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Daniel e Apocalipse

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    Apocalipse 21 — A nova Jerusalém

    O tema deste capítulo, a partir do versículo 2, é a nova Jerusalém; mas antes de o assunto ser introduzido, João nos conta como o presente céu, terra e mar foram descartados, da seguinte maneira:DAP 553.1

    VERSÍCULO 1. Vi novo céu e nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira Terra passaram, e o mar já não existe.DAP 553.2

    Novo céu e nova Terra. Sem dúvida, ao falar em primeiro céu e primeira Terra, João se refere ao céu e à Terra presentes, “os céus que agora existem e a Terra” (2 Pedro 3:7). Alguns supõem que, quando a Bíblia fala do terceiro céu, no qual se encontram o paraíso e a árvore da vida (2 Coríntios 12:2; Apocalipse 2:7), ela se refere ao Céu ainda futuro, e isso não prova que existem um paraíso e uma árvore da vida literais no Céu no presente. Baseiam seu ponto de vista no fato de Pedro falar acerca de três céus e terras: 1) os que existiram antes do dilúvio, 2) os que existem agora, e (3) os que ainda estão por vir. Mas essa teoria é completamente refutada pelo primeiro versículo de Apocalipse 21, pois aqui João só reconhece a existência de dois céus e Terras. Os que existem agora, ele chama de primeiros. Desse modo, de acordo com essa contagem, o novo céu futuro seria o segundo, não o terceiro, conforme Pedro teria chamado. Logo, fica claro que Pedro não tinha a intenção de estabelecer uma ordem numérica, segundo a qual um seria o primeiro, o outro o segundo e o último, o terceiro. O objetivo de seu raciocínio era simplesmente demonstrar que, assim como um céu e uma Terra literal sucederam à destruição da Terra pelo dilúvio, céu e Terra literais resultarão da renovação do sistema presente pelo fogo. Portanto, não há prova de que a Bíblia, ao falar sobre o terceiro céu, esteja fazendo referência simplesmente ao terceiro estado do céu e da Terra presentes, pois, se fosse o caso, todos os autores da Bíblia teriam contado dessa forma de maneira uniforme. Assim caem por terra os argumentos daqueles que desejam refutar a ideia de que há um paraíso literal e uma árvore da vida no presente. Sem dúvida, a Bíblia reconhece a existência de três céus na constituição presente das coisas. A saber, o primeiro, ou céu atmosférico, no qual habitam as aves; o segundo, o céu planetário, a região do sol, da lua e das estrelas; e o terceiro, muito acima dos outros, onde se encontram o paraíso e a árvore da vida (Apocalipse 2:7); onde Deus reside e tem Seu trono (Apocalipse 22:1-2); para o qual Paulo foi levado em visão celestial (2 Coríntios 12:2); para o qual Cristo ascendeu quando deixou a Terra (Apocalipse 12:5); onde ele agora, como sacerdote-rei, Se assenta no trono com Seu Pai (Zacarias 6:13); e onde a cidade gloriosa se encontra, aguardando os santos entrarem na vida (Apocalipse 21:2). Bendito seja Deus que, daquela radiante terra, trouxe inteligência a este nosso mundo distante! E graças a Seu santo nome, abriu-se um caminho nos lugares escuros da Terra, que conduz a uma rota reta e brilhante de luz subindo para tais moradas abençoadas!DAP 553.3

    O mar já não existe. Como João diz “e o mar já não existe”, às vezes se pergunta: “Então não existirá mar na nova Terra?” Com base nessa passagem, não se conclui com certeza que não haverá nenhum, pois João está falando apenas do céu, da terra e do mar atuais. Poderia ser traduzido da seguinte forma: “Pois o primeiro céu e a primeira Terra passaram e o mar [οὐκ ἔστιν ἔτι] não era mais”. Isto é, o velho mar não aparecia mais, da mesma maneira que o velho céu e a velha Terra. Todavia, é possível que exista um novo mar assim como haverá uma nova Terra.DAP 554.1

    O Dr. Clarke diz o seguinte acerca dessa passagem: “O mar não aparecia mais, assim como o primeiro céu e terra. Tudo se fez novo. E provavelmente o novo mar passou a ocupar uma posição diferente e foi distribuído de maneira diferente do velho mar”.DAP 554.2

