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Daniel e Apocalipse

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    Apocalipse 16 — O derramamento das pragas

    Este capítulo descreve as sete taças da cólera sem mistura de Deus e as consequências que se seguem quando elas são derramadas sobre a Terra. No que diz respeito ao caráter e à cronologia dessas pragas, existe divergência de opinião entre os estudiosos da Bíblia. Nossa primeira pergunta, portanto, é: qual é a verdadeira posição em relação a esses pontos? As pragas são simbólicas e a maioria já se cumpriu no passado, conforme argumentam alguns? Ou são literais e todas elas futuras, conforme afirmam outros com a mesma confiança? Um breve exame do testemunho irá, acreditamos nós, resolver de forma conclusiva esses questionamentos.DAP 503.1

    VERSÍCULO 1. Ouvi, vinda do santuário, uma grande voz, dizendo aos sete anjos: Ide e derramai pela terra as sete taças da cólera de Deus. 2. Saiu, pois, o primeiro anjo e derramou a sua taça pela terra, e, aos homens portadores da marca da besta e adoradores da sua imagem, sobrevieram úlceras malignas e perniciosas.DAP 503.2

    A cronologia das pragas. A descrição desta praga claramente revela de imediato sua cronologia, pois é derramada sobre aqueles que têm a marca da besta e adoram sua imagem — uma obra idêntica àquela contra a qual o terceiro anjo nos adverte. Essa é uma prova conclusiva de que esses juízos só serão derramados depois que este anjo encerrar sua obra, e o grupo que ouvir sua advertência e a rejeitar será o que receberá as primeiras gotas dos cálices transbordantes da cólera divina. Mas se essas pragas estão no passado, então a imagem da besta e sua adoração estão no passado. Se pertencem ao passado, a besta de dois chifres, que faz essa imagem, e sua obra também pertencem ao passado. E se tudo isso já passou, então a terceira mensagem angélica, que nos adverte em relação a essa obra, também se encontra no passado. Se tudo isso é passado — isto é, eras no passado, onde esse ponto de vista localiza o início das pragas –, então a primeira e a segunda mensagens, que as precedem, também foram proclamadas em eras passadas. Segue-se que os períodos proféticos, nos quais as mensagens se baseiam, sobretudo as 2.300 tardes e manhãs, terminaram eras atrás. E se for esse o caso, as setenta semanas de Daniel 9 se encontram completamente dentro da dispensação judaica, destruindo-se a grande prova da messianidade de Cristo. Entretanto, foi demonstrado nos capítulos 7, 13 e 14 que a primeira e a segunda mensagem foram anunciadas em nossos dias; que a terceira se encontra agora em processo de cumprimento; que a besta de dois chifres entrou no palco de ação e está se preparando para fazer a obra que lhe foi designada; e que a formação da imagem e a imposição de sua adoração se encontram no futuro próximo. A menos que todas essas posições possam ser refutadas, as sete últimas pragas também pertencem completamente ao futuro.DAP 503.3

    Mas existem outros motivos para localizá-las no futuro, não no passado.DAP 503.4

    1. Durante a quinta praga, os homens blasfemam a Deus por causa de suas úlceras, as mesmas úlceras, é claro, provocadas pelo derramamento da primeira praga. Isso mostra que todas essas pragas recaem sobre a mesma geração de seres humanos, e alguns deles, sem dúvida, são ceifados por cada uma delas, ao passo que outros sobrevivem às terríveis cenas. Esse fato subverte por completo a hipótese de que as pragas começaram no passado distante, cada uma delas levando séculos para se cumprir; pois, nesse caso, como seria possível aqueles que sofreram a primeira praga estarem vivos durante a quinta?DAP 504.1

    2. Tais pragas são o vinho da cólera de Deus sem mistura, anunciadas pelo terceiro anjo (Apocalipse 14:10; 15:1). Tais palavras não podem se aplicar a nenhum juízo enviado sobre a Terra enquanto Cristo suplica junto ao Pai por nossa raça caída. Logo, devemos localizá-las no futuro, quando a porta da graça estiver fechada.DAP 504.2

