho particular, respondia: “Meu trabalho, aquele para o qual Deus me chamou, é ser Sua mensageira”, e este era seu maior desejo, ser mensageira de Jesus Cristo.CId 221.1

    Despedindo-nos dela, faz duas semanas — enquanto o irmão White lhe dizia (e ela parecia estar muito alegre naquela manhã): “Mamãe, o irmão Starr e sua esposa vieram para despedir-se da senhora”, ela respondeu que estava muito contente por nos ver novamente. Então, eu lhe disse: “Nós é que estamos satisfeitos por encontrá-la tão alegre nesta manhã.” Sua resposta foi esta: “Alegro-me por terem me encontrado assim, e desejo contar-lhes que estou alegre também por dentro”, e acrescentou: “Não tive muitos dias de tristeza, não é?” “Não, irmã White”, lhe respondi, “não, em toda sua vida, porque viveu sempre acima delas.” “Sim”, disse ela, “meu Pai celestial planejou tudo para mim; Ele sabe quando isto vai terminar, e estou determinada a não murmurar.”CId 221.2

    Sentia-me diante de um grande triunfo — e ela triunfou. Que o Senhor nos ajude a seguir esses passos. Então, lhe disse: “Quero apenas lembrar, irmã White, o que nos escreveu na sua última carta: ‘as sombras estão se alongando’” — e estou pensando nisto exatamente agora. Ela respondeu: “Irmão Starr, as sombras se alongam e nós nos estamos aproximando do lar. Estaremos lá em breve e então falaremos sobre tudo isso juntos no reino de Deus.”CId 221.3

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