Capítulo 44 – Issacar
ISSACAR era o nono filho de Jacó e o quinto filho de Lia, a primeira esposa. De Issacar como indivíduo, a Bíblia é silenciosa depois de registrar seu nascimento. Acerca de seu convívio com seus irmãos, não sabemos nada; mas a bênção do velho pai, enquanto moribundo, revela a história da vida de Issacar de abnegação e compartilhamento de fardos, e seu espírito manso e quieto.CSS 299.1
Jacó o compara com o paciente asno ou jumento, suportando duas cargas tão pesadas que ele se deita debaixo delas. O fato de que este não é um animal comum, mas “forte”, indica a força do caráter de Issacar. “Issacar é um jumento forte, deitado entre as suas cargas”. Então, o patriarca revela o segredo da vida abnegada de Issacar, revelando a razão que o motivou a carregar os duplos fardos: “Viu que o repouso era bom e que a terra era deliciosa; baixou os ombros à carga e sujeitou-se ao trabalho servil”.CSS 299.2
Muitos perdem a bênção por murmurar e reclamar quando são obrigados a carregar duplos fardos. Mas Issacar era sustentado pelo pensamento da terra agradável que o aguardava e o descanso que viria depois. A mesma esperança susterá os portadores de responsabilidades no presente.CSS 299.3
Na batalha de Megido, encontramos Issacar fiel ao caráter retratado na bênção de Jacó, enquanto moribundo. “Também os príncipes de Issacar foram com Débora; e como Issacar, assim também Baraque”. Nas palavras de Débora, parece que Issacar suportou o fardo da batalha ainda mais do que Baraque.CSS 299.4
A mesma característica é dada a Issacar quando todas as tribos se juntaram para coroar Davi, rei de Israel. Issacar tinha um claro discernimento. O registro afirma: “Os filhos de Issacar... eram conhecedores da época, para saberem o que Israel devia fazer”. Eles representavam homens que portavam pesadas responsabilidades, colunas na causa de Deus. Eles não eram como os guerreiros especialistas de Zebulom, prontos, a qualquer momento, a se precipitarem impulsivamente na mais feroz batalha; mas eles eram capazes de planejar a batalha e carregar o peso do empreendimento.CSS 299.5
É preciso todas as diferentes fases do caráter cristão para representar o perfeito caráter de Cristo. O portador de responsabilidades ocupa um lugar tão importante na obra de Deus como o régio Judá ou o mestre levita.CSS 300.1
Haverá doze mil de cada classe naquele maravilhoso grupo, os cento e quarenta e quatro mil, “que seguem o Cordeiro por onde quer que vá”.CSS 300.2
Os filhos de Issacar eram uma tribo laboriosa, forte e valente, paciente no trabalho e invencível na guerra. Eram “homens valentes”. Possuíam uma das partes mais ricas da Palestina. Era delimitada a leste pelo rio Jordão, ao norte por Zebulom, e ao sul pela meia tribo de Manassés.CSS 300.3
Muitos lugares observados na história sagrada estavam dentro das fronteiras de Issacar. Foi lá que a grande vitória de Baraque e Débora foi conquistada “em Taanaque, junto às águas de Megido”.CSS 300.4
Em Suném estava a residência da mulher nobre que, quando descobriu que a casa dela não era grande o suficiente para acomodar Eliseu, o “santo homem de Deus” construiu um quarto adicional e o mobiliou para que ela pudesse ter o privilégio da companhia dele em sua casa.CSS 300.5
Pelas ricas bênçãos que entraram em sua vida ela percebeu a veracidade das palavras: “Sempre que o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes”.CSS 300.6
Foi na porta da cidade de Naim, nas fronteiras de Issacar, que as palavras do Salvador: “Jovem, eu te mando: levanta-te!”, trouxeram vida e saúde ao corpo sem vida do homem a quem os seus amigos estavam carregando à tumba.CSS 300.7
O mesmo território que foi santificado pelas pegadas do Salvador e dos profetas de Deus, também testemunhou o poder do diabo. En-Dor, na terra de Issacar, foi onde Saul cometeu o pecado mais perverso de sua vida consultando a médium, e assim retirou-se inteiramente das mãos de Deus e tornou-se uma presa do diabo. Saul foi morto porque pediu conselho de “uma necromante”. Aqueles que seguem o mesmo curso hoje, acabarão por encontrar o mesmo destino; morrerão espiritualmente, e serão eternamente separados do Senhor.CSS 301.1
Jezreel, situado na planície fértil de Esdraelon, foi o cenário do ímpio assassinato de Nabote; e nas ruas da mesma cidade, os cães comeram a carne de Jezabel.CSS 301.2
Tola, que governou a Israel por vinte e três anos, era da tribo de Issacar. Baasa, que governou o reino do norte por vinte e quatro anos, era da casa de Issacar. “Fez o que era mau perante o Senhor”. Elá, seu filho, seguiu seus passos e foi morto por Zinri, e o poder real saiu das mãos da tribo de Issacar.CSS 301.3
Issacar era o centro do poder de Jezabel, e a adoração a Baal introduzida por ela exerceu uma influência que continuou por muito tempo depois da sua morte.CSS 301.4
Cerca de cinco anos antes de Issacar ser levado cativo para a Assíria por Salmaneser, Ezequias celebrou sua grande Páscoa em Jerusalém. A tribo de Issacar havia se afastado tanto do verdadeiro culto que havia se esquecido de realizar as purificações necessárias; contudo, alguns deles responderam ao convite e foram à festa, apesar de estarem cerimonialmente impróprios para dela participar. Ezequias estava em contato suficientemente próximo com o Senhor para discernir que o desejo no coração de servir a Deus era mais importante do que formas e cerimônias. Ele permitiu que comessem da Páscoa e, ao participarem dela, ofereceu a seguinte oração: “O Senhor, que é bom, perdoe a todo aquele que dispôs o coração para buscar o Senhor Deus, o Deus de seus pais, ainda que não segundo a purificação exigida pelo santuário”; e o Senhor, que “não vê como vê o homem”, pois “o homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração”, “ouviu” a oração do rei e “sarou a alma do povo”.CSS 301.5