Loading...
Larger font
Smaller font
Copy
Print
Contents

Considerações sobre Daniel e Apocalipse

 - Contents
  • Results
  • Related
  • Featured
No results found for: "".
  • Weighted Relevancy
  • Content Sequence
  • Relevancy
  • Earliest First
  • Latest First
    Larger font
    Smaller font
    Copy
    Print
    Contents

    Apocalipse 01 — O Método Divino da Revelação Profética

    O livro do Apocalipse começa com o anúncio do seu título e com uma bênção dirigida aos que prestam diligente atenção às suas solenes declarações proféticas:APLCDA 339.1

    Versículos 1-3: “Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João, o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu. Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo.”APLCDA 339.2

    O título — Os tradutores da Bíblia deram a este livro o título de Apocalipse do Apóstolo S. João (RC), Apocalipse de João (RA). Mas ao fazê-lo contradizem as primeiras palavras do próprio livro, que declara ser a “Revelação de Jesus Cristo”. Jesus Cristo é o Revelador, e não João. João é apenas o instrumento usado por Cristo para escrever esta revelação destinada a beneficiar Sua igreja. Este João é o discípulo a quem Jesus amou e favoreceu entre os doze. Foi evangelista, apóstolo e o autor do Evangelho e das epístolas que levam o seu nome. Aos títulos anteriores deve-se agregar o de profeta, porque o Apocalipse é uma profecia, e assim o denomina João. Mas o conteúdo deste livro emana de uma fonte ainda mais elevada. Não é apenas a revelação de Jesus Cristo, mas a revelação que Deus Lhe deu. Sua origem é, em primeiro lugar, a grande Fonte de toda a sabedoria e verdade: Deus, o Pai; Ele a comunicou a Jesus Cristo, o Filho; e Cristo enviou-a por Seu anjo ao Seu servo João.APLCDA 339.3

    O caráter do livro — Este está expresso na palavra “Revelação”. Uma revelação é algo manifesto ou dado a conhecer, não algo encoberto ou oculto. Moisés diz-nos que “as coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus; porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre” (Deuteronômio 29:29). Portanto, o próprio título do livro refuta eficientemente a opinião corrente de que este livro se conta entre os mistérios de Deus e não pode ser compreendido. Se fosse assim, teria o título de “Mistério” ou “Livro Oculto”, e não o de “Revelação”.APLCDA 339.4

    Seu objetivo — “Para mostrar aos Seus servos as coisas que em breve devem acontecer”. Quem são Seus servos? A quem foi dada a revelação? Teria que ser a algumas pessoas específicas, a algumas igrejas em particular, ou a algum período especial? Não; é para toda a igreja em todo o tempo, enquanto estejam para cumprir-se quaisquer dos acontecimentos preditos. É para todos os que podem reclamar o título de “Seus servos” onde e quando quer que existam.APLCDA 340.1

    Deus diz que deu esta profecia para mostrar a Seus servos as coisas que iriam acontecer; e não obstante, muitos expositores da Sua palavra dizem-nos que ninguém a pode compreender! É como se Deus pretendesse tornar conhecidas aos homens importantes verdades e, entretanto, caísse na insensatez terrena de revesti-las de linguagem ou figuras incompreensíveis para a mente humana! É como se mandasse a uma pessoa olhar para um objeto distante, e logo levantasse uma barreira impenetrável entre essa pessoa e o objeto, ou como se desse a Seus servos uma luz para guiá-los através das trevas da noite, e cobrisse essa luz com um pano tão espesso que não deixasse passar um único raio de seu resplendor. Como desonram a Deus os que assim brincam com Sua palavra! Não, o Apocalipse realizará o objetivo para o qual foi dado, e “Seus servos” conhecerão, por seu intermédio, “as coisas que em breve devem acontecer” e que dizem respeito à sua salvação eterna.APLCDA 340.2

    Seu anjo — Cristo enviou o Apocalipse e o notificou a João pelo “Seu anjo”. Parece que aqui se trata de um anjo em particular. Que anjo podia com propriedade chamar-se o anjo de Cristo? Já encontramos a resposta a esta pergunta em nosso estudo, nos comentários sobre Daniel 10:21. Chegamos ali à conclusão de que as verdades destinadas a ser reveladas a Daniel foram confiadas exclusivamente a Cristo e a um anjo chamado Gabriel. Assim como ao comunicar uma importante verdade ao profeta amado, também é a obra de Cristo no Apocalipse — é a transmissão de uma importante verdade ao “discípulo amado”. Quem pode ser Seu anjo nesta obra a não ser aquele que ajudou a Daniel na obra profética anterior, a saber, o anjo Gabriel? Pareceriam também apropriado que o mesmo anjo que o mesmo anjo empregado para comunicar mensagens ao profeta amado de outrora, desempenhasse o mesmo cargo em relação com o profeta João na era evangélica. (Ver comentários sobre Apocalipse 19:10).APLCDA 340.3