    3. Outro testemunho mais definitivo quanto ao início e a duração dessas pragas se encontra em Apocalipse 15:8: “O santuário se encheu de fumaça procedente da glória de Deus e do Seu poder, e ninguém podia penetrar no santuário, enquanto não se cumprissem os sete flagelos dos sete anjos”. Sem dúvida, o templo aqui citado é o mesmo mencionado em Apocalipse 11:19, que diz: “Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi vista a arca da Aliança no Seu santuário”. Em outras palavras, temos diante de nós o santuário celestial. O testemunho é que, quando os anjos com as sete taças de ouro receberem sua comissão, o templo se encherá com a fumaça da glória de Deus e nenhum ser poderá entrar no santuário até que os anjos concluam sua obra; logo, não haverá ministração no santuário durante esse período. Em consequência, tais cálices só são derramados após o fim da ministração no tabernáculo celestial, sucedendo imediatamente a tal evento. Cristo então não será mais o mediador. A misericórdia, que por muito tempo deteve a mão da vingança, não suplicará mais. Todos os servos de Deus estarão selados. O que mais se pode esperar além da queda da tempestade da vingança, varrendo a Terra com seu instrumento de destruição?DAP 504.3

    Depois de mostrar a cronologia desses juízos, revelando que se encontram diante de nós no futuro muito próximo, reservados para o dia de Sua ira, prosseguimos indagando qual é sua natureza e qual será o resultado quando a solene e terrível ordem sair do templo para os sete anjos, dizendo: “Ide e derramai pela terra as sete taças da cólera de Deus”. Aqui somos chamados a olhar para dentro do “arsenal” do Senhor e contemplar as “armas da Sua indignação” (Jeremias 50:25). Aqui são trazidos à tona os tesouros de saraiva, retidos até o tempo de angústia, até o tempo da peleja e da guerra (Jó 38:22-23).DAP 504.4

    A primeira praga. “Saiu, pois, o primeiro anjo e derramou a sua taça pela terra, e, aos homens portadores da marca da besta e adoradores da sua imagem, sobrevieram úlceras malignas e perniciosas”.DAP 504.5

    Não há nenhum motivo aparente para não considerar essas palavras de maneira estritamente literal. Tais pragas são praticamente idênticas às que Deus infligiu sobre os egípcios quando estava prestes a libertar Seu povo do jugo da escravidão, cuja literalidade raramente ou nunca é questionada. Deus está agora prestes a coroar Seu povo com livramento e redenção final, e Seus juízos não se manifestarão de maneira menos literal e terrível. Não somos informados sobre a natureza da úlcera aqui ameaçada. Talvez seja semelhante à praga paralela que caiu sobre o Egito (Êxodo 9:8-11).DAP 504.6

    VERSÍCULO 3. Derramou o segundo a sua taça no mar, e este se tornou em sangue como de morto, e morreu todo ser vivente que havia no mar.DAP 505.1

    A segunda praga. Dificilmente se pode conceber uma substância mais infecciosa e letal do que o sangue de um homem morto. E o pensamento de que os grandes corpos de água, aos quais, sem dúvida, se faz referência por meio do termo mar, adquirirão tal estado durante essa praga apresenta um quadro temível. Aqui encontramos o fato notável de que o termo alma vivente (ARC) é aplicado a animais irracionais, os peixes e criaturas vivas do mar. Cremos que esta seja a única aplicação do tipo na Bíblia em português. Todavia, no original, ocorre com frequência, mostrando que o termo usado para o ser humano no princípio (Gênesis 2:7) não pode ser usado como evidência de que ele seja dotado de uma essência imaterial e imortal, chamada alma.DAP 505.2

    VERSÍCULO 4. Derramou o terceiro a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue. 5. Então, ouvi o anjo das águas dizendo: Tu és justo, Tu que és e que eras, o Santo, pois julgaste estas coisas; 6. porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tens dado a beber; são dignos disso. 7. Ouvi do altar que se dizia: Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os Teus juízos.DAP 505.3

    A terceira praga. Esta é a descrição da terrível retribuição pelo “sangue de santos”, derramado por mãos violentas, a qual será infligida sobre aqueles que fizeram ou desejaram fazer tais atos. E embora não tenhamos condições de entender os horrores do momento em que os rios e as fontes das águas se tornarão como sangue, a justiça de Deus será vindicada e Seus juízos serão aprovados. Até mesmo os anjos se porão a exclamar: “Tu és justo, Tu que és e que eras, o Santo, pois julgaste estas coisas; porquanto derramaram sangue de santos e de profetas”. “Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os Teus juízos”.DAP 505.4

