Capítulo 14 — Lições tiradas de personagens Bíblicos
A fé de Abraão
Era Abraão homem idoso quando recebeu de Deus a impressionante ordem de oferecer seu filho Isaque como oferta queimada. Abraão, mesmo em sua geração, era considerado velho. Desvanecera-se-lhe o ardor da juventude. Já não lhe era fácil suportar dificuldades e enfrentar perigos. No vigor da mocidade o homem enfrenta a tempestade com altiva consciência de força, e ergue-se acima de desencorajamentos que em sua vida posterior lhe fariam o coração desfalecer, quando os seus passos vacilam rumo à sepultura.CId 166.1
Mas em Sua providência Deus reservou para Abraão sua última e mais aflitiva prova até o peso dos anos o oprimir e ele almejar por descanso da ansiedade e labuta. O Senhor lhe falou, dizendo: “Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas”, “e oferece-o ali em holocausto.” Gênesis 22:2. O coração do ancião paralisou-se de terror. A perda desse filho por doença teria sido um golpe duro àquele pai amoroso; ter-lhe-ia curvado a fronte embranquecida de tristeza. Mas agora eis que se lhe ordena derramar com as próprias mãos o precioso sangue daquele filho. Parecia-lhe terrível impossibilidade.CId 166.2
Entretanto, Deus falara, e Sua palavra tinha de ser obedecida. Abraão era avançado em anos, mas isto não o desculpou de cumprir o dever. Agarrou o bordão da fé, e em muda agonia tomou pela mão o filho, belo na rosada saúde da juventude, e saiu a obedecer à palavra de Deus. O grande e idoso patriarca era humano; suas paixões e laços afetivos eram como os nossos, e ele amava o rapaz, que era o consolo de sua velhice, e a quem fora dada a promessa do Senhor.CId 166.3
Mas Abraão não se deteve a duvidar de como as promessas de Deus poderiam cumprir-se, uma vez morto Isaque. Não parou a arrazoar com o sofrido coração, mas executou a ordem divina ao pé da letra, até que, exatamente quando o cutelo estava para ser mergulhado nas trêmulas carnes do filho, veio a ordem: “Não estendas a tua mão sobre o moço”, “porquanto agora sei que temes a Deus e não Me negaste o teu filho, o teu único.” Gênesis 22:12.CId 167.1
Esse grande ato de fé acha-se traçado nas páginas da história sagrada para brilhar no mundo como exemplo nobre até ao fim do tempo. Abraão não argumentou que sua idade avançada o eximisse de obedecer a Deus. Não disse: “Tenho os cabelos brancos, foi-se-me o vigor da varonilidade; quem me consolará no final da minha vida, quando Isaque não mais existir? Como pode um pai idoso derramar o sangue de um filho único?” Não; Deus falara, e o homem devia obedecer sem questionar, nem murmurar, ou desfalecer pelo caminho.CId 167.2
Precisamos da fé de Abraão em nossas igrejas hoje, a fim de iluminar as trevas que ao redor delas se acumulam, excluindo a suave luz do amor divino e atrofiando o crescimento espiritual. A idade jamais nos desculpará de obedecermos a Deus. Deve nossa fé ser prolífera de boas obras, pois “a fé sem obras é morta”. Tiago 2:26. Todo dever cumprido, todo sacrifício feito em nome de Jesus, traz uma recompensa excelente. No próprio ato de cumprir o dever, Deus fala e dá Sua bênção. Mas Ele requer de nós uma inteira consagração de nossas faculdades. O espírito e o coração, o ser todo, precisam ser dados a Ele, ou do contrário não atingiremos a norma de cristãos verdadeiros. — Testemunhos Para a Igreja 4:144, 145.CId 167.3