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Daniel e Apocalipse

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    Apocalipse 5 — O santuário celestial (continuação)

    VERSÍCULO 1. Vi, na mão direita Daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos.DAP 313.1

    Um novo capítulo se inicia, mas não uma nova cena. A mesma visão continua a passar pela mente do apóstolo. As palavras “Daquele que estava sentado no trono” se referem, sem dúvida, ao Pai, uma vez que o Filho é posteriormente apresentado com as palavras “Cordeiro como tendo sido morto”. O livro que João viu continha uma revelação das cenas que ocorreriam na história da igreja até o fim dos tempos. O fato de estar na mão direita Daquele que estava sentado no trono pode significar que o conhecimento do futuro pertence somente a Deus, exceto quando Ele julga apropriado revelá-lo a outros.DAP 313.2

    O livro. Os livros usados na época em que o Apocalipse foi escrito não tinham o mesmo formato dos atuais. Não consistiam em uma série de folhas encadernadas juntas. Em vez disso, eram compostos de tiras de pergaminho ou outro material, longas ou mais curtas, uma ou mais, e enroladas. A esse respeito, Wesley observa:DAP 313.3

    “Os livros dos antigos não costumavam ser como os nossos, mas eram volumes, ou longos pedaços de pergaminhos, enrolados em uma vara comprida, da mesma maneira que temos o hábito de enrolar a seda. O livro apresentado era assim e estava selado com sete selos. Não que o apóstolo tenha visto todos os selos de uma vez, mas havia sete volumes enrolados, um dentro do outro, cada um deles selado. Assim, ao se abrir e desenrolar o primeiro, o segundo aparecia selado, e assim por diante, até o sétimo.DAP 313.4

    Falando sobre o mesmo tema, Scott comenta:DAP 313.5

    “Parece se tratar de um rolo contendo vários pergaminhos, de acordo com o costume daquela época. E embora se afirme que estava escrito por dentro, isso só seria possível depois que os selos fossem soltos. Constatou-se então que ele continha sete pergaminhos ou volumes pequenos, cada um deles separadamente selado. Mas se todos os selos estivessem do lado de fora, nada poderia ser lido até que todos fossem soltos. Em vez disso, porém, a soltura de cada selo foi acompanhada da descoberta de parte do conteúdo do rolo. No entanto, o aspecto exterior parecia indicar que ele era formado por sete partes, ou pelo menos por várias partes.”DAP 313.6

    Bloomfield afirma: “Os longos rolos de pergaminhos usados pelos antigos, que chamamos de livros, raramente eram escritos dos dois lados. O lado usado costumava ser o que ficava enrolado para dentro”. Portanto, sem dúvida, este livro não era escrito por dentro e por fora, conforme a pontuação das versões em geral deixa transparecer. “Grotius, Lowman, Fuller, etc.”, diz a Cottage Bible, “mudam a vírgula de lugar, ficando o texto assim: ‘escrito por dentro, e por fora de todo selado’. A disposição dos selos está mais do que explicada pelas notas de Wesley e Scott, citadas acima.DAP 313.7

    VERSÍCULO 2. Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos? 3. Ora, nem no Céu, nem sobre a Terra, nem debaixo da Terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele; 4. e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele.DAP 314.1

    O desafio. É como se Deus segurasse esse livro diante de todo o universo, e um anjo forte, sem dúvida de grande eminência e poder, irrompesse clamando com voz poderosa, desafiando todas as criaturas a provar a força de sua sabedoria para abrir os conselhos de Deus. Quem seria digno de abrir o livro e retirar seus selos? Segue-se uma pausa. Em silêncio, o universo reconhece a própria incapacidade e indignidade de penetrar nos conselhos do Criador. “Ninguém”, οὐδείς, seja homem ou qualquer ser celestial, podia abrir o livro. Não encontramos aqui provas de que as faculdades dos anjos são limitadas, assim como as dos seres humanos, no que diz respeito a perscrutar o futuro e desvendar o que está por vir? Quando o apóstolo viu que ninguém se apresentou para abrir o livro, temeu grandemente que os conselhos que este continha acerca do povo do Senhor nunca seriam revelados. Na fragilidade natural de seus sentimentos e preocupado com a igreja, chorou muito. Wesley diz: “Como estão distantes do comportamente de São João aqueles que investigam qualquer outra coisa, menos o conteúdo deste livro!”DAP 314.2

