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Considerações sobre Daniel e Apocalipse

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    Daniel 12 — Aproxima-se o Momento Culminante da História

    Versículo 1: Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro.APLCDA 301.1

    Neste versículo se apresenta certo tempo, não um ano, um mês ou dia determinado, mas um tempo definido por certo acontecimento com o qual se relaciona. “Nesse tempo”. Que tempo? O tempo a que somos levados pelo versículo final do capítulo anterior, o tempo em que o rei do norte armará as tendas palacianas no monte santo e glorioso. Quando isto ocorrer, virá seu fim. E então, segundo este versículo, havemos de esperar que Se levante Miguel, o grande Príncipe.APLCDA 301.2

    Miguel Se levanta — Quem é Miguel, e que significa o ato de levantar-Se? Miguel é chamado o “Arcanjo” em Judas 9. Isso significa o chefe ou cabeça dos anjos. Há só um. Quem é? É Aquele cuja voz se ouve do céu quando ressuscita os mortos. (1 Tessalonicenses 4:16). A voz de Quem, se ouve, em relação com que acontecimento? A voz de nosso Senhor Jesus Cristo. (João 5:28). Quando buscamos a verdade baseados neste fato, chegamos à seguinte conclusão: A voz do Filho de Deus é a voz do Arcanjo; portanto, o Arcanjo deve ser o Filho de Deus. Mas o Arcanjo se chama Miguel; logo, Miguel deve ser o nome dado ao Filho de Deus. A expressão do versículo 1: “Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo”, basta para identificar como o salvador dos homens o personagem aqui mencionado. É o “Autor da vida” (Atos 3:15), e “Príncipe e Salvador” (Atos 5:31). Ele é o grande Príncipe.APLCDA 301.3

    “O defensor dos filhos do teu povo” — Condescende em tomar os servos de Deus em seu pobre estado mortal e remi-los para serem súditos de Seu reino futuro. Levanta-Se a favor de nós, os que cremos. Seus filhos são essenciais aos Seus propósitos futuros e parte inseparável da herança comprada. Hão de ser os principais agentes daquela alegria que Cristo previu, e que o levou a suportar todos os sacrifícios e sofrimentos que assinalaram Sua intervenção em favor da raça caída. Assombrosa honra! Tributemos-Lhe eterna gratidão por Sua condescendência e misericórdia para conosco! Sejam dEle o reino, o poder e a glória para todo o sempre!APLCDA 302.1

    Chegamos agora à segunda pergunta: Que significa o ato de Miguel levantar-Se? A chave para interpretar esta expressão nos é fornecida nestas passagens: “Eis que ainda três reis se levantarão na Pérsia”, “Depois, se levantará um rei poderoso, que reinará com grande domínio.” (Daniel 11:2, 3) Não pode haver dúvida quanto ao significado da expressão nestes casos. Significa assumir o reino, reinar. No versículo que consideramos, esta expressão deve significar o mesmo. Naquele tempo Se levantará Miguel, tomará o reino e começará a reinar.APLCDA 302.2

    Mas não está Cristo reinando agora? Sim, associado com Seu Pai no trono do domínio universal. (Efésios 1:20-22; Apocalipse 3:21). Mas Ele renuncia a esse trono, ou reino ao voltar (1 Coríntios 15:24). Então começa Seu reinado, apresentado no texto, quando Se levanta, ou assume Seu próprio reino, o trono de há muito prometido a Seu pai Davi, e estabelece um domínio que não terá fim. (Lucas 1: 32, 33).APLCDA 302.3

    Os reinos deste mundo passam a ser “de nosso Senhor e do Seu Cristo”. Ele deixa de lado Suas vestes sacerdotais e veste o manto real. Terá terminado a obra de misericórdia e o tempo de graça concedido à família humana. Então o que estiver sujo não mais terá esperança de ser purificado; o que estiver santo não mais terá perigo de cair. Todos os casos estarão decididos para sempre. Daí em diante, até que Cristo venha nas nuvens do céu, as nações serão quebrantadas como com vara de ferro e despedaçadas como vaso de oleiro por um tempo de tribulação que nunca houve. Uma série de castigos divinos cairá sobre os homens que rejeitaram a Deus, então aparecerá no céu o Senhor Jesus Cristo “em chamas de fogo, para tomar vingança dos que não conhecem a Deus e não obedecem ao evangelho.” (2 Tessalonicenses 1:8; ver Apocalipse 11:15; 22:11, 12).APLCDA 302.4

    Portentosos são os acontecimentos introduzidos pelo ato de Miguel ao levantar-Se. Ele Se levanta, ou assume o reino, assinalando a certo tempo antes de voltar pessoalmente a esta Terra. Quão importante é, pois, que saibamos que posição Ele ocupa, a fim de poder seguir o processo de Sua obra e reconhecer quando se aproxima esse momento emocionante, em que acabará Sua intercessão em favor da humanidade e o destino de todos se fixará para sempre!APLCDA 303.1

    Como podemos sabê-lo? Como havemos de determinar o que ocorre no santuário celestial? A bondade de Deus é tão grande que nos pôs às mãos o meio de saber isso. Ele nos disse que quando certos grandes acontecimentos ocorrem na Terra, decisões importantes estarão sendo feitas no Céu que sincronizam com eles. Mediante as coisas que se veem somos instruídos acerca das coisas que não se veem. Assim como “através da natureza chegamos ver o Deus da natureza”, mediante fenômenos e acontecimentos terrestres seguimos os grandes movimentos que se realizam no reino celestial. Quando o rei do norte plantar as tendas do seu palácio entre os mares no monte glorioso e santo, então Miguel Se levantará ou receberá de Seu Pai o reino como preparativo para voltar a esta Terra. Ou poderia expressar-se o assunto nestas palavras: Então nosso Senhor cessa Sua obra como nosso grande Sumo Sacerdote e termina o tempo de graça concedido ao mundo. A grande profecia dos 2.300 dias com exatidão nos indica o início da etapa final da obra que Cristo há de realizar no santuário celestial. O versículo que consideramos nos dá indicações pelas quais podemos descobrir aproximadamente o tempo em que terminará.APLCDA 303.2

    O tempo de angústia — Em relação com o momento em que Se levantará Miguel, ocorre um tempo de angústia qual nunca houve. Em Mateus 14:21 lemos acerca de um período de tribulação qual nunca houve nem haverá depois. Esta tribulação, que se cumpriu na opressão e perseguição da igreja pelo poder papal, já se acha no passado, ao passo que o tempo de angústia de Daniel 12:1 ainda está no futuro, segundo a opinião que expressamos.APLCDA 303.3

