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Considerações sobre Daniel e Apocalipse

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    Apocalipse 21 — Um Novo Céu e Uma Nova Terra

    A partir do versículo 2 o tema deste capítulo é a Nova Jerusalém, mas antes de ser apresentado, João diz-nos como desaparecerão os céus, a terra e o mar atuais:APLCDA 755.1

    Versículo 1: Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.APLCDA 755.2

    Novo céu e nova Terra — Ao falar do primeiro céu e primeira Terra João quer sem dúvida referir-se ao céu e à Terra atuais, “os céus e a Terra que agora existem” (2 Pedro 3:7). Alguns têm suposto que quando a Bíblia fala do terceiro Céu, em que está o paraíso e a árvore da vida (2 Coríntios 12:2; Apocalipse 2:7), se refere ao Céu que é ainda futuro, e que não há provas que haja atualmente um paraíso e uma árvore da vida com existência literal no Céu. Baseiam sua opinião no fato de que Pedro fala de três céus e Terras: os anteriores ao dilúvio; os que agora existem; e os que hão de vir. Mas essa teoria é completamente rebatida pelo primeiro versículo de Apocalipse 21, porque João ali menciona apenas dois céus e duas Terras. Aos que agora existem chama primeiros, de modo que os futuros novos céus, segundo esta enumeração, seriam os segundos, e não os terceiros. Por isso é certo que Pedro não pretende estabelecer uma ordem numérica, segundo a qual teríamos de falar de primeiro, segundo e terceiro céus. O objetivo do seu raciocínio era apenas mostrar que como um céu e Terra literais sucederam à destruição da Terra pelo dilúvio, assim um céu e Terra literais resultariam da renovação do sistema atual pelo fogo. Não se prova, pois, que a Bíblia, quando fala do terceiro Céu se refira simplesmente ao terceiro estado dos atuais céus e Terra, porque então todos os escritores bíblicos teriam usado a mesma terminologia. Assim, caem por terra os argumentos dos que tentam desaprovar a ideia de uma existência literal do paraíso e da árvore da vida em nossos dias.APLCDA 755.3

    Certamente que a Bíblia reconhece três céus na presente constituição das coisas, a saber, o primeiro, ou o céu atmosférico, habitado pelas aves dos céu; o segundo, o céu planetário, a região do Sol, da Lua e das estrelas; e o terceiro, acima dos outros, onde se encontram o paraíso e a árvore da vida (Apocalipse 2:7); onde Deus tem a Sua residência e o Seu trono (Apocalipse 22:1, 2); ao qual Paulo foi arrebatado em visão celeste (2 Coríntios 12:2). É o céu ao qual Cristo ascendeu quando deixou a Terra (Apocalipse 12:5), onde agora, como Rei-sacerdote, está sentado no trono com Seu Pai (Zacarias 6:13), e onde se encontra a gloriosa cidade, aguardando que os santos entrem na vida (Apocalipse 21:2). Louvado seja Deus por ter deixado chegar o conhecimento daquele brilhante país a este nosso longínquo mundo! E graças sejam dadas ao Seu santo nome por nos ter sido aberto um caminho que conduz àquelas ditosas moradas como direta e brilhante estrada de luz!APLCDA 756.1

    Não mais existe o mar — Pelo fato de João dizer: “E o mar já não existe”, às vezes se pergunta: Acaso não haverá mar na nova Terra? Esta passagem não diz isso, porque João fala somente do céu, da Terra e do mar atuais. Poderia traduzir-se assim: Porque o primeiro céu e a primeira Terra desapareceram, e o mar (ouk estin eti, não existe já) também desapareceu, quer dizer, já não se via o velho mar, como tampouco se viam os velhos céus e a velha Terra. No entanto, pode haver um novo mar como há uma nova Terra.APLCDA 756.2

    Adam Clarke disse acerca desta passagem:APLCDA 756.3

    “O mar já não aparecia, como não apareciam os primeiros céus e a Terra. Tudo foi feito novo; e provavelmente o novo mar ocupou uma situação diferente, e ficou distribuído de modo diferente do assumido pelo velho mar.” (Adam Clarke, Commentary on the New Testament, vol. 2, p. 1.058).APLCDA 756.4