    Uma bênção ao leitor — “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia” (RC) Haverá alguma bênção, tão direta e categórica, pronunciada sobre a leitura e observância de qualquer outra porção da Palavra de Deus? Quanto isso nos estimula a estudá-la! Diremos que não se pode compreender? Seria lógico oferecer uma bênção para o estudo de um livro que não nos beneficiaria? Deus pronunciou a Sua bênção sobre o leitor desta profecia, pôs o selo da Sua aprovação sobre um fervoroso estudo das suas páginas maravilhosas. Com esse estímulo de fonte divina, o filho de Deus não se deixará abalar por mil contra-ataques dos homens.APLCDA 341.1

    Todo cumprimento da profecia impõe deveres. No Apocalipse há coisas que devem ser guardadas e cumpridas. Há deveres a fazer como resultado da compreensão e do cumprimento da profecia. Um notável exemplo desta classe pode-se ver no capítulo 14:12, onde lemos: “Aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.”APLCDA 341.2

    “O tempo está próximo”, escreve João, e ao dizê-lo nos oferece outro motivo para estudar seu livro. Torna-se cada vez mais importante à medida que nos aproximamos da grande consumação. Com referência a este ponto oferecemos os pensamentos impressionantes de outro escritor:APLCDA 341.3

    “Com o passar do tempo, aumenta a importância de estudar o Apocalipse. Nele há coisas que logo devem acontecer. [...] Já quando João registrou as palavras de Deus, o testemunho de Jesus Cristo e todas as coisas que viu, o longo período dentro do qual essas sucessivas cenas se deviam realizar estava próximo. A primeira de toda a série conectada estava a ponto de cumprir-se. Se sua proximidade constituía, então, motivo para estudar o seu conteúdo, quanto mais agora! Cada século que passa, cada ano que transcorre, intensifica a urgência com que devemos prestar atenção a esta parte final da Escritura Sagrada. E porventura não reforça ainda mais a razão de ser desta observação a intensidade do apego de nossos contemporâneos às coisas temporais? Certamente, nunca houve uma época em que uma poderosa influência oposta fosse mais necessária. O Apocalipse de Jesus Cristo, devidamente estudado, apresenta uma adequada influência corretiva. Como seria bom que todos os cristãos pudessem, na mais ampla medida, receber a bênção prometida àqueles que ouvem as palavras desta profecia e guardam as coisas que nela estão escritas, porque o tempo está próximo.”APLCDA 342.1

    A dedicação — Depois da bênção temos a dedicação nestas palavras:APLCDA 342.2

    Versículo 4: “João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!APLCDA 342.3

    As igrejas da Ásia — Havia mais de sete igrejas na Ásia, mesmo na parte ocidental da Ásia, conhecida por Ásia Menor. E se considerarmos o território ainda menor, a saber, aquela pequena parte da Ásia Menor, onde estavam situadas as sete igrejas que são mencionadas, notamos que no meio delas havia outras igrejas importantes. Colossos, a cujos cristãos Paulo dirigiu a sua epístola aos Colossenses, estava a pouca distância de Laodicéia. Patmos, onde João teve sua visão, situava-se mais perto de Mileto que de qualquer das igrejas mencionadas. Além disso, Mileto era um centro importante do cristianismo, considerando-se que Paulo fez estada ali e mandou chamar os anciãos da igreja de Éfeso para o encontrarem nesse lugar. (Atos 20:17-38). Ali deixou em boas mãos cristãs a Trófimo, seu discípulo doente (2 Timóteo 4:20). Troas, onde Paulo passou um tempo com os discípulos, e de onde, depois de ter esperado passar o sábado, iniciou a sua viagem, não estava longe de Pérgamo, cidade nomeada entre as sete igrejas.APLCDA 342.4

    Torna-se, pois, interessante determinar por que é que sete dentre as igrejas da Ásia Menor foram escolhidas como aquelas às quais o Apocalipse foi dedicado. Acaso a saudação do Apocalipse 1 se dirige apenas às sete igrejas literais nomeadas? E ocorre o mesmo com as admoestações a elas endereçadas em Apocalipse 2 e 3? Descrevem coisas que ali existiam então ou retratam apenas o que iria suceder mais tarde? Não podemos chegar a esta conclusão por boas e sólidas razões:APLCDA 343.1

    Todo o livro de Apocalipse é dedicado às sete igrejas (Apocalipse 1:3, 11, 19; 22:18 e 19). O livro não era mais aplicável a elas do que a outros cristãos da Ásia Menor, como por exemplo, os que habitavam no Ponto, na Galácia, na Capadócia e na Bitínia, a quem Pedro dirigiu sua epístola (1 Pedro 1:1); ou aos cristãos de Colossos, Troas e Mileto, localizados no meio das igrejas nomeadas.APLCDA 343.2