    Benson faz o belo comentário a seguir a respeito das palavras “e eu chorava muito”:DAP 314.3

    “Extremamente afetado pelo pensamento de que ninguém fosse considerado capaz de entender, revelar e cumprir os conselhos divinos, temeu que permanecessem ocultos da igreja. O choro do apóstolo foi fruto da grandeza de sua mente. A ternura de coração que sempre possuíra apareceu com maior clareza, agora que ele se encontrava desprovido de poder próprio. O Apocalipse não foi escrito sem lágrimas, tampouco sem lágrimas ele será compreendido.”DAP 314.4

    VERSÍCULO 5. Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. 6. Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra. 7. Veio, pois, e tomou o livro da mão direita Daquele que estava sentado no trono;DAP 314.5

    Não foi permitido que João chorasse por muito tempo. Deus não deseja que permaneça oculto qualquer conhecimento que possa beneficiar Seu povo. Providências foram tomadas para a abertura do livro. Por isso, um dos anciãos lhe disse: “Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos”. Não é mencionado por que um dos anciãos transmitiu essa informação a João, em vez de algum outro ser, a menos que, por fazer parte do grupo de remidos, ele também tivesse interesse especial em tudo que diz respeito ao bem-estar da igreja na Terra. Cristo é aqui chamado de “Leão da tribo de Judá”. Por que leão? E por que da tribo de Judá? Quanto ao primeiro elemento, provavelmente para denotar Sua força. Como o leão é o rei dos animais, o monarca da floresta, ele se torna um emblema adequado de autoridade e poder real. “Da tribo de Judá”: sem dúvida, esse título provém da profecia encontrada em Gênesis 49:9, 10.DAP 314.6

    A raiz de Davi. A fonte e o mantenedor de Davi em sua posição de poder. Não há dúvida de que a posição de Davi foi especialmente ordenada por Cristo e sustentada de modo especial por Ele. Davi foi o tipo e Cristo, o antítipo. O trono e o reinado de Davi sobre Israel foram um tipo do reinado de Cristo sobre Seu povo. Ele reinará sobre o trono de Seu pai Davi (Lucas 1:32, 33). Assim como Cristo apareceu na linhagem dos descendentes de Davi quando tomou sobre Si nossa natureza, Ele também é chamado de geração de Davi e um rebento do tronco de Jessé (Isaías 11:1-10; Apocalipse 22:16). Sua conexão com o trono de Davi é assim estabelecida, demonstrando-se dessa maneira Seu direito de governar sobre o povo de Deus. Logo, era apropriado que a Ele fosse confiada a abertura dos selos.DAP 315.1

    Venceu. Essa palavra indica que o direito de abrir o livro foi adquirido por uma vitória obtida em algum conflito anterior. Esse pensamento é expresso em partes posteriores deste capítulo. A cena seguinte imediatamente nos introduz à grande obra de Cristo como Redentor do mundo e ao derramamento de Seu sangue para a remissão dos pecados e salvação da humanidade. Nessa obra, Ele foi submetido aos mais ferozes ataques de Satanás. Mas suportou as tentações, carregou as agonias da cruz, levantou-Se vitorioso da morte e da sepultura, abriu o caminho certo para a redenção — em suma, triunfou! É por isso que os quatro seres viventes e os 24 anciãos cantam: “Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o Teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação”.DAP 315.2

    João olhou em busca do Leão da tribo de Judá e contemplou um Cordeiro, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, como tendo sido morto.DAP 315.3