    Como pode haver dois tempos de tribulação, separados por muitos anos, sendo ambos maiores do que qualquer que tenha existido antes ou haja de existir depois? Para evitar qualquer dificuldade aqui, notemos cuidadosamente esta distinção: A tribulação mencionada em Mateus é tribulação sobre a igreja. Cristo está falando ali a Seus discípulos e deles em um tempo futuro. Eles iam ser os afetados e por sua causa seriam abreviados os dias de tribulação. (Mateus 24:22). O tempo de angústia mencionado em Daniel não é um tempo de perseguição religiosa, mas de calamidade internacional. Nunca houve coisa semelhante desde que houve nação; não diz igreja. É a última tribulação que sobrevirá ao mundo em sua condição atual. Em Mateus se faz referência a um tempo que transcorrerá depois daquela tribulação, porque uma vez que ela tenha passado, o povo de Deus não voltará a passar por outro período de sofrimento semelhante. Mas aqui em Daniel não há referência a nenhum tempo futuro depois da angústia mencionada, porque esta encerra a história deste mundo. Inclui as sete últimas pragas de Apocalipse 16 e culmina no aparecimento do Senhor Jesus, vindo em nuvens de fogo, para destruir os Seus inimigos. Mas desta tribulação será livrado todo aquele cujo nome se achar escrito no livro da vida, “porque no monte Sião [...] estarão os que forem salvos assim como o Senhor prometeu, e entre os sobreviventes aqueles que o Senhor chamar.” Joel 2:32.APLCDA 305.1

    Versículo 2: Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno.APLCDA 305.2

    Este versículo revela a importância do ato de Miguel levantar-Se, ou o começo do reino de Cristo, referido no primeiro versículo deste capítulo, pois nesse tempo haverá uma ressurreição dos mortos. É esta a ressurreição geral que ocorre na segunda vinda de Cristo? Ou há de ocorrer entre o momento em que Cristo recebe Seu reino e Sua manifestação à Terra com toda a glória do Seu advento (Lucas 21:27), uma ressurreição especial que corresponda à descrição aqui feita?APLCDA 305.3

    Porque não seria a primeira, ou seja, a ressurreição que ocorre ao se ouvir a última trombeta? Porque somente os justos, com exclusão de todos os ímpios, terão parte nessa ressurreição. Então os que dormem em Jesus sairão, mas os outros mortos não reviverão durante mil anos (Apocalipse 20:5). Portanto, a ressurreição geral de toda a espécie humana fica dividida em dois grandes acontecimentos. Primeiro ressuscitam exclusivamente os justos quando Jesus vier; e em segundo lugar ressuscitam exclusivamente os ímpios, mil anos mais tarde. A ressurreição geral não é uma ressurreição mista, dos justos e dos ímpios ao mesmo tempo. Cada uma destas duas classes ressuscita em separado e o tempo que transcorre entre suas respectivas ressurreições é de mil anos, segundo está claramente indicado.APLCDA 306.1

    Mas na ressurreição apresentada no versículo que estudamos, muitos, tanto dos justos como dos ímpios, ressuscitam juntamente. Não pode, portanto, ser a primeira ressurreição que inclui somente os justos, nem a segunda, que se limita distintamente aos ímpios. Se o texto dissesse: Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão para a vida eterna, então a palavra “muitos” poderia interpretar-se como incluindo a todos os justos e esta ressurreição seria a dos justos, na segunda vinda de Cristo. Mas o fato de que alguns dos muitos são ímpios e ressuscitam para vergonha e desprezo eterno, impede tal explicação.APLCDA 306.2

    Ocorre, pois, uma ressurreição especial ou limitada? Indica-se, em alguma outra parte, que haja de ocorrer tal acontecimento antes que o Senhor venha? A ressurreição aqui predita ocorre quando o povo de Deus é liberto do grande tempo de angústia com que termina a história deste mundo; e de Apocalipse 22:11 pareceria depreender-se que esta libertação ocorre antes do aparecimento do Senhor. Chega o momento terrível em que o sujo e injusto é declarado injusto ainda, e o santo ainda o que é justo e santo. Quando for pronunciada esta sentença sobre os justos deve ser o seu livramento, porque então estão fora do alcance do perigo e do temor do mal. Mas, naquele momento, o Senhor ainda não veio, porque imediatamente acrescenta: “Eis que venho sem demora.”APLCDA 306.3

    Quando se pronuncia esta declaração solene, ela sela o destino dos justos para a vida eterna e o dos ímpios para a morte eterna. Sai uma voz vinda do trono de Deus, dizendo: “Está feito.” (Apocalipse 16:17). Esta é, evidentemente, a voz de Deus, tão frequentemente aludida nas descrições das cenas relacionadas com o último dia. Joel fala disso, dizendo: “O Senhor brama de Sião, e Se fará ouvir de Jerusalém, e os céus e a terra tremerão; mas o Senhor será o refúgio do Seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel.” Joel 3:16. Uma nota marginal de certas versões da Bíblia diz: “lugar de refúgio, ou porto”. Então, quando se ouve a voz de Deus que fala do céu, precisamente antes da vinda do Filho do homem, Deus é um refúgio para Seu povo, ou, o que é o mesmo, lhes provê livramento. A última cena estupenda está por manifestar-se a um mundo condenado, Deus dá às nações assombradas outra prova e garantia do Seu poder e ressuscita dentre os mortos uma multidão de seres que durante longo tempo dormiam no pó da terra.APLCDA 307.1

    Assim vemos que há oportunidade e lugar para a ressurreição de Daniel 12:2. Um versículo do livro de Apocalipse claramente indica que há de ocorrer uma ressurreição desta classe. “Eis que vem com as nuvens [descreve-se indubitavelmente o segundo advento], e todo olho O verá [das nações que então vivem na Terra], até quantos O traspassaram [os que tomaram parte ativa na terrível obra de Sua crucifixão]. E todas as tribos da Terra se lamentarão sobre Ele.” (Apocalipse 1:7). Se não fosse feita exceção para o seu caso, os que crucificaram o Senhor permaneceriam em suas sepulturas até o fim dos mil anos e ressuscitariam juntamente com os demais ímpios nessa ocasião. Mas aqui se nos diz que eles contemplam o Senhor em Seu segundo advento. Portanto, há de haver uma ressurreição especial para esse fim.APLCDA 307.2

    É certamente muito apropriado que alguns dos que se distinguiram por sua santidade, que trabalharam e sofreram pela esperança que tinham na vinda do seu Salvador, mas morreram sem O haver visto, ressuscitem um pouco antes, para testemunharem as cenas que acompanham Sua gloriosa epifania; assim como saiu um bom número do sepulcro para contemplar Sua gloriosa ressurreição e escoltá-Lo (Mateus 27:52, 53) em triunfo até a destra do trono da Majestade nos céus (Efésios 4:8, nota marginal). Também os que se distinguiram na maldade, os que mais fizeram para vilipendiar o nome de Cristo e injuriar Sua causa, especialmente aqueles que Lhe deram morte cruel na cruz e dEle zombaram e O ridicularizaram na agonia de Sua morte, alguns destes ressuscitarão como parte de seu castigo judicial, para contemplar Sua volta nas nuvens do céu, como vencedor celestial, com grande majestade que não poderão suportar.APLCDA 308.1

