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Considerações sobre Daniel e Apocalipse

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    Daniel 01 — Um Cativo na Corte Real de Babilônia

    Versículos 1, 2: “No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei de Babilônia, a Jerusalém, e a sitiou.”APLCDA 19.1

    Com a precisão característica dos escritores sacros, Daniel entra imediatamente no assunto. Inicia seu livro no estilo simples, histórico. Os primeiros seis capítulos, exceto na profecia do capítulo 2, têm caráter narrativo. Com o capítulo 7 começa a parte profética do livro.APLCDA 19.2

    O cerco de Jerusalém — Como pessoa cônscia de dizer somente verdade bem conhecida, ele passa logo a apresentar uma série de detalhes capazes de comprovar sua exatidão. A queda de Jerusalém aqui mencionada fora predita por Jeremias, e ocorreu em 606 a.C. (Jeremias 25:8-11). Jeremias, situa este cativeiro no quarto ano de Jeoaquim; Daniel, no terceiro. Esta aparente discrepância fica explicada pelo fato de que Nabucodonosor começou sua expedição quase no fim do terceiro ano de Jeoaquim, que é o ponto do qual Daniel inicia seu cômputo. Mas o rei não conseguiu subjugar completamente Jerusalém até mais ou menos o nono mês do ano seguinte, que é o que Jeremias usa em seu cômputo. Jeoaquim, embora preso ao ser conduzido a Babilônia, humilhou-se, e lhe foi dado ficar como governador de Jerusalém, vassalo do rei de Babilônia.APLCDA 19.3

    Foi essa a primeira vez que Jerusalém foi tomada por Nabucodonosor. Posteriormente, duas vezes seguidas a cidade, tendo-se revoltado, foi capturada pelo mesmo rei, sendo que o rei tornou a se apoderar dela, e cada vez a tratou com mais severidade. A segunda queda foi durante o reinado de Joaquim, filho de Jeoaquim, e então foi quando todos os vasos sagrados foram tomados e destruídos e os melhores habitantes foram levados cativos com o rei. A terceira se produziu sob Zedequias, quando a cidade sofreu seu mais terrível cerco, durante o qual os habitantes da cidade sofreram todos os horrores da fome. Finalmente, a guarnição e o rei, tentando escapar da cidade, foram capturados pelos caldeus. Estes mataram os filhos do rei em sua presença, lhe arrancaram os olhos, e ele foi levado para Babilônia. Assim se cumpriu a predição de Ezequiel, a saber, que ele seria levado a Babilônia e ali morreria, mesmo sem ver o lugar (Ezequiel 12:13). Nessa ocasião a cidade e o templo foram completamente destruídos, e toda a população da cidade, com exceção de alguns lavradores, foi levada cativa para Babilônia, em 586 a.C.APLCDA 20.1

    Foi assim como Deus testemunhou contra o pecado, não porque favorecesse os caldeus, mas Deus os utilizou para castigar as iniquidades do Seu povo. Se os israelitas tivessem sido fiéis a Deus e guardado Seu sábado, Jerusalém teria permanecido para sempre (Jeremias 17:24, 27). Mas se afastaram dEle, e Ele os abandonou. Profanaram os vasos sagrados, introduzindo ídolos no templo; e portanto, Deus permitiu que esses vasos fossem profanados da pior maneira e os deixou ir como troféus ao templos pagãos no estrangeiro.APLCDA 20.2

    Cativos hebreus em Babilônia — Durante esses dias de angústia e aflição sobre Jerusalém, Daniel e seus companheiros foram alimentados e instruídos no palácio do rei de Babilônia. Embora fossem cativos em terra estranha, estavam, sob certos aspectos, sem dúvida em melhor situação do que se tivessem ficado em seus país natal.APLCDA 20.3

    Versículos 3-5: “Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da linhagem real como dos nobres, jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, versados no conhecimento e que fossem competentes para assistirem no palácio do rei e lhes ensinasse a cultura e a língua dos caldeus. Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, ao cabo dos quais assistiriam diante do rei.”APLCDA 20.4

    Achamos aqui registrado o provável cumprimento da predição do profeta Isaías ao rei Ezequias, mais de cem anos antes. Quando este rei, deixando-se dominar pela vanglória, mostrou aos mensageiros do rei de Babilônia, os tesouros e coisas santas do seu palácio e do reino, o profeta lhe disse que todas essas boas coisas seriam levadas como troféus para a cidade de Babilônia, e que até seus próprios filhos, seus descendentes, seriam levados para lá e seriam eunucos no palácio do rei. (2 Reis 20:14-18)APLCDA 21.1