    O rio da vida, cuja descrição lemos no capitulo seguinte, procede do trono de Deus, e flui pela rua ampla da cidade. Deve encontrar algum lugar onde desembocar suas águas, e qual poderia ser senão o mar da nova Terra? Que haverá um mar ou mares na nova, pode deduzir-se da profecia que fala o seguinte do futuro reino de Cristo: “o seu domínio se estenderá de mar a mar e desde o Eufrates até às extremidades da terra” (Zacarias 9:10). Mas é difícil crer que três quartas partes do globo serão sacrificadas como agora às águas. O novo mundo, onde hão de morar os fiéis filhos de Deus, terão tudo o que seja necessário para dar-lhe proporção, utilidade e beleza.APLCDA 757.1

    Versículos 2-4: Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.APLCDA 757.2

    A casa do Pai — Em relação com a visão que João teve da santa cidade que de Deus descia do Céu, ouve-se uma voz, dizendo: “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles.” O grande Deus estabelece Sua habitação nesta Terra, mas não podemos supor que Ele Se limite a este ou a qualquer dos mundos da Sua criação. Ele tem aqui um trono, e a Terra desfruta tanto da Sua presença que pode dizer-se que Ele habita entre os homens. E por que havia de ser estranho este pensamento? O unigênito Filho de Deus está aqui como Governador do Seu reino especial. A santa cidade estará aqui. As hostes celestes tomam por este mundo mais interesse que por qualquer outro; e de acordo com uma das parábolas do Senhor, haverá mais alegria no Céu por um mundo remido do que por noventa e nove que não precisaram de redenção.APLCDA 757.3

    Não há motivo para lágrimas — Deus “lhes enxugará dos olhos toda lágrima”. Não limpará literalmente as lágrimas de Seu povo, porque naquele reino não há lágrimas que precisem ser limpas, mas limpa as lágrimas removendo todas as causas delas.APLCDA 759.1

    Versículo 5, 6: E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida.APLCDA 759.2

    A nova criação — O que está sentado sobre o trono é o mesmo Ser mencionado nos versículos 11 e 12 do capítulo anterior. Ele diz: “Eis que faço novas todas as coisas.” Não diz que faz todas as coisas de novo. A Terra não é destruída, aniquilada, para que seja necessário criar uma nova, mas todas as coisas são renovadas. Alegremo-nos porque estas palavras são verdadeiras. Quando isto se cumprir todos estarão prontos a dizer aquela sublime frase: “Está cumprido.” A negra sombra do pecado desapareceu então para sempre do Universo. Os ímpios, raiz e ramo (Malaquias 4:1), foram desarraigados da Terra dos vivos, e a universal antífona de louvor e ações de graças (Apocalipse 5:13) eleva-se de um mundo remido e de um Universo purificado ao Deus que guarda a aliança.APLCDA 759.3

    Versículos 7, 8: O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho. Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.APLCDA 759.4

    A grande herança — Os vencedores são a descendência de Abraão, herdeiros, conforme a promessa (Gálatas 3:29). A promessa abrange o mundo (Romanos 4:13), e os santos irão para a nova Terra, não como servos ou estrangeiros, mas como herdeiros legítimos dos bens celestes e proprietários do solo.APLCDA 759.5

    Temor e castigo — Mas os tímidos e incrédulos têm a sua parte no lago que arde com fogo e enxofre. A palavra “tímido” tem perturbado algumas pessoas conscienciosas, que têm tido temores mais ou menos em toda a sua experiência cristã. Convém, portanto, averiguar de que espécie de temor se trata aqui. Não é temor de nossa própria fraqueza ou do poder do tentador. Não é temor de pecar, ou de cair pelo caminho, ou de ser por fim achado em falta. Esse temor nos leva a acudir ao Senhor. Mas o temor aqui relacionado com a incredulidade, é o temor do ridículo e oposição do mundo, é a falta de confiar em Deus e em Suas promessas, temor de que Deus não cumprirá o que declarou, e que, por conseguinte, seremos abandonados à vergonha e perda por crer nEle. Alimentando esse temor, uma pessoa só pode estar no Seu serviço com o coração dividido. Isto desonra a Deus. Este é o temor que se nos manda evitar (Isaías 51:7). Este é o temor que traz aqui condenação, e que finalmente levará todos os que se deixam dominar por ele ao lago de fogo, o que é a segunda morte.APLCDA 759.6