    Alguns consideram que este versículo proporciona boas provas de que os ímpios sofrem eternamente em forma consciente, porque os ímpios, aqui referidos, saem para vergonha e desprezo eterno. Como podem sofrer para sempre vergonha e desprezo, a não ser que estejam eternamente conscientes? Na verdade esta vergonha implica que estão conscientes, mas note-se que isto não há de durar para sempre. Este qualificativo só se aplica ao desprezo, emoção que os demais sentem para com os culpados, e não torna necessário o estado consciente daqueles contra os quais se dirige. A vergonha de sua impiedade e corrupção atormentará suas almas enquanto estiverem conscientes. Quando pereçam, consumidos por suas iniquidades, seu repugnante caráter e suas obras culpáveis excitarão somente desprezo da parte dos justos enquanto os recordarem. Portanto, o texto não proporciona prova alguma de que os ímpios tenham de sofrer eternamente. Versículo 3: Os sábios, pois, resplandecerão como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas, sempre e eternamente. (Almeida RC)APLCDA 308.2

    Herança gloriosa — A nota marginal diz “ensinadores” em lugar de “sábios”. Os que ensinam resplandecerão como o fulgor do firmamento. É claro que isto se refere aos que ensinam a verdade e levam outros a conhecê-la, precisamente no tempo em que se cumprirão os eventos registrados nos versículos anteriores. De acordo com a maneira de o mundo calcular lucros e perdas, custa algo ensinar a verdade nestes tempos. Custa reputação, comodidade, conforto e frequentemente propriedades. Envolve labor, cruzes, sacrifícios, a perda de amigos, o ridículo, e muitas vezes perseguição.APLCDA 309.1

    Com frequência se pergunta: Como podeis guardar o verdadeiro dia de repouso e talvez perder vosso cargo, reduzir vossas entradas e até correr o risco de perder vosso meio de sustento? Que miopia, fazer da obediência às exigências de Deus um assunto de consideração pecuniária! Que conduta diferente da seguida pelos nobres mártires que não amaram sua vida até a morte! Quando Deus dá uma ordem, não podemos atrever-nos a desobedecer. Se nos perguntarem: Como podeis guardar o sábado e cumprir outros deveres que significam obedecer à verdade?, só precisamos perguntar, em resposta: Como podemos atrever-nos a não fazê-lo?APLCDA 309.2

    No dia vindouro, quando perderem a vida os que tiverem procurado salvá-la e os que tiverem estado dispostos a arriscar tudo por amor à verdade e seu divino Senhor, receberem a gloriosa recompensa prometida nesta passagem, e ressuscitarem para resplandecer como o firmamento e como as estrelas para sempre, ver-se-á quem terá sido sábio e quem terá feito sua escolha cega e insensatamente. Os ímpios e os mundanos hoje consideram os cristãos como insensatos e loucos e se lisonjeiam de terem uma inteligência superior para escapar ao que chamam loucura e evitar perdas. Não precisamos responder-lhes, pois os que agora tomam essa decisão, dentro em breve a quererão mudar, com ansiedade, mas inutilmente.APLCDA 309.3

    Enquanto isso, é privilégio do cristão desfrutar as consolações desta maravilhosa promessa. Unicamente os mundos estelares nos podem proporcionar um conceito de sua magnitude. Que são essas estrelas, a cuja semelhança os ensinadores de justiça hão de brilhar para sempre e eternamente? Quanto esplendor, majestade e duração inclui esta comparação?APLCDA 310.1

    O Sol do nosso próprio sistema solar é uma dessas estrelas. Se o comparamos com este globo em que vivemos e que nos proporciona a comparação mais compreensível, verificaremos que é um orbe de não pouca magnitude e magnificência. Nossa Terra tem 12.000 quilômetros de diâmetro, mas o diâmetro do Sol é de 1.440.000 quilômetros. É 1.300.000 vezes maior que nosso globo. E seu peso equivale a 333.000 mundos como o nosso. Que imensidão! E que sabedoria e poder foi necessário para criar tantas maravilhas!APLCDA 310.2

    Contudo, está muito longe de ser o maior ou mais brilhante dos orbes dos céus. A proximidade do Sol, que fica apenas a 155.000.000 de quilômetros de nós, permite que ele exerça sobre nós uma influência controladora. Porém na vastidão do espaço, tão distantes que parecem simples pontinhos de luz, fulguram outros orbes maiores de maior glória. A estrela fixa mais próxima, Próxima Centauro, no hemisfério sul, fica a uns quarenta bilhões de quilômetros de distância. Mas a estrela Polar e seu sistema ficam cem vezes mais longe e fulgura com brilho igual ao de 2.500 sóis como o nosso. Outros ainda são muito luminosos, como por exemplo Arcturo, que emite luz equivalente a 158 sóis como o nosso; Capela, 185 e assim sucessivamente, até que chegamos à grande estrela Rigel, na constelação do Órion, que inunda os espaços celestes com um fulgor 15.000 vezes maior que o do ponderado orbe que ilumina e controla nosso sistema solar. (James H. Jeans, The Stars in Their Courses, p. 165).APLCDA 310.3

    Por que não nos parece mais luminoso? Porque sua distância equivale a 33.000.000 de vezes a órbita da Terra, que é de 310.000.000 de quilômetros. As cifras se tornam débeis para expressar tais distâncias. Basta dizer que sua luz deve atravessar o espaço à velocidade de 310.000 quilômetros por segundo durante um prazo superior a dez anos antes de alcançar nosso mundo. E há muitas outras estrelas que se encontram a centenas de anos-luz de nosso sistema solar.APLCDA 310.4

    Alguns destes monarcas dos céus reinam sós como o nosso próprio Sol. Alguns são duplos, isto é, o que nos parece ser uma única estrela compõe-se de duas estrelas, ou seja, dois sóis com todo o seu séquito de planetas, girando um em redor do outro. Outros são triplos, alguns quádruplos e pelo menos um é sêxtuplo.APLCDA 311.1

    Ademais, mostram todas as cores do arco-íris. Alguns sistemas são brancos, outros azuis, outros vermelhos, outros amarelos, outros verdes. Em alguns, os diferentes sóis que pertencem ao mesmo sistema são de cores diferentes. Diz o Dr. Burr: “E, como para fazer do Cruzeiro do Sul o objeto mais belo de todos os céus, encontramos nessa constelação um grupo de mais de cem astros diversamente coloridos: sóis vermelhos, verdes, azuis e verde-azulados, tão estreitamente acumulados que num poderoso telescópio se assemelham a um soberbo ramalhete ou uma jóia fantástica.” (Enoc Fitch Burr, Ecce Coelum, p. 136).APLCDA 311.2