    Apenas uma pequena parte do livro podia referir-se individualmente às sete igrejas, ou a quaisquer cristãos do tempo de João, porque a maioria dos acontecimentos que apresenta estavam tão longe no futuro, que não iriam ocorrer durante a geração que então vivia, e nem ainda no tempo de vida dessas igrejas. Por isso, as igrejas específicas não tinham nada a ver com tais eventos.APLCDA 343.3

    É dito que as sete estrelas que o Filho do homem tinha na Sua mão direita são os anjos das sete igrejas (v. 20). Sem dúvida todos concordam que os anjos das igrejas são os ministros das igrejas. O fato de estarem na mão direita do Filho do homem indica o poder mantenedor, a guia e a proteção a eles concedidos. Mas havia apenas sete na Sua mão direita. São apenas sete os assim cuidados pelo grande Mestre das assembléias? Não poderão todos os verdadeiros ministros de todos os tempos evangélicos obter desta imagem o consolo de saber que são sustentados e guiados pela mão direita do grande Cabeça da igreja? Esta parece ser a única conclusão lógica possível de chegar.APLCDA 344.1

    Além disso, João, olhando para a dispensação cristã, viu o Filho do homem no meio dos sete castiçais, que representavam sete igrejas. A posição do Filho do homem entre eles deve significar a Sua presença com Seus filhos, o Sua cuidado vigilante sobre eles e a Sua perscrutadora visão de todas as suas obras. Mas, conhece Ele apenas sete igrejas individuais? Não poderemos antes concluir que esta cena representa a Sua posição relativamente a todas as Suas igrejas durante a dispensação evangélica? Então, por que são mencionadas apenas sete? O número sete é usado na Bíblia para significar a plenitude e a perfeição. Portanto, os sete castiçais representam a igreja evangélica através de sete períodos, e as sete igrejas podem receber a mesma aplicação.APLCDA 344.2

    Por que foram escolhidas as sete igrejas mencionadas em particular? Sem dúvida, pelo fato de seus nomes, segundo as definições das palavras, apresentarem as características religiosas daqueles períodos da dispensação evangélica que respectivamente deviam representar.APLCDA 344.3

    Portanto, compreende-se facilmente que “as sete igrejas” não representam simplesmente as sete igrejas literais da Ásia que foram mencionadas, mas sete períodos da igreja cristã, desde os dias dos apóstolos até o fim do tempo da graça. (Ver comentários de Apocalipse 2:1).APLCDA 344.4

    A fonte da bênção — “Da parte daquele que é, que era e que há de vir”, ou que há de ser, é uma expressão que neste caso se refere a Deus o Pai. Cremos que esta linguagem nunca é aplicada a Cristo. Fala-se dEle como de outra pessoa, distinta do Ser assim descrito.APLCDA 345.1

    Os sete Espíritos — Provavelmente, esta expressão não se refere a anjos, mas ao Espírito de Deus. É uma das fontes de graça e paz para a igreja. Acerca do interessante assunto dos sete Espíritos, observa Thompson: “Isto é, do Espírito Santo, denominado ‘os sete Espíritos’, porque sete é um número sagrado e perfeito; pois esta designação não lhe é dada [...] para indicar pluralidade interior, mas a plenitude e perfeição dos Seus dons e operações.” Alberto Barnes diz: “O número sete pode ter sido dado, portanto, ao Espírito Santo com referência à diversidade ou a plenitude das Suas operações nas almas humanas, e à Sua múltipla atuação nos acontecimentos do mundo, como será posteriormente desenvolvido neste livro.”APLCDA 345.2

    O Seu trono — Refere-se ao trono de Deus Pai, porque Cristo não ascendeu ainda ao Seu próprio trono. Os sete Espíritos diante do trono, talvez indicam “ao fato de o Divino Espírito estar, por assim dizer, pronto para ser enviado, de acordo com uma representação comum nas Escrituras, para cumprir propósitos importantes nos assuntos dos homens.”APLCDA 345.3

    “E da parte de Jesus Cristo” — Cristo não é, pois a pessoa que, no versículo anterior, é designada como sendo “Aquele que é, que era, e que há de vir”. São aqui mencionadas algumas das principais características que pertencem a Cristo. Ele é “a Fiel Testemunha”. O Seu testemunho é sempre verdadeiro. Tudo o que promete cumprirá, com certeza.APLCDA 345.4

    O Primogênito dos mortos” é uma expressão paralela a outras encontradas em 1 Coríntios 15:20, 23; Hebreus 1:6; Romanos 8:29 e Colossenses 1:15, 18, e são aplicadas a Cristo, expressões como “as Primícias dos que dormem”, “o Primogênito no mundo”, “o Primogênito entre muitos irmãos”, “o Primogênito de toda a criação”, “o Primogênito de entre os mortos”. Mas estas expressões não denotam que Ele foi o primeiro a ressuscitar, do ponto de vista do tempo, porque antes dEle outros ressuscitaram. Ademais, este é um ponto sem importância. Cristo é a figura principal e central de todos os que saíram da sepultura, porque foi em virtude da vinda, obra e ressurreição de Cristo que alguns ressuscitaram antes dEle. No propósito de Deus, Ele foi o primeiro tanto do ponto de vista de tempo como de importância, porque embora alguns foram libertos do poder da morte antes dEle, isso não ocorreu senão depois de o propósito do triunfo de Cristo sobre a sepultura ter sido formado na mente de Deus, que “chama as coisas que não são como se já fossem” (Romanos 4:17, RC), e foram libertos em virtude daquele grande propósito que devia realizar-se no seu devido tempo.APLCDA 345.5