    É possível questionar como se pode dizer que a última geração de ímpios derramou o sangue de santos e profetas, uma vez que a última geração de santos não será executada. Uma referência a Mateus 23:34-35 e 1 João 3:15 explica o aparente paradoxo. Essas passagens mostram que a culpa incide tanto sobre os motivos quanto sobre as ações. E nenhuma geração anterior teve um propósito tão determinado de entregar os santos à matança indiscriminada como a geração presente terá em um futuro que não se encontra distante (ver Apocalipse 12:17; 13:15). Em motivo e propósito, ela de fato derramará o sangue de santos e profetas e será tão culpada quanto se conseguisse levar a cabo suas intenções malignas.DAP 505.5

    Parece que ninguém da família humana seria capaz de sobreviver por muito tempo a uma praga tão terrível quanto esta. Portanto, sua duração deve ser limitada, assim como ocorreu com a praga semelhante no Egito (Êxodo 7:17-21, 25).DAP 505.6

    VERSÍCULO 8. O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com fogo. 9. Com efeito, os homens se queimaram com o intenso calor, e blasfemaram o nome de Deus, que tem autoridade sobre estes flagelos, e nem se arrependeram para Lhe darem glória.DAP 507.1

    A quarta praga. Merece destaque o fato de cada praga aumentar em calamidade em relação às anteriores e aumentar a angústia dos sofredores culpados. Agora uma úlcera nociva e dolorosa assola os seres humanos, inflamando seu sangue e alastrando sua influência febril por suas veias. Além disso, as pessoas só têm sangue para saciar a sede ardente. E para completar, o sol recebe poder e derrama sobre elas uma enchente de fogo líquido, abrasando-as com grande calor. Aqui, conforme relata o registro, sua calamidade é extravasada pela primeira vez na forma de terrível blasfêmia.DAP 507.2

    VERSÍCULO 10. Derramou o quinto a sua taça sobre o trono da besta, cujo reino se tornou em trevas, e os homens remordiam a língua por causa da dor que sentiam. 11. E blasfemaram o Deus do Céu por causa das angústias e das úlceras que sofriam; e não se arrependeram de suas obras.DAP 507.3

    A quinta praga. Este testemunho apresenta um fato importante, a saber, que as pragas não destroem imediatamente todas as suas vítimas, pois algumas pessoas que, no início, foram afligidas pelas úlceras, continuam vivas durante a quinta taça, remordendo a língua de dor. Uma ilustração desse cálice pode ser encontrada em Êxodo 10:21-23. Ele é derramado sobre o trono da besta, o papado. O trono da besta se encontra onde quer que estiver a sé papal, que até o momento tem sido e, sem dúvida, continuará a ser na cidade de Roma. Seu “reino” provavelmente abrange todos aqueles que são súditos do papa de um ponto de vista eclesiástico, onde quer que se encontrem.DAP 507.4

    Uma vez que aqueles que afirmam que as pragas começaram no passado alegam que as cinco primeiras já se cumpriram totalmente, paramos aqui um momento para indagar em que momento das eras passadas os juízos aqui anunciados se cumpriram. Juízos tão terríveis podem ser enviados sem ninguém ficar sabendo? Se aconteceram de fato, onde se encontra seu registro histórico? Quando uma úlcera nociva e dolorosa acometeu uma porção vasta e específica da raça humana? Quando o mar se tornou como o sangue de um morto e todo ser vivente dentro dele pereceu? Quando os rios e as fontes das águas se transformaram em sangue e as pessoas só tiveram sangue para beber? Quando o sol queimou os seres humanos com intenso calor, levando-os a proferir maldições e blasfemar? E quando os súditos da besta remorderam a língua de dor, blasfemando ao mesmo tempo contra Deus por causa de suas úlceras? Os intérpretes que colocam tais cenas no passado, no qual não se pode demonstrar nem uma sombra de cumprimento, convidam abertamente a zombaria e o ridículo das mentes céticas ao santo livro de Deus, fornecendo-lhes armas potentes para sua deplorável obra. A Inspiração diz que com tais pragas “se consumou a cólera de Deus” (Apocalipse 15:1). Mas se elas podem se cumprir sem ninguém saber, quem de agora em diante considerará Sua ira algo tão terrível ou temerá Seus juízos quando for ameaçado com eles?DAP 507.5

    VERSÍCULO 12. Derramou o sexto a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol. 13. Então, vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs; 14. porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso. 15. (Eis que venho como vem o ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha.) 16. Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom.DAP 508.1

    A sexta praga. O que é o grande rio Eufrates, sobre o qual esta taça é derramada? Um ponto de vista defende que se trata do rio Eufrates literal na Ásia; outro afirma ser um símbolo da nação que ocupa o território por onde o rio corre. A segunda opinião é preferível à primeira pelos seguintes motivos:DAP 508.2