    No meio do trono. Doddridge traduz da seguinte maneira: “E contemplei no espaço que ficava entre o trono e os quatro seres viventes, e no meio dos anciãos Se encontrava um Cordeiro”, etc. No centro da cena se encontrava o trono do Pai e, no espaço aberto que cercava esse trono, estava o Filho, anunciado mediante o símbolo de um cordeiro sacrificado. Em volta Deles, achavam-se os santos remidos; primeiro, os representados pelos quatro seres viventes, e depois os anciãos, formando um segundo círculo, e os anjos (v. 11) formando um terceiro círculo. A dignidade de Cristo, ao Se apresentar mediante a figura de um cordeiro morto, desperta a admiração de todo o grupo santo.DAP 315.4

    Como tendo sido morto. Woodhouse, conforme citado no Comprehensive Commentary, diz: “O grego sugere que o Cordeiro apareceu com o pescoço e a garganta feridos, como se tivesse sofrido um golpe no altar como vítima”. Acerca dessa expressão, Clarke diz:DAP 315.5

    “Como se estivesse sendo oferecido agora. Isso é muito extraordinário. A oferta de sacrifício de Cristo é tão importante aos olhos de Deus que Ele ainda é representado como se estivesse no meio do ato de derramar o próprio sangue pelas transgressões da humanidade. Isso é extremamente favorável à fé. Quando qualquer alma se aproxima do trono da graça, encontra o sacrifício já providenciado para poder ofertar a Deus.DAP 316.1

    Sete chifres e sete olhos. Chifres são símbolos de poder; já os olhos, de sabedoria. E o sete é o número que representa inteireza ou perfeição. Dessa maneira, aprendemos que poder e sabedoria perfeitos são inerentes ao Cordeiro, por intermédio da operação do Espírito de Deus, chamado de “sete Espíritos de Deus”, a fim de denotar a plenitude e a perfeição dessa operação.DAP 316.2

    Veio, pois, e tomou o livro. Alguns comentaristas percebem uma incongruência na ideia de um cordeiro tomar o livro, recorrendo a diferentes recursos para evitar a dificuldade. Mas não é um princípio bem consolidado o fato de que se pode atribuir a um símbolo qualquer ação que possa ser desempenhada de maneira apropriada pela pessoa ou pelo ser que este representa? Não é essa toda a explicação de que essa passagem necessita? Sabemos que o Cordeiro é símbolo de Cristo. Sabemos também que não há nada de incongruente em Cristo tomar um livro. Ao ler que o livro foi tomado, pensamos na ação não como sendo realizada por um cordeiro, mas, sim, por Aquele a quem o cordeiro simboliza.DAP 316.3

    VERSÍCULO 8. e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, 9. e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e nos redimiste para Deus, mediante Teu sangue, de toda tribo, língua, povo e nação, e para o nosso Deus nos constituíste reino e sacerdotes; e reinaremos sobre a Terra (KJV).DAP 316.4

    Taças de ouro cheias de incenso. Esta expressão nos dá ideia da ocupação dos remidos representados pelos quatro seres viventes e os 24 anciãos. Eles têm taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos. Essa é a obra do ministério realizado pelos sacerdotes.DAP 316.5

    Scott afirma:DAP 316.6

    “Fica incontestavelmente claro que os quatro seres viventes participam do louvor ao Cordeiro, ou melhor, o lideram, porque Este os redimiu para Deus. Isso prova, sem sombra de dúvidas, que esse emblema faz referência a uma parte da igreja remida, não aos anjos, cuja adoração é apresentada em seguida, mas com uma linguagem bastante diferente.”DAP 316.7

    A. Barnes, em suas observações sobre essa passagem, comenta: “A ideia aqui, portanto, é que os representantes da igreja no Céu, mencionados como ‘sacerdotes’, são descritos ministrando no templo celestial em favor da igreja na Terra, ofertando incenso enquanto a igreja se engaja em oração”.DAP 316.8

