Capítulo 4 — A cura da alma
A Ciência do Bom Viver (condensado)
- Contents- Capítulo 1 — Nosso exemplo
- Capítulo 2 — Com a natureza e com Deus
- Capítulo 3 — O toque da fé
- Capítulo 4 — A cura da alma
- Capítulo 5 — Salvo para servir
- Capítulo 6 — A cooperação do divino com o humano
- Capítulo 7 — O médico é um educador
- Capítulo 8 — Ensinando e curando
- Capítulo 9 — Auxílio aos tentados
- Capítulo 10 — A obra em favor dos intemperantes
- Capítulo 11 — Os desempregados e os destituídos de lar
- Capítulo 12 — Os pobres desamparados
- Capítulo 13 — O ministério em favor dos ricos
- Capítulo 14 — No quarto do doente
- Capítulo 15 — Oração pelos doentes
- Capítulo 16 — O emprego de remédios
- Capítulo 17 — A cura mental
- Capítulo 18 — Em contato com a natureza
- Capítulo 19 — Higiene geral
- Capítulo 20 — Higiene entre os israelitas
- Capítulo 21 — Vestuário
- Capítulo 22 — O regime alimentar e a saúde
- Capítulo 23 — A carne como alimento
- Capítulo 24 — Extremos no regime
- Capítulo 25 — Estimulantes e narcóticos
- Capítulo 26 — O comércio de bebidas e a proibição
- Capítulo 27 — O ministério do lar
- Capítulo 28 — Fundamentos do lar
- Capítulo 29 — Escolha e preparo da moradia
- Capítulo 30 — A mãe
- Capítulo 31 — A criança
- Capítulo 32 — Influências do lar
- Capítulo 33 — A verdadeira educação
- Capítulo 34 — O conhecimento de Deus
- Capítulo 35 — O perigo do conhecimento especulativo
- Capítulo 36 — O falso e o verdadeiro na educação
- Capítulo 37 — Buscar o verdadeiro conhecimento
- Capítulo 38 — O conhecimento através da palavra de Deus
- Capítulo 39 — Auxílio na vida diária
- Capítulo 40 — Em contato com os outros
- Capítulo 41 — Desenvolvimento e serviço
- Capítulo 42 — Uma experiência elevada
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Capítulo 4 — A cura da alma
Muitos dos que iam ter com Cristo em busca de auxílio, haviam trazido sobre si a enfermidade; todavia, Ele não Se recusava a curá-los. E quando a virtude que dEle provinha penetrava nessas pessoas, elas experimentavam a convicção do pecado, e muitos eram curados de sua enfermidade espiritual, bem como da doença física.CBVc 21.1
Entre esses estava o paralítico de Cafarnaum. Como o leproso, esse paralítico perdera toda esperança de restabelecimento. Sua doença era o resultado de uma vida pecaminosa, e seus sofrimentos eram amargurados pelo remorso. Em vão apelara para os fariseus e os doutores em busca de alívio; pronunciaram incurável o seu mal, declararam que havia de morrer sob a ira de Deus.CBVc 21.2
O paralítico imergira no desespero. Ouviu então contar as obras de Jesus. Outros, tão pecadores e desamparados como ele, haviam sido curados, e foi animado a crer que também ele o poderia ser, se fosse levado ao Salvador. Sua esperança quase se desvaneceu ao lembrar-se da causa de seu mal, todavia não podia rejeitar a possibilidade da cura.CBVc 21.3
Seu grande desejo era o alívio do grande fardo do pecado. Ansiava ver a Jesus, e receber a certeza do perdão e a paz com o Céu. Então estaria contente de viver ou morrer, segundo a vontade de Deus.CBVc 21.4
Não havia tempo a perder; sua carne consumida já apresentava indícios de morte. Suplicou aos amigos que o conduzissem em seu leito a Jesus, o que empreenderam satisfeitos. Tão compacta era, porém, a multidão que se aglomerara dentro e em volta da casa em que estava o Salvador, que era impossível ao doente e seus amigos chegarem até Ele, ou mesmo pôr-se-Lhe ao alcance da voz. Jesus estava ensinando na casa de Pedro. Segundo seu costume, os discípulos sentaram-se ao Seu redor, “e estavam ali assentados fariseus e doutores da lei que tinham vindo de todas as aldeias da Galiléia, e da Judéia, e de Jerusalém”. Lucas 5:17. Muitos deles tinham ido como espiões, buscando acusação contra Jesus. Além destes apinhava-se a promíscua multidão, os fervorosos, os reverentes, os curiosos e os incrédulos. Achavam-se representadas diferentes nacionalidades e todos os graus sociais. “E a virtude do Senhor estava com Ele para curar”. Lucas 5:17. O Espírito de vida pairava sobre a assembléia, mas os fariseus e os doutores não Lhe discerniam a presença. Não experimentavam nenhum sentimento de necessidade, e a cura não era para eles. “Encheu de bens os famintos, despediu vazios os ricos”. Lucas 1:53.CBVc 21.5