    O rio da vida, sobre o qual lemos no capítulo seguinte, que procede do trono de Deus e corre em meio à ampla rua da cidade, precisa de algum lugar para desaguar. E em que faria isso, senão no mar da nova Terra? A profecia que fala sobre o reinado futuro de Cristo, nas palavras a seguir, dá a entender que haverá mar ou mares na nova Terra: “O seu domínio se estenderá de mar a mar e desde o Eufrates até às extremidades da Terra” (Zacarias 9:10). Não se pode esperar que três quartos do globo como agora existe serão abandonados a tal esbanjamento de águas. O novo mundo terá tudo que contribuirá para sua utilidade e beleza.DAP 554.3

    VERSÍCULO 2. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do Céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. 3. Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. 4. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.DAP 554.4

    A casa do Pai. Junto com a visão que João teve da cidade santa descendo do Céu da parte de Deus, ouve-se uma voz dizendo: “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles”. Segue-se a conclusão natural de que o tabernáculo aqui mencionado é a cidade. Essa mesma cidade é chamada, em João 14, de casa do Pai, na qual há muitas moradas. Caso surja uma objeção na mente de alguém de que esse é um lugar permanente demais para ser chamado de tabernáculo, respondemos que a palavra “tabernáculo” às vezes significa um lugar de morada permanente. O grande Deus põe na Terra Seu lugar de habitação. Mas não devemos supor que Ele Se limita a este planeta ou a qualquer dos mundos de Sua criação. Ele passa a ter aqui um trono e a Terra desfruta tanto Sua presença que se pode dizer que Ele habita em meio aos seres humanos. E por que isso seria considerado estranho? O Filho unigênito de Deus será aqui o governante de Seu reino especial; a cidade santa, que é chamada de casa do Pai, e se supõe naturalmente que será o objeto mais belo e glorioso do universo, se localizará aqui. E as hostes celestiais provavelmente terão mais interesse neste mundo do que nos outros. Sim, raciocinando com base em uma das parábolas do Salvador, haverá mais júbilo no Céu por um mundo remido do que por 99 que não precisaram de redenção.DAP 554.5

    Não mais motivo para lágrimas. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima. Ele não enxugará literalmente as lágrimas dos olhos de Seu povo, pois não haverá lágrimas para serem secadas dessa forma naquele reino. Mas Ele enxugará as lágrimas ao remover todos os motivos de choro.DAP 555.1

    VERSÍCULO 5. E Aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. 6. Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida.DAP 555.2

    A nova criação. Aquele que se assenta no trono é o mesmo mencionado nos versículos 11 e 12 do capítulo anterior. Ele diz: “faço novas todas as coisas”, não faço todas as coisas novas. A Terra não será destruída e aniquilada para a criação de uma nova, mas todas as coisas serão renovadas. Alegremo-nos porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. E quando isso se cumprir, todos se sentirão prontos para declarar a sublime frase: “Tudo está feito”. A sombra escura do pecado para sempre terá passado do universo. A perversidade será arraigada da terra dos vivos, com raiz e ramo (Malaquias 4:1), e o hino universal de louvor e gratidão (Apocalipse 5:13) subirá do mundo remido e do universo purificado para o Deus que guarda Sua aliança.DAP 555.3

    VERSÍCULO 7. O vencedor herdará estas coisas, e Eu lhe serei Deus, e ele Me será filho. 8. Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.DAP 555.4

    A grande herança. Os vencedores são a descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa (Gálatas 3:29). A promessa abrange o mundo inteiro (Romanos 4:13); e os santos entrarão na nova Terra, não como servos ou estrangeiros, mas, sim, como herdeiros legítimos da condição celestial e proprietários da Terra.DAP 555.5