    O leitor deve lembrar que, no serviço típico antigo, o sumo sacerdote tinha muitos auxiliares. Ao levar em conta que estamos agora olhando para o santuário do Céu, segue-se de imediato a conclusão de que esses remidos são auxiliares de nosso grande Sumo Sacerdote do alto. Sem dúvida, foram redimidos para essa finalidade. E haveria algo mais apropriado do que nosso Senhor, em Sua obra sacerdotal em prol da raça humana, ser auxiliado por nobres membros da humanidade, cuja santidade de vida e pureza de caráter os habilitou a ser elevados para esse propósito? (Ver os comentários sobre Daniel 4:4).DAP 317.1

    Temos consciência de que muitos sentem grande aversão à ideia de haver qualquer coisa real e tangível no Céu; e já podemos adiantar com facilidade que os pontos de vista aqui apresentados serão considerados literais em demasia para tais pessoas. A fim de sustentar sua posição, demoram-se muito no fato de que a linguagem é extremamente figurada e não podemos supor que existem ou já existiram no Céu as coisas que João descreve. A estes, respondemos que, muito embora o Apocalipse apresente diversas figuras, não é um livro de ficção. Há realidade em todas as coisas descritas. E conseguimos compreender a realidade quando interpretamos as figuras de forma correta. Assim, nesta visão, sabemos que é Deus quem está no trono. Ele realmente Se encontra lá. Sabemos que o Cordeiro simboliza Cristo. Ele também está ali de verdade. Ascendeu com um corpo literal e tangível. E quem é capaz de dizer que Ele não o conserva mais? Logo, se nosso grande Sumo Sacerdote é um ser literal, Ele deve ter um lugar literal para ministrar.DAP 317.2

    E se os quatro seres viventes e os 24 anciãos representam aqueles a quem Cristo tirou do cativeiro da morte por ocasião de Sua ressurreição e ascensão, por que não corresponderiam a seres tão literais lá no Céu quanto eram ao ascenderem?DAP 317.3

    O cântico. Ele é chamado de “novo cântico”, provavelmente considerado novo por causa da ocasião e composição. Os seres viventes e os anciãos foram os primeiros que puderam cantá-lo, por serem os primeiros redimidos. Eles se denominam reino e sacerdotes. Já explicamos em que sentido eles são sacerdotes, por atuarem como auxiliares de Cristo em Sua obra sacerdotal. Sem dúvida, é no mesmo sentido que são reis, pois Cristo foi estabelecido com Seu Pai no trono. Com certeza, como ministros Seus, eles desempenham alguma parte ligada ao governo do Céu no que diz respeito a este mundo.DAP 317.4

    A expectativa. “Reinaremos sobre a Terra”. Dessa forma, embora já estejam redimidos, cercando o trono de Deus, na presença do Cordeiro que os remiu e cercados pelas hostes angelicais do Céu, onde tudo se resume em glória inefável, o cântico contempla uma condição ainda mais elevada, no momento em que a obra da redenção terminar e eles, juntamente com toda a família dos remidos de Deus, de todas as eras, reinarão sobre a Terra, que é a herança prometida e será a residência definitiva e eterna dos santos (Romanos 4:13; Gálatas 3:29; Salmos 37:11; Mateus 5:5; 2 Pedro 3:13; Isaías 65:17-25; Apocalipse 21:1-5).DAP 317.5

    VERSÍCULO 11. Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, 12. proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor.DAP 318.1

