Martinho Lutero, o maior dos reformadores, nasceu na Saxônia, em 1483. Quando era um menino pobre, uma senhora caridosa assumiu a responsabilidade de educá-lo. A princípio, estudou direito, mas ao ser poupado da morte por pouco, ficou tão impressionado com a incerteza da vida que se retirou para um monastério. Ali entrou em contato com a Bíblia e ficou pasmo com a diferença entre os ensinos do evangelho e as práticas da igreja católica. Ao ser enviado em uma missão a Roma, a impressão se aprofundou e, quando o papa decretou a famosa bula permitindo a venda de indulgências, Lutero, então professor de teologia na universidade de Wittenberg, estava preparado para se opor; e o fez com tamanha habilidade que multidões, inclusive muitos nobres, o defenderam. Recebeu a ordem de comparecer em Roma, mas ele se recusou. O papa decretou uma condenação, mas Lutero a queimou. Na Dieta de Worms, ele se recusou a se retratar, e logo seus pontos de vista se espalharam por todo o reino por meio de seus escritos. Ele também traduziu a Bíblia para o alemão. Foi proclamado um decreto de que a missa deveria ser universalmente observada. O partido reformado fez um protesto contra isso, razão pela qual seus adeptos receberam o nome de protestantes. A Confissão de Augsburg, a bandeira de sua fé, foi então elaborada. Lutero continuou a escrever e trabalhar até morrer, desgastado pela labuta excessiva, em 1546.DAP 590.1

Filipe Melâncton, o célebre reformador e amigo de Lutero, nasceu no grão-ducado de Baden em 1497. Aos 17 anos de idade, concluiu o mestrado em artes da universidade de Heidelberg e logo depois obteve a cátedra de grego em Wittenberg. Ali desenvolveu uma amizade com Lutero, cujas opiniões aceitou e defendeu em suas palestras e seus escritos. Sua prudência contribuiu em muito para a promulgação das doutrinas protestantes, preservando-as de abusos do zelo destemperado. Sua maior obra foi a elaboração da Confissão de Augsburg, embora tenha sido um escritor prolífico e autor do primeiro sistema de teologia protestante, publicado em mais de 50 edições e usado como livro didático nas universidades. Sua erudição e moderação se tornaram conhecidas em toda a Europa. Os reis da Inglaterra e da França o convidaram a ir residir em seus respectivos reinos, mas ele preferiu permanecer em Wittenberg, onde faleceu no ano de 1560.DAP 590.2

Ulrico Zuínglio, cujo nome, na história dos reformadores protestantes, fica atrás somente do de Lutero, nasceu em 1484. Como demonstrou, desde cedo, o gosto por estudar, foi enviado primeiro para Basileia e Berna, e por fim para a universidade de Viena, a fim de receber uma educação formal. Ao retornar, ficou responsável por uma grande paróquia próxima a sua cidade natal e depois se tornou pregador da catedral de Zurique. Ali estudou as Escrituras de maneira especial, memorizando todo o Novo Testamento e parte do Antigo. Suas pesquisas teológicas o levaram a perceber as corrupções papais da igreja católica romana e começou a denunciá-las, sobretudo as indulgências papais, até conseguir efetuar a mesma separação da Suíça do domínio católico que Lutero fez pela Saxônia. Tais dissensões religiosas provocaram uma guerra civil na Suíça, e Zuínglio, que acompanhava o exército como capelão, foi morto no campo de batalha em 1531.DAP 590.3

