Loading...
Larger font
Smaller font
Copy
Print
Contents

Considerações sobre Daniel e Apocalipse

 - Contents
  • Results
  • Related
  • Featured
No results found for: "".
  • Weighted Relevancy
  • Content Sequence
  • Relevancy
  • Earliest First
  • Latest First
    Larger font
    Smaller font
    Copy
    Print
    Contents

    Daniel 10 — Deus Intervém nos Negócios do Mundo

    Versículo 1: No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma palavra a Daniel, cujo nome é Beltessazar; a palavra era verdadeira e envolvia grande conflito; ele entendeu a palavra e teve a inteligência da visão.APLCDA 225.1

    Este versículo introduz a última visão registrada do profeta Daniel, pois a instrução que lhe foi comunicada nessa ocasião continua em Daniel 11 e 12. Supõe-se que a morte de Daniel ocorreu pouco depois, uma vez que tinha, segundo Prideaux, pelo menos 90 anos de idade.APLCDA 225.2

    Versículos 2-3: Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas. Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que passaram as três semanas inteiras.APLCDA 225.3

    O pesar de Daniel — A expressão “três semanas inteiras” corresponde a três semanas de dias em outras versões e é empregada para distinguir este tempo das semanas de anos apresentadas no capítulo anterior.APLCDA 225.4

    Por que razão assim se humilhava e afligia sua alma este idoso servo de Deus? Evidentemente para conhecer melhor o propósito divino acerca dos eventos que aconteceriam à igreja de Deus. O mensageiro enviado para instruí-lo diz: “Desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender” (verso 12). Havia, pois, ainda alguma coisa que Daniel não entendia. Que era? Indubitavelmente alguma parte da visão anterior, a de Daniel 9 e portanto de Daniel 8, já que o capítulo 9 é explicação do anterior. Como resultado de sua súplica, recebe agora informação mais detalhada acerca dos acontecimentos incluídos nos grandes esboços de suas visões anteriores.APLCDA 225.5

    A aflição do profeta acompanhava-se de jejum, que não era uma abstinência completa de alimento, mas consistia em consumir apenas os alimentos mais simples. Não comeu “manjar desejável”, nem finas iguarias; não comeu carne nem tomou vinho; não ungiu a cabeça, o que para os judeus era sinal de jejum. Não sabemos quanto tempo ele teria continuado jejuando se sua oração não tivesse recebido resposta; mas o fato de continuar por três semanas inteiras nesse proceder demonstra que não era pessoa para cessar suas súplicas antes de receber o que pedia.APLCDA 225.6

    Versículos 4-9: No dia vinte e quatro do primeiro mês, estando eu à borda do grande rio Tigre, levantei os olhos e olhei, e eis um homem vestido de linho, cujos ombros estavam cingidos de ouro puro de Ufaz; o seu corpo era como o berilo, o seu rosto, como um relâmpago, os seus olhos, como tochas de fogo, os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como o estrondo de muita gente. Só eu, Daniel, tive aquela visão; os homens que estavam comigo nada viram; não obstante, caiu sobre eles grande temor, e fugiram e se esconderam. Fiquei, pois, eu só e contemplei esta grande visão, e não restou força em mim; o meu rosto mudou de cor e se desfigurou, e não retive força alguma. Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo-a, caí sem sentidos, rosto em terra.APLCDA 226.1

    A palavra Hidéquel (Almeida RC) se aplica ao rio Eufrates na versão siríaca. Na Vulgata, na grega e na árabe a palavra se aplica ao Tigre. Portanto alguns concluem que o profeta teve esta visão na confluência destes dois rios, perto do Golfo Pérsico.APLCDA 226.2

    Nessa ocasião Daniel foi visitado por um ser muito majestoso. A descrição que dele aqui se dá é comparável à que se faz de Cristo em Apocalipse 1:14-16. Além do mais, como a aparição teve sobre Daniel efeito semelhante ao experimentado por Paulo e seus companheiros quando o Senhor Se apresentou no caminho de Damasco (Atos 9:1-7), deduzimos que foi o próprio Cristo que apareceu a Daniel. No verso 13 é-nos dito que Miguel veio assistir a Gabriel para influenciar o rei da Pérsia. Quão natural era, pois, que se manifestasse a Daniel nesse então!APLCDA 226.3

    Versículos 10-12: Eis que certa mão me tocou, sacudiu-me e me pôs sobre os meus joelhos e as palmas das minhas mãos. Ele me disse: Daniel, homem muito amado, está atento às palavras que te vou dizer; levanta-te sobre os pés, porque eis que te sou enviado. Ao falar ele comigo esta palavra, eu me pus em pé, tremendo. Então, me disse: Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim.APLCDA 226.4

