35 — O Grande Mestre
Cristo foi o maior Mestre que este mundo já conheceu. Veio à Terra a fim de difundir os refulgentes raios da verdade, para que os homens se pudessem habilitar para o Céu. “Para isso vim ao mundo”, declarou Ele, “a fim de dar testemunho da verdade” (Jo 18:37). Veio para revelar o caráter do Pai, para que os homens fossem levados a adorá-Lo em espírito e verdade.CP 259.1
A necessidade do homem quanto a um mestre divino, era reconhecida no Céu. A piedade e terna compaixão de Deus foi despertada para com os seres humanos, caídos e presos ao carro de Satanás; e, ao chegar a plenitude dos tempos, enviou Deus Seu Filho. Aquele que fora designado no conselho celeste veio à Terra como instrutor do homem. Pela grande generosidade de Deus foi Ele dado ao mundo; e, a fim de satisfazer às necessidades da natureza humana, tomou Ele sobre Si a humanidade. Para assombro dos seres celestes, veio o Verbo eterno a este mundo como impotente nenê. Plenamente preparado, deixou as cortes reais, aliando-Se misteriosamente com os caídos seres humanos. “O Verbo Se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1:14).CP 259.2
Ao deixar Cristo Seu alto posto de comando, poderia haver tomado na vida qualquer posição que escolhesse. Mas a grandeza e a posição nada eram para Ele, e preferiu a mais humilde condição de vida. Nenhum luxo, comodidade ou satisfação própria entrou em Sua existência. A verdade de origem celeste, eis o que Lhe devia servir de tema; devia semear o mundo com a verdade; e viveu de maneira que todos a Ele tivessem acesso.CP 259.3
Não é de admirar que durante a infância Cristo crescesse em sabedoria e graça para com Deus e os homens, pois estava em harmonia com as leis divinamente estabelecidas; que Seus talentos se desenvolvessem e se Lhe robustecessem as faculdades. Ele não buscou educação nas escolas dos rabis; pois era Deus o Seu instrutor. À medida que avançava em anos, continuava crescendo em sabedoria. Aplicava-Se diligentemente ao estudo das Escrituras; pois sabia que elas se achavam repletas de valiosas instruções. Era fiel no desempenho dos deveres domésticos; e as primeiras horas da manhã, em vez de serem passadas na cama, achavam-nO muitas vezes em algum lugar isolado, examinando as Escrituras e orando ao celeste Pai.CP 260.1
Eram-Lhe familiares todas as profecias referentes à Sua obra e mediação, em especial as que diziam respeito à Sua humilhação, expiação e intercessão. O objetivo de Sua vida na Terra estava sempre diante dEle, e regozijava-Se em pensar que o bom propósito do Senhor prosperaria em Sua mão.CP 260.2
Diz-se acerca do ensino de Cristo: “A grande multidão O ouvia de boa vontade” (Mc 12:37). “Nunca homem algum falou assim como este homem” (Jo 7:46), declararam os servidores enviados para O prender. Suas palavras confortavam, fortaleciam e beneficiavam os que anelavam a paz que só Ele podia dar. Havia em Suas palavras algo que elevava os ouvintes a um nível superior de idéias e ações. Fossem essas palavras, em vez de as palavras dos homens, dadas hoje aos estudantes, e veríamos indícios de mais inteligência, mais clara compreensão das coisas celestes, mais profundo conhecimento de Deus, mais pura e vigorosa vida cristã.CP 260.3
As ilustrações empregadas por Cristo eram tiradas das coisas da vida diária e, conquanto fossem simples, encerravam admirável profundeza de significação. As aves do céu, os lírios do campo, a semente a brotar, o pastor e as ovelhas - com estas coisas exemplificava Cristo a verdade imortal. E sempre, dali em diante, ao acontecer que os ouvintes vissem esses objetos, recordavam-Lhe as palavras. Assim a verdade se tornava viva realidade; as cenas da natureza e as ocupações diárias da vida repetiam-lhes sempre os ensinos do Salvador.CP 261.1
Cristo servia-Se sempre de linguagem simples, todavia Suas palavras provavam o conhecimento dos profundos pensadores, destituídos de preconceitos. Sua maneira de ensinar deve ser seguida pelos mestres atuais. As verdades espirituais devem ser sempre apresentadas em linguagem simples, para que sejam compreendidas e encontrem guarida no coração. Assim Se dirigia Cristo às multidões que se apinhavam e comprimiam ao Seu redor; e todos, letrados e ignorantes, eram capazes de compreender Suas lições.CP 261.2
Em toda escola, as instruções dadas devem ser de tão fácil compreensão como as que eram ministradas por Cristo. O emprego de palavras difíceis confunde a mente e obscurece a beleza do pensamento apresentado. Há necessidade de professores que se aproximem bem dos alunos, e ofereçam instruções claras e definidas, ilustrando as coisas espirituais com as coisas da natureza e com os acontecimentos familiares do viver diário.CP 261.3
A Bíblia nos revela Cristo como o Bom Pastor, buscando infatigavelmente a ovelha perdida. Por métodos a Ele peculiares, ajudava a todos quantos se achavam em necessidade de auxílio. Com terna graça, cheio de cortesia, Ele atendia às almas enfermas, comunicando-lhes cura e força. A simplicidade e a sinceridade com que Se dirigia aos que se achavam em necessidade santificavam cada palavra. Proclamava Sua mensagem da encosta do monte, do barco dos pescadores, no deserto e nas grandes estradas de comunicação. Onde quer que encontrasse pessoas dispostas a ouvir, Ele estava pronto a abrir-lhes o tesouro da verdade. Assistia às festas anuais da nação judaica, e às multidões absorvidas nas cerimônias exteriores falava de coisas celestiais, pondo-lhes a eternidade diante dos olhos.CP 261.4
Toda a vida do Salvador caracterizou-se pela desinteressada beneficência e a beleza da santidade. É Ele nosso modelo de bondade. Desde o princípio de Seu ministério, começaram os homens a compreender mais claramente o caráter de Deus. Ele realizava na própria vida o que ensinava. Manifestava coerência sem obstinação, benevolência sem fraqueza, ternura e compassividade sem sentimentalismo. Era altamente sociável, possuía no entanto uma reserva que desanimava qualquer familiaridade. Sua temperança nunca descambava para o fanatismo ou a austeridade. Não Se conformava com o mundo, e todavia estava atento às necessidades dos mais humildes entre os homens.CP 262.1
“Quem é este que vem de Edom, de Bozra, com vestes tintas? Este que é glorioso em sua vestidura, que marcha com a sua grande força?” (Is 63:1). Segura, vem a resposta: “Sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que Se manifestou em carne foi justificado em Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória” (1Tm 3:16). “Sendo em forma de Deus”, Ele “não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus O exaltou soberanamente e Lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos Céus, e na Terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2:6-11).CP 262.2
Os professores só poderão adquirir eficiência e poder trabalhando como Cristo trabalhava. Quando Ele for na vida desses professores a mais poderosa influência, eles serão bem-sucedidos em seus esforços. Elevar-se-ão a alturas que ainda não atingiram. Avaliarão a santidade da obra que lhes é confiada e, cheios do Seu Espírito, serão animados pelo mesmo desejo de salvar pecadores que O animava a Ele. E por meio da vida de consagração e devoção que levam, seus discípulos serão conduzidos aos pés do Salvador.CP 263.1
Os estudantes não se podem permitir esperar até que sua educação seja considerada completa, para empregar em benefício dos outros aquilo que receberam. Sem isso, por mais que estudem, por mais conhecimentos que adquiram, será incompleta sua educação.CP 263.2