João Calvino, reformador proeminente e fundador do grupo religioso conhecido como calvinistas, nasceu em 1509. Desde cedo, foi dedicado à igreja, começando a receber benefício eclesiástico já aos doze anos de idade. Foi educado em Paris para o ministério. Mas ao ficar insatisfeito com as doutrinas da igreja católica romana, voltou sua atenção ao estudo de direito. Logo entrou em contato com as sementes da doutrina reformada. Passou a defendê-la com tamanha veemência que foi obrigado a deixar a França. Retirou-se para Basileia, Suíça, onde escreveu suas célebres Institutas do Cristianismo, traduzidas para diversos idiomas. Então se estabeleceu em Genebra como ministro e professor de teologia, mas foi compelido a se retirar, por se recusar a obedecer a algumas ordens papais. Foi para Estrasburgo, onde estabeleceu uma igreja francesa, na qual oficiava. Os religiosos da cidade o enviaram como delegado para a Dieta de Worms. Voltou para Genebra após diversas solicitações e se engajou ativamente como orador e escritor em defesa da Reforma até sua morte em 1564.DAP 591.1

John Knox, o célebre reformador escocês, nasceu em 1505 e foi educado na universidade de St. Andrews. Ordenou-se padre, mas renunciou ao papado após ler os escritos de Agostinho e Jerônimo. Foi acusado de heresia e sua profissão pública de fé foi condenada. Mas ele começou a pregá-la abertamente no púlpito, e as doutrinas reformadas se espalharam com rapidez. Quando St. Andrews foi tomada por uma frota francesa, ele foi levado para Rouen e condenado às galés, onde permaneceu por um ano e sete meses. Após liberto, foi para a Inglaterra e se tornou capelão de Eduardo VI, depois de recusar um bispado. Quando Maria subiu ao trono, ele foi para Frankfurt e pregou aos exilados ingleses. Dali se dirigiu a Genebra, onde foi muito estimado por Calvino, a cujas doutrinas era bastante afeiçoado. Retornou à Escócia, onde morreu em 1572, depois de fazer a Reforma triunfar em sua terra natal.DAP 591.2

John Bunyan, o autor religioso mais popular de língua inglesa, nasceu em 1628. Ganhava a vida como funileiro, por isso recebeu educação escassa. Sua mente pouco se atraía para as questões religiosas até ser recrutado como soldado. Durante esse período, um de seus colegas, que havia assumido seu posto, morreu. Ele considerou isso uma intervenção direta da Providência e, após voltar para casa, interessou-se profundamente pelo seu bem-estar espiritual. Logo se uniu à Igreja Batista e, de exortador, tornou-se um bem-sucedido pregador entre eles. Naquela época, todos os dissidentes da Igreja Anglicana eram punidos, e Bunyan foi lançado na prisão, onde permaneceu por 12 anos. Ali escreveu o famoso livro O peregrino, conhecido no mundo inteiro, o qual, desde então, foi traduzido para todos os idiomas da cristandade. Também foi autor de outros livros religiosos, como Guerra Santa. Ao fim da perseguição, ele foi solto. Logo retomou seus esforços e era popularmente conhecido como bispo Bunyan. Morreu em 1688 como resultado de exposição a uma tempestade.DAP 591.3

John Wesley, o fundador do metodismo, nasceu em 1703 e foi educado em Oxford, tornando-se professor de destaque em Lincoln College. Junto com seu irmão e alguns outros, criou uma sociedade para edificação mútua em exercícios teológicos. Eles se ocupavam rigidamente com deveres religiosos, jejuando, orando, visitando prisões e aliviando o sofrimento. Ao receber a solicitação do general Oglethorpe de acompanhá-lo até a Geórgia, Wesley foi com o objetivo de converter os índios. Por fim, voltou para a Inglaterra a fim de se engajar em esforços missionários. Seu plano não era sair da igreja oficial do país, mas, sim, criar um reavivamento entre as classes negligenciadas por meio da pregação da salvação pela fé simples em Cristo. No entanto, as igrejas fecharam as portas para ele e Wesley passou a fazer cultos ao ar livre. Conquistou tantos conversos que foi necessário se organizar e igrejas espaçosas foram construídas. Até sua morte em 1791, foi infatigável na obra que ele próprio se impôs, realizada através da Inglaterra, Escócia e Irlanda. Viajou quase 500 mil quilômetros e pregou mais de 40 mil sermões, além de ser um escritor prolífico.DAP 592.1