    Gabriel anima a Daniel — Tendo Daniel caído ante a majestosa aparição de Cristo, o anjo Gabriel, que é obviamente de quem se fala nos versos 11-13, colocou a mão sobre ele para dar-lhe segurança e confiança. Disse a Daniel que este era homem muito amado. Admirável declaração! Um membro da família humana, de nossa mesma raça, amado, não simplesmente no sentido geral em que Deus amou o mundo inteiro quando deu Seu Filho para morrer pela humanidade, mas amado como pessoa e amado de tão grandiosa maneira! Tal declaração bem pôde infundir confiança ao profeta. Ademais, o anjo lhe diz que veio com o propósito de conversar com ele, e deseja pôr-lhe o ânimo em condições de entender suas palavras. Assim alentado, o santo e amado profeta continuava a tremer diante do anjo.APLCDA 227.1

    “Não temas, Daniel”, continua dizendo Gabriel. Não tinha motivo de temor diante dele, embora um ser celestial, pois lhe fora enviado por ser ele muito amado e em resposta a sua fervorosa oração. Nenhum dos filhos de Deus, qualquer que seja a época que pertença, deve sentir temor servil de qualquer desses agentes enviados para ajudá-lo a alcançar a salvação. Há, entretanto, muitas pessoas que tendem a considerar Jesus e seus anjos como severos ministros de justiça, em vez de seres que trabalham ardentemente por nossa salvação. A presença de um anjo, caso aparecesse corporalmente a eles, lhes encheria de terror e o pensamento de que Cristo logo virá os entristece e os alarma. Recomendamos a tais pessoas que tenham um pouco mais do perfeito amor que lança fora todo temor.APLCDA 227.2

    Versículo 13: Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia.APLCDA 227.3

    Gabriel resistido pelo rei da Pérsia — Quantas vezes as orações dos filhos de Deus são ouvidas embora não haja resposta aparente! Assim foi no caso de Daniel. O anjo lhe diz que desde o primeiro dia em que ele aplicou seu coração a entender, suas palavras foram ouvidas. Mas Daniel continuou afligindo sua alma com jejum e lutando com Deus por três semanas, sem ter noção de que sua petição fora atendida. Mas qual a razão da demora? O rei da Pérsia resistiu ao anjo. A resposta à oração de Daniel envolvia certa ação da parte do rei. Ele devia ser influenciado a praticar tal ação. Sem dúvida era a obra que ele devia fazer, e já tinha começado, em favor do templo de Jerusalém e dos judeus, sendo seu decreto para a construção desse templo era o primeiro de uma série que finalmente constituiu aquela ordem notável de restaurar e reedificar Jerusalém, cuja expedição devia marcar o início do grande período profético de 2.300 dias. O anjo foi enviado para influenciá-lo a prosseguir de acordo com a vontade divina.APLCDA 228.1

    Quão pouco percebemos do que se passa no mundo invisível com relação aos negócios humanos! Aqui a cortina é erguida por um momento e captamos um vislumbre dos movimentos interiores. Daniel ora. O Criador do Universo ouve. Dá a Gabriel a ordem para ir ajudá-lo. Mas o rei da Pérsia deve agir antes de a oração de Daniel ser respondida e o anjo se apressa a ir ter com o rei da Pérsia. Indubitavelmente Satanás reúne suas forças para se lhe opor. Eles se encontram no palácio real da Pérsia. Todos os motivos de interesse egoísta e política mundana que Satanás pode utilizar, sem dúvida ele emprega vantajosamente para influenciar o rei para não cumprir a vontade de Deus, enquanto Gabriel exerce sua influência na direção oposta. O rei luta entre emoções conflitantes. Vacila e demora. Passa dia após dia, e Daniel continua orando. O rei continua recusando-se a ceder à influência do anjo. Decorrem três semanas e eis que um Ser mais poderoso que Gabriel se une a ele no palácio do rei, e logo ambos se dirigem aonde está Daniel para colocá-lo a par do progresso dos acontecimentos. Desde o princípio, disse Gabriel, tua oração foi ouvida; mas durante estas três semanas em que te dedicaste a orar e jejuar, o rei da Pérsia resistiu à minha influência e me impediu de vir.APLCDA 228.2

    Tal foi o efeito da oração. E desde o tempo de Daniel, Deus não tem erigido barreiras entre Si e Seu povo. Continuam tendo o privilégio de apresentar orações tão fervorosas e eficazes como a de Daniel e, como Jacó, lutar com Deus e prevalecer.APLCDA 229.1