    1. Seria difícil entender o que se ganharia com a seca do rio literal, uma vez que ele não oferece nenhuma obstrução séria ao progresso de um exército que avança. E é importante notar que a sexta praga ocorre a fim de preparar a caminho para os reis do oriente, isto é, para organizações militares regulares, não para uma multidão mista e despreparada de homens, mulheres e crianças, como os filhos de Israel junto ao Mar Vermelho ou ao Jordão. O Eufrates tem somente cerca de 2.250 quilômetros de extensão, cerca de um terço do comprimento do Mississippi. Sem dificuldade, Ciro desviou todo o rio de seu canal no cerco de Babilônia. Apesar das diversas guerras que ocorreram em suas margens e das hostes poderosas que atravessaram de um lado para o outro sua correnteza, ele nunca precisou se secar para os soldados passarem.DAP 508.3

    2. Seria necessário secar o rio Tigre assim como o Eufrates, pois ele é praticamente tão extenso quanto aquele. Sua nascente fica a apenas 24 quilômetros da do Eufrates, nas montanhas da Armênia, e segue um curso praticamente paralelo ao dele, a uma curta distância ao longo de toda sua trajetória; todavia, a profecia nada diz acerca do Tigre.DAP 508.4

    3. A seca literal dos rios ocorre durante a quarta taça, quando o sol recebe poder para queimar os seres humanos com fogo. Sem sombra de dúvida, durante essa praga ocorrem cenas de seca e fome, descritas com muita vividez em Joel 1:14-20. Em decorrência disso, afirma-se claramente que “os rios se secaram”. O Eufrates dificilmente seria exceção a essa seca assoladora; logo, não restaria muito para ser literalmente seco durante a sexta taça.DAP 508.5

    4. A própria natureza das pragas revela que elas precisam ser manifestações de ira e juízos sobre os seres humanos. Mas se a seca do Eufrates literal é tudo que ela proporciona, então a praga não possuiria tal natureza e não seria uma questão tão séria.DAP 508.6

    Como existem tais objeções que nos levam a crer que não se trata de um rio literal, ele deve ser entendido de maneira figurada, simbolizando o poder em posse do território banhado por esse rio, a saber, o império otomano ou turco.26Sobre o sexto selo, os pioneiros adventistas mantinham duas posições para os versos 12 a 16. A primeira, defendida por Uriah Smith neste comentário, crê na literalidade geográfica dos eventos preditos e numa batalha envolvendo o ajuntamento político e militar das nações da Terra na Palestina. A segunda, defendida por Tiago White e a mais, se não a única, defendida pelos eruditos adventistas da atualidade, faz uma interpretação figurada dos símbolos usados, entendendo que tal visão é mais coerente com o contexto de Apocalipse 13 a 19. Nesse caso, o Armagedom consistiria na batalha entre Cristo e as nações ímpias, no segundo advento de Cristo. Para maiores esclarecimentos sobre as implicações das duas posições, ver Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014), vol. 7, p. 934-938.DAP 508.7

    1. Esse tipo de aplicação é feito em outras passagens das Escrituras (ver Isaías 8:7; Apocalipse 9:14). No último texto, todos devem admitir que o Eufrates simboliza o poder turco. E sendo a primeira de duas únicas ocorrências da palavra no Apocalipse, pode-se considerar que governa o uso da palavra neste livro.DAP 509.1

    2. A seca do rio nesse sentido seria a destruição do império turco, acompanhada da destruição em maior ou menor escala de seus súditos. Assim temos juízos literais sobre os seres humanos em resultado dessa praga, como no caso de todas as outras.DAP 509.2

    Mas se pode objetar que, embora argumentemos a favor da literalidade das pragas, transformamos uma delas em um símbolo. Respondemos que não. É verdade que um poder é apresentado, na sexta taça, em forma simbólica, assim como na quinta, quando lemos sobre o trono da besta, que se trata de um símbolo bem conhecido. Lemos também, na primeira praga, sobre a marca da besta, sua imagem e sua adoração, que também são símbolos. Insiste-se apenas na literalidade dos juízos que resultam de cada taça, que, neste caso, é tão literal quanto em todos os outros, muito embora as organizações que sofrem tais juízos possam ser apresentadas de maneira simbólica.DAP 509.3

