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    1. Antepassados e Infância

    Eu nasci em Palmyra, no condado de Somerset, Estado do Maine, em 14 de agosto de 1821. Bloomfield, Maine, que hoje faz parte de Skowhegan, foi o local de nascimento de meu pai, o diácono John White. Aos 21 anos de idade, ele se estabeleceu no novo município de Palmyra. Nessa época, ele possuía nada mais que oito hectares de terra com árvores derrubadas. A velha fazenda está situada no lado ocidental do lago White, como pode ser visto em um mapa detalhado do condado de Somerset. Nessa fazenda ele viveu e trabalhou por 51 anos. Depois disso, passou um ano e meio em Ohio e sete anos em Battle Creek, Michigan, onde hoje reside.MH 9.1

    Meu pai é descendente de um dos Peregrinos que vieram para a América no navio May Flower, que aportou em Plymouth Rock em dezembro de 1620. A bordo daquele barco estava o pai de Peregrine White, que usava um par de fivelas de joelhos, iguais às que se podem ver no quadro dos veneráveis signatários da Declaração da Independência.MH 9.2

    Mais tarde, as fivelas usadas por esse homem foram entregues ao seu filho, Peregrine White, que nasceu durante a travessia para este país, com o pedido de que elas fossem repassadas para o primogênito de cada geração da linhagem da família White, cujo nome devia ser John. Meu pai teve a posse dessas fivelas por 30 anos. Elas eram tão familiares para mim em minha infância como os botões do meu casaco. Ele as deu para o meu irmão John, que as passou para o seu filho John, um jovem de 18 anos de idade.MH 9.3

    Desde a juventude meu pai possuía grande força física, tendo corpo e mente muito ágeis. Com as próprias mãos, ele retirou de suas terras aquelas pesadas madeiras que haviam sido derrubadas. Limpo o terreno, percebeu que o solo era pedregoso. Com as próprias mãos removeu as pedras, transformando-as em um cercado, preparando, assim, a terra para ser arada. Por mais de meio século ele labutou ali, até que aquele solo rochoso literalmente se desgastasse e a velha fazenda já não pudesse mais produzir colheitas. Aos 74 anos de idade ele partiu dali, buscando descanso em climas mais agradáveis no Oeste.MH 9.4

    Sua experiência espiritual de mais de 60 anos foi marcada pela firmeza e pelo zelo, mas ele não se tornou refém da estreiteza de mente e do preconceito que não dão espaço à pesquisa e ao progresso e, tampouco, demonstram amor aos que buscam adorar a Deus em espírito e em verdade.MH 9.5

    Aos 21 anos de idade, foi batizado por aspersão, unindo-se à igreja congregacional, mas nunca se mostrou convicto de que a aspersão lhe havia conferido o batismo cristão. Anos mais tarde, um pastor batista recém-chegado àquela nova parte do Estado passou a ensinar o batismo por imersão. Meu pai foi assim batizado e se tornou diácono da igreja batista. Posteriormente, ele adotou as posições da denominação cristã, menos dogmáticas e mais coerentes com as Escrituras do que as dos batistas calvinistas daqueles dias, e passou a comungar com aquelas pessoas. Os batistas convocaram uma reunião especial. O pastor e muitos dos membros da igreja estavam presentes. O pastor convidou alguns dos membros presentes para iniciar a reunião com uma oração, mas cada um deles declinou do convite. Ele esperou. Finalmente, meu pai fez a oração para iniciar a reunião. Eles, então, o excluíram por comungar com os cristãos. O pastor fez um esforço para conseguir alguém que fizesse uma oração para encerrar a reunião. Ninguém se apresentou. Meu pai o fez, encerrando a mesma, e saiu dali com sentimentos de amor e ternura. Logo depois, ele se uniu à Igreja Cristã, onde serviu como diácono por quase 40 anos. Durante todo esse tempo, ele estava presente em todas as comissões da igreja, com exceção de uma, que, de acordo com o costume deles, era realizada na tarde de sábado de cada quarta semana do mês.MH 10.1