    O medo produz tormento. Mas a parte que caberá aos covardes e incrédulos será no lado que arde com fogo e enxofre. Na KJV, a palavra inglesa correspondente a “covardes” é “temerosos” [fearful — covarde, medroso, temeroso, que sente temor], e isso tem sido um problema para alguns que leem a palavra na Bíblia ingesa e têm escrúpulos de consciência, que sentem maior ou menor temor em toda sua experiência cristã. Portanto, faz bem questionar a que tipo de “temor” [fear] a versão inglesa faz referência aqui. Não se trata de temor diante de nossas fraquezas ou medo do poder do tentador; não é o temor de pecar ou se desviar do caminho, ou ainda de ser encontrado em falta afinal — esse tipo de medo ou temor é muito conveniente no sentido de nos fazer aproximar do Senhor –; mas se trata de um temor associado à covardia, à descrença; medo da zombaria e oposição do mundo; medo de confiar em Deus e dar um salto de fé para receber Suas promessas; temor de que Ele não cumprirá aquilo que declarou e que, por isso, seremos envergonhados e sairemos perdendo por haver acreditado nELe. Acalentar esse tipo de temor leva a prestar um serviço sem compromisso a Ele. Isso é uma grande desonra para Deus. É esse tipo de temor que somos admoestados de não ter (Isaías 51:7). Esse é o temor covarde que traz condenação aqui e finalmente levará todos os que se deixaram controlar por ele ao lago de fogo, que é a segunda morte.DAP 555.6

    VERSÍCULO 9. Então, veio um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete flagelos e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro; 10. e me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada montanha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que descia do Céu, da parte de Deus, 11. a qual tem a glória de Deus. O seu fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina. 12. Tinha grande e alta muralha, doze portas, e, junto às portas, doze anjos, e, sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. 13. Três portas se achavam a leste, três, ao norte, três, ao sul, e três, a oeste. 14. A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.DAP 556.1

    A noiva, a esposa do Cordeiro. Este testemunho não deixa dúvidas de que a nova Jerusalém é a noiva, a esposa do Cordeiro. O anjo disse claramente a João que lhe mostraria a noiva, a esposa do Cordeiro. E podemos ter a certeza de que ele não praticou uma obra de engano, mas cumpriu sua promessa ao pé da letra. Tudo que o anjo lhe mostrou foi a nova Jerusalém. Seria desnecessário fornecer provas de que essa cidade não é a igreja, caso a teologia popular não tivesse distorcido tanto as Escrituras para fazer essa aplicação. Essa cidade, então, não pode ser a igreja, porque seria absurdo dizer que a igreja é quadrada, tem os lados norte, sul, leste e oeste. Seria absurdo dizer que a igreja tem uma muralha grande e alta, doze portas, três de cada lado, voltadas para os quatro pontos cardeais. Aliás, toda a descrição da cidade apresentada neste capítulo seria mais ou menos absurda caso aplicada à igreja.DAP 556.2

    Além disso, Paulo, em sua carta aos gálatas, fala sobre a mesma cidade, dizendo que ela “é mãe de todos nós” (Gálatas 4:26, ARC), referindo-se à igreja. Logo, a igreja não é a cidade em si, mas os filhos da cidade. E o versículo 24 do capítulo em questão fala sobre as nações dos salvos, que andarão na luz dessa cidade. As nações dos salvos que, na Terra, constituem a igreja são distintas da cidade, à luz da qual andam. Conclui-se que a cidade é literal, construída com todos os materiais preciosos citados.DAP 556.3

    Mas como ela pode ser a noiva, a esposa do Cordeiro? Resposta: a inspiração achou apropriado falar por meio dessa figura e, para cada um daqueles que creem na Bíblia, isso deveria bastar. A figura é introduzida pela primeira vez em Isaías 54. Lá a cidade da nova aliança recebe destaque. É representada desolada enquanto a velha aliança vigorava e o cuidado do Senhor se restringia aos judeus e à velha Jerusalém. Mas conta-se que mais serão “os filhos da mulher solitária do que os filhos da casada”. A seu respeito, também se afirma: “o teu Criador é o teu marido”. E a promessa final do Senhor a essa cidade contém uma descrição muito semelhante à que encontramos em Apocalipse, a saber: “Eis que Eu assentarei as tuas pedras com argamassa colorida e te fundarei sobre safiras. Farei os teus baluartes de rubis, as tuas portas, de carbúnculos e toda a tua muralha, de pedras preciosas. Todos os teus filhos serão ensinados do Senhor”. É a essa mesma promessa que Paulo se refere e sobre a qual comenta em sua epístola aos Gálatas, ao dizer: “Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe” (Gálatas 4:26); pois ele cita, no versículo seguinte, essa mesma profecia do livro da Isaías para sustentar tal declaração. Aqui, então, o apóstolo faz uma aplicação inspirada da profecia de Isaías que não pode ser mal interpretada; e ao fazer isso, ele mostra que, por meio da figura de uma “mulher”, uma “esposa” cujos “filhos” seriam multiplicados, o Senhor usa o profeta para falar da nova Jerusalém, a cidade do alto, em contraste com a Jerusalém terrena na terra da Palestina; e o Senhor Se denomina “marido” dessa cidade. Além disso, temos o testemunho indiscutível do capítulo 21 de Apocalipse acerca dos mesmos fatos.DAP 556.4