    O santuário celestial. Como é pequena nossa concepção da magnitude e da glória do templo celestial! João foi levado a esse templo no início do capítulo 4, por meio da porta que se abriu no Céu. É importante lembrar que, nos versículos 11 e 12, ele continua olhando para o mesmo templo. E agora contempla as hostes celestiais: 1) Ao redor do trono se encontram aqueles representados pelos quatro seres viventes. 2) Em seguida, vêm os 24 anciãos. 3) Então João contempla, em volta de todos, uma multidão de anjos celestes. Quantos? Quantos supomos que poderiam se reunir dentro do templo celestial? “Milhões de milhões”, ou “dez mil vezes dez milhares” (KJV), exclama o profeta. Só por meio da última expressão temos cem milhões! E então, como se nenhuma expressão numérica fosse adequada para explicar a incontável multidão, ele ainda acrescenta: “e milhares de milhares”. Paulo chamou muito bem essa grande reunião, em Hebreus 12:22, de “incontáveis hostes de anjos”. E eles se encontravam no santuário celestial. Esse era o grupo que João viu reunido no lugar que consiste no centro de adoração do universo, onde o plano extraordinário da redenção humana segue adiante até ser concluído. O alvo central dessa inumerável e santa multidão era o Cordeiro de Deus; e o ato central de Sua vida, que despertou tamanha admiração, foi o derramamento de Seu sangue para a salvação da humanidade caída. Assim, todas as vozes em todas aquelas hostes celestiais se uniram no louvor que então se ergueu: “Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor”. Uma reunião extremamente adequada para o local! Um cântico apropriado de adoração entoado Àquele que, ao derramar Seu sangue, Se tornou resgate de muitos e que, no papel de nosso grande Sumo Sacerdote, continua a suplicar, mediante Seus méritos, no santuário celestial em nosso benefício. E ali, perante tão augusta assembleia, nosso caráter passará por sua revisão final. Quem nos preparará para a minuciosa prova? O que nos capacitará a nos levantar e permanecer de pé afinal, junto com a multidão sem pecado acima descrita? Oh, os méritos infinitos do sangue de Cristo! Só Ele pode nos purificar de todas as nossas poluições e nos deixar prontos para trilhar o caminho que leva ao monte santo de Sião! Oh, graça infinita de Deus! Ela nos prepara para receber a glória e nos dá ousadia para entrar em Sua presença com extrema alegria!DAP 318.2

    VERSÍCULO 13. Então, ouvi que toda criatura que há no Céu e sobre a Terra, debaixo da Terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos. 14. E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram.DAP 318.3

    O universo purificado. No versículo 13, encontramos um exemplo do que acontece com muita frequência nas Escrituras, a saber, uma declaração retirada de sua ordem cronológica com o objetivo de concluir alguma declaração ou alusão anterior. Nesse caso, antecipa-se o tempo no qual a redenção será terminada. No versículo 10, os quatro seres viventes e os 24 anciãos haviam declarado: “Reinaremos sobre a Terra”. Agora a mente do profeta é conduzida adiante para essa ocasião. Depois que o maior ato da intervenção de Cristo em prol da humanidade, a saber, o derramamento de Seu sangue, foi introduzido, nada poderia ser mais natural do que a visão contemplar, por um momento, a ocasião em que se cumprirá o grande resultado da obra inaugurada naquela ocasião e na qual o universo será liberto do pecado e dos pecadores, e um cântico universal subirá a Deus e ao Cordeiro.DAP 318.4

    É inútil tentar aplicar isso à igreja em sua condição atual, como faz a maior parte dos comentaristas, ou a qualquer momento do passado desde que o pecado entrou no mundo, ou até mesmo desde que Satanás caiu de sua elevada posição como anjo de luz e amor no Céu. Pois, no momento do qual João fala, toda criatura no Céu e na Terra, sem exceção, entoava o hino bendizendo a Deus. Mas no que diz respeito somente a este mundo desde a queda, maldições, em vez de bênçãos, têm sido proferidas contra Deus e Seu trono por parte da grande maioria de nossa raça apóstata. E assim continuará a ser enquanto o pecado reinar.DAP 319.1