    Alguns anos se passam e todas as coisas terrenas adquirem o bolor da idade e o odor da decadência. Mas as estrelas continuam brilhando em toda a sua glória como no princípio. Séculos e idades se foram, reinos surgiram e desapareceram. Voltamo-nos para trás, muito além do sombrio e obscuro horizonte da história, chegamo-nos ao primeiro momento em que a ordem foi evocada do caos, quando “as estrelas da alva juntas alegremente cantavam e todos os filhos de Deus rejubilavam” (Jó 38:7) e encontramos então que as estrelas seguiam em sua soberba marcha. Não sabemos desde quanto tempo o faziam. Os astrônomos nos falam de nebulosas que se encontram nos mais longínquos limites da visão telescópico, cuja luz em seu vôo incessante precisaria de cinco milhões de anos para chegar a este planeta. No entanto, nem seu brilho nem sua força diminuem. Parecem sempre dotados do orvalho da juventude. Não há neles fator algum de decadência, nem movimento vacilante que revele decrepitude. Continuam a brilhar com glória inefável por toda a eternidade.APLCDA 311.3

    Assim os que a muitos ensinarem a justiça resplandecerão numa glória que infundirá alegria no coração do Redentor. E assim transcorrerão seus anos para sempre e eternamente.APLCDA 313.1

    Versículo 4: Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará.APLCDA 313.2

    O livro de Daniel selado — As “palavras” e o “livro” dos quais se fala aqui, são indubitavelmente as coisas que foram reveladas a Daniel nesta profecia. Estas coisas haviam de permanecer encerradas e seladas até ao tempo do fim, quer dizer, não deviam ser estudadas de modo especial, ou entendidas em sua maior parte, até aquele tempo. O tempo do fim, como já foi demonstrado, começou em 1798. Como o livro esteve fechado e selado até esse tempo, é claro que naquele tempo, ou a partir desse ponto, o livro seria aberto. As pessoas poderiam compreendê-lo melhor e sua atenção seria especialmente atraída para esta parte da Palavra inspirada. Não é preciso recordar ao leitor o que desde aquele tempo se tem feito com referência à profecia. As profecias, especialmente as de Daniel, têm sido examinadas por muitos estudantes deste mundo onde quer que a civilização entendeu sua luz sobre a Terra. De modo que o restante do versículo, sendo uma predição do que deve ocorrer após o início do tempo do fim, diz: “Muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará.” (Almeida RC). Quer este correr de uma parte para outra se refira ao traslado de pessoas de um lugar a outro e aos grandes progressos nos meios de transporte e de locomoção alcançados no século passado, quer signifique, como alguns entendem, que percorreriam as profecias, ou seja, buscariam fervorosa e diligentemente a verdade profética, o certo é que nossos olhos contemplam seu cumprimento. Deve encontrar sua aplicação num destes dois modos. E em ambos os aspectos nossa época notavelmente se destaca.APLCDA 313.3

    O aumento do conhecimento — “E o saber se multiplicará.” Isto deve referir-se à multiplicação do conhecimento em geral, o desenvolvimento das artes e ciências, ou a um aumento do conhecimento referente às coisas reveladas a Daniel, que haviam de ficar encerradas e seladas até o tempo do fim. Aqui novamente, qualquer que seja a aplicação que dermos, o cumprimento é notável e completo. Consideremos as admiráveis produções da mente e as formidáveis obras das mãos humanas, que rivalizam com os mais ousados sonhos dos magos antigos, mas que se desenvolveram nos últimos cem anos apenas. Nesse período se progrediu mais em todos os ramos científicos, e mais progressos foram feitos nas comunidades humanas, na rápida execução dos trabalhos, na transmissão dos pensamentos e palavras, nos meios de viajar rapidamente de um lugar a outro e até de um continente a outro, que durante os três mil anos anteriores.APLCDA 313.4

    Maquinaria agrícola — Comparem-se os métodos de colheita que são praticados em nossa época com o antigo método de colher à mão feito nos dias de nossos avós. Hoje uma só máquina corta, debulha e coleta em bolsas os cereais e os deixa prontos para o mercado.APLCDA 314.1

    Navios modernos e guerra mecanizada — A guerra moderna usa navios poderosos de superfície e submarinos, como também aviões de bombardeio e de caça que nem sequer eram sonhados a meados do século passado. Os tanques e os caminhões, a artilharia motorizada e outros implementos substituíram os animais e aríetes dos antigos.APLCDA 314.2

    A estrada-de-ferro — A primeira locomotiva construída nos EUA foi fabricada na fundição West Point, Nova York, e começou a funcionar em 1830. Atualmente houve tanto progresso nas estradas-de-ferro que os trens aerodinâmicos chegam a velocidades de 160 quilômetros por hora.APLCDA 314.3

    Os transatlânticos — Somente um século após iniciar a navegação a vapor, os maiores transatlânticos podem cruzar o oceano entre a Europa e a América em quatro dias. Oferecem todos as comodidades que se encontram nos hotéis mais luxuosos.APLCDA 314.4

    A televisão — Depois veio a radiotelegrafia, um milagre, em 1896. Por volta de 1921, essa descoberta se desenvolveu na propagação radiotelefônica. Agora a televisão, a transmissão sem fio do que se vê e se ouve, até de projeções cinematográficas nas ondas etéreas, é uma realidade nacional.APLCDA 314.5

    O automóvel — Não faz muito o automóvel era desconhecido. Agora toda a população dos EUA poderia estar viajando ao mesmo tempo de automóvel. Certos automóveis de corrida têm alcançado velocidades superiores a 500 quilômetros por hora. Enormes ônibus de passageiros cruzam os continentes, e nas grandes cidades substituíram os bondes elétricos.APLCDA 315.1

    A máquina de escrever — O primeiro modelo da máquina de escrever moderna foi posto a venda em 1874. Agora as máquinas velozes e silenciosas destinadas tanto ao escritório como à residência adaptam-se a todo tipo de escrita e tabelas, e vieram a ser uma parte indispensável dos equipamentos comerciais.APLCDA 315.2

    A imprensa moderna — Para ter uma ideia do progresso feito neste ramo basta pôr em contraste a imprensa manual que Benjamim Franklin usava com as rotativas de alta velocidade que imprimem os diários a um ritmo duas vezes mais rápido que o de uma metralhadora.APLCDA 315.3

    A câmara fotográfica — O primeiro retrato de um rosto humano feito com o auxílio do sol foi obra do professor João Guilherme Draper de Nova York em 1840, mediante um aperfeiçoamento do processo de Niepce e Daguerre, os criadores franceses da fotografia. Desde 1924, graças ao aperfeiçoamento das lentes e as emulsões tem-se tirado fotos de grandes distâncias e de vastas extensões, desde aviões que voavam a grande altura. Podem tirar-se fotografias de objetos invisíveis a olho nu mediante os raios X e os raios infravermelhos. A fotografia colorida fez também muitos progressos. Desde seu início em 1895, a cinematografia chegou a exercer uma poderosa influência na vida de milhões de pessoas. Foram aperfeiçoadas as câmaras fotográficas e outras para tirar a cores e são produzidas a preços reduzidos que as colocam ao alcance das multidões.APLCDA 315.4