    Versículos 9-14: Então, veio um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete flagelos e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro; e me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada montanha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, a qual tem a glória de Deus. O seu fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina. Tinha grande e alta muralha, doze portas, e, junto às portas, doze anjos, e, sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Três portas se achavam a leste, três, ao norte, três, ao sul, e três, a oeste. A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.APLCDA 760.1

    A esposa do Cordeiro — É positivo este testemunho de que a Nova Jerusalém é a esposa do Cordeiro. O anjo disse claramente a João que lhe mostraria “a noiva, a esposa do Cordeiro”. Podemos estar certos de que o não enganou, mas cumpriu a sua promessa ao pé da letra. Mas tudo o que lhe mostrou foi a Nova Jerusalém, que deve ser portanto a esposa do Cordeiro. Seria desnecessário apresentar provas, se a teologia popular não tivesse torcido tanto as Escrituras, a ponto de lhe dar esta aplicação. A cidade não pode, pois, ser a igreja, porque seria absurdo falar da igreja como tendo um aspecto quadrangular, com um lado norte, um lado sul, um lado leste e um lado oeste. Seria absurdo falar da igreja como tendo um muro grande e alto, e doze portas, três de cada lado dos quatro pontos cardeais. Com efeito, toda a descrição da cidade que é dada neste capítulo seria mais ou menos um absurdo se fosse aplicada à igreja.APLCDA 760.2

    Além disso, Paulo, aos Gálatas, fala da mesma cidade, e diz que é a mãe de todos nós, referindo-se à igreja. A igreja não é, pois, a cidade, mas constituída pelos filhos da cidade. O versículo 24 do capítulo que estamos estudando fala das nações dos salvos, que andam à luz desta cidade. Estas nações, que são os salvos, e que na Terra constituem a sua igreja, são distintas da cidade, a cuja luz andam. Deduz-se que a cidade é literal, construída com todos os materiais preciosos aqui descritos.APLCDA 761.1

    Mas como pode ser então a esposa do Cordeiro? A Inspiração achou conveniente falar dela sob esta figura e para todo crente na Bíblia isso devia ser suficiente. A figura é apresentada pela primeira vez em Isaías 54. A cidade da nova aliança é aí apresentada. É representada como solitária, enquanto a velha aliança estava em vigor, e os judeus e a velha Jerusalém eram objetos especiais do cuidado de Deus. Mas é-lhe dito que os “filhos da solitária” hão de ser muito mais do que “os filhos da casada”. É-lhe dito adiante: “O teu Criador é o teu marido”. A promessa final do Senhor a esta cidade contém uma descrição muito semelhante à que temos aqui em Apocalipse: “Eis que Eu porei as tuas pedras com todo o ornamento, e te fundarei sobre safiras; e as tuas janelas farei cristalinas, e as tuas portas de rubis, e todos os teus termos de pedras aprazíveis. E todos os teus filhos serão discípulos do Senhor.” (Isaías 54:11-13).APLCDA 761.2

    A esta mesma promessa Paulo se refere e comenta na sua epístola aos Gálatas, quando diz: “Mas a Jerusalém que é de cima é livre, a qual é mãe de todos nós” (Gálatas 4:26), porque no contexto cita esta mesma profecia do livro de Isaías para apoiar a sua declaração. Ali Paulo faz, pois, uma aplicação inspirada acerca da profecia de Isaías, mostrando sob a figura de uma “mulher” uma “esposa” cujos “filhos” seriam multiplicados, o Senhor falava, pelo profeta, da Nova Jerusalém, da cidade celeste, em contraste com a Jerusalém terrestre da Palestina. O Senhor chama-Se a Si próprio o “marido” desta cidade. Temos, ainda, o positivo testemunho de Apocalipse 21 para os mesmos fatos.APLCDA 761.3

    Tudo harmoniza com esta opinião. Cristo é chamado o Pai do Seu povo (Isaías 9:6). A Jerusalém celestial é chamada nossa mãe, e nós somos chamados os filhos. Continuando com a figura das bodas, Cristo é representado como o noivo, a cidade como a noiva, e nós, a igreja, como os convidados. Não há confusão de personalidades. Mas a opinião popular, que faz da cidade a igreja, e da igreja a esposa, apresenta a indesculpável confusão de fazer da igreja ao mesmo tempo mãe e filhos, esposa e convidados.APLCDA 762.1