George Whitefield, clérigo inglês, nasceu em 1714, foi educado em Oxford, onde recebeu o diploma de bacharel em artes e conheceu Charles Wesley, tornando-se membro entusiasta do clube que deu origem ao metodismo. Logo foi ordenado e começou sua notável carreira missionária. Ao receber o convite urgente de John Wesley, que se encontrava na Geórgia, embarcou para os Estados Unidos da América, mas logo voltou a fim de solicitar recursos para a construção de um orfanato. Fez cinco visitas subsequentes aos Estados Unidos, pregando em todas as grandes cidades, bem como nos grandes centros da Inglaterra, Escócia e Irlanda. Fez também uma viagem à Holanda. Enfrentou forte oposição do clero e, tendo sido impedido de pregar nas igrejas, foi o primeiro a introduzir os cultos a céu aberto. Por divergir dos irmãos Wesley em algumas crenças, acabou se separando deles, dando origem a dois grupos, os metodistas wesleyanos e os metodistas calvinistas. Continuou seus intensos esforços, falando às vezes de três a quatro vezes por dia ao longo de semanas, até sua morte, em 1770, em Newburyport, Massachusetts, enquanto se preparava para sua sétima viagem missionária pela América.DAP 592.2

John Fletcher nasceu na Suíça, em 1729. Pertencia à nobreza e foi educado na universidade de Genebra. Como sua consciência não se conformava com todas as doutrinas calvinistas, abandonou a profissão religiosa e entrou para o serviço militar. Quando a paz foi proclamada, dirigiu-se para a Inglaterra a fim de trabalhar como professor. Uniu-se à sociedade metodista e foi ordenado pela Igreja Anglicana. Embora tenham-lhe oferecido uma boa renda, ele a recusou, dizendo que era “dinheiro demais para trabalho de menos”. Os pobres e sofredores eram alvo de seu cuidado. Em uma região de minas e montanhas, em meio a oposição e perseguição, ele trabalhou com caridade e devoção. Visitou a França, Suíça e Itália e, ao retornar, se tornou reitor de uma faculdade de teologia. No entanto, a defesa do metodismo wesleyano rompeu sua ligação com ela. Depois disso, dedicou a vida aos deveres paroquiais, fazendo longas viagens missionárias com Wesley e Whitefield, bem como à escrita de suas doutrinas distintivas. Faleceu em 1785.DAP 592.3

Guilherme Miller, o maior reformador dos tempos modernos, nasceu em Massachusetts em 1782. Era filho de pais pobres, mas honestos. Sedento por conhecimento, obteve uma educação considerável por esforços próprios. Serviu na guerra de 1812 e foi promovido à posição de capitão. Até 1810, defendia a infidelidade. Mas o estudo cuidadoso da Bíblia, com o propósito de refutar o cristianismo, o convenceu de seus erros e abriu diante do mundo o campo quase inexplorado das profecias. Após muitos pedidos, começou a obra de sua vida — a divulgação das interpretações proféticas, sobretudo em relação ao segundo advento, ligando-se assim, de maneira inseparável, ao movimento religioso de 1844. A mensagem logo se espalhou tanto que recebeu convite de todas as principais cidades dos Estados Unidos, aceitando todos que podia. Como resultado, surgiu um reavivamento como nunca antes em todas as denominações, estendendo-se até mesmo à Europa. Embora desapontado em relação ao momento do segundo advento, por causa de uma aplicação incorreta da profecia, a maioria de seus pontos de vista se provou correta e inaugurou uma nova era de obra infindável de reforma. Ele se dedicou à obra que iniciou, tanto por meio de palestras quanto de escritos, até morrer em paz no ano de 1849.DAP 592.4

Mártires proeminentes (retratos na p. 123).