    Em 1842, meu pai leu com grande interesse as palestras de Guilherme Miller sobre a segunda vinda de Cristo. Desde aquele tempo ele tem conservado a fé nos principais pontos da doutrina do advento. Em 1860, junto com a minha querida mãe, ele abraçou o sábado, aderindo às evidências sobre o dia de descanso bíblico com clareza e muito prazer.MH 10.2

    Minha mãe é bisneta do Dr. Samuel Shephard, um dos primeiros e mais eminentes pastores batistas da Nova Inglaterra. Ela era bem constituída fisicamente, tinha uma boa mente e era muito amável. Por mais de 60 anos, toda sua experiência religiosa tem sido marcada por um espírito dócil e calmo, uma devoção à causa de Cristo, um comportamento coerente e uma piedosa conversação.MH 10.3

    Meus honrados pais já alcançaram a boa idade de mais de oitenta anos. Eles cuidam da casa sozinhos e aproveitam a vida tanto quanto lhes permite a idade já avançada. Apesar disso, é visível que cada ano que passa os traz para mais perto da tumba. Permita Deus que, ao serem delicadamente baixados à sepultura, eles possam alcançar a imortalidade, que lhes será dada no breve retorno de Cristo.MH 11.1

    Na minha família, eu era o filho do meio entre nove: haviam quatro acima de mim e quatro abaixo. Mas essa cadeia familiar já está muito rompida, e quase metade dos seus elos desapareceu. Os meus quatro irmãos mais velhos estão vivos, mas todos os irmãos mais novos já dormem. O tempo, o trabalho árduo e as preocupações deixaram suas inequívocas impressões nos cinco filhos remanescentes.MH 11.2

    Meus dois irmãos vivos são pastores: um da Igreja Metodista Episcopal, de Ohio, e o outro, da Igreja Batista, de Vermont. As duas irmãs moram no Maine. Um dos meus irmãos supostamente perdeu a vida num conflito com índios, ao voltar da Califórnia. Outro descansa ao lado de uma irmã, no Cemitério Mount Hope, em Rochester, Nova York, enquanto o outro irmão, que morreu com três anos de idade, descansa em um velho cemitério de Palmyra, Maine.MH 11.3

    Meus pais dizem que eu era uma criança muito debilitada. E, para piorar ainda mais minhas dificuldades e tirar-lhes a esperança de que eu sobrevivesse, eu tive, aos três anos de idade, o que os médicos chamavam de febre de lombrigas, que causava convulsões, as quais entortaram meus olhos e quase destruíram minha visão. Dizem que eu era um menino muito vesgo – não por causas naturais, mas devido a uma enfermidade dos nervos –, fraco, nervoso e parcialmente cego. Estas razões foram suficientes para que eu não pudesse desfrutar das vantagens corriqueiras da escola. E só depois de completar 16 anos, quando minha saúde e força melhoraram muito e os meus olhos se corrigiram, é que eu consegui ler um simples verso bíblico sem que tivesse que descansar os meus olhos. Eu lamentava profundamente o fato de ter ficado para trás dos meus colegas de escola. E com a escassez de recursos daqueles tempos, eu não podia fazer muito para compensar os quase dez anos perdidos. Eu cresci rapidamente e, aos 18 anos, fiquei mais alto e mais forte do que os demais de mesma idade. Isso contribuiu para o meu constrangimento ao entrar no colégio de Saint Albans, Maine, aos 19 anos de idade. Nessa época, eu era incapaz de resolver um problema com regra de três simples; tampouco podia distinguir um verbo de um advérbio ou adjetivo, além de apresentar deficiência nas demais matérias da escola. Meus amigos me aconselhavam a dedicar-me à lavoura em vez de procurar educar-me. Mas eu não podia seguir seus conselhos.MH 11.4