    A aeronavegação — A conquista do espaço pelo homem foi realizada pelo aeroplano em 1903. É um dos mais notáveis triunfos da história. Serviços regulares de passageiros e de correios foram estabelecidos através do oceano entre todos os continentes.APLCDA 315.5

    O telefone — A primeira patente de telefone foi concedida a Alexandre Graham Bell em 1876. Desde então se têm estendido redes intrincadas de telefone por todos os continentes para vincular os povos e as pessoas.APLCDA 316.1

    Máquinas tipográficas — Estas produziram uma revolução na arte de imprimir. A primeira máquina que compôs tipo mecanicamente foi patenteada na Inglaterra em 1822 pelo Dr. Guilherme Church. Das muitas máquinas introduzidas desde então, as que se usam atualmente são máquinas que fundem seus próprios tipos, como a linotipo inventada por Mergenthaler (1878), e a monotipo, inventada em Lanston em 1885.APLCDA 316.2

    A composição à distância — Mediante uma combinação de telégrafo e máquinas fundidoras de linha, agora é possível que um operário situado numa estação central componha material para a imprensa por telégrafo simultaneamente, a qualquer distância e em tantos lugares quantos estejam vinculados à estação central. Isto permite compor as notícias com uma economia de 50 a 100 por cento.APLCDA 316.3

    As pontes suspensas — A primeira ponte suspensa que mereça ser lembrada nos EUA foi construída sobre o rio Niágara em 1855. A ponte da Porta de Ouro, que cruza a entrada da baía de São Francisco, foi terminada em 1937 ao custo de 35.000.000 de dólares, tem o maior arco do mundo, a saber 1.275 metros. Feitos semelhantes na construção de pontes foram realizados em todos os países progressistas do mundo.APLCDA 316.4

    Eis uma lista parcial dos progressos feitos nos conhecimentos desde o tempo do fim iniciado em 1798:APLCDA 316.5

    Iluminação a gás, 1798; penas de aço, 1803; fósforos, 1820; máquina de costura, 1841; anestesia por éter e clorofórmio, 1846; cabo submarino, 1858; a metralhadora Gatling, 1861; navio de guerra blindado, 1862; freios automáticos nos trens, 1872; sismógrafo, 1880; turbina a vapor, 1883; raios X, 1895; radium, 1898; telefone transcontinental, 1915.APLCDA 316.6

    Que galáxia de maravilhas surgidas na mesma época! Quão admiráveis são as proezas científicas de nossa era, sobre a qual todas estas descobertas e invenções concentram sua luz! Chegamos realmente à era da multiplicação do saber.APLCDA 316.7

    Para honra do cristianismo, notemos em que países e por quem foram feitas estas descobertas que tanto contribuíram para tornar a vida mais fácil e mais cômoda. Tem sido em países cristãos e entre cristãos, desde a grande Reforma. Não podem ser estes progressos creditados à Idade Média, que proporcionou só um disfarce do cristianismo; nem aos pagãos, que em sua ignorância não conhecem a Deus, nem aos habitantes das terras cristãs que negam a Deus. Na verdade, o espírito de igualdade e liberdade individual estimulado pelo evangelho de Cristo, quando pregado em sua pureza original, é o que liberta o corpo e o espírito dos seres humanos, convida-os ao máximo uso de suas faculdades e torna possível uma era de liberdade de pensamento e ação capaz de realizações tão admiráveis.APLCDA 317.1

    O aumento do conhecimento da Bíblia — Mas se assumirmos outro ponto de vista e interpretarmos a multiplicação do saber como aumento do conhecimento da Bíblia, apenas importa olharmos para a luz maravilhosa que nos resplandeceu sobre as Escrituras durante o último século e meio. O cumprimento da profecia se tem revelado na história. O emprego de um seguro princípio de interpretação levou à indiscutível conclusão de que o fim de todas as coisas está próximo. Na verdade o selo do livro foi tirado e aumentou admiravelmente o conhecimento acerca do que Deus revelou em Sua Palavra. Cremos ser neste aspecto que a profecia mais especialmente se cumpre, pois somente numa era sem paralelo como a atual poderia a profecia cumprir-se.APLCDA 317.2

    Que estamos no tempo do fim o demonstra Apocalipse 10:2, onde se vê um poderoso anjo descer do céu com um livrinho aberto na mão. Já não podia ficar selado o livro dessa profecia, mas seria aberto e compreendido. Para achar a prova de que o livrinho que ali é dito estar aberto é o livro aqui encerrado e selado quando Daniel o escreveu, e de que o anjo entrega sua mensagem nesta geração, ver os comentários sobre Apocalipse 10:2.APLCDA 317.3

    Versículos 5-7: Então, eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois, um, de um lado do rio, o outro, do outro lado. Um deles disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando se cumprirão estas maravilhas? Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda ao céu e jurou, por aquele que vive eternamente, que isso seria depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E, quando se acabar a destruição do poder do povo santo, estas coisas todas se cumprirão.APLCDA 320.1

    Quando será o fim? — A pergunta: “Quando se cumprirão estas maravilhas?” se refere, sem dúvida, a tudo o que foi anteriormente mencionado, inclusive o ato de Miguel levantar-Se, o tempo de angústia, o livramento do povo de Deus e a ressurreição especial, do versículo 2. A resposta parece dar-se em duas partes. Primeiro, é assinalado um período profético específico; segue-se um período profético indefinido antes que se chegue à conclusão de todas estas coisas, assim como o encontramos em Daniel 8:13, 14. Quando se perguntou : “Até quando durará a visão [...] na qual era entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados?” a resposta mencionou um período de 2.300 dias, seguido de um período indefinido que abrangeria a purificação do santuário. Assim, no texto que consideramos é indicado o período de um tempo, tempos e metade de um tempo, a saber, 1.260 anos e logo um período indefinido para continuar a destruição do poder do povo santo, antes da consumação.APLCDA 320.2

    Os 1260 anos assinalam o período da supremacia papal. Por que se introduz este período aqui? Provavelmente porque esta potência é a que tem feito mais que qualquer outra na história do mundo para destruir o poder do povo santo, ou seja, oprimir a igreja de Deus. Mas que devemos entender pela expressão: “Quando se acabar a destruição do poder do povo santo”? ou como diz a Nova Versão Internacional: “Quando o poder do povo santo for finalmente quebrado.” Em algumas versões se traduz esta frase assim: “Quando ele acabar a dispersão” etc., e nesse caso o pronome “ele” parece designar “Aquele que vive eternamente”, ou seja Jeová. Mas, como diz judiciosamente um eminente intérprete das profecias, ao considerar os pronomes da Bíblia devemos interpretá-los de acordo com os feitos do caso e com frequência devemos relacioná-los com um antecedente compreendido, em vez de um nome expresso. De modo que aqui o chifre pequeno, ou homem do pecado, depois de ter sido introduzido pela menção particular do tempo de sua supremacia, os 1.260 anos, deve ser o poder a que se refere o pronome ele. Durante 1260 anos oprimiu cruelmente a igreja ou lhe dissipou a força.APLCDA 320.3