Repetidamente procuraram os condutores do paralítico forçar caminho por entre a multidão, mas nulos eram seus esforços. O doente olhava em redor com inexprimível angústia. Como poderia ele abandonar a esperança quando tão perto estava o anelado auxílio? Por sugestão sua, os amigos o suspenderam para o telhado da casa e, abrindo o teto, baixaram-no aos pés de Jesus.CBVc 22.1
O discurso foi interrompido. O Salvador contemplou a dolorosa fisionomia, e viu os olhos súplices nEle cravados. Bem conhecia Ele o anelo daquela alma oprimida. Fora Cristo quem lhe infundira convicção à consciência quando ele ainda se achava na própria casa. Quando se arrependera de seus pecados, e crera no poder de Jesus para restaurá-lo, a misericórdia do Salvador lhe abençoara o coração. Jesus observava o desenvolver-se no primeiro tênue raio de fé a convicção de que Ele era o único auxílio do pecador, e a vira se fortalecer a cada esforço por chegar à Sua presença. Fora Cristo que atraíra o sofredor a Si. Agora, em palavras que soavam qual música aos ouvidos atentos do enfermo, o Salvador disse: “Filho, tem bom ânimo; perdoados te são os teus pecados”. Mateus 9:2.CBVc 22.2
O peso da culpa cai da alma do doente. Não pode duvidar. As palavras de Cristo revelam Seu poder de ler o coração. Quem pode negar Seu poder de perdoar pecados? A esperança toma o lugar do desespero, e a alegria o do opressivo acabrunhamento. Desaparece o sofrimento físico do homem, e todo o seu ser se acha transformado. Sem mais nada pedir, repousa em tranqüilo silêncio, demasiado feliz para falar.CBVc 22.3
Com a respiração suspensa de interessados que estavam, muitos observavam cada gesto nesse estranho acontecimento. Muitos sentiam que as palavras de Cristo eram um convite para eles mesmos. Não eram eles enfermos da alma por causa do pecado? Não estavam ansiosos de ser libertados desse fardo?CBVc 22.4
Mas os fariseus, receosos de perder a influência para com o povo, diziam em seu coração: “Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?” Marcos 2:7.CBVc 22.5
Fixando neles o olhar, sob o qual se intimidaram e retrocederam, Jesus disse: “Por que pensais mal em vosso coração? Pois o que é mais fácil? Dizer ao paralítico: Perdoados te são os teus pecados, ou: Levanta-te e anda? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na Terra autoridade para perdoar pecados”, disse Ele voltando-Se para o paralítico: “Levanta-te, toma a tua cama e vai para tua casa”. Mateus 9:4-6.CBVc 22.6
Então aquele que havia sido levado num leito a Jesus pôs-se de pé com a elasticidade e a força de um jovem. E “tomando logo o leito, saiu em presença de todos, de sorte que todos se admiraram e glorificaram a Deus, dizendo: Nunca tal vimos”. Marcos 2:12.CBVc 22.7
Nada menos que poder criador exigia o restituir à saúde aquele decadente corpo. A mesma voz que comunicou vida ao homem criado do pó da terra infundira vida ao paralítico moribundo. E o mesmo poder que dera vida ao corpo renovara o coração. Aquele que, na criação, “falou, e tudo se fez”, que “mandou, e logo tudo apareceu” ((Salmos 33:9), comunicara vida à alma morta em ofensas e pecados). A cura do corpo era uma evidência do poder que renovara o coração. Cristo mandou que o paralítico se erguesse e andasse, “para que saibais”, disse Ele, “que o Filho do Homem tem na Terra autoridade para perdoar pecados”. Mateus 9:6.CBVc 22.8