    Pode-se perguntar ainda como o caminho dos reis do oriente será preparado pela seca ou destruição do poder otomano? A resposta é óbvia. Com que propóstio o caminho desses reis será preparado? Resposta: para comparecerem na batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso. Onde essa batalha será travada? Perto de Jerusalém (Joel e Sofonias). Mas Jerusalém se encontra nas mãos dos turcos. Eles detêm a posse da terra da Palestina e dos santos sepulcros. Esse é o ponto de discórdia. Nesses lugares as nações fixam os olhos cobiçosos e cheios de inveja. Mas embora a Turquia agora detenha a posse, e outros a queiram, é necessário para a tranquilidade da Europa que a Turquia seja mantida em sua posição, a fim de preservar aquilo que é chamado de “equilíbrio do poder”. Por isso, as nações cristãs da Europa têm cooperado para manter a integridade do trono do sultão, uma vez que não conseguem entrar em acordo quanto à divisão dos espólios quando a Turquia cair. É somente por causa da tolerância delas que esse governo existe hoje, e quando retirarem o apoio, deixando o império por conta própria, conforme ocorrerá durante a sexta praga, o rio simbólico se secará por completo. A Turquia não mais existirá, abrindo caminho para todas as nações fazerem o último grande ajuntamento rumo à terra santa. Os reis do leste, as nações, os poderes e os reinos que ficam a leste da Palestina desempenharão um papel notável na questão, pois, em referência a essa cena, Joel diz: “Despertem, nações; avancem para o vale de Josafá” (3:12, NVI). Os milhões de muçulmanos da Pérsia, Afeganistão, Turquistão e Índia correrão para o campo de conquista em nome de sua religião (leia mais sobre a Turquia nos comentários acerca de Daniel 11:40-45).DAP 509.4

    Aqueles que colocam cinco das pragas no passado e argumentam que estamos agora vivendo durante a sexta usam, como um de seus argumentos mais fortes, o fato de que o império turco está agora se acabando, exatamente durante a sexta taça. É quase desnecessário responder que o acontecimento que ocorre durante a sexta taça é a destruição completa e absoluta desse poder, não seu estado preliminar de decadência, que é tudo que transparece atualmente. É necessário que o império enfraqueça e perca poder por um tempo, para que venha sua dissolução total no momento da praga. Uma vez que já se enxerga a condição preliminar, o fim total não pode estar no futuro distante.DAP 510.1

    Outro evento a ser notado durante essa praga é o envio de três espíritos imundos a fim de reunir as nações para a grande batalha. O agente já em atividade no mundo, conhecido como o espiritismo moderno, é, em todos os aspectos, um instrumento adequado para ser usado nessa obra. Mas alguns podem perguntar como uma obra que já está em andamento pode ser designada por essa expressão, uma vez que os espíritos só são introduzidos na profecia durante o derramamento da sexta praga, que ainda é um acontecimento futuro. Respondemos que, nesse caso, bem como em muitos outros movimentos, os agentes que o Céu designa para cumprir determinados objetivos passam por um processo de treinamento prévio a fim de preparar para a parte que desempenharão. Portanto, antes que os espíritos tenham autoridade absoluta sobre a raça humana a fim de reuni-la em batalha contra o Rei dos reis e Senhor dos senhores, primeiro precisam conquistar seu caminho entre as nações da Terra, fazendo seu ensino ser aceito como se tivesse autoridade divina e como se sua palavra fosse lei. Essa é a obra que agora se encontram fazendo. E depois de ganharem influência completa sobre as nações em questão, que instrumentos mais apropriados poderiam ser usados a fim de reuni-los para uma iniciativa tão impulsiva e sem esperança?DAP 510.2

    Para muitos, pode parecer inacreditável as nações desejarem se engajar em um conflito tão desigual e se proporem a batalhar contra o Senhor dos exércitos. No entanto, uma das habilidades desses espíritos é enganar, pois eles atuam operando milagres. Dessa maneira, enganam os reis da Terra e estes passam a crer em uma mentira.DAP 510.3

    As fontes das quais esses espíritos se originam denotam que eles operarão em meio às três grandes religiões da humanidade, representadas pelo dragão, pela besta e pelo falso profeta, ou seja, o paganismo, o catolicismo e o protestantismo.DAP 510.4

    Mas qual é a força da palavra de cautela expressa no versículo 15? A porta da graça já terá se fechado e Cristo, deixado Sua posição de mediador para que as pragas comecem a cair. Existe risco de cair depois disso? É importante notar que essa advertência é feita em conexão com a obra dos espíritos. Logo, a inferência é que ela consiste em uma palavra de cautela retroativa, que se aplica desde o momento em que esses espíritos começaram a obra até o fim do tempo de graça. Por meio de uma mudança de tempos verbais comum no idioma grego, o presente é usado no lugar do passado, como se dissesse: “Bem-aventurado aquele que vigiou e guardou as suas vestes, pois a vergonha e nudez de todos aqueles que não fizeram isso aparecerá de modo notório neste momento”.DAP 510.5