    A opinião de as bodas do Cordeiro constituem a inauguração de Cristo, como Rei, ao trono de Davi, e de que as parábolas de Mateus 22:1-14; 25:1-13; Lucas 12:35-37; 19:12-27, se aplicam a esse acontecimento, é ainda confirmada por um conhecido costume antigo. Diz-se que quando uma pessoa tomava a sua posição como governador do povo, e era investida nesse poder, se chamava a isso bodas e o banquete que em geral se seguia chamava-se ceia das bodas. Adam Clarke, em sua nota sobre Mateus 22:2, fala assim:APLCDA 762.2

    “As bodas de Seu Filho. — Uma festa de bodas é o que significa propriamente a palavra gamous. Ou uma festa de inauguração, quando o seu filho tomou posse do governo, e assim ele e seus novos súditos se casaram. (Ver 1 Reis 1:5-9, 19, 25, etc., onde essa festa é mencionada).” (Idem, vol. 1, nota sobre Mateus 22:2).APLCDA 762.3

    Muitos críticos eminentes compreendem esta parábola como indicando a entrega que o Pai faz do Seu reino messiânico ao Filho.APLCDA 762.4

    Uma cidade cristã — O fato de os nomes dos doze apóstolos estarem nos fundamentos da cidade demonstra que é uma cidade cristã e não judaica. Os nomes das doze tribos nas portas dão a entender que os salvos de todas as épocas são contados como pertencendo a alguma das doze tribos, porque todos hão de entrar na cidade por uma dessas doze portas. Este fato explica os exemplos em que os cristãos são chamados Israel e mencionados como as doze tribos, como em Romanos 2:28, 29; 9:6-8; Gálatas 3:29; Efésios 2:12, 13; Tiago 1:1; Apocalipse 7:4.APLCDA 763.1

    Versículos 15-18: Aquele que falava comigo tinha por medida uma vara de ouro para medir a cidade, as suas portas e a sua muralha. A cidade é quadrangular, de comprimento e largura iguais. E mediu a cidade com a vara até doze mil estádios. O seu comprimento, largura e altura são iguais. Mediu também a sua muralha, cento e quarenta e quatro côvados, medida de homem, isto é, de anjo. A estrutura da muralha é de jaspe; também a cidade é de ouro puro, semelhante a vidro límpido.APLCDA 763.2

    As dimensões da cidade — Segundo este testemunho a cidade está edificada num perfeito quadrado, tendo a mesma medida cada um dos lados. Como João declara, a medida da cidade era de doze mil estádios. Doze mil estádios, a razão de 185 metros por estádio, equivalem a 2.220 quilômetros. Pode compreender-se que esta medida seja a de todo o perímetro da cidade e não apenas de um lado. Segundo Kitto, parece ter sido este o antigo método de medir cidades. Tomava-se todo o perímetro, e essa era a medida da cidade. Segundo esta regra, a Nova Jerusalém teria 555 quilômetros em cada lado. O seu comprimento, largura e altura são iguais. Por esta linguagem levantou-se a dúvida se a cidade seria tão alta como larga e extensa. A palavra traduzida por iguais é isos, e pelas definições dadas por Liddell e Scott, sabemos que pode ser usada para sugerir a ideia de proporção; assim teríamos que a altura era proporcional ao comprimento e largura.APLCDA 763.3

    Greenfield, ao definir uma de suas palavras compostas, isotes, lhe dá o sentido de igual proporção, e faz referência a 2 Coríntios 8:13, 14 como exemplo de uma passagem onde esta definição é admissível. E esta ideia é confirmada pelo fato de que o muro só tinha 144 côvados de altura. Atribuindo-se o valor de meio metro ao côvado, o muro teria aproximadamente 72 metros de altura. Se a cidade é tão alta como comprida e larga, isto é, 555 quilômetros, este muro de apenas 72 metros seria em comparação extremamente insignificante. E provável, portanto, que a altura dos edifícios da cidade seja julgada pela altura do muro, que nos é dada em palavras bem claras.APLCDA 763.4

    A estrutura do seu muro era de jaspe. Jaspe é uma pedra preciosa geralmente descrita como de “uma linda cor, verde brilhante, por vezes tendo nuvens brancas com manchas amarelas.” Compreendemos que este seja o material do principal corpo do muro, construído sobre os doze fundamentos a seguir descritos. Lembremos que este muro de jaspe era “uma pedra preciosíssima” (versículo 11), revelando todas as glórias do seu interior.APLCDA 764.1