    Cristo é “o Príncipe dos reis da Terra” — Em certo sentido Cristo o é agora. Paulo informa-nos em Efésios 1:20, 21 que Ele foi posto à direita de Deus nos lugares celestiais, “acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro.” Os mais honrados nomes neste mundo são os de príncipes, reis, imperadores e potentados. Mas Cristo foi posto acima deles. Está sentado com Seu Pai no trono de domínio universal, com Ele governando e dirigindo todas as nações da Terra. (Apocalipse 3:21).APLCDA 346.1

    Num sentido mais particular Cristo há de ser Príncipe dos reis da Terra quando subir ao Seu próprio trono, e os reinos do mundo passem a ser “de nosso Senhor e do Seu Cristo”, quando forem entregues em Suas mãos pelo Pai, trazendo em Suas vestes o título de “Rei dos reis e Senhor dos senhores”, para despedaçar as nações como a um vaso de oleiro (Apocalipse 19:16; 2:27; Salmos 2:8, 9).APLCDA 346.2

    Ademais, fala-se de Cristo como Aquele “que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados.” Talvez cremos que recebemos muito amor de nossos amigos e parentes terrenos — pai, mãe, irmãos, ou amigos íntimos — mas vemos que nenhum amor é digno desse nome comparado com o amor de Cristo por nós. A frase seguinte intensifica o significado das palavras anteriores: “E, pelo Seu sangue, nos lavou dos nossos pecados.” Que amor teve por nós! Disse o apóstolo: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (João 15:13). Mas Cristo provou o Seu amor para conosco, morrendo por nós, “sendo nós ainda pecadores”.APLCDA 346.3

    E há algo mais ainda: “E nos fez reis e sacerdotes para Deus e Seu Pai”. Os que éramos leprosos pelo pecado, fomos purificados; os que éramos inimigos, fomos não só feitos amigos, mas elevados a posições de honra e dignidade. Que amor incomparável! Que provisão sem par fez Deus para que fôssemos purificados do pecado! Consideremos por um momento por um momento o serviço do santuário e seu belo significado. Quando um pecador confessa os pecados e recebe o perdão, Cristo os desfaz, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Nos livros do Céu onde estão registrados, são cobertos pelo sangue de Cristo, e se a pessoa que se converteu a Deus se mantiver fiel à sua profissão de fé, estes pecados jamais serão revelados, mas serão destruídos pelo fogo que purificará a Terra ao serem consumidos pecado e pecadores. Disse o profeta Isaías: “Lançaste para trás de ti todos os meus pecados.” (Isaías 38:17) Então será aplicada a declaração feita por Jeremias ao Senhor: “dos seus pecados jamais me lembrarei.” (Jeremias 31:34).APLCDA 347.1

    Não é de admirar que João, o discípulo amante e amado, atribuísse a este Ser que tanto fez por nós, glória e domínio para todo o sempre.APLCDA 347.2

    Versículo 7: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!”APLCDA 347.3

    Aqui João nos transporta para a frente, para a segunda vinda de Cristo em glória, o acontecimento culminante da Sua intervenção em favor deste mundo caído. Veio uma vez revestido de fraqueza, agora volta em poder; antes veio em humilhação, agora em glória. Vem nas nuvens, como ascendeu (Atos 1:9, 11).APLCDA 347.4

    Sua vinda é visível — “Todo olho O verá”. Todos os que estiverem vivos por ocasião da Sua vinda. Não somos informados de que a vinda pessoal de Cristo terá lugar no silêncio da meia-noite ou só no deserto ou no interior das casas. Não virá como ladrão, no sentido de vir a este mundo furtivamente, em segredo e em silêncio. Mas virá buscar o Seu tesouro mais precioso, Seus santos que dormem e que vivem, comprados com o Seu precioso sangue, aos quais arrebatou do poder da morte em combate franco e justo; e para estes Sua vinda não será menos aberta e triunfante. Será com o brilho e resplendor do relâmpago quando fulgura do oriente ao ocidente (Mateus 24:27). Será como som de trombeta que penetrará até às mais recônditas profundezas da Terra, e com uma voz potente que despertará os santos que dormem nos seus leitos de pó (Mateus 24:31; 1 Tessalonicenses 4:16). Surpreenderá os ímpios como ladrão porque obstinadamente fecharam os olhos aos sinais da Sua aproximação e se recusam a crer nas declarações de Sua Palavra de que Ele se aproximava. Com relação ao segundo advento, não há base nas Escrituras para a representação que fazem alguns de duas vindas, uma privada e outra pública.APLCDA 349.1