    Depois de lhe ser tirada a supremacia, permanece sua disposição adversa para com a verdade e seus defensores, é continua sentindo até certo ponto seu poder e prossegue sua obra de opressão na medida do que lhe é possível, mas até quando? Até o último dos acontecimentos apresentados no versículo 1, a saber, o livramento do povo de Deus. Uma vez liberto, os poderes perseguidores já não podem oprimi-lo, sua força já não fica dispersa, chega-se ao fim das maravilhas preditas nesta grande profecia e todas as suas predições estarão cumpridas.APLCDA 321.1

    Ou, sem particularmente alterar o sentido, podemos referir o pronome “ele” ao Ser mencionado no juramento do versículo 7, “Aquele que vive eternamente”, quer dizer, Deus, pois Ele emprega os agentes dos poderes terrestres para castigar e disciplinar o Seu povo, e neste sentido se pode dizer que Ele mesmo lhe destrói o poder. Por intermédio de Seu profeta Ele disse acerca do reino de Israel: “Ruína, Ruína! A ruínas a reduzirei, até que venha Aquele a Quem ela pertence de direito.” (Ezequiel 21:27). Também encontramos que “até os tempos dos gentios se completarem, Jerusalém será pisada por eles.” (Lucas 21:24). Igualmente significativa é a profecia de Daniel 8:13: “Até quando durará a visão [...] na qual era entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados?” Quem as entrega a esta condição? Deus. Por quê? Para disciplinar, purificar, embranquecer e provar o Seu povo. Até quando? Até que o santuário seja purificado.APLCDA 321.2

    Versículos 8-10: Eu ouvi, porém não entendi; então, eu disse: meu senhor, qual será o fim destas coisas? Ele respondeu: Vai, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim. Muitos serão purificados, embranquecidos e provados; mas os perversos procederão perversamente, e nenhum deles entenderá, mas os sábios entenderão.APLCDA 321.3

    O livro selado até o fim do tempo — A solicitude de Daniel para entender plenamente tudo o que lhe fora mostrado nos lembra vividamente as palavras de Pedro quando fala dos profetas que diligentemente indagaram e inquiriram, procurando compreender as predições referentes aos sofrimentos de Cristo e a glória que os seguiria. Diz-nos que “a eles foi revelado que, não para si mesmos, mas para” nós ministravam (1 Pedro 1:12). Quão pouco do que alguns dos profetas escreveram lhes foi permitido entender! Mas nem por isso se recusaram a escrever. Se Deus lhes pedia isso, sabiam que oportunamente cuidaria de que Seu povo recebesse de seus escritos todo o benefício que Ele queria que recebesse.APLCDA 322.1

    De modo que as palavras aqui dirigidas a Daniel lhe indicavam que, quando chegasse o devido tempo, os sábios entenderiam o significado do que ele havia escrito e o aproveitariam. O tempo do fim era o momento em que o Espírito de Deus haveria de romper o selo deste livro. Era o tempo durante o qual os sábios entenderiam, enquanto os ímpios, que não têm o senso dos valores eternos, por ter o coração endurecido pelo pecado, continuarão cada vez piores e mais cegos. Nenhum dos ímpios entende. Eles chamam insensatez e presunção os esforços que os sábios fazem para entender e perguntam: “Onde está a promessa de Sua vinda?” Se alguém perguntar: De que tempo e de que geração fala o profeta? A resposta sempre deve ser: Do tempo atual e da geração em que vivemos. Esta linguagem do profeta está recebendo notável cumprimento.APLCDA 322.2

    A redação do versículo 10 parece singular à primeira vista: “Muitos serão purificados, embranquecidos e provados.” Pode alguém perguntar: Como poderiam ser purificados e depois embranquecidos ou provados (como a linguagem parece implicar) quando é a prova que os purifica e embranquece? A linguagem, sem dúvida, descreve um processo que muitas vezes se repete na experiência daqueles que, durante esse tempo, vão sendo preparados para a vinda do Senhor e Seu reino. São purificados e embranquecidos, em comparação com sua situação anterior. Logo são novamente provados. Maiores provas lhes são impostas. Se as suportarem, continua a obra de purificação até alcançarem um caráter mais puro. Chegando a esse estado são novamente provados, e ainda mais purificados e embranquecidos. Assim o processo continua, até desenvolverem um caráter que suportará a prova no grande dia do juízo e chegam a uma condição espiritual que já não necessite de prova.APLCDA 322.3

    Versículo 11: Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias.APLCDA 323.1

    Os 1.290 dias proféticos — Aqui se introduz um novo período profético, a saber, o dos 1290 dias proféticos, que segundo a autoridade bíblica deve representar o mesmo número de anos literais. Pelo contexto, alguns têm deduzido que este período se inicia com o estabelecimento da abominação desoladora, ou seja, o poder papal, no ano 538, e consequentemente se estenderia a 1828. Nesta última data nada encontramos que assinale o término de tal período, mas achamos provas de que tal período se inicia antes do estabelecimento da abominação papal. Um estudo do original hebraico indica que o texto deve ser lido assim: “Desde o tempo em que o contínuo sacrifício será tirado, para se estabelecer a abominação desoladora, haverá 1.290 dias.”APLCDA 323.2

    O ano 508 a.C. — Não nos é dito diretamente até que evento chegam os 1.290 dias, mas pelo fato de que seu início fica assinalado por uma obra que irá preparar o terreno para o estabelecimento do papado, é natural concluir que seu final ficará assinalado pela cessação da supremacia papal. Se de 1798 voltamos 1.290 anos para trás chegamos ao ano 508. Este período é sem dúvida mencionado para revelar a data em que foi tirado o contínuo, e é o único que o revela. Portanto, os dois períodos — o de 1.260 dias e o de 1.290 dias — terminam juntos em 1798. O último começa em 538, e o primeiro em 508, ou seja, 30 anos antes. Abaixo daremos algumas citações históricas a favor da data de 508.APLCDA 323.3

    O batismo de Clóvis — “Quanto aos escritos de Anastácio [...] há um que ele dirigiu a Clóvis, rei dos francos, para felicitar a esse príncipe por sua conversão à religião cristã. Porque Clóvis, primeiro rei cristão dos francos, foi batizado no dia de Natal de 496, segundo alguns no mesmo dia em que o papa foi ordenado.” (Archibald Bower, The History of the Popes, vol. 1, p. 295).APLCDA 324.1

    Tomás Hodgkin diz:APLCDA 324.2

    “O resultado desta cerimônia foi que mudou as relações políticas de todo estado das Gálias. Embora os francos se encontravam entre as mais incultas e menos civilizadas tribos que cruzaram o Reno ao oeste, como católicos já lhes estava garantida a bem-aventurança do clero católico em toda cidade, e aonde ira o clero, seguiam os provinciais ‘romanos’, ou em outras palavras os leigos que falavam latim. Clóvis, imediatamente após o seu batismo, recebeu uma carta entusiasta de boas-vindas ao verdadeiro redil, escrita por Avito, bispo de Viena, o eclesiástico mais eminente do reino burgúndio.” (Tomás Hodgkin, Theodoric the Goth, p. 190, 191).APLCDA 324.3