O paralítico encontrou em Cristo tanto a cura da alma como a do corpo. Ele necessitava saúde da alma antes de poder apreciar a do corpo. Antes de poder ser curada a enfermidade física, Cristo precisava dar alívio à mente, e purificar a alma do pecado. Essa lição não deve ser passada por alto. Existem hoje milhares de pessoas a sofrer de doenças físicas, as quais, como o paralítico, estão ansiando a mensagem: “Perdoados te são os teus pecados”. Mateus 9:2. O fardo do pecado, com seu desassossego e desejos não satisfeitos, é o fundamento de sua doença. Não podem encontrar alívio enquanto não forem ter com o Médico da alma. A paz que tão-somente Ele pode comunicar restituiria vigor à mente e saúde do corpo.CBVc 23.1
O efeito produzido no povo pela cura do paralítico foi como se o céu se houvesse aberto e revelado as glórias do mundo melhor. Ao passar por entre a multidão o homem que tinha sido curado, bendizendo a Deus a cada passo, e levando sua carga como se fossem penas, o povo recuava para lhe dar passagem e fitava-o com fisionomia cheia de respeito, murmurando suavemente entre si: “Hoje, vimos prodígios”. Lucas 5:26.CBVc 23.2
Grande regozijo houve na casa do paralítico quando ele voltou para a família, levando com facilidade o leito em que fora penosamente conduzido dentre eles, pouco antes. Reuniram-se ao seu redor com lágrimas de alegria, mal ousando crer no que seus olhos viam. Ele ali estava no pleno vigor da varonilidade. Aqueles braços que antes estavam sem vida, achavam-se agora prontos a obedecer-lhe à vontade. A carne antes encolhida e arroxeada era agora fresca e rosada. Ele caminhava com passo firme e desembaraçado. Alegria e esperança achavam-se impressos em cada traço de seu rosto; e uma expressão de pureza e paz havia tomado o lugar dos vestígios do pecado e do sofrimento. Alegres ações de graças subiram daquele lar, e Deus foi glorificado por meio de Seu Filho, que restituíra a esperança ao destituído dela, e força ao abatido. Esse homem e sua família estavam prontos a dar a vida por Jesus. Nenhuma dúvida ofuscava sua fé; nenhuma descrença lhes prejudicava a fidelidade para com Aquele que lhes trouxera luz ao ensombrado lar.CBVc 23.3
“Não peques mais” — Acabara a Festa dos Tabernáculos. Os sacerdotes e rabis em Jerusalém haviam sido logrados em suas tramas contra Jesus, e ao cair da noite “cada um foi para sua casa. Porém Jesus foi para o Monte das Oliveiras”. João 7:53-8:1.CBVc 23.4
Fugindo à agitação e confusão da cidade, às turbas ansiosas e aos traiçoeiros rabis, Jesus desviou-Se para o sossego dos bosques das oliveiras, onde podia estar a sós com Deus. De manhã cedo, porém, voltou ao templo; e, ajuntando-se o povo em torno dEle, sentou-Se e pôs-Se a ensinar.CBVc 23.5
Foi logo interrompido. Um grupo de fariseus e escribas aproximou-se dEle, arrastando consigo uma mulher possuída de terror, a quem, com veemência e dureza, acusavam de haver violado o sétimo mandamento. Empurrando-a para a presença de Jesus, disseram, com hipócrita manifestação de respeito: “Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando, e, na lei, nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?” João 8:4, 5.CBVc 24.1
Sua fingida reverência encobria uma trama astutamente urdida para Sua ruína. Se Jesus absolvesse a mulher, seria acusado de desprezar a lei de Moisés. Se a declarasse digna de morte, poderia ser acusado aos romanos como alguém que pretendia autoridade que unicamente a eles pertencia.CBVc 24.2
Jesus contemplou a cena — a trêmula vítima em sua vergonha, a fisionomia dura dos dignitários, destituídos de simples piedade humana. Seu espírito de imaculada pureza como que recuou do espetáculo. Sem dar nenhum sinal de haver ouvido a pergunta, curvou-Se e, fixando os olhos no chão, pôs-Se a escrever na areia.CBVc 24.3
Impacientes com Sua demora e aparente indiferença, os acusadores aproximaram-se mais, insistindo em Lhe chamar a atenção para o assunto. Mas, quando seus olhos, seguindo os de Jesus, caíram no chão a Seus pés, suas vozes emudeceram. Ali, traçados diante deles, achavam-se os criminosos segredos da vida de cada um.CBVc 24.4