    “Até quantos O traspassaram” — Além de “todo olho”, como foi mencionado, há uma referência especial aos que desempenharam um papel mais ativo na tragédia da Sua morte, e isso indica que O verão voltar à Terra em triunfo e glória. Mas como sucederá isso? Se não estão vivos agora, como poderão vê-Lo quando vier? Haverá uma ressurreição dos mortos. Este é o único meio de voltar à vida depois de descer ao sepulcro. Mas como é que esses ímpios estarão vivos nessa altura, visto que a ressurreição geral dos ímpios só terá lugar mil anos depois do segundo advento? (Apocalipse 20:1-6).APLCDA 349.2

    A esse respeito Daniel diz:APLCDA 349.3

    “Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro. Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno.” (Daniel 12:1, 2).APLCDA 350.1

    Aqui nos é apresentada uma ressurreição parcial, uma ressurreição de certa classe de justos e de ímpios. Ocorre antes da ressurreição geral de cada um desses grupos. Então serão despertados muitos dos que dormem, não todos; quer dizer, alguns dos justos para a vida eterna, e alguns dos ímpios para vergonha e desprezo eterno. Esta ressurreição acontece em relação com o grande tempo de angústia qual nunca houve antes da vinda do Senhor. Não podem os que “O traspassaram” estar entre os que então ressuscitarem para vergonha e desprezo eterno? Não viria a propósito que os que tomaram parte na maior humilhação do Senhor, e outros notáveis protagonistas na rebelião contra Ele, ressuscitarem para contemplar Sua terrível majestade quando vier triunfante, como labareda de fogo, para tomar vingança dos que não conhecem a Deus e não obedecem ao Seu evangelho?APLCDA 350.2

    A resposta da igreja é: “Assim seja. Amém”. Embora esta vinda de Cristo seja para os ímpios uma cena de terror e destruição, é para os justos uma cena de alegria e triunfo. Essa vinda, que é como uma labareda de fogo, para tomar vingança dos ímpios, traz consigo o repouso para todos os que creem (2 Tess.1:6-10). Todos os que amem a Cristo saúdam, como alegres novas de grande alegria, todas as declarações e sinais da Sua vinda.APLCDA 350.3

    Versículo 8 (Versão RC): “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso.”APLCDA 350.4

    Aqui é introduzido outro interlocutor. Até aqui quem falou foi João. Mas este versículo não tem ligação com que o procede, nem com o que se segue. Deve-se determinar, portanto, quem aqui fala, pelos termos que se emprega. De novo encontramos a expressão: “que é, e que era, e que há de vir”, que já observamos referir-se exclusivamente a Deus. Mas perguntará alguém: A palavra Senhor não dará a entender que se trata de Cristo? Sobre este particular Barnes, apresenta a seguinte nota: “Muitos MSS, em vez de “Senhor”, tem “Deus”, e esta tradução é adotada por Griesbach, Titman e Hahn, e é hoje considerada como a tradução correta”. Bloomfield subentende a palavra Deus, e considera as palavras “o principio e o fim” como uma interpolação. Assim, com propriedade, termina a primeira divisão principal deste capitulo com uma revelação de Si mesmo, feita pelo grande Deus, como tendo uma eternidade de existência, passada e futura, e poder infinito, estando por isto em condições de realizar as suas ameaças e promessas, que nos tem dado neste livro.APLCDA 350.5

    Versículo 9: Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.APLCDA 351.1

    Estas palavras têm dado motivo à não pequena controvérsia. Será que na realidade João queria dizer que os cristãos no estado presente se encontram no reino de Cristo, ou, noutros termos, que já se achava estabelecido nos seus dias o reino de Cristo? Se esta linguagem tem alguma relação com o estado presente, deve tê-la num sentido muito limitado e acomodatício. Os que defendem a sua aplicação terrena recorrem geralmente a I Pedro 2:9 para provar a existência de um reino no estado presente, e para mostrar a sua natureza. Mas, como observamos o propósito do versículo 6, o reino literal dos santos ainda é no futuro. É por muitas tribulações que nos importa entrar no reino de Deus. Ato 14:22. Mas quando tivermos entrado no reino, cessou a tribulação. A tribulação e o reino não existem simultaneamente. Murdock, ao traduzir do siríaco este versículo, omite a palavra reino, e apresenta a seguinte tradução: “Eu João, vosso irmão, e companheiro na aflição e sofrimento que estão em Jesus o Messias.” Wakefield traduz assim: “Eu João, vosso irmão, e participante convosco em sofrer a aflição do reino de Jesus Cristo.” Bloomfield diz que pelas palavras aflição e paciência “são significadas aflições e perturbações que devem ser suportadas por causa e na causa de Cristo; e [reino] refere-se a que há de ser participante com eles no reino que lhes está preparado.” Diz ele que “o melhor comentário a esta passagem encontra-se em II Tim 2:12”, onde lemos: “Se sofrermos, também com Ele reinaremos.” De tudo isto podemos concluir com segurança que, posto haja um reino de graça no presente estado, o reino a que aludia João é o futuro reino de glória, e o sofrimento e paciência são preparatórios para a sua fruição.APLCDA 351.2

