Capítulo 22 — Temperança e dietética
“E todo aquele que luta de tudo se abstém.”
Todo estudante precisa compreender a relação entre a maneira simples de viver e a norma elevada no pensar. Depende de nós individualmente decidir se nossa vida será dirigida pelo espírito ou pelo corpo. Deve o jovem, por si mesmo, fazer a escolha que moldará a sua vida; e não se deve poupar esforços para levá-los a compreender as forças com que têm de tratar, e as influências que moldam o caráter e o destino.Ed 202.1
A intemperança é um inimigo contra o qual todos necessitam estar de sobreaviso. O rápido aumento deste terrível mal deve incitar a uma luta contra ele todo que ama seu semelhante. O costume de se ministrarem instruções sobre temperança nas escolas, é um movimento feito na direção exata. Devem ministrar-se instruções neste sentido em toda escola e em todo lar. Os jovens e as crianças devem compreender o efeito do álcool, do fumo, e outros venenos semelhantes, em alquebrar o corpo, obscurecer a mente e tornar sensual a alma. Deve-se explicar que qualquer que use estas coisas não pode por muito tempo possuir toda a força de suas faculdades físicas, mentais e morais.Ed 202.2
Mas, a fim de atingirmos a raiz da intemperança, devemos ir mais fundo do que o uso do álcool e do fumo. A preguiça, a falta de um objetivo ou as más companhias, podem ser a causa predisponente. Muitas vezes ela se encontra à mesa de jantar, nas famílias que se têm na conta de estritamente temperantes. Qualquer coisa que perturbe a digestão, que ocasione uma indevida excitação mental, ou de qualquer maneira enfraqueça o organismo, alterando o equilíbrio das faculdades mentais e físicas, debilita o domínio do espírito sobre o corpo, e assim propende para a intemperança. A queda de muito jovem promissor pode ser atribuída a apetites extravagantes criados por um regime inadequado.Ed 202.3
O chá, o café, os condimentos, os doces, as pastelarias, todos constituem causas ativas de perturbações da digestão. O alimento cárneo também é prejudicial. Seu efeito, por natureza estimulante, deveria ser argumento suficiente contra o seu uso, e o estado doentio quase geral entre os animais torna-o duplamente objetável. Tende a irritar os nervos e excitar as paixões, fazendo assim com que a balança das faculdades penda para o lado das propensões baixas.Ed 203.1
Aqueles que se acostumam com um regime abundante e estimulante, verão depois de algum tempo que o estômago não se satisfaz com alimentos simples. Exige o que seja mais e mais condimentado, picante e estimulante. Tornando-se os nervos desordenados e enfraquecido o organismo, a vontade parece impotente para resistir ao apetite depravado. O delicado revestimento do estômago fica irritado e inflamado a ponto de deixar de dar satisfação o alimento mais estimulante. Cria-se uma sede que nada poderá acalmar a não ser a bebida forte.Ed 203.2
É contra o começo do mal que nos devemos guardar. Na instrução da juventude, deve explicar-se bem o efeito dos desvios aparentemente pequenos daquilo que é reto. Ensine-se ao estudante o valor de um regime simples, saudável, para que se evite o desejo de estimulantes antinaturais. Estabeleça-se, cedo na vida, o hábito do domínio próprio. Que se impressionem os jovens com o pensamento de que devem ser senhores e não escravos. Deus os fez governadores do reino que há dentro deles, e devem exercer sua realeza ordenada pelo Céu. Quando é fielmente dada tal instrução, os resultados se estenderão muito além dos próprios jovens. Irradiarão influências que irão salvar milhares de homens e mulheres que se acham nas próprias bordas da ruína.Ed 203.3