Capítulo 5 — Assegurando a cooperação do povo
Embora Neemias estivesse no desempenho de uma comissão real, que requeria que os habitantes cooperassem com Ele na reconstrução dos muros da cidade, preferiu ele não confiar no mero exercício da autoridade. Procurou, antes, ganhar a confiança e simpatia do povo, bem sabendo que a união de corações como de mãos era indispensável ao êxito na grande obra que empreendera. Ao convocar o povo, de manhã, apresentou argumentos calculados a despertar-lhes as energias adormecidas e unir os dispersos.LVN 23.1
Os ouvintes de Neemias não sabiam, nem ele lhes revelou, seu circuito noturno da noite anterior. Mas o fato de que ele tinha feito essa investigação contribuiu grandemente para o seu sucesso; pois sentiu-se apto a falar da condição da cidade com tanta exatidão que seus ouvintes ficaram pasmados. A impressão feita sobre ele, ao ver a fraqueza e degradação de Jerusalém, deu-lhe às palavras fervor e poder. Neemias mostrou ante o povo o seu estado de opróbrio entre os pagãos. A nação, antes tão favorecida por Deus para despertar terror de todas as nações vizinhas, havia-se agora tomado motivo de zombaria e vaias. Sua religião foi desonrada, seu Deus blasfemado.LVN 23.2
Contou-lhes que numa terra distante ele ouvira de sua aflição, que havia buscado o favor do Céu em benefício deles, e que, enquanto orava, havia-se determinado pedir permissão ao rei para poder vir em seu auxílio. Ele havia pedido a Deus que fizesse que o rei não somente desse permissão, mas também o investisse de autoridade e lhe desse o auxílio necessário para a obra; e sua oração havia sido respondida de tal maneira que lhe mostrara que o plano era do Senhor. E então, havendo mostrado que estava apoiado pela autoridade combinada do Deus de Israel e do rei persa, Neemias interrogou diretamente o povo, perguntando se aproveitariam a vantagem desta oportunidade para se levantar e reconstruir o muro.LVN 23.3
O apelo foi-lhes direto ao coração. O pensamento de como o favor do Céu se havia manifestado para com eles, envergonhou-os de seus temores, e com renovada coragem disseram a uma voz: “Levantemo-nos e edifiquemos” (Neemias 2:18).LVN 23.4
A santa energia e elevadas esperanças de Neemias comunicaram-se ao povo. Contagiados por esse espírito, ergueram-se por algum tempo ao nível moral de seu líder. Cada qual, em sua esfera, era uma espécie de Neemias; e cada um fortalecia e apoiava seu irmão na obra.LVN 23.5
Carecemos hoje de Neemias na igreja — não de homens capazes de pregar e orar apenas, mas de homens cujas orações e sermões sejam animados de firme e sincero propósito. O procedimento seguido por esse patriota hebreu na realização de seus planos deveria ser ainda adotado pelos pastores e dirigentes. Havendo eles delineado seus planos, deveriam expô-los perante a igreja de maneira que lhes atraísse o interesse e a cooperação. Façam com que o povo compreenda os planos e tome parte na obra, e se interessem pessoalmente em sua prosperidade. O êxito que acompanhou os esforços de Neemias mostra o que podem realizar a oração, a fé e uma ação sábia e enérgica. A fé viva impele para a ação enérgica. O povo refletirá em alto grau o espírito manifestado pelo dirigente. Se os dirigentes, professando crer nas solenes e importantes verdades que devem provar o mundo hoje, não manifestam zelo ardente em preparar um povo que subsista no dia de Deus, podemos esperar que a igreja seja descuidada, indolente e amante dos prazeres. — The Southern Watchman, 29 de março de 1904.LVN 24.1