    Levando isso em conta, tudo encontra harmonia. Cristo é chamado de Pai de Seu povo (Isaías 9:6); a Jerusalém do alto é chamada de nossa mãe, e nós somos chamados de filhos; desenvolvendo a figura do casamento, Cristo é representado como o noivo, a cidade é a noiva, e nós, a igreja, somos os convidados. Não há confusão entre as partes aqui. Mas o ponto de vista popular, que classifica a cidade como a igreja, e a igreja como a noiva, revela uma confusão indesculpável, ao transformar a igreja ao mesmo tempo na mãe e nos filhos, na noiva e nos convidados.DAP 557.1

    A perspectiva de que as bodas do Cordeiro consistem na posse de Cristo como Rei no trono de Davi, aplicando as parábolas de Mateus 22:1-14; 25:1-13; Lucas 12:35-37; 19:12-13, etc. a esse evento, se confirma ainda mais por um costume antigo muito conhecido. Conta-se que, quando alguém assumia sua posição de governante sobre o povo e era investido com tal poder, o evento era chamado de bodas, e a festa que o acompanhava recebia o nome de ceia das bodas. O Dr. Clarke, em seu comentário sobre Mateus 22:2, diz o seguinte a esse respeito:DAP 557.2

    As bodas de seu filho. Uma festa de casamento, esse é o significado apropriado da palavra γάμους. Ou uma festa de investidura, quando seu filho foi colocado na posse do governo; e, assim, ele e seus novos súditos se casaram. Muitos críticos de destaque interpretam assim essa parábola, como um indicativo do empossamento do Filho no reino messiânico pelo Pai (cf. 1 Reis 1:5-9, 19, 25, etc., textos nos quais tal festa é mencionada).”DAP 557.3

    Uma cidade cristã. Os nomes dos doze apóstolos nos alicerces da cidade mostram que se trata de uma cidade cristã, não judaica. Já os nomes das doze tribos nas portas mostram que todos os salvos, tanto desta dispensação quanto da anterior, são contados entre alguma das doze tribos, pois todos devem entrar na cidade por uma dessas doze portas. Esse fato explica os casos em que os cristãos são chamados de Israel e mencionados como as doze tribos, tal qual em Romanos 2:28-29; 9:6-8; Gálatas 3:29; Efésios 2:12-13; Tiago 1:1; Apocalipse 7:4.DAP 557.4

    VERSÍCULO 15. Aquele que falava comigo tinha por medida uma vara de ouro para medir a cidade, as suas portas e a sua muralha. 16. A cidade é quadrangular, de comprimento e largura iguais. E mediu a cidade com a vara até doze mil estádios. O seu comprimento, largura e altura são iguais. 17. Mediu também a sua muralha, cento e quarenta e quatro côvados, medida de homem, isto é, de anjo. 18. A estrutura da muralha é de jaspe; também a cidade é de ouro puro, semelhante a vidro límpido.DAP 557.5

    As dimensões da cidade. De acordo com esse testemunho, a cidade foi disposta em um quadrado perfeito, com a mesma medida em todos os lados. João declara que a cidade media doze mil estádios. Doze mil estádios, cada estádio com 200 metros, equivale a 2.400 quilômetros. É possível interpretar que essa medida diz respeito à circunferência total da cidade, não meramente a um dos lados. Segundo Kitto, esse parece ter sido o método antigo de mensurar as cidades. Mede-se a circunferência inteira e então se afirma que essa é a medida da cidade. De acordo com essa regra, a nova Jerusalém terá 600 quilômetros de cada lado. O seu comprimento, largura e altura são iguais. Tais palavras dão origem ao questionamento se a cidade será tão alta quanto longa e larga. A palavra traduzida por iguais é ἴσος (isos). Por meio das definições feitas por Liddell e Scott, aprendemos que ela pode ser usada para transmitir a ideia de proporção: a altura será proporcional ao comprimento e à largura. Essa ideia é fortalecida pelo fato de que a muralha vista por João tinha apenas 144 côvados de altura. Calculando o côvado com cerca de 55,8 centímetros, o tamanho mais comumente atribuído ao côvado antigo, o muro teria apenas 80 metros de altura. Mas se a altura, a largura e o comprimento da cidade são iguais, ou seja, 600 quilômetros, essa muralha de menos de cem metros seria, em comparação, absolutamente insignificante. Provavelmente, portanto, a altura da cidade, com suas construções, precisa ser determinada de acordo com a altura do muro, apresentada com toda clareza.DAP 558.1

