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Daniel e Apocalipse

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    Apocalipse 3 — As sete igrejas (continuação)

    VERSÍCULO 1. Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz Aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto. 2. Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do Meu Deus. 3. Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti. 4. Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas. 5. O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de Meu Pai e diante dos Seus anjos. 6. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.DAP 293.1

    Se as datas das igrejas anteriores foram corretamente determinadas, o período que a igreja de Sardes abrange deve começar por volta do ano 1798.DAP 293.2

    Sardes significa “príncipe ou cântico de alegria” ou “aquilo que permanece”. Logo, as igrejas reformadas constituem essa igreja, da data supracitada até o grande movimento que marcou outra era na história do povo de Deus.DAP 293.3

    A grande falha encontrada nessa igreja é que ela tem um nome de que vive, mas está morta. E que posição elevada, do ponto de vista mundano, a igreja nominal ocupou durante esse período! Veja seus títulos imponentes e o favor que desfrutou junto ao mundo. Contudo, o orgulho e a popularidade cresceram a passos largos, até que se destruiu a espiritualidade, obliterou-se a linha distintiva entre a igreja e o mundo e esses diferentes corpos populares passaram a ser igrejas de Cristo somente no nome!DAP 293.4

    Essa igreja ouviria a proclamação da doutrina do segundo advento, segundo nos informa o versículo 3: “Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão”. Essa afirmação revela que a doutrina do advento seria proclamada e o dever de vigiar seria prescrito à igreja. A vinda referida é incondicional; mas a maneira como aconteceria em relação aos seres humanos é condicional. O fato de não estarem vigiando não impediria a vinda do Senhor; mas, se vigiassem, poderiam evitar ser surpreendidos, como se fossem atacados por um ladrão. É somente para os que estão nessa condição que o dia do Senhor vem inesperadamente. Paulo instrui: “Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia como ladrão vos apanhe de surpresa” (1 Tessalonicenses 5:4).DAP 293.5

    Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas. Essas palavras parecem sugerir um período de mundanismo sem precedentes dentro da igreja. Mesmo, porém, em meio a essa situação, existiriam aqueles cujas vestiduras não seriam contaminadas — alguns que se manteriam distantes dessa influência contaminadora. Tiago declarou: “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tiago 1:27).DAP 293.6

    Andarão de branco junto comigo. — O Senhor não negligencia Seu povo em nenhum lugar, por menor que seja seu número. Cristão solitário, sem ninguém da mesma fé preciosa com quem ter comunhão, você já sentiu como se as hostes de descrentes estivessem prestes a tragá-lo? Você não é ignorado, nem esquecido pelo Senhor. A multidão de ímpios ao seu redor não pode ser tão grande a ponto de ocultá-lo das vistas divinas. E se permanecer sem máculas, apesar do mal circundante, a promessa é certa. Você se vestirá de branco — com as vestiduras brancas do vencedor — e andará com o Senhor em glória. Confira Apocalipse 7:17: “Pois o Cordeiro que Se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima”.DAP 294.1

    Vestiduras brancas. — Outras passagens bíblicas explicam que usar vestiduras brancas é um símbolo de trocar a iniquidade pela justiça (ver Zacarias 3:4-5). “Tirai-lhe as vestes sujas” é explicado por meio das palavras que se seguem: “Eis que tenho feito que passe de ti a tua iniquidade”. “O linho finíssimo”, ou as vestiduras brancas, “são os atos de justiça dos santos” (Apocalipse 19:8).DAP 294.2

    Livro da vida. — Objeto que desperta empolgante interesse! Trata-se de um vasto e pesado volume, no qual se encontram registrados os nomes de todos os candidatos para a vida eterna! Existe o perigo, depois de nosso nome ser colocado no diário celestial, de que seja apagado? Sim; caso contrário, essa advertência nunca teria sido escrita. Paulo temia que até ele próprio fosse desqualificado (1 Coríntios 9:27). Somente os que finalmente serão vencedores terão o nome conservado no livro. Mas nem todos vencerão. O nome destes, claro, será apagado. E se faz referência a um momento futuro específico para a realização dessa obra. “De modo nenhum apagarei”, diz Cristo (no futuro), o nome dos vencedores. Com isso, subentende-se que Ele também está dizendo que de fato apagará o nome daqueles que não vencerem. Não é isso o mesmo que Pedro menciona em Atos 3:19? “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor”. Dizer ao vencedor que seu nome não será apagado do livro da vida também significa afirmar que seus pecados serão apagados do livro onde se encontram registrados, para que nunca mais sejam lembrados contra ele (Hebreus 8:12). E isso acontecerá quando os tempos do refrigério vierem da presença do Senhor. Podemos afirmar, usando outra imagem utilizada por Pedro, que isso acontecerá quando a estrela da alva nascer em nosso coração, ou quando a estrela da manhã for entregue à igreja, logo antes do advento do Senhor, para receber o dia glorioso (2 Pedro 1:19; Apocalipse 2:28). E quando chegar essa hora de decisão — que certamente não se encontra em um futuro distante –, como, leitor, será com você? Seus pecados serão apagados e seu nome mantido no livro da vida? Ou será o seu nome apagado do livro da vida e seus pecados mantidos nos registros para apresentar sua temível acusação contra você?DAP 294.3