    “Então, os ajuntaram”. Quem são esses ajuntados e que agente é usado para essa obra de ajuntamento? Se a palavra os se referir aos reis do versículo 14, fica certo que nenhum agente bom poderia ser usado para ajuntá-los. Na versão em inglês KJV, o verbo se encontra no singular, ele os ajuntou. Por que isso acontece, se a referência é aos espíritos? A peculiaridade dessa construção levou alguns a ler a passagem da seguinte maneira: “E Ele [Cristo] os ajuntou [os santos] em um lugar chamado na língua hebraica de Armagedom [a cidade ilustre, ou nova Jerusalém]”. Mas essa posição é insustentável. A crítica a seguir, publicada não faz muito tempo em uma revista religiosa, parece lançar luz verdadeira sobre a passagem. O autor diz:DAP 511.1

    “Parece-me que o versículo 16 é uma continuação do versículo 14, e que o antecedente de αὐτοὺς [os] são “os reis” mencionados no versículo 14. Pois esse versículo diz: “e se dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los”, etc., e o versículo 16 declara: “E ele os ajuntou” [KJV]. No grego, um plural neutro normalmente usa o verbo no singular (ver Sófocles, Greek Grammar [Gramática do Grego], seção 151, 1). Assim, será que não podemos dizer que o sujeito de συνήγαγεν [ajuntou — 3ª pessoa do singular, com sujeito elíptico, no grego] (versículo 16) seria τὰ πνεύματα [os espíritos] do versículo 14, e que o “ajuntamento” mencionado nos dois versículos corresponde a uma coisa ?”DAP 511.2

    “E se ocorrerá um ajuntamento dos “reis da Terra e do mundo inteiro”, não será com o propósito mencionado no texto, a saber, “com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso”?DAP 511.3

    Em harmonia com essa crítica, várias traduções usam o pronome no plural em lugar do singular.DAP 511.4

    Wakefield, em sua tradução do Novo Testamento, apresenta o versículo da seguinte maneira: “E os espíritos reuniram os reis em um lugar chamado em hebraico de Armagedom”.DAP 511.5

    O Testamento siríaco traz: “E eles os congregaram em um lugar chamado Armagedom em hebraico”.DAP 511.6

    A tradução de Sawyer diz: “E eles se reuniram em um lugar chamado em hebraico de Armagedom”.DAP 511.7

    E a versão de Wesley do Novo Testamento diz: “E eles os reuniram no lugar chamado de Armagedom em hebraico”.DAP 511.8

    A tradução de Whiting traz: “E eles os reuniram em um lugar chamado Armagedom em hebraico”.DAP 511.9

    O professor Stuart, de Andover College, distinto crítico, embora não seja tradutor das Escrituras, verteu: “E eles os reuniram”, etc. De Wette, tradutor alemão da Bíblia, segue a mesma opção de Stuart e dos outros.27A ARA e ARC em língua portuguesa seguiram a mesma opção desses tradutores e críticos, colocando o verbo no plural e deixando o sujeito “eles” (espíritos de demônios) oculto.DAP 511.10

    Albert Barnes, cujos comentários sobre o Novo Testamento são tão usados, se refere à mesma lei gramatical sugerida pela crítica supracitada e diz:DAP 511.11

    “A autoridade de De Wette e do professor Stuart é suficiente para mostrar que a construção gramatical que adotam é autorizada pelo grego, como de fato ninguém pode duvidar, e talvez essa opção harmonize melhor com o contexto do que qualquer outra construção proposta.”DAP 512.1

    Assim se percebe que há razões de peso para ler o texto: “Eles os ajuntaram”, em vez de “ele os ajuntou”. Por meio dessas autoridades, demonstra-se que as pessoas reunidas são os subordinados de Satanás, não os santos; que essa é a obra dos espíritos, não de Cristo; e que o local de reunião não é a nova Jerusalém para a ceia das bodas do Cordeiro, mas, sim, o Armagedom (ou monte Megido), “para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso”.DAP 512.2

    As colinas de Megido, em frente à planície de Esdraelom, foram o local onde Baraque e Débora destruíram o exército de Sísera e onde Josias foi derrotado pelo rei egípcio Faraó-Neco.DAP 512.3