Erguendo-Se, e fixando os olhos nos astuciosos anciãos, Jesus disse: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela”. João 8:7. E, inclinando-Se, continuou a escrever.CBVc 24.5
Ele não pusera de lado a lei mosaica, nem desrespeitara a autoridade romana. Os acusadores foram derrotados. Agora, havendo-lhes sido arrancadas as vestes de pretendida santidade, ali estavam, culpados e condenados, em presença da infinita pureza. Tremendo, não fosse a oculta iniqüidade de sua vida exposta perante a multidão, cabisbaixos, retiraram-se furtivamente, deixando sua vítima com o compassivo Salvador.CBVc 24.6
Jesus ergueu-Se e, olhando para a mulher, disse: “Onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem Eu também te condeno; vai-te e não peques mais”. João 8:10, 11.CBVc 24.7
A mulher estivera diante de Jesus toda encolhida de temor. Suas palavras: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela” (João 8:7), soaram-lhe aos ouvidos como uma sentença de morte. Ela não ousava erguer os olhos para o rosto do Salvador, mas esperava em silêncio sua condenação. Com espanto viu os acusadores retirarem-se mudos e confundidos; então, chegaram-lhe ao ouvido aquelas palavras de esperança: “Nem Eu também te condeno; vai-te e não peques mais”. João 8:11. Enterneceu-se o coração, e atirando-se aos pés de Jesus, soluçou seu reconhecido amor, e com amargo pranto confessou seus pecados.CBVc 24.8
Isso foi para ela o começo de uma nova vida, uma vida de pureza e paz, devotada a Deus. No reerguimento dessa alma caída, Jesus realizou um milagre maior do que na cura da mais terrível doença; curou a doença espiritual que produz morte eterna. Esta arrependida mulher tornou-se um de Seus mais firmes seguidores. Com abnegado amor e devoção, mostrou seu reconhecimento pela perdoadora misericórdia de Jesus. Para essa desviada mulher não tinha o mundo senão desprezo e zombaria; mas Aquele que é sem pecado compadeceu-Se de sua fraqueza, e estendeu-lhe ajudadora mão. Enquanto os fariseus hipócritas acusavam, Jesus mandou-lhe: “Vai-te e não peques mais.”CBVc 25.1
Jesus conhece as circunstâncias de toda pessoa. Quanto maior a culpa do pecador, tanto mais necessita ele do Salvador. Seu coração de divino amor e simpatia é atraído acima de tudo para aquele que se acha mais desesperadoramente enredado nos laços do inimigo. Com o próprio sangue assinou Ele a carta de emancipação da raça humana.CBVc 25.2
Jesus não deseja que fiquem desprotegidos ante às tentações de Satanás os que por tal preço foram adquiridos. Não deseja que sejamos vencidos e venhamos a perecer. Aquele que fechou a boca aos leões na cova, e andou com Seus fiéis por entre as chamas da fornalha, está igualmente disposto a trabalhar em nosso favor, a subjugar todo mal em nossa natureza. Hoje, está Ele ao altar da misericórdia, apresentando perante Deus as súplicas dos que Lhe desejam o auxílio. Não repele nenhuma criatura chorosa e arrependida. Perdoa abundantemente a todos quantos vão ter com Ele em busca de perdão e restauração. Ele não conta a ninguém tudo quanto poderia revelar, mas manda a toda alma tremente que tenha ânimo. Quem quiser pode apoderar-se da força de Deus, e fazer paz com Ele, e Ele fará paz.CBVc 25.3
Aqueles que se volvem para Ele em busca de refúgio, Jesus ergue acima das acusações e da contenda das línguas. Nem homem nem anjo mau algum podem comprometê-los. Cristo os liga a Sua própria natureza divino-humana. Eles se acham ao lado do grande Salvador, na luz que procede do trono de Deus.CBVc 25.4
O sangue de Jesus “purifica de todo pecado”. 1 João 1:7. “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós”. Romanos 8:33, 34.CBVc 25.5
Sobre os ventos e as ondas, e sobre homens possessos de demônios, mostrou Cristo que tinha absoluto poder. Aquele que fez emudecer a tempestade e acalmou o revoltoso mar comunicou paz a espíritos enlouquecidos e subjugados por Satanás.CBVc 25.6