    A palavra “jovens”, aplicada a esses cativos, não deve restringir-se ao sentido lhe atribuem os que a traduzem por meninos. Incluía aí os jovens. E pelo relato sabemos que esses jovens já deviam estar “instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, e versados no conhecimento, e que fossem competentes para assistirem no palácio do rei.” Em outras palavras, já tinham adquirido uma boa instrução, e suas faculdades físicas e mentais estavam desenvolvidas a tal ponto que um habilidoso conhecedor da natureza humana podia formar uma ideia bastante exata da capacidade deles. Calcula-se que deviam ter de dezoito a vinte anos de idade.APLCDA 21.2

    O tratamento que esses cativos hebreus receberam, nos dá um exemplo da sábia política e da liberalidade do progressista rei Nabucodonosor. Em vez de escolher instrumentos para satisfazer os desejos mais vis, como o fizeram muitos reis posteriores, ele escolheu jovens que deveriam ser educados em todos os assuntos pertinentes ao reino, para que lhe pudessem prestar eficiente ajuda na administração de seus negócios. Designou-lhes uma provisão diária de sua própria comida e bebida. Em vez da alimentação grosseira que muitos considerariam suficientemente boa para cativos, ofereceu-lhes suas próprias iguarias reais. Durante três anos tiveram todas as vantagens que o reino proporcionava. Embora cativos, eles eram descendentes reais, e como tais foram tratados pelo humanitário rei dos caldeus.APLCDA 21.3

    Versículos 6, 7: “Entre eles, se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias. O chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abede-Nego.”APLCDA 23.1

    Novos nomes para Daniel e seus companheiros — Esta mudança de nomes se fez provavelmente por causa do significado das palavras. Em hebraico Daniel significava “Deus é o meu juiz”; Hananias, “dom do Senhor”; Misael, “que é o que Deus é”; e Azarias, “a quem Deus ajuda”. Uma vez que estes nomes se referiam ao Deus verdadeiro e tinham certa relação com o Seu culto, foram trocados por nomes cuja definição os vinculasse às divindades pagãs e ao culto dos caldeus. Assim Beltessazar, o nome dado a Daniel, significa “príncipe de Bel”; Sadraque, “Servo de Sin” (deus da lua); Mesaque, “quem é como Aku” (Aku era o equivalente sumério de Sin, isto é, era outro nome do deus da lua); e Abede-Nego significava “servo de Nebo”.APLCDA 23.2

    Versículos 8-16: “Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se. Ora, Deus concedeu a Daniel misericórdia e compreensão da parte do chefe dos eunucos. Disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; por que, pois, veria ele o vosso rosto mais abatido do que o dos outros jovens da vossa idade? Assim, poríeis em perigo a minha cabeça para com o rei. Então, disse Daniel ao cozinheiro-chefe, a quem o chefe dos eunucos havia encarregado de cuidar de Daniel, Hananias, Misael e Azarias: Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos deem legumes a comer e água a beber. Então, se veja diante de ti a nossa aparência e a dos jovens que comem das finas iguarias do rei; e, segundo vires, age com os teus servos. Ele atendeu e os experimentou dez dias. No fim dos dez dias, a sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei. Com isto, o cozinheiro-chefe tirou deles as finas iguarias e o vinho que deviam beber e lhes dava legumes.”APLCDA 23.3

    Neste relato vemos Nabucodonosor admiravelmente isento de fanatismo. Não parece ter empregado nenhum meio de impor a seus reais cativos uma mudança de religião. Era-lhe suficiente que tivessem uma religião, fosse a religião que ele professava ou outra. Embora seus nomes tivessem sofrido mudanças indicativas de ligação com o culto pagão, pode ser que essas mudanças visassem mais evitar o uso de nomes judaicos pelos caldeus do que para indicar qualquer mudança de sentimento ou prática daqueles que receberam esses nomes.APLCDA 24.1