    VERSÍCULO 17. Então, derramou o sétimo anjo a sua taça pelo ar, e saiu grande voz do santuário, do lado do trono, dizendo: Feito está! 18. E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a Terra; tal foi o terremoto, forte e grande. 19. E a grande cidade se dividiu em três partes, e caíram as cidades das nações. E lembrou-Se Deus da grande Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho do furor da Sua ira. 20. Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados; 21. também desabou do céu sobre os homens grande saraivada, com pedras que pesavam cerca de um talento; e, por causa do flagelo da chuva de pedras, os homens blasfemaram de Deus, porquanto o Seu flagelo era sobremodo grande.DAP 512.4

    A sétima praga. Assim a Inspiração descreveu o último juízo que será infligido na condição presente sobre aqueles que são incorrigivelmente rebeldes contra Deus. Algumas das pragas têm aplicação local, mas esta é derramada sobre o ar. O ar envolve a Terra inteira. Conclui-se que esta praga, da mesma maneira, envolverá todo o globo habitável. Ela será universal. O próprio ar será mortal.DAP 512.5

    Depois de acontecer o ajuntamento das nações durante a sexta taça, resta a batalha para ser travada durante a sétima. E aqui são mencionados os instrumentos que Deus usará para executar os ímpios. Nesse momento, pode-se dizer: “O Senhor abriu o Seu arsenal e tirou dele as armas da Sua indignação” (Jeremias 50:25).DAP 512.6

    “Sobrevieram […] vozes”. Acima de tudo se ouvirá a voz de Deus. “O Senhor brama de Sião e Se fará ouvir de Jerusalém, e os céus e a Terra tremerão; mas o Senhor será o refúgio do Seu povo e a fortaleza dos filhos de Israel” (Joel 3:16; ver também Jeremias 25:30; Hebreus 12:26). Isso provocará o grande terremoto como nunca se viu antes sobre a face da Terra.DAP 512.7

    “Relâmpagos […] e trovões”. Outra alusão aos juízos do Egito (cf. Êxodo 9:23). A grande cidade se divide em três partes, ou seja, as três grandes divisões da religião falsa e apóstata do mundo (a grande cidade). O paganismo, o catolicismo e o protestantismo apostatado parecem ser separados a fim de receber sua ruína apropriada. As cidades das nações caem; desolação universal se espalha pela Terra; todas as ilhas fogem e as montanhas não podem ser encontradas; e a grande Babilônia é lembrada por Deus. Leia seus juízos descritos em maiores detalhes no capítulo 18.DAP 512.8

    “Também desabou do céu sobre os homens grande saraivada”. Esse será o último instrumento usado para infligir castigo sobre os maus — o resíduo amargo da sétima taça. Deus Se dirigiu solenemente aos ímpios dizendo: “Farei do juízo a régua e da justiça, o prumo; a saraiva varrerá o refúgio da mentira, e as águas arrastarão o esconderijo” (Isaías 28:17; ver também Isaías 30:30). E Ele pergunta a Jó: “Acaso, [...] viste os tesouros da saraiva, que Eu retenho até ao tempo da angústia, até ao dia da peleja e da guerra?” (Jó 38:22-23).DAP 514.1

    “Pedras que pesavam cerca de um talento”. Um talento, de acordo com diversas autoridades, pesa cerca de 25 quilos. O que seria capaz de resistir ao peso de pedras tão enormes caindo do céu? Mas a humanidade, nessa ocasião, não terá abrigo. As cidades estarão derrubadas pelo poderoso terremoto, as ilhas terão fugido e os montes não se acharão. Mais uma vez, os ímpios expressam palavras de blasfêmia, pois a praga da saraiva é “sobremodo grande”.DAP 514.2

    Uma vaga ideia do terrível efeito da cena aqui predita pode ser inferida do relato a seguir de uma tempestade de granizo no estreito de Bósforo por nosso conterrâneo, o falecido comodoro Porter, em sua obra Letters from Constantinople and its Environs [Cartas de Constantinopla e Arredores], vol. 1, p. 44. Ele conta:DAP 514.3