    O lugar de onde escreveu — Patmos é uma ilha pequena e estéril perto da costa ocidental da Ásia Menor, entre a ilha de Icária e o promontório de Mileto, onde no tempo de João se encontrava a mais próxima igreja cristã. Tem cerca de 16 quilômetros de comprimento e uns 10 de largura máxima. Seu nome atual é Patmos. A costa é escarpada e consta de uma sucessão de cabos que formam muitos portos. O único usado hoje é uma profunda baía cercada por altos montes de todos os lados, exceto um, onde é protegida por um promontório. A aldeia ligada a este porto está situada num monte elevado e rochoso, que se ergue à margem do mar. A cerca de meio caminho do monte em que está edificada a aldeia, nota-se uma gruta natural na rocha, onde, segundo a tradição, João teve a sua visão e escreveu o Apocalipse. Devido ao seu caráter agreste e isolado, esta ilha era usada durante o Império Romano como lugar de exílio. Isso nos explica por quê João foi banido para ali. Este exílio do apóstolo foi por volta de 94 d.C., sob o Imperador Domiciano, de maneira que o Apocalipse foi escrito em 95 ou 96.APLCDA 351.3

    A causa do exílio — “Por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.” Esse foi o grande delito e crime de João. O tirano Domiciano, revestido então com a púrpura imperial de Roma, era mais eminente por seus vícios do que por sua própria posição civil, e recuou perante este idoso, mas intrépido apóstolo. Não ousou permitir a promulgação do Evangelho em seu reino. Exilou a João para a solitária ilha de Patmos, onde se podia dizer que estava fora do mundo como se estivesse morto. Depois de encerrá-lo naquele árido lugar, e de condená-lo ao cruel trabalho nas minas, o imperador pensou sem dúvida ter eliminado o pregador da justiça, e que o mundo não mais ouviria falar dele.APLCDA 352.1

    Assim pensavam também os perseguidores de João Bunyan quando o encerraram na prisão de Bedford. Mas quando o homem pensa ter sepultado a verdade em eterno esquecimento, o Senhor dá-lhe uma ressurreição com decuplicada glória e poder. Da escura e estreita cela de Bunyan brotou um resplendor de luz espiritual, graças à “Viagem do Peregrino”, que durante quase trezentos anos fomentou os interesses do Evangelho. Da estéril ilha de Patmos, onde Domiciano pensava ter apagado pelo menos uma tocha da verdade, surgiu a mais magnífica revelação de todo o cânon sagrado, para derramar sua divina luz sobre todo o mundo cristão até o fim do tempo. Quantos dos que reverenciaram e dos que haviam de reverenciar o nome do discípulo amado por suas arrebatadoras visões da glória celeste, desconheceram o nome do monstro que causou o seu exílio! Em verdade, na vida atual se aplicam por vezes as palavras das Escrituras, que declaram que “o justo ficará em memória eterna”, mas “o nome dos ímpios apodrecerá” (Salmos 112:6; Provérbios 10:7).APLCDA 352.2

    Versículo 10: “Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta.”APLCDA 353.1

    Em espírito — Embora João estivesse exilado e separado de todos os que professavam a mesma fé e quase exilado do mundo, não estava separado de Deus nem de Cristo nem do Espírito Santo nem dos anjos. Continuava tendo comunhão com o seu divino Senhor. A expressão “em espírito” parece denotar o mais sublime estado de elevação espiritual a que uma pessoa pode ser levada pelo Espírito de Deus. Nesta circunstância, João entrou em visão.APLCDA 353.2

    No dia do Senhor — A que dia faz referência esta designação? Uma classe sustenta que a expressão “o dia do Senhor” abrange toda a dispensação cristã e não significa um dia de 24 horas. Outra classe defende que o dia do Senhor é o dia do juízo, o futuro “dia do Senhor”, mencionado com frequência nas Escrituras. A terceira opinião é que a expressão se refere ao primeiro dia da semana. Ainda outra classe sustenta que significa o sétimo dia, o sábado do Senhor.APLCDA 353.3

    Em resposta à primeira destas posições basta dizer que o livro do Apocalipse é datado por João, na ilha de Patmos, e isso no dia do Senhor. O autor, o lugar onde foi escrito e o dia em que foi datado, têm uma existência real e não apenas simbólica ou mística. Mas se dizemos que o dia significa a dispensação cristã, lhe damos um significado simbólico ou místico que não é admissível. Por que precisaria João explicar que escrevia no “dia do Senhor” se a expressão significava a dispensação cristã? É conhecido o fato de que o Apocalipse foi escrito uns sessenta anos depois da morte de Cristo.APLCDA 353.4