    Quem era Miguel, que veio em auxílio de Gabriel? A palavra significa “Aquele que é como Deus”. As Escrituras mostram claramente que Cristo é o único que leva esse nome. Judas [1:9] declara que Miguel é o Arcanjo, palavra que significa “chefe ou cabeça dos anjos”, e Gabriel, em nosso texto, chama-o de “um dos primeiros príncipes” (ou, como se lê numa nota marginal, “o Principal príncipe”. Só pode haver um Arcanjo, portanto é manifestamente impróprio usar o vocábulo no plural, como fazem alguns. As Escrituras jamais o fazem. Em 1 Tessalonicenses 4:16, Paulo diz que quando o Senhor vier a segunda vez para ressuscitar os mortos, a voz do Arcanjo será ouvida. De Quem é a voz que se ouve quando os mortos são ressuscitados? A voz do Filho de Deus. (João 5:28). Quando se consideram essas passagens da Escritura em conjunto, demonstram que os mortos são ressuscitados pela voz do Filho de Deus; que a voz então ouvida é a voz do Arcanjo, com o que se prova que o Arcanjo é o Filho de Deus; e que o Arcanjo se chama Miguel, de onde se conclui que Miguel é o Filho de Deus. No último versículo de Daniel 10, Ele é chamado “vosso Príncipe” e no primeiro de Daniel 12, “o grande Príncipe que Se levanta pelos filhos do teu povo”. Estas são expressões que podem apropriadamente ser aplicadas a Cristo, mas a nenhum outro ser.APLCDA 229.2

    Versículo 14: Agora, vim para fazer-te entender o que há de suceder ao teu povo nos últimos dias; porque a visão se refere a dias ainda distantes.APLCDA 229.3

    A expressão “a visão se refere a dias ainda distantes”, penetrando em futuro distante e abrangendo o que sucederá ao povo de Deus até nos últimos dias, demonstra de forma conclusiva que os 2.300 dias mencionados nessa visão não podem significar dias literais, e sim anos. (Ver os comentários sobre Daniel 9:25-27).APLCDA 229.4

    Versículos 15-17: Ao falar ele comigo estas palavras, dirigi o olhar para a terra e calei. E eis que uma como semelhança dos filhos dos homens me tocou os lábios; então, passei a falar e disse àquele que estava diante de mim: meu senhor, por causa da visão me sobrevieram dores, e não me ficou força alguma. Como, pois, pode o servo do meu senhor falar com o meu senhor? Porque, quanto a mim, não me resta já força alguma, nem fôlego ficou em mim.APLCDA 230.1

    Uma das mais notáveis características manifestadas por Daniel era a terna solicitude que ele sentia por seu povo. Tendo agora chegado a compreender claramente que a visão predizia longos séculos de perseguição e sofrimento para a igreja, ficou tão afetado pela visão que sua força o abandonou, perdeu tanto o fôlego como a faculdade de falar. A visão do versículo 16 indubitavelmente se refere à visão anterior, a de Daniel 8.APLCDA 230.2

    Versículos 18-21: Então, me tornou a tocar aquele semelhante a um homem e me fortaleceu; e disse: Não temas, homem muito amado! Paz seja contigo! Sê forte, sê forte. Ao falar ele comigo, fiquei fortalecido e disse: fala, meu senhor, pois me fortaleceste. E ele disse: Sabes por que eu vim a ti? Eu tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia. Mas eu te declararei o que está expresso na escritura da verdade; e ninguém há que esteja ao meu lado contra aqueles, a não ser Miguel, vosso príncipe.APLCDA 230.3

    Finalmente o profeta é fortalecido para ouvir toda a comunicação que o anjo tinha a fazer. Gabriel diz: “Sabes porque eu vim a ti?” Entendes meu propósito, de modo que não temas mais? Então ele anunciou sua intenção de voltar, tão logo termine sua comunicação. A palavra hebraica im, que significa “com”, é traduzida na Septuaginta pelo grego metá, que não significa “contra”, mas “em comum, juntamente com”, isto é, o anjo de Deus ficaria do lado do reino da Pérsia enquanto conviesse à providência de Deus que tal reino continuasse existindo. “E, saindo eu” — explicou Gabriel — “eis que virá o príncipe da Grécia.” Ou em outras palavras, quando ele retirar seu apoio do reino, e a providência de Deus operar em favor de outro reino, virá o príncipe da Grécia e a monarquia persa será derribada.APLCDA 230.4

    Gabriel então anunciou que só Miguel, o Príncipe entendia com ele os assuntos que devia comunicar. E após havê-las dado a entender a Daniel, havia no universo quatro seres que possuíam o conhecimento destas importantes verdades: Daniel, Gabriel, Cristo e Deus. Destacam-se quatro elos nesta cadeia de testemunhas: o primeiro, Daniel, membro da família humana; o último, Jeová, o Deus supremo.APLCDA 231.1

    Larger font
    Smaller font
    Copy
    Print
    Contents