    A alimentação de Daniel — Daniel se propôs não se contaminar com a comida do rei nem com o seu vinho. Este procedimento de Daniel tinha outras razões além do efeito de tal regime sobre seu organismo, embora sem dúvida fosse beneficiar muito a alimentação que ele se propunha adotar. Os reis e príncipes das nações pagãs geralmente eram os sumos sacerdotes de sua religião, e com frequência o alimento que iam usar era primeiramente oferecido em sacrifício aos ídolos, e derramada em libação perante estes uma parte do vinho que usavam. Além disso, certas carnes consumidas pelos caldeus tinham sido declaradas imundas pela lei judaica. Por qualquer destes motivos Daniel não poderia ser coerente com sua religião e servir-se desses artigos. Por isso respeitosamente fez seu pedido ao funcionário adequado que, por escrúpulos religiosos, o permitissem evitar contaminar-se.APLCDA 24.2

    O príncipe dos eunucos temia conceder o que Daniel pedia, pois o próprio rei havia indicado qual deveria ser a comida de Daniel e seus companheiros. Isso demonstra o interesse pessoal do rei por aqueles cativos. Parece que queria sinceramente vê-los alcançar o máximo desenvolvimento físico e mental possível de alcançarem. Quão longe estava do fanatismo e tirania que predominavam supremos no coração dos que dos que estão revestidos de poder absoluto! No caráter de Nabucodonosor achamos muitas coisas merecedoras de nossa mais alta admiração.APLCDA 24.3

    É interessante notar o que estava incluído no pedido de Daniel com respeito à sua alimentação. A palavra hebraica zeroim, aqui traduzida por “legumes”, é constituída pela mesma raiz da palavra “semente” usada no relato da criação, onde se menciona “toda erva que dá semente”, e também o fruto da árvore que dá semente” (Gênesis 1:29). Isso indica claramente que o pedido de Daniel incluía cereais, legumes e frutas. Ademais, se entendemos corretamente Gênesis 9:3, as “ervas” estavam incluídas na alimentação solicitada. Em outras palavras, o menu que Daniel pediu e recebeu era formado de cereais, legumes, frutas, nozes e verduras, quer dizer, uma dieta vegetariana variada, acompanhada da bebida universal para o homem e os animais: a água pura.APLCDA 24.4

    A Bíblia Anotada de Cambridge contém esta nota sobre zeroim: “Alimentação vegetal em geral; não há razão para crer que a palavra hebraica usada se limita às leguminosas como feijões e ervilhas, designadas apropriadamente por ‘legumes’.”APLCDA 25.1

    Gesênio dá esta definição: “Sementes, ervas, verduras, vegetais; quer dizer, alimento vegetal como o que se consume se faz meio jejum, em oposição a carnes e iguarias mais delicadas.”APLCDA 25.2

    Tendo obtido resultado favorável à prova com essa alimentação, permitiu-se a Daniel e seus companheiros seguir esse regime em todo o curso de seu preparo para os deveres palacianos.APLCDA 25.3

    Versículos 17-21: “Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria; mas a Daniel deu inteligência de todas as visões e sonhos. Vencido o tempo determinado pelo rei para que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe à presença de Nabucodonosor. Então, o rei falou com eles; e, entre todos, não foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso, passaram a assistir diante do rei. Em toda matéria de sabedoria e de inteligência sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino. Daniel continuou até ao primeiro ano do rei Ciro.”APLCDA 25.4

    Depois de estudar três anos — Parece que só a Daniel foi confiado o entendimento de visões e sonhos. Mas o modo como Deus tratou a Daniel neste particular não prova que seus companheiros fossem menos apreciados que ele. Pela proteção que tiveram na fornalha de fogo receberam uma prova igualmente boa do favor divino. Daniel tinha provavelmente algumas qualidades naturais que o tornavam especialmente idôneo para essa obra especial.APLCDA 25.5

    O rei continuou a manter por aqueles jovens o mesmo interesse pessoal que até então manifestara. No fim dos três anos mandou chamá-los para uma entrevista pessoal com eles. Precisava saber por si mesmo como tinham passado e que progresso tinham feito. Esta entrevista nos revela também que o rei era homem versado em todas as artes e ciências dos caldeus, pois do contrário não estaria qualificado para examinar a outros nesse aspecto. Apreciando o mérito onde quer que o encontrasse, sem atentar para religião ou nacionalidade, reconheceu que eles eram dez vezes superiores a qualquer pessoa de seu próprio país.APLCDA 27.1

    Acrescenta-se que “Daniel continuou até ao primeiro ano do rei Ciro”.APLCDA 27.2

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