    A segunda opinião, de que é o dia do juízo, não pode ser correta. Embora João tivesse uma visão acerca do dia do juízo, não a podia ter nesse dia que era ainda futuro. A palavra grega en traduzida por em foi definida por Thayer assim, referente a tempo: “Períodos ou porções de tempo nos quais sucede algo, em, durante.” Nunca significa acerca de ou sobre. Sendo assim, os que relacionam esta expressão com o dia do juízo contradizem a linguagem usada, fazendo-a significar acerca de em vez de em, ou fazem João afirmar uma estranha mentira, dizendo que teve uma visão na ilha de Patmos, há dezenove séculos, no dia do juízo, que era ainda futuro.APLCDA 354.1

    O terceiro ponto de vista, o mais generalizado, iguala “o dia do Senhor” com o primeiro dia da semana. Mas faltam as provas de que está certo. O próprio texto não define a expressão “dia do Senhor”, e neste caso se a pessoa quer significar primeiro dia da semana devemos buscar em outro lugar da Bíblia a prova disso. Os únicos outros escritores inspirados que falam do primeiro dia são Mateus, Marcos, Lucas e Paulo, e o designam simplesmente como “primeiro dia da semana”. Nunca falam dele, distinguindo-o como superior a um dos outros seis dias de trabalho. Isto é mais notável, do ponto de vista popular, pois três deles falam desse dia no próprio tempo em que é dito que pela ressurreição de Cristo o primeiro dia do Senhor tornou-se o dia do Senhor, e dois o mencionam trinta anos depois desse acontecimento.APLCDA 354.2

    É dito que “dia do Senhor” era a expressão usual para o primeiro dia da semana no tempo de João, mas perguntamos: Onde está a prova disso? Não se pode encontrar. Na verdade, temos provas em contrário. Se esta fosse a designação universal do primeiro dia da semana quando o Apocalipse foi escrito, o próprio autor devia certamente chamá-lo assim em todos os seus escritos posteriores. Mas João escreveu o Evangelho depois de ter escrito o Apocalipse, e, todavia, no Evangelho ele chama o primeiro dia da semana não “dia do Senhor”, mas simplesmente “o primeiro dia da semana”. O leitor que quiser provas de que o Evangelho foi escrito depois do Apocalipse, as encontrará nos escritores que são autoridades no assunto.APLCDA 354.3

    A declaração em favor do primeiro dia fica mais categoricamente refutada pelo fato de que nem Deus nem Cristo jamais reclamaram o primeiro dia como Seu, em qualquer sentido diferente do atribuído a qualquer dos outros dias de trabalho. Nenhum deles jamais foi abençoado nem chamado santo. Se devesse chamar-se dia do Senhor porque nele Cristo ressuscitou, sem dúvida a Inspiração nos teria informado disso. Se na ausência de qualquer instrução referente à ressurreição chamarmos dia do Senhor o dia quando ela se realizou, por que não daríamos o mesmo nome aos dias em que se efetuaram a crucifixão e a ascensão, que para o plano da salvação representam eventos tão essenciais como a ressurreição?APLCDA 355.1

    Tendo sido refutadas as três posições já examinadas, a quarta, a saber a que identifica o dia do Senhor como o sábado reclama a nossa atenção. Em favor deste ponto de vista pode-se dar as provas mais claras. Quando no princípio Deus deu ao homem seis dias na semana para trabalhar, expressamente reservou para Si o sétimo dia, colocou nele a Sua bênção e o reclamou como Seu santo dia (Gênesis 2:1-3). Moisés disse a Israel no deserto de Sin, no sexto dia da semana: “Amanhã é repouso, o santo sábado do Senhor” (Êxodo 16:23).APLCDA 355.2

    Chegamos ao Sinai, onde o grande Legislador proclamou os Seus preceitos morais com terrível solenidade; e nesse supremo código assim reclama o Seu santo dia: “O sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus [...] porque em seis dias fez o Senhor os céus, e a Terra, o mar, e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou: portanto abençoou o Senhor o dia do sábado e o santificou.” Pelo profeta Isaías, oitocentos anos mais tarde, falou Deus nos seguintes termos: “Se desviares o teu pé de profanar o Sábado, e de cuidar dos teus próprios interesses no Meu santo dia [...] então te deleitarás no Senhor” (Isaías 58:13, 14).APLCDA 355.3

    Chegamos aos tempos do Novo Testamento, e Aquele que é Um com o Pai declara expressamente: “O Filho do homem até do sábado é Senhor” (Marcos 2:28). Pode alguém negar que o dia que Ele enfaticamente declarou que era do Senhor seja de fato o dia do Senhor? Vemos assim que, quer esse título se refira ao Pai quer ao Filho, nenhum outro dia pode ser chamado dia do Senhor senão o sábado do grande Criador.APLCDA 357.1