    A apresentação em glória. “Confessarei o seu nome diante de Meu Pai e diante dos Seus anjos”. Cristo ensinou aqui na Terra que, assim como os seres humanos confessam, negam, desprezam ou honram a Ele aqui, Ele os confessará ou negará perante Seu Pai e os santos anjos no Céu (Mateus 10:32-33; Marcos 8:38; Lucas 12:8-9). E quem é capaz de compreender a grande alegria do momento em que seremos apresentados pelo Senhor da vida a Seu Pai como aqueles que fizeram Sua vontade, combateram o bom combate, correram a carreira, O honraram diante dos homens, venceram e cujos nomes são dignos, por meio dos méritos de Cristo, de permanecer no registro imperecível do livro da vida para todo o sempre!DAP 295.1

    VERSÍCULO 7. Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, Aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá: 8. Conheço as tuas obras — eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar — que tens pouca força, entretanto, guardaste a Minha palavra e não negaste o Meu nome. 9. Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que Eu te amei. 10. Porque guardaste a palavra da Minha perseverança, também Eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a Terra. 11. Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. 12. Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do Meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do Meu Deus, o nome da cidade do Meu Deus, a nova Jerusalém que desce do Céu, vinda da parte do Meu Deus, e o Meu novo nome. 13. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.DAP 295.2

    A palavra Filadélfia significa amor fraternal. Expressa a posição e o espírito daqueles que aceitaram a mensagem do advento até o outono de 1844. Ao saírem de suas denominações, deixaram nomes e sentimentos partidários para trás. Então todos os corações passaram a bater unidos, enquanto soavam o alarme às igrejas e ao mundo, apontando para a vinda do Filho do homem como a única esperança verdadeira do cristão. O egoísmo e a cobiça foram deixados de lado, e um espírito de consagração e sacrifício começou a ser acariciado. O Espírito de Deus se encontrava com cada cristão verdadeiro e Seu louvor repousava sobre cada língua. Os que não faziam parte do movimento desconheciam a busca profunda do coração, a consagração de tudo a Deus, a paz, a alegria no Espírito Santo e o amor puro e fervoroso uns pelos outros que os fiéis de então desfrutavam. Os que fizeram parte desse movimento sabem que as palavras são incapazes de descrever a condição santa e feliz que vivenciaram.DAP 295.3

    A chave de Davi. Chave é um símbolo de poder. O Filho de Deus é o herdeiro legítimo do trono de Davi. E Ele está prestes a assumir Seu grande poder e a reinar; por isso, é representado portando a chave de Davi. O trono de Davi, ou de Cristo, no qual Ele reinará, está inserido na capital de Seu reino, a nova Jerusalém, agora no alto, mas que se localizará nesta Terra, onde ele reinará para todo o sempre (Apocalipse 21:1-5; Lucas 1:32-33).DAP 295.4

    Que abre, e ninguém fechará, etc. A fim de compreender essas palavras, é necessário olhar para a posição e a obra de Cristo ligadas a Seu ministério no santuário, ou verdadeiro tabernáculo do Céu (Hebreus 8:2). No passado, existiu na Terra uma figura ou cópia desse santuário celestial. Foi o santuário construído por Moisés (Êxodo 25:8-9; Atos 7:44; Hebreus 9:1, 21, 23, 24). A construção terrena contava com dois compartimentos: o lugar santo e o santíssimo (Êxodo 26:33-34). No primeiro compartimento, ficavam o candelabro, a mesa dos pães da proposição e o altar de incenso. No segundo, encontravam-se a arca, a qual continha as tábuas da aliança, ou os dez mandamentos, e os querubins (Hebreus 9:1-5). De maneira semelhante, o santuário no qual Cristo ministra no Céu contém dois compartimentos (Hebreus 9:24; ver também os versículos 8 e 12, bem como o capítulo 10:19. Em cada um desses textos, as palavras traduzidas por Santo Lugar e Santo dos Santos se encontram no plural no original, e deveriam ter sido traduzidos como lugares santos). Como todas as coisas foram feitas segundo o modelo, o santuário celestial também contém móveis semelhantes aos do santuário terreno. Sobre o antítipo do candeeiro de ouro e do altar de incenso, no primeiro compartimento, leia Apocalipse 4:5; 8:3; e sobre o antítipo da arca da aliança, com os dez mandamentos, leia Apocalipse 11:19. No santuário terrestre, eram os sacerdotes que ministravam (Êxodo 28:41, 43; Hebreus 9:6-7; 13:11, etc.). O ministério desses sacerdotes era uma sombra do ministério de Cristo no santuário celestial (Hebreus 8:4-5). No tabernáculo terreno, o ciclo completo de serviço era concluído a cada ano (Hebreus 9:7). Mas no tabernáculo celeste, o serviço é desempenhado de uma vez por todas (Hebreus 7:27; 9:12). No final do ano de serviço típico, o sumo sacerdote entrava no segundo compartimento, o lugar santíssimo do santuário, a fim de fazer expiação. Essa obra era chamada de purificação do santuário (Levítico 16:20, 30, 33; Ezequiel 45:18). Quando começava o ministério no lugar santíssimo, cessava o trabalho no lugar santo; e nenhum serviço era realizado ali enquanto o sacerdote se encontrava dentro do santíssimo (Levítico 16:17). Uma abertura e fechamento semelhante, ou mudança de ministração, deveria ser realizada por Cristo quando chegasse o momento da purificação do santuário celestial. E o tempo de fato chegou para esse serviço começar ao fim das 2.300 tardes e manhãs, em 1844. A abertura e o fechamento mencionados no texto em análise podem ser apropriadamente aplicados a esse acontecimento, a saber, a abertura do ministério de Cristo no lugar santíssimo e o fechamento, ou fim, de sua obra no primeiro compartimento, ou seja, no lugar santo (ver a exposição sobre o tema do santuário e sua purificação nos comentários sobre Daniel 8:14).DAP 296.1