    Clóvis, o primeiro príncipe católico — “É de observar que Clóvis naquele tempo (496) o único príncipe católico do mundo conhecido no sentido então da palavra católico. Anastácio, imperador do Oriente, professava o eutiquismo. Teodorico, rei dos ostrogodos na Itália, Alarico, rei dos visigodos, e dono de toda a Espanha, e da terça parte da Gália, assim como os reis dos burgúndios, suevos e vândalos, nas Gálias, Espanha e África, eram todos dedicados discípulos de Ário. Quanto aos outros reis dos francos estabelecidos nas Gálias, ainda eram pagãos. Clóvis não era apenas o único príncipe católico do mundo nesse tempo, mas foi o primeiro rei que abraçou a religião católica; e isto conferiu ao rei da França o título de ‘Cristianíssima Majestade’, e o de ‘Filho Mais Velho da Igreja’. Mas se tivéssemos que comparar a conduta e as ações de Clóvis, o católico, com as do rei ariano Teodorico, esta comparação não redundaria em honra à fé católica absolutamente. (Archibald Bower, The History of the Popes, vol. 1, nota ao é da p. 295; ver também Henrique Hart Milman, History of Latin Christianity, vol. 1, p. 381-388).APLCDA 324.4

    Os príncipes arianos punham os papas em perigo — Efraim Emerton, que foi professor na Universidade de Harvard, disse:APLCDA 325.1

    “No tempo em que os francos travaram a batalha de Estrasburgo, os bispos da cidade de Roma foram considerados como os dirigentes da igreja do que fora no Império Ocidental. Tinham chegado a chamar-se papas e estavam buscando dominar a igreja do ocidente assim como um rei governava seu povo. Vimos quanto respeito um papa venerável como Leão podia infundir a rudes destruidores como Átila e Genserico. Mas os papas sempre tinham sido devotos católicos, opostos ao arianismo aonde quer que aparecesse. No tempo da conversão do rei franco achavam-se em constante perigo da parte dos ostrogodos arianos que se tinham estabelecido na Itália. Teodorico não tinha incomodado a religião de Roma, mas podia levantar-se um novo rei que buscasse impor o arianismo sobre toda a Itália. Assim o papa grandemente se alegrou ao saber que os francos, ao converterem-se recentemente, tinham aceito sua forma de crença cristã. Dispôs-se a abençoar qualquer empreendimento deles como obra de Deus, uma vez que se dirigisse contra os arianos a quem considerava piores que os pagãos. Assim por volta do ano 500 iniciou, entre o papado romano e o rei franco, um entendimento que havia de amadurecer em íntima aliança e contribuir muito para fortalecer toda a história futura da Europa.” (Efraim Emerton, Introduction to the Study of the Middle Ages, p. 65, 66).APLCDA 325.2

    A conversão de Clóvis foi um contratempo para os arianos — “O evento que aumentou os temores de todos os reis arianos, e que não deixou a cada um deles a esperança que a de ser o último que fosse devorado, foi a conversão de Clóvis, o rei pagão dos francos.” (Tomás Hodgkin, Theodoric the Goth, p. 186).APLCDA 325.3

    Uma aliança bárbara contra Clóvis — “Os reis dos bárbaros foram [...] convidados a unir-se em uma ‘aliança de paz’, para deter as agressões ilícitas de Clóvis que os deixava a todos em perigo.” (Idem, p. 198, 199).APLCDA 325.4

    “Formar tal confederação e vincular todas as antigas monarquias arianas contra este estado católico ambicioso que ameaçava absorvê-las, foi o principal propósito de Teodorico.” (Idem, p. 194).APLCDA 326.1

    Clóvis inicia uma guerra religiosa — “A ação diplomática de Teodorico foi imponente para impedir a guerra; pode até ser que motivou Clóvis a atacar rapidamente antes de formarem uma coalizão contra ele. Em uma assembleia de sua nação (talvez o ‘Campo de Marte’), no início de 507, declarou impetuosamente: ‘Considero muito incômodo que estes arianos dominem uma parte tão grande das Gálias. Vamos e vençamos com a ajuda de Deus e sujeitemos a terra.’ A declaração agradou a toda a multidão e o exército reunido marchou ao sul até Loira.” (Idem, p. 199).APLCDA 326.2

    Clóvis derrota os visigodos — “A próxima campanha do rei franco teve muito maior importância e êxito. Estava empenhado a provar sua fortuna contra o jovem rei dos visigodos, cuja fraqueza pessoal e impopularidade para com os súditos romanos o tentaram como casus belli as perseguições arianas de Alarico, que, como seu pai Eurico, era mau senhor para seus súditos católicos. [...] Em 507 Clóvis declarou guerra aos visigodos.” (Carlos Oman, The Dark Ages, p. 62).APLCDA 326.3

    “Não se sabe por que a explosão tardou até o ano 507. Que o rei dos francos foi o agressor é coisa certa. Achou facilmente um pretexto para iniciar a guerra como campeão e protetor do cristianismo católico contra as medidas absolutamente justas que Alarico tomava contra seu clero ortodoxo traidor. [...] Na primavera de 507, ele [Clóvis] cruzou repentinamente o Loira e marchou a Poitiers. [...] A quinze quilômetros de Poitiers, os visigodos tinham ocupado suas posições. Alarico adiou o início da batalha porque esperava as tropas ostrogodas, mas como estas foram dificultadas pelo aparecimento de uma frota bizantina em águas italianas, resolveu lutar e não bater em retirada, como a prudência aconselhava. Durante a perseguição o rei dos godos morreu, diz-se, em mãos de Clóvis (507). Com esta derrota terminou para sempre o domínio dos visigodos na Gália.” (The Cambridge Medieval History, vol. 1, p. 286).APLCDA 326.4

    “É evidente, pela linguagem de Gregório de Tours, que este conflito entre os francos e os visigodos foi considerado pelo partido ortodoxo de seu tempo e de outros anteriores, como uma guerra religiosa, da qual, do ponto de vista humano, dependia que prevalecesse o credo católico ou o ariano na Europa ocidental.” (Gualterio C. Perry, The Franks, From Their First Appearance in History to the Death of King Pepin, p. 85).APLCDA 327.1

    “508. Pouco depois destes eventos, Clóvis recebeu do imperador grego Anastácio os títulos e a dignidade de nobre e cônsul romano, embora parece que o imperador, ao outorgá-los, foi compelido mais por seu ódio ao ostrogodo Teodorico que pelo amor que tinha para com o franco inquieto e usurpador. O significado destes títulos antiquados, quanto à sua aplicação aos que não tinham nenhuma relação direta com qualquer divisão do Império Romano, não foi jamais completamente explicado. [...] O sol de Roma havia-se posto. Mas ainda descansava sobre o mundo o crepúsculo de sua grandeza. Os reis e guerreiros germanos recebiam com prazer e portavam com orgulho um título que os ligava àquela cidade imperial, de cujo domínio universal, de cuja habilidade no manejo das armas e nas artes, viam os vestígios por toda a parte.” (Idem, p. 88, 89).APLCDA 327.2

