A mordomia é uma responsabilidade pessoal
Devem os pais exercer o direito que Deus lhes concedeu. Confiou-lhes os talentos que quer que usem para Sua glória. Não devem os filhos tornar-se responsáveis pelos talentos dos pais. Enquanto tiverem mente sã e bom juízo, devem os pais, com piedosa consideração e o auxílio dos devidos conselheiros que tenham experiência na verdade e conhecimento da vontade divina, dispor de suas propriedades.CId 84.1
Se tiverem filhos que estejam sendo afligidos ou lutando com a pobreza, e que farão cuidadoso uso dos recursos, devem eles ser tomados em consideração. Mas, se têm filhos descrentes que têm abundância dos bens deste mundo e que estejam servindo ao mundo, cometem um pecado contra o Mestre que os tornou Seus mordomos ao colocarem bens nas mãos deles meramente por serem seus filhos. Os reclamos de Deus não devem ser considerados levianamente.CId 84.2
E deve-se compreender claramente que o fato de os pais já terem feito seu testamento não os impede de dar recursos à causa de Deus enquanto vivem. E isso é o que devem fazer. Devem ter, aqui, a satisfação, e, na vida futura, a recompensa de disporem dos recursos excedentes enquanto viverem. Devem fazer sua parte no avanço da causa de Deus. Devem usar os bens que lhes foram emprestados pelo Mestre para levar avante a obra que deve ser feita em Sua vinha.CId 85.1
O amor ao dinheiro é a raiz de quase todos os crimes cometidos no mundo. 1 Timóteo 6:10. Os pais que de forma egoísta retêm seus recursos para enriquecer os filhos, e que não vêem as necessidades da causa de Deus e não as aliviam, cometem terrível erro. Os filhos a quem pensam abençoar com seus recursos são com isso amaldiçoados.CId 85.2
O dinheiro deixado para os filhos freqüentemente se torna “raiz de amargura”. Hebreus 12:15. Freqüentemente brigam por causa da propriedade que lhes foi deixada e, em caso de testamento, raras vezes estão todos satisfeitos com a distribuição feita pelo pai. E em vez de os bens deixados despertarem a gratidão, a reverência a sua memória, criam insatisfação, murmuração, inveja e desrespeito. Irmãos e irmãs que estavam em paz uns com os outros são às vezes postos em desacordo, havendo freqüentemente desavença na família como resultado de bens herdados. As riquezas são apenas desejáveis como um meio de suprir as necessidades presentes, e de fazer bem aos outros. Mas as riquezas herdadas com mais frequência se tornam uma cilada para quem as possui, em vez de uma bênção. Não devem os pais procurar fazer com que os filhos enfrentem as tentações a que eles os expõem ao lhes deixarem recursos que estes nenhum esforço fizeram para adquirir.CId 85.3
Foi-me mostrado que alguns filhos que professam crer na verdade influenciam, indiretamente, o pai a guardar seus bens para eles em vez de os empregar na causa de Deus enquanto vive. Os que assim têm influenciado o pai a transferir para eles a sua mordomia mal sabem o que estão fazendo. Estão amontoando sobre si mesmos dupla responsabilidade, a de influenciar a mente do pai de tal modo que ele não cumpra o propósito de Deus na distribuição dos recursos que por Ele lhe foram confiados para serem usados para Sua glória, e a responsabilidade adicional de se tornarem mordomos dos recursos que deveriam ter sido dados pelo pai aos banqueiros, para que o Mestre pudesse receber com juros o que Lhe pertencia.CId 86.1
Muitos pais cometem um grande erro ao passarem sua propriedade de suas mãos para as dos filhos, ainda que eles mesmos sejam responsáveis pelo uso ou abuso dos talentos que Deus lhes emprestou. Nem os pais nem os filhos se tornam mais felizes por essa transferência de propriedade. E se os pais viverem uns poucos anos mais, arrepender-se-ão geralmente dessa ação que praticaram. O amor filial, em seus filhos, não é aumentado por essa atitude. Não sentem os filhos maior gratidão e obrigação para com os pais por sua liberalidade. Parece haver uma maldição na raiz dessa questão, cuja colheita é apenas o egoísmo da parte dos filhos, e a infelicidade e terrível sentimento de estrita dependência da parte dos pais.CId 86.2
Se os pais, enquanto vivem, ajudassem os filhos a ajudar a si mesmos, seria melhor do que deixar-lhes uma grande quantia ao morrerem. Os filhos a quem se deixa confiar principalmente nos próprios esforços tornam-se melhores homens e mulheres, e estão melhor habilitados para a vida prática do que os que dependem dos bens do pai. Os filhos que dependem dos próprios recursos geralmente prezam sua capacidade, aproveitam seus privilégios e cultivam e dirigem suas faculdades no sentido de alcançar um propósito na vida. Freqüentemente desenvolvem hábitos de operosidade, economia e valor moral, que são o fundamento do êxito na vida cristã. Os filhos por quem os pais mais fazem freqüentemente são os que menos obrigação sentem para com eles. — Testemunhos Para a Igreja 3:121-123.CId 87.1