    No fim do primeiro trimestre, recebi do instrutor, C. F. Allen, um certificado atestando minhas qualificações para lecionar as matérias básicas, e, no inverno seguinte, passei a lecionar na escola. Isso exigia quase 18 horas de estudo por dia. Foi uma vitória! Muitas vezes, antes disso, eu me enxergava quase como um inútil, e lamentava minha existência. Agora, porém, eu começava a ter esperança de que podia me tornar um homem. Nenhuma privação ou dificuldade poderia ser um obstáculo em meu caminho. Já antes, ao completar 19 anos de idade, meu pai me emancipou e me deu um jogo de roupas. Tudo o que eu pedi aos meus pais, além disso, foram três dólares para pagar a escola e uma porção de pão suficiente para seis dias, que eu levava comigo cada manhã de segunda-feira, durante três meses, quando eu tinha que caminhar oito quilômetros até a escola.MH 12.1

    Ao término do meu primeiro período letivo como professor, voltei a frequentar às aulas no colégio de Saint Albans, permanecendo ali por cinco semanas. Depois, empacotei os meus pertences e caminhei 68 quilômetros até o rio Penobscot para oferecer minha mão de obra numa serraria. Na serraria, cortei o tornozelo. Esse acidente me deixou com uma fraqueza permanente, e a dor no pé esquerdo às vezes me fazia mancar. Já faz 26 anos que não consigo apoiar o meu peso sobre o calcanhar esquerdo.MH 12.2

    Após quatro meses, voltei para casa. Eu tinha perdido muito tempo por causa do grave ferimento no tornozelo, e depois de pagar por minha estadia, fiquei com apenas 30 dólares e umas poucas peças de roupa desgastadas. Para que eu me qualificasse para lecionar numa escola onde pudesse ganhar um salário melhor, precisava frequentar a escola. Imediatamente, empacotei meus livros e minhas humildes roupas e rumei para a escola de Reedfield, Maine, que desfrutava de boa reputação por estar sob o controle e ter o apoio dos metodistas episcopais. Durante aquele período letivo, o meu objetivo era estar plenamente qualificado para lecionar as matérias básicas. Além dessas matérias, eu também cursei Filosofia Natural, Álgebra e Latim. No final do período letivo, terminei toda a aritmética que estava ao meu alcance, fui considerado um bom conhecedor de gramática, capacitei-me para ensinar caligrafia e ouvi do meu instrutor que, dentro de um ano, eu poderia fazer um curso superior.MH 12.3

    Minha sede por educação aumentava, e assentei os planos para fazer uma faculdade e pagar por ela, contando com o meu trabalho, minhas economias e a vontade de estudar. Minha gratidão era quase exclusivamente a Deus e às minhas próprias energias pelo progresso realizado. Em Reedfield, eu usava roupas velhas, enquanto meus colegas desfilavam com suas roupas novas. Por três meses, sobrevivi comendo maçãs cruas e mingau de milho que eu mesmo preparava, enquanto eles desfrutavam das conveniências e luxos da pensão.MH 13.1

    Com o encerramento desse período letivo, eu também encerrei meus estudos escolares. No total, eu frequentei o ensino médio por 29 semanas, e o custo total dos meus estudos, incluindo as mensalidades, livros e pensão, não passou de 50 dólares. A razão por que estou sendo tão detalhista nessa parte da minha narrativa, se deve ao meu desejo de ajudar os jovens que querem estudar, mesmo que padeçam das desfavoráveis influências da pobreza e do orgulho. Um rapaz pobre pode estudar recorrendo ao esforço diligente, à economia e à dedicação aos livros. Uma pessoa assim irá valorizar sua educação e certamente fará bom uso dela. Por outro lado, o jovem que conta com a carteira do pai, só usa roupas finas, direciona muito do seu tempo ao convívio social sofisticado e gasta dinheiro desregradamente, não alcançará uma educação integral e, provavelmente, fará uso inadequado do que venha a obter.MH 13.2

    No inverno seguinte, cobrindo parte de 1840 e 1841, lecionei numa grande escola e também dei aulas de caligrafia em dois distritos. Com o dinheiro ganho no inverno, voltei para casa com o firme propósito de continuar meus estudos.MH 13.3

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