    Versículos 19, 20: Os fundamentos da muralha da cidade estão adornados de toda espécie de pedras preciosas. O primeiro fundamento é de jaspe; o segundo, de safira; o terceiro, de calcedônia; o quarto, de esmeralda; o quinto, de sardônio; o sexto, de sárdio; o sétimo, de crisólito; o oitavo, de berilo; o nono, de topázio; o décimo, de crisópraso; o undécimo, de jacinto; e o duodécimo, de ametista.APLCDA 764.2

    Uma cidade literal — Se considerarmos esta descrição como exclusivamente metafórica, como fazem a grande maioria dos que professam ensinar a Bíblia, e lhe damos um sentido espiritual, de modo que esta cidade seja tida como coisa etérea e inexistente, quão descabidas parecem ser estas minuciosas descrições. Mas se a tomarmos, segundo o evidente desígnio do autor, em sua significação natural e óbvia, e considerarmos a cidade como o profeta evidentemente pretendia que a considerássemos, como mansão literal e tangível, nossa gloriosa herança, cujas belezas havemos de ver com nossos próprios olhos, como é exaltada a glória da cena!APLCDA 764.3

    Embora o homem mortal, por si mesmo, não possa conceber a grandiosidade das coisas que Deus preparou para os que O amam, é a esta luz que os homens se podem deleitar na contemplação das glórias da mansão futura. Gostamos de nos deter nessas descrições que nos dão a ideia da beleza que caracterizará nossa mansão eterna. Ao nos deixarmos absorver na contemplação de uma herança tangível e certa, a coragem renasce, reaviva-se a esperança, e a fé empluma suas asas. Com gratidão para com Deus por nos permitir obter entrada nas mansões dos remidos, resolvemos de novo, apesar do mundo e de todos os seus obstáculos, encontrar-nos entre os participantes da alegria proposta. Contemplemos, pois, as preciosas pedras fundamentais daquela grande cidade, através de cujas portas de pérolas o povo de Deus pode esperar entrar em breve.APLCDA 764.4

    Embora muitas autoridades em gemas asseverem que é difícil identificar as pedras preciosas da Bíblia, a seguinte descrição, feita por Moisés Stuart dá-nos certa ideia da beleza e variedade das cores que há nos fundamentos da cidade.APLCDA 765.1

    O glorioso fundamento —APLCDA 765.2

    “A palavra adornados pode suscitar aqui a dúvida se o escritor quer dizer que nas várias camadas do fundamento só aqui e ali estavam engastadas pedras preciosas ornamentais. Mas olhando para a descrição em conjunto não me parede que este tenha sido o seu significado.APLCDA 765.3

    “O Jaspe, como já vimos, é geralmente uma pedra de cor verde, transparente, com veios vermelhos, mas há muitas variedades.APLCDA 765.4

    “A safira é de uma bela cor azul celeste, quase tão transparente e cintilante como o diamante.APLCDA 765.5

    “A calcedônia parece ser uma espécie de ágata, ou mais propriamente o ônix. O ônix dos antigos era provavelmente de um branco azulado ou translúcido.APLCDA 765.6

    “A esmeralda é de um verde vivo, e segue ao rubi em dureza.APLCDA 765.7

    “A sardônica é uma mistura de calcedônia e de cornalina. Esta última é de cor vermelha escura.APLCDA 765.8

    “O sárdio é provavelmente a cornalina. Por vezes, porém, o vermelho é muito vívido. “O crisólito, como o próprio nome indica, é de cor amarela ou dourada, e é transparente. Nele foi provavelmente inspirada a ideia do ouro transparente que constitui o material da cidade.APLCDA 765.9

    “O berilo é de cor verde marinho.APLCDA 766.1

    “O topázio de hoje é descrito como sendo amarelo, mas o dos antigos parece ter sido verde pálido. [...]APLCDA 766.2

    “O crisópraso era de um amarelo pálido e esverdeado, como a certas cebolas; atualmente classificado como topázio.APLCDA 766.3

    “O jacinto é de cor vermelha carregada ou violeta.APLCDA 766.4

    “A ametista é uma pedra de grande dureza e brilho, de cor violeta, e que se encontra geralmente na Índia.APLCDA 766.5

