Capítulo 14 — Povo instruído na Lei de Deus
Enquanto Neemias trabalhava diligentemente para restaurar as defesas físicas de Jerusalém, ele não se esqueceu que o Deus de Israel era sua única e segura defesa, e que apenas em obediência aos Seus mandamentos estariam eles seguros. Ele, por conseguinte, deu diligente atenção à instrução do povo na Lei de Deus.LVN 56.1
Era o tempo da Festa das Trombetas. Muitos estavam reunidos em Jerusalém. “Todo o povo se ajuntou [...], na praça, diante da Porta das Águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da Lei de Moisés, que o Senhor tinha ordenado a Israel. E Esdras, o sacerdote, trouxe a Lei perante a congregação, assim de homens como de mulheres e de todos os sábios para ouvirem, no primeiro dia do sétimo mês. E leu nela, diante da praça, que está diante da Porta das Águas, desde a alva até ao meio-dia, [...] e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei” (Neemias 8:1-3).LVN 56.2
“E Esdras louvou o Senhor, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém! Amém!, levantando as mãos; e inclinaram-se e adoraram o Senhor, com o rosto em terra.” Alguns dos sacerdotes e levitas uniram-se com Esdras na explicação dos princípios da lei. “E leram o livro, na lei de Deus; e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse” (Neemias 8:6, 8).LVN 56.3
O cenário dava uma impressão lastimável. O muro de Jerusalém tinha sido reconstruído, e as portas assentadas; assim uma grande vitória havia sido alcançada, mas uma grande parte da cidade estava ainda em ruínas. Sobre uma plataforma de madeira, erguida numa das ruas mais largas, e rodeado por todos os lados por tristes lembranças da antiga glória de Judá, estava Esdras, agora envelhecido. A sua direita e a sua esquerda reuniram-se seus irmãos levitas, consagrados ao serviço de Deus, e aqueles cuja presença emprestava dignidade e solenidade à ocasião. Com os corações pesarosos pensavam nos dias de seus antepassados, quando o salmista real cantara: “Rodeai Sião; cercai-a; contai as suas torres; notai bem os seus antemuros; observai os seus palácios” “Formoso de sítio e alegria de toda a Terra é o monte Sião sobre os lados do Norte, a cidade do grande Rei” (Salmo 48:12, 13, 2).LVN 56.4
Olhando do alto da plataforma, seus olhos percorreram o mar de cabeças. Os filhos do concerto tinham-se congregado de todos os recantos do país. Eles ouviam, absortos e reverentes, as palavras do Altíssimo.LVN 57.1
Mas mesmo aqui a evidência de seus pecados era aparente. Em seu relacionamento com outras nações, o idioma hebraico tornou-se corrompido e, portanto, grande cuidado era necessário da parte dos expositores para explicar a Lei na linguagem do povo, apresentando-a de modo a ser compreendida por todos.LVN 57.2
Sendo a lei explicada, eles se convenceram de sua culpa, e choraram por causa de suas transgressões. Mas esse era um dia festivo, uma santa convocação, um dia no qual o Senhor tinha ordenado ao povo que se mostrasse alegre e jubiloso; e em vista disto foram chamados a restringir suas mágoas, e a se rejubilarem por causa da grande misericórdia do Senhor para com eles. “Este dia é consagrado ao Senhor, vosso Deus”, disse Neemias, “portanto não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força” (Neemias 8:9, 10).LVN 57.3
A primeira parte do dia fora devotada a exercícios religiosos, e o povo despendeu o resto do tempo em grata reconsideração das bênçãos de Deus, e em desfrutar a abundância que Ele provera. Porções foram também enviadas aos pobres que nada tinham para preparar. Houve grande regozijo, por causa das palavras da lei que haviam sido lidas e entendidas. No dia seguinte, a leitura e explicação da lei teve prosseguimento. E no tempo indicado — no décimo dia do sétimo mês — realizaram-se as solenes cerimônias do dia da expiação, de acordo com a ordenação de Deus. Do décimo quinto ao vigésimo segundo dia do mesmo mês, o povo e seus chefes guardaram uma vez mais a Festa dos Tabernáculos.LVN 57.4
“E fizeram passar pregão por todas as suas cidades e em Jerusalém, dizendo: Saí ao monte e trazei ramos de oliveira, e ramos de zambujeiros, e ramos de murtas, e ramos de palmeiras, e ramos de árvores espessas, para fazer cabanas, como está escrito. Saiu, pois, o povo, e de tudo trouxeram e fizeram para si cabanas, cada um no seu terraço, e nos seus pátios, e nos átrios da casa de Deus. [...] E toda a congregação dos que voltaram do cativeiro fez cabanas e habitou nas cabanas; porque nunca fizeram assim os filhos de Israel, desde os dias de Josué, filho de Num, até àquele dia; e houve mui grande alegria. E, de dia em dia, ele [Esdras] lia o livro da Lei de Deus, desde o primeiro dia até ao derradeiro” (Neemias 8:15-18). — The Southern Watchman, 31 de maio de 1904.LVN 57.5