    “Havíamos percorrido talvez cerca de dois quilômetros, quando surgiu uma nuvem no oeste, dando indícios da aproximação da chuva. Em poucos minutos, descobrimos que algo caía do céu com forte barulho e aparência esbranquiçada. Não consegui identificar o que era, mas, ao observar algumas gaivotas por perto, supus serem elas em busca de peixes, mas logo descobri que eram grandes bolas de gelo que caíam. Imediatamente, ouvimos som como de um forte trovão, ou dezenas de milhares de carruagens rolando furiosamente sobre o pavimento. Todo o Bósforo espumejou, como se a artilharia celeste tivesse sido carregada para atingir cada um de nós e nosso frágil maquinário. Nosso destino parecia inevitável. Abrimos os guarda-chuvas para nos protegerem, mas os pedaços de gelo os rasgavam em tiras. Felizmente, tínhamos um abrigo para animais no barco, para onde fomos rastejando e nos salvamos de maiores danos. Um dos três remadores literalmente esmagou a mão; outro ficou muito ferido no ombro. O Sr. H. recebeu um golpe na perna; minha mão direita ficou meio inválida e todos sofreram machucados maiores ou menores.”DAP 514.4

    “Foi a cena mais horrenda e terrível que já testemunhei, e Deus não permita que eu seja exposto a outra! Bolas de gelo cujo tamanho era o dobro do meu punho caíram no barco, e algumas delas com tamanha violência que, sem dúvida, teriam quebrado um braço ou uma perna caso nos tivessem atingido nessas partes. Uma delas bateu na pá de um remo e a partiu. A cena durou talvez cinco minutos, mas foram os cinco minutos com sentimentos mais terríveis que já vivenciei. Quando tudo passou, vimos os montes cobertos com amontoados de gelo. Não posso chamar simplesmente de granizo. As árvores perderam folhas e galhos e tudo parecia desolado. A cena foi terrível, além de qualquer descrição.”DAP 514.5

    “Já testemunhei diversos terremotos. O relâmpago já iluminou como se estivesse sobre minha cabeça. O vento já rugiu, e as ondas, certa vez, me jogaram no alto e em seguida me lançaram bem no fundo do mar. Já estive em ação e presenciei morte e destruição ao meu redor em toda forma de horror. Mas nunca tive a sensação de pavor que se apoderou de mim como nessa ocasião. Ela ainda me assombra e continuará a me assombrar para sempre. Meu carregador, o mais ousado da tripulação, se aventurou a sair pela porta por um instante e foi derrubado por um granizo. Se não tivesse sido puxado para dentro pelos calcanhares, teria sido atingido até a morte. Dois barqueiros morreram na parte superior do vilareijo, e ouvi falar de vários que quebraram ossos. Imagine que os céus tenham se congelado e, de repente, quebrado em pedaços, em massas irregulares chegando a pesar de 250 a 500 gramas, e caído na Terra.”DAP 515.1

    Caro leitor, se tais foram os efeitos desoladores de uma tempestade de gelo que fez cair pedras do tamanho do punho de um homem, pesando no máximo meio quilo, quem é capaz de compreender as consequências da saraivada vindoura, na qual cada pedra terá o peso de um talento? Tão certo quanto a Palavra de Deus é verdade, Ele logo punirá dessa maneira o mundo culpado. Que, de acordo com a promessa, tenhamos a garantia de “moradas de paz” e “lugares quietos e tranquilos” nessa hora terrível (Isaías 32:18-19).DAP 515.2

    “E saiu grande voz do santuário, do lado do trono, dizendo: Feito está!” Assim tudo termina. A taça da culpa humana se encheu. A última alma se valeu do plano da salvação. Os livros foram fechados. O número dos salvos se completou. O ponto final é colocado na história deste mundo. As taças da cólera de Deus foram derramadas sobre uma geração corrupta. Os ímpios beberam de seu conteúdo até a última gota e se afundaram no reino da morte por mil anos. Leitor, onde você deseja ser encontrado após essa grande decisão?DAP 515.3

    Mas qual é a condição dos santos enquanto o “dilúvio do açoite” assola? Eles são alvos especiais da proteção de Deus, Aquele que nota até mesmo o pardal que cai ao chão. Muitas e inúmeras são as promessas para lhes prover conforto, as quais se encontram resumidas na bela e expressiva linguagem do Salmo 91, o único que teremos espaço para citar:DAP 515.4

    “O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio. Pois Ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa. Cobrir-te-á com as Suas penas, e, sob Suas asas, estarás seguro; a Sua verdade é pavês e escudo. Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia, nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola ao meio-dia. Caiam mil ao teu lado, e dez mil, à tua direita; tu não serás atingido. Somente com os teus olhos contemplarás e verás o castigo dos ímpios. Pois disseste: O Senhor é o meu refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda” (Salmos 91:1-10).DAP 515.5

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