    O versículo 9 provavelmente se aplica àqueles que não acompanham o avanço da luz da verdade e se opõem a quem o faz. Esses ainda sentirão e confessarão que Deus ama as pessoas que, sem rejeitar o cumprimento passado da Palavra do Senhor, não se deixam estereotipar por um credo e continuam a avançar no conhecimento de Sua verdade.DAP 296.2

    A palavra da minha perseverança. Em Apocalipse 14:12, João diz: “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus”. Aqueles que vivem hoje em obediência fiel e perseverante aos mandamentos de Deus e à fé em Jesus serão cuidados na hora de tentação e perigo bem a nossa frente (ver Apocalipse 13:13-17).DAP 296.3

    Venho sem demora. — Mais uma vez, a segunda vinda de Cristo recebe destaque, com ênfase maior do que em qualquer uma das mensagens anteriores. A proximidade desse evento é aqui apresentada com intensidade aos que creem. A mensagem se aplica a um período no qual esse grande acontecimento se encontra iminente. E, por meio dessa linguagem, temos a mais indubitável evidência da natureza profética dessas mensagens. As palavras direcionadas às três primeiras igrejas não contêm nenhuma alusão à segunda vinda de Cristo por não abrangerem um período em que tal acontecimento poderia ser biblicamente esperado. Mas quando chegamos à igreja de Tiatira, após a qual somente três breves etapas da igreja surgiriam até o fim — como se já tivesse chegado para a igreja o tempo para que o alvorecer dessa grande esperança começasse a surgir no horizonte –, a mente já é levada para o futuro por meio da singular alusão: “Conservai o que tendes, até que Eu venha”. Quando chegamos à fase seguinte da igreja, Sardes, a igreja que se encontra ainda mais perto desse evento, a grande proclamação ganha destaque para ser anunciada, e a igreja recebe a ordem de vigiar: “Se não vigiares, virei como ladrão”. Alcançamos Filadélfia, mais adiante na linha do tempo, e a proximidade do mesmo grande acontecimento leva Aquele que é “o santo, o verdadeiro” a pronunciar a empolgante declaração: “Venho sem demora”. Como tudo isso torna evidente que essas igrejas ocupam posições cada vez mais próximas ao grande dia do Senhor! Em cada uma que se sucede, em proporção cada vez maior, esse grande evento é anunciado com maior proeminência, chamando a atenção da igreja de forma mais clara e impressionante. Aqui eles de fato veem o dia se aproximar (Hebreus 10:25).DAP 297.1

    Chamado à fidelidade. “Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”. Isso não quer dizer que, com nossa fidelidade, estamos privando alguém de ter uma coroa. Mas o verbo traduzido por tomar tem diversas definições, sendo uma delas “tirar, arrancar de, privar de”. Conserva o que tens, para que nenhuma pessoa te prive da coroa da vida. Não permita que ninguém, nem coisa alguma o induza a abrir mão da verdade ou o perverta, levando-o para longe dos caminhos corretos do Senhor; pois, ao fazê-lo, acabarão levando você a perder sua recompensa.DAP 297.2

    Coluna no santuário. — Neste discurso, o vencedor recebe a promessa de ser transformado em coluna no santuário de Deus, para nunca mais sair. O templo, neste caso, deve denotar a igreja. E a promessa de ser uma de suas colunas é a mais forte que se poderia dar a respeito de um lugar de honra, da permanência e segurança dentro dela por meio da figura de um edifício celestial. E quando chegar o momento para que se cumpra essa parte da promessa, o tempo de prova do vencedor estará passado. Ele estará completamente firmado na verdade e selado. Dali “jamais sairá”, isto é, não haverá mais perigo de cair. Será do Senhor para sempre. Sua salvação é certa.DAP 297.3

    Mas os vencedores terão mais do que isso. A partir do momento em que vencem e são selados para o Céu, são rotulados, se assim o podemos expressar, como pertencentes a Deus e a Cristo e endereçados para seu destino, a nova Jerusalém. Sobre eles será escrito o nome de Deus, a quem pertencem, o nome da nova Jerusalém, o lugar para onde se dirigem, não para a velha Jerusalém, para a qual alguns olham em vão; e receberão sobre si o novo nome de Cristo, mediante cuja autoridade receberão a vida eterna e entrarão no reino. Assim selados e rotulados, os santos de Deus se encontram seguros. Nenhum inimigo será capaz de impedir que cheguem a seu destino, seu glorioso refúgio de descanso, a Jerusalém celestial.DAP 297.4

    VERSÍCULO 14. Ao anjo da igreja em Laodiceia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: 15. Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! 16. Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; 17. pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. 18. Aconselho-te que de Mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. 19. Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. 20. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. 21. Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no Meu trono, assim como também Eu venci e Me sentei com Meu Pai no Seu trono. 22. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.DAP 298.1

    Laodiceia significa o julgamento do povo, ou, de acordo com Cruden, um povo justo. A mensagem a essa igreja traz à tona as cenas finais do tempo da graça. Revela um período de juízo. É a última fase da igreja. Em consequência, aplica-se aos cristãos que vivem durante a terceira mensagem, a última mensagem de misericórdia antes da vinda de Cristo (ver Apocalipse 14:9-14), enquanto o grande dia da expiação se desenrola e o juízo investigativo é realizado na casa de Deus, uma época na qual a lei justa e santa de Deus é adotada como regra de vida da igreja que espera.DAP 298.2