    Portanto, só encontramos lugar para essa cena que João descreve se formos para o futuro, de acordo com o ponto de vista defendido acima, até o momento em que todo o plano da redenção estiver terminado e os santos receberem seu reino prometido na Terra, ocasião na qual os seres viventes e os anciãos concentraram suas expectativas, conforme o cântico do versículo 10. Com isso em mente, tudo fica harmonioso e claro. Esse reinado na Terra começa após a segunda ressurreição (Daniel 7:27; 2 Pedro 3:13; Apocalipse 21:1). Nessa ressurreição, que ocorrerá mil anos depois da primeira (Apocalipse 20:4-5), ocorrerá a perdição dos seres humanos incrédulos (2 Pedro 3:7). Então descerá fogo do Céu, da parte de Deus, e os devorará (Apocalipse 20:9); e esse fogo que ocasionará a perdição dos incrédulos é o mesmo que derrete e purifica a Terra, conforme descobrimos em 2 Pedro 3:7-13. Então pecado e pecadores serão destruídos, a Terra será purificada, a maldição, com todas as suas calamidades, desaparecerá para sempre, os justos “resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai” e, de um universo limpo, subirá um hino de louvor e gratidão a Deus. Em todo o formidável domínio do grande Criador, não haverá então espaço para um vasto lago de fogo e enxofre, no qual miríades, preservados pelo poder direto de um Deus misericordioso, queimarão e se contorcerão de dor em indizível tormento eterno. Nesse alegre cântico de júbilo, não haverá espaço para o lamento dissonante e sem esperança dos perdidos, ou para as maldições e blasfêmias dos que estão pecando e sofrendo além de qualquer esperança. Todas as vozes rebeldes foram silenciadas pela morte. Foram queimadas, tanto a raiz quanto os ramos — Satanás e seus seguidores, enganador e enganados (Malaquias 4:1; Hebreus 2:14). Consumiram-se e se transformaram em fumaça (Salmos 37:20). Como a palha perecível, desapareceram nas chamas (Mateus 3:12). Foram aniquilados, não como matéria, mas como seres cônscios e inteligentes, pois passaram a ser como se nunca houvessem existido (Obadias 1:16).DAP 319.2

    Ergue-se então louvor neste cântico de adoração ao Cordeiro e também ao Pai que Se assenta no trono.14Nota dos editores da versão em português: Como referido na nota 1, na página 269, o autor não havia chegado a uma compreensão correta sobre a eternidade de Cristo. O texto original da versão de 1897 acrescentava: “Os comentaristas, em grande unanimidade, se apegam a isso como prova de que Cristo sempre coexistiu com o Pai, pois, caso contrário, haveria aqui louvor a uma criatura que só seria devido ao Criador. Mas esta não parece ser uma conclusão necessária. As Escrituras deixam bastante claro que a existência de Cristo teve um princípio (João 1:1), ao passo que a do Pai, não (ver os comentários sobre Apocalipse 3:14, nos quais se demonstra que Cristo não é um ser criado). Mas embora Ele não possua coeternidade de existência passada com o Pai, o início de Sua existência, como unigênito do Pai, é anterior a toda a obra da criação, da qual Ele participou como cocriador ao lado de Deus (João 1:3; Hebreus 1:2). O Pai não poderia ordenar que tal ser pudesse receber adoração igual à que é devida a Si próprio, sem que isso seja considerado idolatria da parte do adorador? Deus O elevou a posições que tornam apropriada Sua adoração e até ordenou que adoração fosse rendida a Ele. Isso não seria necessário caso fosse igual ao Pai em eternidade de existência. O próprio Cristo declarou: ‘Porque assim como o Pai tem vida em Si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em Si mesmo’ (João 5:26). O Pai ‘O exaltou sobremaneira e Lhe deu o nome que está acima de todo nome’ (Filipenses 2:9). E o próprio Pai disse: ‘E todos os anjos de Deus O adorem’ (Hebreus 1:6). Esses testemunhos mostram que Cristo é agora alvo de adoração da mesma forma que o Pai, mas não provam que, junto com Ele, detém uma eternidade de existência passada.” Um ano depois, essa concepção errônea acerca da eternidade de Cristo foi corrigida por Ellen White: “Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 530).DAP 320.1

    Voltando da gloriosa cena antecipada no versículo 13 para os acontecimentos dentro do santuário celestial, bem à sua frente, o profeta ouve os quatro seres viventes exclamarem “Amém!”DAP 320.2

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