    Na dispensação cristã há um dia distinto acima dos outros dias da semana como sendo o “dia do Senhor”. Quão completamente este fato refuta a pretensão de alguns que afirmam não haver sábado nesta dispensação, mas que todos os dias são iguais! Ao chamá-lo “dia do Senhor”, o apóstolo deu-nos, cerca do fim do primeiro século, a sanção apostólica à observância do único dia que pode ser chamado o dia do Senhor, que é o sétimo dia da semana.APLCDA 357.2

    Quando Cristo estava na Terra, indicou claramente qual era Seu dia ao dizer: “O Filho do homem até do sábado é Senhor” (Mateus 12:8). Se tivesse dito: “O Filho do homem até do primeiro dia da semana é Senhor”, não seria isso hoje apresentado como prova concludente de que o primeiro dia da semana é o dia do Senhor? Certamente que sim e com boa razão. Portanto, deve reconhecer-se como válido o mesmo argumento para o sétimo dia, em relação ao qual foram pronunciadas estas palavras.APLCDA 357.3

    Versículos 11-18: “Dizendo: dizendo: O que vês escreve em livro e manda às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro e, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem, com vestes talares e cingido, à altura do peito, com uma cinta de ouro. A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos, como chama de fogo; os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz, como voz de muitas águas. Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força. Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno.APLCDA 357.4

    A expressão “voltei-me para ver” refere-se à pessoa de quem provinha a voz.APLCDA 358.1

    Sete candeeiros de ouro — Estes não podem ser o antítipo do candeeiro de ouro do antigo serviço típico do templo, porque ali havia apenas um candeeiro com sete braços. Fala-se dele sempre no singular. Mas aqui temos sete candeeiros, que são com mais propriedade “suportes de lâmpadas”, suportes sobre os quais se põem lâmpadas para iluminar um aposento. Não têm semelhança com o castiçal do antigo tabernáculo, pelo contrário, os suportes de lâmpada são tão distintos e tão separados uns dos outros que se vê o Filho do homem andando no meio deles.APLCDA 358.2

    O Filho do homem — A figura central e absorvente da cena que se abre na visão de João é a majestosa pessoa do Filho do homem, Jesus Cristo. A descrição feita aqui dEle, com as Suas ondulantes vestes, com o Seu cabelo branco, não pela idade, mas pelo brilho da glória celeste, Seus olhos de fogo, Seus pés fulgurantes como o metal reluzente, e Sua voz como o som de muitas águas, não pode ser superada em seu caráter grandioso e sublime. Subjugado pela presença deste augusto Ser, e talvez por um agudo senso da indignidade humana, João caiu a Seus pés como morto, mas uma consoladora mão é posta sobre ele, e uma voz confortadora lhe diz que não tema. Também os cristãos têm hoje o privilégio de sentir essa mão sobre eles, fortalecendo-os e confortando-os em horas de prova e aflição, e ouvir a mesma voz dizendo-lhes: “Não temas.”APLCDA 358.3

    Mas a mais alentadora certeza, em todas estas palavras de conforto, é a declaração deste exaltado Ser que vive para sempre e é o árbitro da morte e da sepultura. Diz Ele: “Tenho as chaves da morte e do inferno [hades, a sepultura]”. A morte é um tirano vencido. Ela pode recolher nos sepulcros os seres preciosos da Terra e alegrar-se durante certo tempo com o seu aparente triunfo. Mas está realizando um trabalho infrutífero, porque a chave da sua escura prisão foi arrebatada de sua escura prisão, e está agora segura nas mãos de Alguém mais poderoso do que ela. Ela está obrigada a depositar seus troféus num terreno onde Outro tem controle absoluto; e Este é o imutável Amigo e comprometido Redentor comprometido a salvar a Seu povo. Portanto, não se entristeçam acerca dos justos mortos; eles estão em custódia segura. Durante um pouco de tempo o inimigo os retém, mas um Amigo possui a chave do local da sua prisão temporária.APLCDA 358.4

    Versículo 19: “Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois destas.”APLCDA 359.1

    Neste versículo é dada a João uma ordem muito definida para escrever toda a revelação, que se referiria mais a acontecimentos então futuros. Em alguns poucos casos haveria referências a acontecimentos então passados ou que estavam sucedendo, mas essas referências tinham apenas o propósito de introduzir coisas que deviam cumprir-se mais tarde, de maneira que nenhum elo na cadeia pudesse faltar.APLCDA 359.2

    Versículo 20: “Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas.”APLCDA 359.3

    Representar o Filho do homem como tendo em Sua mão apenas os ministros das sete igrejas literais da Ásia Menor, e andando apenas no meio dessas sete igrejas, seria reduzir as sublimes representações e declarações deste capítulo e dos seguintes a relativa insignificância. O providencial cuidado e presença do Senhor não se limitam a um número específico de igrejas, porém são para todo o Seu povo; não apenas no tempo de João, mas através de todos os séculos. “Eis que estou convosco todos os dias”, disse Ele aos Seus discípulos, “até à consumação dos séculos.” (Ver as observações sobre o v. 4).APLCDA 359.4

    Larger font
    Smaller font
    Copy
    Print
    Contents