    Estas coisas diz o Amém. Está é, então, a mensagem final às igrejas antes do fim do tempo da graça. E embora o modo como os indiferentes laodiceanos são descritos seja temível e assustador, ela não pode ser negada; pois a Testemunha é “fiel e verdadeira”. Além disso, Ele é “o princípio da criação de Deus”.13Nota dos editores da versão em português: Como referido na nota 1, na página 269, o autor não havia chegado a uma clara compreensão sobre a eternidade de Cristo. O texto original da versão de 1897 acrescentava: “Alguns entendem, por causa dessas palavras, que Cristo foi o primeiro ser criado, datando Sua existência desde um período anterior a qualquer outro ser ou objeto criado, próximo ao Deus eterno e autoexistente. Mas a linguagem não indica necessariamente que Ele foi criado; pois as palavras ‘o princípio da criação’ podem simplesmente significar que a obra da criação, estritamente falando, foi principiada por Ele. ‘Sem Ele, nada do que foi feito se fez’ (João 1:3). Já outros, de maneira mais apropriada, em nossa opinião, entendem que a palavra ἀρχὴ significa o ‘agente’ ou ‘causa eficiente’, uma das definições do termo, interpretando que Cristo foi o agente por meio de quem Deus criou todas as coisas; mas Ele próprio veio à existência de maneira diferente, uma vez que é chamado de ‘unigênito’ do Pai. Seria absolutamente inadequado aplicar essa palavra a qualquer ser criado no sentido comum do termo. Em vez de ‘princípio’, leia ‘principiador.’” No ano seguinte, essa concepção errônea acerca da eternidade de Cristo foi claramente corrigida por Ellen White: “Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 530).DAP 298.3

    A acusação que Ele faz aos laodiceanos é o fato de serem mornos, nem frios, nem quentes. Falta-lhes fervor, zelo e devoção religiosos, cuja manifestação seria exigida por sua posição no fechamento da história deste mundo, com a luz da profecia iluminando seu caminho. E essa mornidão se revela na falta de boas obras, pois é pelo conhecimento de suas obras que a Testemunha fiel e verdadeira faz essa temível acusação contra eles.DAP 298.4

    Quem dera fosses frio ou quente! Esta mensagem chama atenção para três condições: o frio, o morno e o quente. É importante determinar que situação cada uma delas denota, a fim de nos precaver contra conclusões equivocadas. Três condições da vida espiritual relativa à igreja, não ao mundo, devem ser levadas em consideração. Não é difícil entender o que o termo quente significa. A mensagem evoca instantaneamente um estado de fervor e zelo intenso, no qual todas as afeições, elevadas ao mais alto grau, são atraídas a Deus e Sua causa, manifestando-se em obras correspondentes. Ser morno significa não apresentar esse zelo, estar em uma condição carente de paixão e fervor; em outras palavras, não existe a negação do eu que custa tudo, não se sente o peso de carregar a cruz, não há testemunho determinado por Cristo e nenhuma ação destemida que mantenha os tendões espirituais rijos e a armadura brilhante; e o pior de tudo: sugere satisfação completa com essa condição. Mas o que é ser frio? Denotaria um estado de corrupção, maldade e pecado, tal como o que caracteriza o mundo dos incrédulos? Não podemos considerar dessa forma, pelos seguintes motivos:DAP 299.1

    1. Seria duro e repugnante representar Cristo desejando, sob quaisquer circunstâncias, que as pessoas estivessem nessa condição; mas Ele diz: “Quem dera fosses frio ou quente!”DAP 299.2

    2. Nenhuma condição ofende mais a Cristo do que a do pecador em rebelião aberta, cujo coração se encontra repleto de todo mal. Logo, seria incorreto afirmar que Ele prefere esse estado a qualquer posição que Seu povo possa ocupar enquanto ainda lhe pertence.DAP 299.3

    3. A ameaça de rejeição no versículo 16 é feita porque eles não são nem quentes, nem frios. Isso é o mesmo que afirmar que, caso fossem ou frios ou quentes, não seriam rejeitados. Mas se frio significasse um estado de maldade mundana aberta, eles seriam rejeitados muito rapidamente. Logo, esse não pode ser o significado.DAP 299.4

    Em consequência, somos forçados a concluir que, por meio dessas palavras, nosso Senhor não faz nenhuma referência a quem se encontra fora de Sua igreja, mas, sim, a três graus de afeição espiritual, dois deles mais aceitáveis que o outro. Calor e frio são preferíveis à mornidão. Mas que tipo de condição espiritual o termo frio denota? Podemos observar, em primeiro lugar, que é um estado de sentimento. Nesse sentido, é superior à mornidão, um estado de relativa insensibilidade, indiferença e suprema satisfação consigo mesmo. Ser quente também é um estado de sentimentos. Como quente denota alegre fervor e o exercício vivaz de todas as afeições, com o coração transbordando da presença perceptível de Deus e de Seu amor, frio representa uma condição espiritual caracterizada pela ausência desses traços, mas na qual o indivíduo sente e anseia por recuperar seus tesouros perdidos. Esse estado é bem representado pela linguagem usada em Jó: “Ah! Se eu soubesse onde O poderia achar!” (Jó 23:3). Nessa condição, não há indiferença, nem contentamento, mas uma sensação de frieza, inadequação, desconforto e a busca tateante por algo melhor. Há esperança para quem se encontra nessa condição. Quando alguém sente falta de algo que deseja, luta com todas as forças para obtê-lo. O traço mais desanimador da mornidão é a consciência de não faltar nada e a sensação de não ter necessidade de nada. Assim fica fácil entender por que nosso Senhor preferia contemplar Sua igreja em um estado de frieza desconfortável a encontrá-la em uma condição morna de conforto, facilidade e indiferença. Uma pessoa não permanece por muito tempo com frio. Seus esforços logo a conduzirão para o estado de fervor. Mas, na mornidão, há o perigo de se permanecer nesse estado até a Testemunha fiel e verdadeira rejeitá-la, pois mornidão provoca náusea e repulsa.DAP 299.5