Na sinagoga de Cafarnaum, estava Jesus falando sobre Sua missão de libertar os escravos do pecado. Foi interrompido por um urro de terror. Um louco precipitou-se para a frente, por entre o povo, gritando: “Ah! que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus”. Marcos 1:24.CBVc 25.7
Jesus repreendeu o demônio, dizendo: “Cala-te e sai dele. E o demônio, lançando-o por terra no meio do povo, saiu dele, sem lhe fazer mal”. Lucas 4:35.CBVc 26.1
A causa da aflição desse homem se achava também em sua própria vida. Fora fascinado pelos prazeres do pecado, e pensara tornar a vida um grande carnaval. A intemperança e a frivolidade perverteram os nobres atributos de sua natureza, e Satanás tomou inteira posse dele. O remorso veio muito tarde. Quando ele teria sacrificado riqueza e prazer para reconquistar sua perdida varonilidade, tinha-se tornado impotente nas garras do maligno.CBVc 26.2
Na presença do Salvador foi despertado para ansiar a liberdade; mas o demônio resistia ao poder de Cristo. Quando o homem tentava apelar para Jesus em busca de socorro, o mau espírito pôs-lhe nos lábios as palavras, e ele gritou em angústia de temor. O endemoninhado compreendeu em parte achar-se em presença dAquele que o podia pôr em liberdade; mas quando tentou colocar-se ao alcance daquela poderosa mão, outra vontade o segurou; as palavras de outro foram por ele proferidas.CBVc 26.3
Foi terrível o combate entre o poder de Satanás e seu desejo de libertação. Parecia que o torturado homem devesse perder a vida na luta com o inimigo que fora a ruína de sua varonilidade. Mas o Salvador falou com autoridade e pôs livre o cativo. O homem que estivera possesso achava-se perante o povo maravilhado, na liberdade da posse de si mesmo.CBVc 26.4
Com voz de júbilo deu louvores a Deus pelo livramento. Os olhos que, ainda há pouco, fulguravam com o brilho da loucura, cintilavam agora de inteligência, e nadavam em lágrimas de reconhecimento. O povo emudecera de pasmo. Assim que recuperaram a palavra, exclamavam uns para os outros: “Que é isto? Que nova doutrina é esta? Pois com autoridade ordena aos espíritos imundos, e eles Lhe obedecem!” Marcos 1:27.CBVc 26.5
Hoje existem multidões tão verdadeiramente sob o poder dos maus espíritos como estava o endemoninhado de Cafarnaum. Todos aqueles que voluntariamente se apartam dos mandamentos de Deus estão-se colocando sob o domínio de Satanás. Muito homem brinca com o mal, julgando que o pode deixar quando lhe aprouver; mas é engodado mais e mais, até que se encontra dominado por uma vontade mais forte que a sua própria. Não pode escapar ao seu misterioso poder. Pecado secreto ou paixão dominante o pode reter cativo, tão impotente como se achava o endemoninhado de Cafarnaum.CBVc 26.6
Todavia, sua condição não é desesperadora. Deus não domina nossa mente sem nosso consentimento; mas toda pessoa é livre para escolher o poder que deseja domine sobre ela. Ninguém caiu tão baixo, ninguém há tão vil, que não possa encontrar libertação em Cristo. O endemoninhado, em lugar de oração, não podia proferir senão as palavras de Satanás; porém, o silencioso apelo do seu coração foi ouvido. Nenhum grito de uma alma em necessidade, mesmo sem ser enunciado em palavras, será desatendido. Os que concordam em entrar em concerto com Deus não são deixados entregues ao poder de Satanás ou à enfermidade de sua própria natureza.CBVc 26.7
“Tirar-se-ia a presa ao valente? Ou os presos justamente escapariam? [...] Assim diz o Senhor: Por certo que os presos se tirarão ao valente, e a presa do tirano escapará; porque Eu contenderei com os que contendem contigo e os teus filhos Eu remirei”. Isaías 49:24, 25.CBVc 27.1
Maravilhosa será a transformação operada naquele que, pela fé, abre a porta do coração ao Salvador.CBVc 27.2