    A crítica a seguir, acerca do versículo 16, que cita as dimensões da cidade celestial, sem dúvida é correta:DAP 558.2

    “Já foi inferido, com base no texto acima, que a cidade da nova Jerusalém terá altura e comprimento iguais, ou seja, doze mil estádios, ou 2.400 quilômetros. Parece-nos totalmente desnecessário dar esse tipo de interpretação à linguagem. A palavra iguais nem sempre significa as mesmas dimensões ou mesma posição. Com frequência, é usada no sentido de proporção. Se disséssemos que o comprimento, a largura e a altura da cidade são proporcionais, não cometeríamos um absurdo linguístico.”DAP 558.3

    Esse é o ponto de vista defendido por James Du Pui, em sua obra Exposition of the Apocalypse [Exposição do Apocalipse]. O trecho a seguir, escrito por Thomas Wicks, autor de Lectures on the Apocalypse [Palestras sobre o Apocalipse], apresenta a mesma ideia:DAP 558.4

    “As palavras, porém, assumirão outro significado, muito mais natural. Não é que o comprimento, a largura e a altura eram absolutamente iguais uns aos outros, mas iguais entre si; isto é, o comprimento era o mesmo em todos os lugares, a largura, a mesma em todos os lugares e a altura, a mesma. Tratava-se de uma cidade perfeita e simétrica em todas as suas proporções. Isso se confirma pela afirmação clara de que o muro tem 144 côvados de altura, ou 65 metros, uma altura apropriada para um muro, ao passo que se diz que a cidade tem “comprimento e largura iguais.” [Esse escritor atribui apenas 45 centímetros ao côvado.]DAP 558.5

    A palavra grega isos, traduzida por iguais adquire o sentido de proporção, de acordo com Pickering. Greenfield, ao definir um de seus termos cognatos (isotes), atribui a ele o sentido de “proporção igual” e faz referência a 2 Coríntios 8:13-14 como exemplo no qual essa definição é bastante admissível.DAP 559.1

    Assim, parece que a altura da cidade era proporcional a seu comprimento e sua largura, não que a altura e o comprimento eram exatamente iguais. O texto certamente admite essa interpretação e isso liberta a linguagem de qualquer ambiguidade e a cidade de toda desproporção, revelando perfeita harmonia na descrição geral.DAP 559.2

    A estrutura da muralha é de jaspe. O jaspe é uma pedra preciosa normalmente descrita como “bela cor verde viva e brilhante, às vezes revestida de listras brancas ou pontilhada de amarelo”. Entendemos que esse seja o material da estrutura geral da muralha, edificada sobre os doze fundamentos descritos depois. É preciso lembrar que essa muralha de jaspe é “cristalina” (versículo 11), revelando todas as glórias do lado de dentro.DAP 559.3

    VERSÍCULO 19. Os fundamentos da muralha da cidade estão adornados de toda espécie de pedras preciosas. O primeiro fundamento é de jaspe; o segundo, de safira; o terceiro, de calcedônia; o quarto, de esmeralda; 20. o quinto, de sardônio; o sexto, de sárdio; o sétimo, de crisólito; o oitavo, de berilo; o nono, de topázio; o décimo, de crisópraso; o undécimo, de jacinto; e o duodécimo, de ametista.DAP 559.4

    Uma cidade literal. Se considerarmos que essa descrição é exclusivamente metafórica, como o faz a grande maioria de indivíduos que professa ensinar a Bíblia, e espiritualizar a cidade a um nada etéreo, como essas descrições minuciosas soarão sem sentido, beirando à loucura! Mas se a entendermos da maneira como evidentemente deve ser compreendida, em seu significado natural e óbvio, enxergando a cidade da maneira como o Revelador planejou que olhássemos para ela, como uma morada literal e tangível, nossa herança gloriosa, cujas belezas contemplaremos com nossos próprios olhos, como a glória da cena se amplia!DAP 559.5