    Estou a ponto de vomitar-te da minha boca. Neste ponto, a imagem é levada um passo adiante, e a rejeição dos mornos é expressa pelo efeito nauseante da água tépida. E isso denota uma rejeição final, uma separação completa de Sua igreja.DAP 300.1

    Rico e abastado. É assim que o laodiceano entende sua condição. Ele não é hipócrita, pois, diz a Testemunha “nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu”.DAP 300.2

    O conselho que recebem. Comprem de Mim, diz a Testemunha verdadeira, ouro refinado pelo fogo, para ficarem ricos, roupas brancas, para se vestirem, e procurem ungir os olhos com colírio, para poderem ver. Isso mostra de uma vez por todas aos iludidos laodiceanos aquilo que lhes falta e o grau de sua destituição. Revela também onde podem obter aquilo que os torna tão terrivelmente pobres; e coloca diante deles a necessidade de conseguir tais coisas com a maior rapidez possível. O caso é tão urgente que nosso grande Advogado na corte celestial nos envia um conselho especial. E o fato de Ele condescender a ponto de mostrar qual é nossa carência e nos aconselhar a comprar, sendo Ele mesmo Aquele que tem essas coisas para conceder, convidando-nos a ir até Ele, é a melhor garantia possível de que nosso esforço será respeitado e nosso pedido, atendido.DAP 300.3

    De que maneira podemos comprar essas coisas? Assim como compramos todas as outras graças do evangelho: “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” (Isaías 55:1). Assim, nós compramos pedindo; compramos ao jogar fora as bugigangas sem valor da Terra, recebendo, em troca, tesouros inestimáveis; compramos simplesmente ao ir e receber; compramos, sem nada dar em troca. E o que compramos sob condições tão graciosas? Pão que não perece, vestiduras imaculadas que não sujam, riquezas que não se corrompem e uma herança que não desvanece. Que troca mais estranha! No entanto, é assim que o Senhor condescende no trato com Seu povo. Ele nos compele a vir com modos e aparência de mendigos; mas, em vez do que merecemos, nos dá os tesouros de Sua graça, recebendo em troca nossa falta de valor, a fim de recebermos as bênçãos que Ele tem para derramar, não como esmolas concedidas a pedintes, mas, sim, como bens legítimos de uma compra honrada.DAP 300.4

    As coisas a serem obtidas requerem atenção especial. Elas são citadas na seguinte ordem:DAP 300.5

    1. Ouro refinado pelo fogo. O ouro, em seu sentido literal, representa o nome abrangente para todas as riquezas do mundo. Em sentido figurado, deve denotar aquilo que constitui riquezas espirituais. Qual graça, então é representada pelo ouro, ou melhor, quais graças? Pois, sem dúvida, nenhuma graça isolada seria capaz de corresponder ao sentido total do termo. O Senhor disse à igreja de Esmirna que conhecia sua pobreza, mas, na verdade, ela era rica. E o testemunho revela que as riquezas consistiam naquilo que, por fim, lhes concedeu a posse da coroa da vida. Tiago disse: “Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que para o mundo são pobres, para serem ricos em e herdeiros do reino que Ele prometeu aos que O amam?” (2:5). Paulo afirmou: “A fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hebreus 11:1). Ser “rico para com Deus” (Lucas 12:21) — rico no sentido espiritual — é se apropriar com clareza dessas promessas, ser herdeiro daquela herança incorruptível, sem mácula e que não desvanece, guardada no Céu para nós. “E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gálatas 3:29). E como podemos obter essa herança? Da mesma maneira que Abraão tomou posse da promessa, isto é, pela fé (Romanos 4:13-14). Por isso, não é de espantar que Paulo dedique um capítulo inteiro em Hebreus (cap. 11) a esse importante assunto, apresentando as poderosas conquistas que já foram efetuadas e as promessas preciosas que eles obtiveram pela fé. E no primeiro versículo do capítulo seguinte, como a grande conclusão a seu argumento, ele exorta os cristãos a deixar de lado todo peso e todo pecado (de incredulidade) que tão facilmente os acomete. Nada seca tão rapidamente das fontes da espiritualidade e nos afunda em pobreza abjeta, no que se refere às coisas do reino de Deus, do que deixar a fé ir embora e a incredulidade se instalar. Pois a fé deve fazer parte de toda ação agradável aos olhos de Deus. Ao nos achegar a Ele, a primeira coisa que precisamos fazer é crer em Sua pessoa. E é mediante a fé, o principal agente debaixo da graça que é o dom de Deus, que somos salvos (Hebreus 11:6; Efésios 2:8).DAP 300.6

    Com base em tudo isso, parece que a fé é o principal elemento da riqueza espiritual. Mas se, conforme já observado, nenhuma graça sozinha é capaz de responder pela significação plena do termo ouro, então, sem dúvida, outras coisas devem ser incluídas. “A fé é a certeza de coisas que se esperam”, disse Paulo. Logo, a esperança é um companheiro inseparável da fé (Hebreus 11:1; Romanos 8:24-25). E mais uma vez, Paulo nos diz que a fé opera por intermédio do amor e, em outra passagem, diz que é rica “em boas obras” (Gálatas 5:6; 1 Timóteo 6:18). Logo, não se pode separar o amor da fé. Temos, então, diante de nós, os três elementos ligados por Paulo em 1 Coríntios 13 — a fé, a esperança e o amor; dentre esses, o maior é o amor. Esse é o ouro refinado pelo fogo que somos aconselhados a comprar.DAP 301.1