    “Ao olhar para estas várias classes, vemos que as quatro primeiras são de tom verde ou azulado; aquinta e a sexta, de tom vermelho ou escarlate; a sétima, de tom amarelado; a oitava, a nona e a décima, de diferentes matizes do mais claro verde; a undécima e a duodécima, de um vermelho escarlate ou brilhante. Há, portanto, uma classificação nesta disposição de cores, uma mistura não muito diferente da disposição do arco-íris, embora mais complexa.” (Moses Stuart, A Commentary on the Apocalypse, v. II, p. 383, 384).APLCDA 766.6

    Versículo 21: As doze portas são doze pérolas, e cada uma dessas portas, de uma só pérola. A praça da cidade é de ouro puro, como vidro transparente.APLCDA 766.7

    As portas de pérola — A bela cidade de Deus construída com os materiais mais preciosos que existem na Terra, é apropriadamente descrita como tendo portas de pérola. Mais ainda, a Escritura diz que cada porta é uma pérola. Com os reflexos e o resplendor das cores formosas que contêm os fundamentos, estas portas abrem-se de par em par, dando as boas-vindas aos remidos em seu lar eterno.APLCDA 766.8

    As ruas de ouro puro — Neste verso, como também no verso 18, diz-se que a cidade é construída de ouro puro, semelhante a vidro puro, ou seja, vidro transparente. Não é necessário concluir desta linguagem que o ouro seja por si mesmo transparente. Imagine-se, um momento, qual seria o aspecto de uma rua assim pavimentada. Os suntuosos palácios de ambos os lados refletir-se-iam, e a ilimitada expansão dos céus apareceria também espelhada, de modo que, ao que andasse por essas áureas ruas, pareceria que tanto ele como a cidade estavam suspensos entre as infinitas alturas e as insondáveis profundidades, enquanto as moradas de ambos os lados da rua, tendo iguais poderes de reflexão, maravilhosamente multiplicariam tanto palácios como pessoas, e concorreriam para tornar toda a cena nova, agradável, bela e grandiosa acima de tudo quanto se possa conceber.APLCDA 766.9

    Versículo 22: Nela, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro.APLCDA 767.1

    O templo vivo — Com o templo está relacionada a ideia de sacrifício e de obra de mediação, porém quando a cidade for localizada na Terra não se realizará essa obra. Já não haverá necessidade de símbolo externo de uma tal obra. Mas o templo na velha Jerusalém, além de ser um lugar para a oferta de sacrifícios, constituía a beleza e a glória do lugar. Como para antecipar a pergunta do que constituiria o ornamento e glória da nova cidade se não houvesse ali templo, o profeta responde: “O seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro.”APLCDA 767.2

    Versículos 23-27: A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada. As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe trazem a sua glória. As suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque, nela, não haverá noite. E lhe trarão a glória e a honra das nações. Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro.APLCDA 767.3

    Ali não haverá noite — É só na cidade, provavelmente, que não haverá noite. Haverá sem dúvida dias e noites na nova Terra, mas serão dias e noites de inexcedível glória. O profeta, falando desse tempo, diz: “E será a luz da Lua como a luz do Sol, e a luz do Sol sete vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em que o Senhor ligar a quebradura do Seu povo e curar a chaga da sua ferida.” (Isaías 30:26). Mas se a luz da Lua, naquele estado, é como a luz do Sol, como pode dizer-se que ali não há noite? A luz do Sol será sete vezes maior, de maneira que, embora a noite seja como o nosso dia, o dia será sete vezes mais luminoso, tornando ali tão assinalado o contraste entre o dia e a noite, talvez como agora, mas ambos serão inexcedivelmente gloriosos.APLCDA 767.4

    O versículo 24 fala de nações e reis. As nações são as dos salvos, e todos nós seremos reis, em certo sentido, no estado da nova Terra. Possuiremos um “reino” e haveremos de reinar para todo o sempre.APLCDA 768.1

    Mas segundo algumas parábolas de nosso Salvador, como em Mateus 25:21, 23, parece que alguns ocuparão em sentido especial a posição de governadores, e poderão, assim, chamar-se reis da Terra em relação às nações dos salvos. Estes levam à cidade a sua glória e honra, quando aos sábados e luas novas ali subirem para adorar a Deus (Isaías 66:22).APLCDA 768.2

    Leitor, deseja você uma parte nas inefáveis e eternas glórias desta cidade eterna? Cuide então para que o seu nome esteja escrito no livro da vida do Cordeiro, porque só poderão entrar ali aqueles cujos nomes estejam nesse “livro de honra” celestial.APLCDA 768.3

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