    É sob essa luz, embora o homem mortal não possa, por si só, conceber a grandeza das coisas que Deus preparou para aqueles que O amam, que as pessoas podem se deleitar em contemplar as glórias de sua futura morada. Amamos refletir nas descrições que transmitem à nossa mente, da melhor maneira que a linguagem consegue fazer, uma ideia do encanto e da beleza que caracterizarão nosso lar eterno. E quando nos envolvemos na contemplação de uma herança tangível e garantida, a coragem se renova, a esperança revive, a fé ganha asas e, com sentimento de gratidão a Deus por ter nos dado a possibilidade de obter entrada nas mansões dos remidos, tomamos novamente a resolução, a despeito do mundo e de todos os seus obstáculos, de estar entre aqueles que participarão da alegria oferecida. Olhemos, então, para os fundamentos de pedras preciosas da grande cidade por cujas portas de pérola esperamos que o povo de Deus entre em breve.DAP 559.6

    Os fundamentos gloriosos — Stuart diz:DAP 560.1

    “A palavra adornados (enfeitados) pode levantar dúvida se o autor quis dizer que, nas várias sequências dos fundamentos, as pedras preciosas foram apenas inseridas aqui e ali. Mas, considerando a descrição como um todo, não entendo que seja esse o significado.”DAP 560.2

    “O jaspe, conforme já visto acima, costuma ser uma pedra de cor verde transparente, com veias vermelhas; mas existem muitas variedades.”DAP 560.3

    “A safira é de bela cor azul celeste, quase tão transparente e brilhante quanto o diamante.”DAP 560.4

    “A calcedônia parece ser uma espécie de ágata ou, mais apropriadamente, o ônix. O ônix dos antigos provavelmente tinha cor branca azulada e era semitranslúcido.”DAP 560.5

    “A esmeralda era de um verde vivo e próxima ao rubi em dureza.”DAP 560.6

    “O sardônio é uma mistura de calcedônia e cornalina, sendo a última da cor de carne.DAP 560.7

    “O sárdio provavelmente corresponde à cornalina. Às vezes, porém, seu vermelho é bem vívido.”DAP 560.8

    “O crisólito, conforme o significado do nome, tem cor amarela ou dourada e é translúcido. É provável que dessa pedra tenha sido tirado o conceito do ouro transparente que constitui o material da cidade.”DAP 560.9

    “O berilo é da cor verde mar.”DAP 560.10

    “O topázio do presente parece ser identificado como amarelo; mas parece que o dos antigos era verde claro (Plínio, 38, 8, Bellermann. Urim et Thummim, p. 37).DAP 560.11

    “O crisópraso, de cor amarelo claro e esverdeada, como a cebolinha. Às vezes, é classificado na atualidade como topázio.”DAP 560.12

    “O jacinto tem cor vermelho escuro ou violeta.”DAP 560.13

    “A ametista é uma pedra de grande dureza e brilho, de cor violeta, normalmente encontrada na Índia.”DAP 560.14

    “Ao analisar todos esses tipos de pedras, percebemos que as quatro primeiras são de um tipo esverdeado ou azulado; a quinta e a sexta, vermelhas ou escarlates; a sétima, amarela; a oitava, nona e décima, de diferentes nuances de verde mais claro; a décima primeira e décima segunda, escarlates ou em tom vermelho vivo. Logo, há uma classificação nessa ordem, uma mistura semelhante à disposição do arco-íris, porém mais complexa.”DAP 560.15

    VERSÍCULO 21. As doze portas são doze pérolas, e cada uma dessas portas, de uma só pérola. A praça da cidade é de ouro puro, como vidro transparente.DAP 560.16

    As portas de pérolas. Quer interpretemos que essas portas são de pérola sólida, quer compostas por uma camada grossa de pérolas incrustradas em uma estrutura de outro material precioso, o testemunho não é afetado de maneira significativa. Caso se faça a objeção de que é contrário à natureza das coisas haver uma pérola grande o suficiente para fazer uma porta, respondemos que Deus é capaz de produzi-la. Tal objeção apenas limita o poder de Deus. De qualquer modo, em ambos os casos, as portas teriam a aparência externa de pérola e, em linguagem comum, seriam descritas como portas de pérola.DAP 560.17