    2. Vestiduras brancas. — A esse respeito, não parece haver muito espaço para controvérsias. Algumas passagens fornecem a chave para o entendimento da expressão. Diz o profeta: “Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo” (Isaías 64:6, NVI). Somos aconselhados a comprar o contrário de trapos imundos, ou seja, vestiduras brancas completas e sem mácula. A mesma imagem é usada em Zacarias 3:3-4. E João, no 19º capítulo de Apocalipse, versículo 8, afirma com toda clareza que “o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos”.DAP 301.2

    3. O colírio. A esse respeito, também há pouco espaço para divergência de opiniões como no caso das vestiduras brancas. É claro que a unção dos olhos não deve ser interpretada em sentido literal; sendo a referência a olhos espirituais, o colírio deve denotar aquilo que aguça nosso discernimento espiritual. Há somente um agente revelado na Palavra de Deus como o realizador dessa obra, a saber, o Espírito Santo. Em Atos 10:38, lemos: “Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo”. E o mesmo autor que recebeu esta revelação de Jesus Cristo escreveu o seguinte à igreja em sua primeira epístola: “E vós possuís unção que vem do Santo e todos tendes conhecimento” (2:20). No versículo 27, ele esclarece o ponto em questão da seguinte maneira: “Quanto a vós outros, a unção que Dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a Sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei Nele, como também ela vos ensinou”. Ao fazer alusão a seu evangelho, descobre-se que a obra aqui citada como algo realizado mediante unção é exatamente a mesma que ele atribui ao Espírito Santo. João 14:26 diz: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em Meu nome, Esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (ver também 16:13.)DAP 301.3

    Assim, de maneira formal e solene, a testemunha fiel e verdadeira nos aconselha, usando as imagens do ouro, de vestiduras brancas e do colírio, a buscar Nele, célere e fervorosamente, um aumento das graças celestiais da fé, da esperança, do amor e da justiça que só Ele é capaz de conceder, e uma unção do Espírito Santo. Mas como é possível pessoas carentes dessas coisas pensarem ser ricas e abastadas? Uma inferência plausível que se pode fazer, e talvez inevitável, uma vez que não há espaço para nenhuma outra, é a observação de que não se encontra falha nenhum nos laodiceanos no que se refere às doutrinas que defendem. Não são acusados de abrigar Jezabel no meio deles, nem de condescender com as doutrinas de Balaão ou dos nicolaítas. Logo, de acordo com aquilo que podemos aprender com base no discurso feito a eles, sua crença é correta e sua teoria, sólida. Logo, por terem a teoria correta, sentem-se satisfeitos com ela. Contentam-se com a forma correta da doutrina, mas sem seu poder. Tendo recebido o conhecimento teórico correto das verdades pertinentes à última geração de seres humanos, sentem-se propensos a depender disso, negligenciado a parte espiritual da religião. É com suas ações, não com palavras, que dizem ser ricos e abastados. Tendo tanta luz e tanta verdade, o que mais poderiam querer? E se defendem a teoria com persistência louvável e, no que diz respeito a sua vida exterior, seguem ao pé da letra a luz crescente sobre os mandamentos de Deus e a fé em Jesus, não estaria então completa sua justiça? Ricos e abastados, sem necessidade de nada! Essa é sua falha. Todo seu ser deveria estar clamando pelo espírito, o zelo, o fervor, a vida e o poder de um cristianismo vivo! E sua justiça deveria consistir em engolir o eu e todas as suas obras, rendendo-se aos méritos do Redentor.DAP 302.1

    A prova de amor. Essa, por mais estranho que pareça, consiste em castigo. “Eu repreendo e disciplino a quantos amo”. Se não formos disciplinados, não somos filhos (Hebreus 12:7, 8). Thompson declara:DAP 302.2

    “Uma lei geral da graciosa maneira de Deus lidar com Suas criaturas é aqui anunciada. Uma vez que todos precisam de repreensão em alguma medida, em alguma medida a recebem, e assim temos prova do apego do Salvador. Essa é uma lição difícil de aprender, e os cristãos são alunos com dificuldade de aprendizado. No entanto, aqui e em toda a Palavra e providência de Deus, confirma-se que as provas são bênçãos Dele, e nenhum filho escapa da vara. Os blocos incorrigivelmente disformes e ásperos são rejeitados, ao passo que os escolhidos para a gloriosa estrutura são submetidos ao cinzel e ao martelo. Não há cacho da videira verdadeira que não precise passar pelo lagar. ‘Para o meu próprio bem’, disse um antigo clérigo que passava por aflição, ‘para o meu próprio bem, bendigo a Deus por observar e sentir tanta misericórdia em Sua ira a ponto de ser quase transportado. Fico grandemente satisfeito, é certo, ao pensar no quanto Suas misericórdias são infinitamente doces, sendo Seus juízos tão repletos de graça’. Levando em conta, então, a origem e o propósito da disciplina que você recebe, “Sê, pois, zeloso e arrepende-te”. Não perca tempo. Não perca um golpe da vara, mas se arrependa imediatamente. Tenha um espírito fervoroso. Este é o primeiro instrumento de encorajamento.”DAP 302.3

    Sê, pois, zeloso e arrepende-te. Embora, conforme vimos, o estado representado pela frieza seja preferível à mornidão, não é assim que o Senhor deseja nos encontrar. Nunca somos exortados a buscar a frieza. Há algo muito melhor que somos aconselhados a alcançar, que é ser zelosos e fervorosos, com o coração inflamado pelo serviço de nosso Mestre.DAP 303.1