    As ruas de ouro polido. Neste versículo, assim como no 18, fala-se que a cidade é de ouro puro, semelhante a vidro transparente. Não é necessário concluir, por causa destas palavras, que o ouro em si é transparente. Tome como exemplo o material que forma as ruas. Se fosse realmente transparente, nos permitiria olhar o que está embaixo da cidade — o substrato em cima do qual repousa –, visão que não pode ser considerada especialmente agradável. Mas suponhamos que o pavimento de ouro da rua seja tão polido que possua poder perfeito de reflexão, à semelhança do espelho mais fiel, e logo entendemos que o efeito seria grandioso e extremamente surpreendente. Pense por um instante no aspecto de uma rua pavimentada dessa maneira! Os magníficos palácios dos dois lados se refletiriam embaixo e a expansão ilimitada do céu acima também apareceria abaixo. Dessa maneira, a pessoa que andar nessas ruas de ouro terá a impressão de que tanto ele quanto a cidade se encontram suspensos entre as alturas infinitas acima e as profundidades insondáveis abaixo, ao passo que as mansões de qualquer um dos lados da rua, com igual poder de reflexão, multiplicarão de maneira maravilhosa tanto os palácios quanto as pessoas, agindo em conjunto para tornar toda a cena inusitada, agradável, bela e grandiosa, além de tudo que se possa imaginar.DAP 561.1

    VERSÍCULO 22. Nela, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro.DAP 561.2

    O templo vivo. Com o templo, está conectada a ideia de sacrifícios e uma obra de mediação. Mas quando a cidade estiver localizada na Terra, não haverá uma obra como essa para realizar. Sacrifícios, ofertas e todo o cerimonial de mediação neles baseados terão ficado para sempre no passado. Logo, não haverá nenhuma necessidade para um símbolo externo de tal obra. Mas o templo na velha Jerusalém, além de ser um lugar de adoração e sacrifício, era a beleza e a glória do lugar. Como se antecipasse o questionamento que poderia surgir de qual seria o ornamento e a glória da nova cidade, se não haverá templo ali, o profeta responde: “O seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro”. Parece que hoje existe um templo na cidade (Apocalipse 16:17). A revelação não nos informa o que acontecerá com esse templo quando a cidade descer. É possível que seja removido ou passe a ser usado para um fim diferente, deixando de ser o santuário de Deus.DAP 561.3

    VERSÍCULO 23. A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada. 24. As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da Terra lhe trazem a sua glória. 25. As suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque, nela, não haverá noite. 26. E lhe trarão a glória e a honra das nações. 27. Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro.DAP 561.4

    Não haverá noite ali. É provável que não haja noite somente na cidade. É claro que haverá dia e noite na nova Terra, mas serão dias e noites de glória insuperável. O profeta, ao falar desse tempo, diz: “A luz da lua será como a do sol, e a do sol, sete vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em que o Senhor atar a ferida do Seu povo e curar a chaga do golpe que Ele deu” (Isaías 30:26). Mas se a luz da lua nesse estado será como a luz do sol, como se pode dizer que há noite ali? Resposta: a luz do sol será sete vezes maior, de maneira que, embora a noite seja como o nosso dia, o dia será sete vezes mais brilhante, tornando o contraste entre dia e noite tão marcado, talvez, quanto no presente. Mas ambos terão glória insuperável.DAP 561.5

    O versículo 24 fala sobre nações e rei. As nações são as nações dos salvos. E, em certo sentido, todos nós somos reis no estado em que a nova Terra se encontrará. Possuiremos um reino e reinaremos para todo o sempre.DAP 562.1

    Mas algumas parábolas do Salvador, como a encontrada em Mateus 25:21, 23, dão a entender que alguns ocuparão a posição de governantes em sentido especial e, por isso, poderão ser chamados de reis da Terra em conexão com as nações dos salvos. Eles levarão sua glória e honra para dentro da cidade quando, nos sábados e nas luas novas, comparecerem para adorar diante de Deus (Isaías 66:23).DAP 562.2

    Leitor, você deseja encontrar lugar nas glórias eternas e indizíveis dessa cidade celestial? Faça então todo o necessário para que seu nome seja escrito no Livro da Vida do Cordeiro, pois somente aqueles cujo nome se encontrar nesse “rol de honra” celeste poderão entrar ali.DAP 562.3

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