    Cristo bate à porta. — Ouçamos novamente o autor supracitado:DAP 303.2

    “Temos aqui um coração superior a todos os demais. Apesar de sua atitude ofensiva, do caráter desagradável, o amor de Cristo pelas almas é tamanho que Ele Se humilha para solicitar o privilégio de abençoá-los. ‘Eis que estou à porta e bato’. Por que Ele faz isso? Não por não ter nenhum outro lar. Nas mansões da casa de Seu Pai, nenhuma entrada está fechada para Ele. Jesus é a vida de todo coração, a luz de todo olho, o cântico em toda língua, em glória. Mas Ele vai de porta em porta em Laodiceia. Ele Se põe em frente a cada uma e bate, porque veio buscar e salvar o que se havia perdido, porque não pode abrir mão do propósito de comunicar vida eterna a todos quantos o Pai Lhe concedeu e porque só pode Se tornar conhecido do residente se a porta for aberta e Ele for bem recebido. Você comprou um campo? Comprou cinco juntas de bois? Já está com o chapéu na mão e roga para que Ele o tenha por escusado? Ele bate e bate. Mas você não pode receber visita no momento; está exausto de tanto trabalho; já se aconchegou no sofá, ficou confortável e mandou a mensagem de que está ocupado. Ele não para de bater. [...] É hora da reunião de oração da igreja ou do compromisso mensal; você tem a oportunidade de fazer uma visita cristã a um indivíduo ou família, mas não se mexe. […] Ah, mornidão repugnante! Ah, mundanismo fatal! O Senhor da glória percorreu todo o caminho desde Seu palácio celestial, veio em pobreza, suor e sangue até a porta da casa de um professo amigo que Lhe deve tudo, mas não consegue entrar! Vem resgatar uma pessoa cuja casa está pegando fogo, mas ela não O deixa ir para o lado de dentro! Quão grande e profunda a longanimidade de Jesus Cristo! Até mesmo o pagão Públio recebeu Paulo e o hospedou por três dias com toda cortesia. Será que os cristãos nominais dirão ao Senhor dos apóstolos que não têm lugar para Ele?DAP 303.3

    Se alguém ouvir a Minha voz. — Enquanto bate, o Senhor suplica. E a palavra “se revela que alguns não ouvirão. Embora Ele espere, batendo e suplicando até Seus cabelos ficarem úmidos com o orvalho da noite, alguns fecham os ouvidos a Seu terno chamado. Mas não é suficiente apenas ouvir. Precisamos ouvir e abrir a porta. Muitos daqueles que ouvem a voz no princípio e, por um momento, se sentem inclinados a atender, sem dúvida — infelizmente — falharão afinal, deixando de fazer o que é necessário para garantir a comunhão com o Convidado celestial. Leitor, seus ouvidos estão abertos às súplicas que o Salvador lhe dirige? O som de Sua voz é um barulho bem-vindo? Você dará ouvidos? Abrirá a porta e O deixará entrar? Ou a porta do seu coração se encontra fechada por causa da enorme pilha de lixo deste mundo que você não deseja remover? Lembre-se de que o Senhor da vida nunca força Sua entrada. Ele condescende em vir, bater e buscar entrada; mas só habita dentro do coração quando é convidado a entrar e é bem recebido.DAP 303.4

    Segue-se então a promessa: “Entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo”. Que imagem mais forte e tocante! Dois amigos, repartindo uma refeição alegre e social! Mente com mente, conversando com abertura e intimidade! Que cena festiva deve ocorrer quando o Rei da glória é convidado! Estas palavras não expressam um grau comum de união, uma bênção normal, um privilégio costumeiro. Quem, diante de uma súplica tão terna e uma promessa tão graciosa, é capaz de permanecer indiferente? Não precisamos nem sequer colocar a mesa para esse exaltado Visitante. Ele próprio o faz, não com os alimentos grosseiros da Terra, mas com as delícias da própria despensa celeste. Ele põe diante de nós antegozos da glória que logo será revelada. Dá-nos sinais de nossa herança futura, incorruptível, sem mácula e que não desvanece. Verdadeiramente, quando cumprimos as condições e recebemos esta promessa, vivenciamos o nascimento da estrela da alva em nosso coração e contemplamos o surgimento de uma manhã gloriosa para a igreja de Deus.DAP 304.1

    A promessa final. A promessa de cear com Seus discípulos é feita pelo Senhor antes de ser expressa a promessa final ao vencedor. Isso mostra que as bênçãos incluídas na primeira promessa serão desfrutadas ainda durante o período de graça concedido à humanidade. E agora, além de tudo isso, a promessa ao vencedor é dada: “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no Meu trono, assim como também Eu venci e Me sentei com Meu Pai no Seu trono”. Esse é o ápice das promessas do Senhor. A princípio rebelde, depois caído, degradado e contaminado, o ser humano é levado, pela obra do Redentor, de volta a Deus em reconciliação, limpo de suas poluições, redimido da queda, imortalizado e, por fim, levantado para se assentar no trono do próprio Salvador. Impossível haver honra e exaltação maiores! A mente humana é incapaz de conceber tal estado. A linguagem não consegue descrevê-lo. A única coisa que podemos fazer é continuar labutando, até que, vencedores afinal, saibamos como é estar lá.DAP 304.2

    Neste versículo, além de uma promessa gloriosa, também encontramos uma doutrina importante. Aprendemos que Cristo reina consecutivamente em dois tronos. Um é o trono de Seu Pai, e o outro é o Seu próprio trono. Ele declara neste versículo que já venceu e agora Se encontra estabelecido com o Pai em Seu trono. Está associado ao Pai no trono do domínio universal, posicionado à destra Deste, muito acima de qualquer principado, poder, majestade e domínio (Efésios 1:20-22, etc.). Enquanto Se encontra nessa posição, Ele é rei-sacerdote. É sacerdote, “ministro do santuário”, mas, ao mesmo tempo, está assentado “à destra do trono da Majestade nos céus” (Hebreus 8:1-2). Tal posição e obra do nosso Senhor foi predita da seguinte maneira pelo profeta Zacarias: “E dize-lhe: Assim diz o Senhor dos Exércitos [Deus]: Eis aqui o homem cujo nome é Renovo [Cristo]; ele brotará do Seu lugar e edificará o templo do Senhor. Ele mesmo [Cristo] […] assentar-Se-á no Seu trono [de Deus], e dominará, e será sacerdote no Seu trono [graças ao sacrifício e à obra sacerdotal de Cristo em favor do ser humano arrependido]; e reinará perfeita união entre ambos os ofícios” (6:12-13). Mas está chegando o momento em que Ele mudará de posição, deixará o trono do Pai e assumirá o próprio trono. E isso deve acontecer quando chegar o momento da recompensa dos vencedores; pois, quando receberem seu galardão, eles se assentarão com Cristo no trono Dele, assim como Ele venceu e Se encontra agora assentado com o Pai em Seu trono. Essa mudança na posição de Cristo é expressa por Paulo em 1 Coríntios 15:24-28 nas seguintes palavras:DAP 304.3

    E, então, virá o fim, quando Ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que Ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas as coisas Lhe estão sujeitas, certamente, exclui Aquele que tudo Lhe subordinou. Quando, porém, todas as coisas Lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também Se sujeitará Àquele que todas as coisas Lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.DAP 305.1

    As verdades ensinadas nessa porção das Escrituras podem, talvez, ser expressas com maior concisão por meio de uma ligeira paráfrase e apresentando, em cada caso, em vez de pronomes, os substantivos aos quais cada um deles se refere. Assim teríamos:DAP 305.2

    “E, então, virá o fim (da dispensação presente), quando Cristo entregar o reino (que Ele agora governa em conjunto com o Pai) ao Deus e Pai, quando Deus houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder (que se opõem ao trabalho do Filho). Porque convém que Cristo reine (no trono do Pai) até que o Pai haja posto todos os inimigos debaixo dos pés de Cristo [ver Salmos 110:1]. O último inimigo a ser destruído é a morte. Porque todas as coisas Deus (então, nessa ocasião) sujeitou (ou terá sujeitado) debaixo dos pés de Cristo. E, quando diz que todas as coisas estão sujeitas a Cristo (e Ele começa a reinar no próprio trono), certamente, exclui Aquele que tudo Lhe subordinou: Deus. Quando, porém, todas as coisas estiverem sujeitas a Cristo, então, o próprio Filho também Se sujeitará a Deus, que todas as coisas Lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.”DAP 305.3

    É fácil verificar que essa é a versão correta dessa passagem bíblica. A única pergunta que pode surgir é acerca das pessoas a quem os pronomes se referem. No entanto, qualquer tentativa de fazer os pronomes referentes a Deus, na paráfrase anterior, consistirem em alusões a Cristo demonstrará, ao longo da citação, que a linguagem de Paulo faria pouco sentido com tal substituição.DAP 305.4

    Com base nisso, vê-se que o reino que Cristo entrega ao Pai é aquele que Ele governa no presente, no trono do Pai, onde Ele nos afirma estar agora sentado. Ele entregará esse reino ao fim desta dispensação, quando chegar o momento de assumir o próprio trono. Depois disso, reinará no trono de Seu pai Davi e Se submeterá somente a Deus, que continua a ocupar Sua posição sobre o trono do domínio universal. É desse reinado de Cristo que os santos participam. “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no Meu trono.” E João relata, datando a partir da primeira ressurreição: “E viveram e reinaram com Cristo durante mil anos” (Apocalipse 20:4). Entendemos que esse será um reinado especial, ou com um propósito especial. Pois o reinado verdadeiro dos santos é “para todo o sempre” (Daniel 7:18, 27). Como qualquer objeto terreno seria capaz de desviar nosso olhar dessa perspectiva durável e celestial?DAP 305.5

    Assim se encerram as mensagens às sete igrejas. Como é penetrante e revelador seu testemunho! Quantas lições contêm para todos os cristãos de todas as eras! E é verdadeiro, tanto no que diz respeito à última igreja quanto à primeira, que Aquele que anda em meio aos sete candeeiros de ouro conhece todas as suas obras. Nada se pode ocultar de Seu olhar perscrutador. E embora sejam terríveis suas ameaças aos hipócritas e aos que praticam o mal, por mais justas que sejam, como são amplas, confortantes, graciosas e gloriosas Suas promessas àqueles que O amam e O seguem com inteireza de coração!DAP 306.1

    Graciosas palavras de conselho, mensagens de amor,
    Enviadas a todos os filhos da parte do altíssimo Senhor;
    Preciosas são as advertências vindas do trono celestial,
    À medida que se aproxima deste mundo a crise final.
    Todos nós, Seus filhos, somos de indigna e fraca classe;
    Puros e perfeitos devemos ser antes de ver Sua face;
    Mas por nós o Salvador demonstra Seu terno cuidado,
    Todas as graças celestiais por nossa compra tendo ofertado.
    Que cada promessa sem limites emocione o íntimo de cada ser,
    Carregando-nos por todos os tristes males que este mundo venha a conhecer,
    Até alcançarmos as mansões no monte santo de Deus;
    Até nos assentarmos com Jesus, em Seu glorioso trono, como filhos Seus.
    DAP 306.2

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