    “Em 508 Clóvis recebeu em Tours as insígnias do consulado que lhe enviara o imperador oriental Anastácio, mas o título era puramente honorífico. Clóvis passou os últimos anos de sua vida em Paris, que tornou a capital do seu reino.” (Encyclopedia Britannica, 11ª ed., art. “Clóvis”, vol. 6, p. 563).APLCDA 327.3

    Fim da resistência ariana. Fora eliminado o reino visigodo, mas focava ainda a aliança das potências arianas sob Teodorico. Alarico havia contado com a ajuda de Teodorico, mas ela falhou. No ano seguinte, em 508, Teodorico dirigiu-se contra Clóvis e ganhou a vitória, depois da qual inexplicavelmente fez a paz com ele, e terminou a resistência das potências arianas.” (Tomás Hodgkin, Theodoric the Goth, p. 202, 203; Nugent Robinson, A History of the World, vol. 1, p. 75-79, 81, 82).APLCDA 328.1

    Significado das vitórias de Clóvis — A eminência que Clóvis tinha alcançado no ano 508 e o significado de suas vitórias para o futuro da Europa e da igreja, eram tão grandes que os historiadores não podem passar por alto sem fazer comentários.APLCDA 328.2

    “A sua conquista não foi uma conquista temporal. O reino dos godos ocidentais e dos burgúndios passaram a ser o reino dos francos. Finalmente chegaram invasores que iam permanecer. Estava decidido que os francos e não os godos tinham de dirigir os desígnios futuros da Gália e Alemanha, e que a fé católica, e não o arianismo, havia de ser a religião desses grandes reinos.” (Richard W. Church, The Beginning of the Middle Ages, p. 38, 39).APLCDA 328.3

    “Clóvis foi o primeiro a unir todos os elementos dos quais se formaria a nova ordem social, a saber, os bárbaros, a quem estabeleceu no poder; a civilização romana, à qual tributou homenagem recebendo as insígnias de nobre e de cônsul das mãos do imperador Anastácio; e finalmente a igreja católica, com a que formou a aliança frutífera que continuaram seus sucessores.” (Victor Duruy, The History of the Middle Ages, p. 32.APLCDA 328.4

    Preparou a aliança da Igreja com o Estado — “Nele [Clóvis] uniam-se as religiões, e duas épocas do mundo. Quando ele nasceu, o mundo romano ainda era uma potência; sua morte assinala o amanhecer da Idade Média. Ele ocupou o cargo vago de imperador oriental e preparou o caminho para o que Carlos Magno aperfeiçoou: a fusão da civilização romana com a germana, a aliança da Igreja e o Estado.” (Júlio von Pfluk-Harttung, A History of All Nations, vol. 2, p. 72).APLCDA 328.5

    Clóvis salvou a igreja do paganismo e do arianismo — “Ele [Clóvis] tinha demonstrado em todas as ocasiões que era um implacável foragido, conquistador ambicioso, tirano sanguinário; mas por sua conversão tinha preparado o triunfo do catolicismo; salvou a igreja romana dos perigos de Escila e Caríbdis, que eram a heresia e o paganismo, firmou-a sobre uma rocha no próprio centro da Europa, e fixou suas doutrinas e tradições nos corações dos conquistadores do Ocidente.” (Gualterio C. Perry, The Franks, From Their First Appearance in History to the Death of King Pepin, p. 97).APLCDA 329.1

    Fundamento da igreja medieval — “Os resultados da ocupação da Gália [pelos francos] foram tão importantes, o império que fundaram, sua aliança com a igreja, suas noções legais e suas instituições políticas, tudo isto exerceu uma tão decisiva influência sobre o futuro que sua história merece consideração à parte. [...] Eles receberam a herança política do Império Romano, na verdade a honra de transmiti-la toscamente e muito menos extensa e eficientemente; entretanto, foi uma continuação real da obra política que Roma havia estado fazendo. Eles só representam aquela unidade que Roma estabelecera, e enquanto essa unidade permaneceu como fato definido, foram os francos que a mantiveram. [...] Sua carreira inicia apenas no fim do século V, e então, como sucede amiúde em casos semelhantes, é o gênio de um homem, um grande caudilho, o que cria a nação. [...] Clóvis [...] aparece como um dos grandes espíritos criadores que dão uma nova direção ao curso da história. [...] O terceiro passo de grande importância neste processo de união foi dado também por Clóvis. Uma instituição produzida no mundo antigo antes dos germanos nele entrarem, tinha nascido com vida forte e ampla influência, até mesmo com poder que crescia lentamente, através de todas as mudanças deste período caótico. No futuro seria um poder ainda maior e exercer uma influência ainda mais ampla e mais permanente que a dos francos. [...] Era a igreja romana. Seria uma grande potência eclesiástica do futuro. Portanto, era uma questão muito especial saber se os francos, que por sua vez se desenvolveriam numa grande potência política do futuro, seriam aliados desta outra potência ou opostos a ela [...]APLCDA 329.2

    “Esta questão foi decidia por Clóvis, não muito depois de começar sua carreira, ao se converter ao cristianismo católico. [...] Nestas três maneiras, portanto, Clóvis exerceu uma influência criadora sobre o futuro. Uniu os romanos e os germanos numa base de igualdade, e ambos os povos conservaram a fonte de sua força para formar uma nova civilização. Fundou uma potência política que em si seria quase todos o continente, e acabar com o período das invasões. Estabeleceu a estreita aliança entre as duas grandes forças controladoras do futuro, os dois impérios que continuaram a unidade que Roma tinha criado, o império político e eclesiástico.” (Jorge Burton Adams, Civilization During the Middle Ages, p. 137-144).APLCDA 330.1

    Assim no ano 508 terminou a resistência unida que se opunha ao desenvolvimento do papado. A questão da supremacia entre os francos e os godos, entre a religião católica e a ariana, tinha ficado decidida a favor dos católicos.APLCDA 330.2

    Versículos 12-13: Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias. Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança.APLCDA 330.3

    Os 1.335 dias proféticos — Introduz-se aqui ainda outro período profético, que abrange 1.335 anos. Podemos dizer quando começa e termina? A única chave que temos para solucionar a questão é o fato de que se fala dele em ligação imediata com os 1.290 anos, que começaram em 508, como se demonstrou. A partir desse ponto, diz o profeta, haverá 1290 anos. A frase seguinte diz: “Bem-aventurado o que espera até 1.335 dias.” Mas, a partir de que ponto? Indubitavelmente, do mesmo ponto que o do início dos 1.290 anos, a saber, 508. A menos que sejam contados desse ponto, é impossível situá-los e devem ser excetuados da profecia de Daniel, quando lhes aplicamos as palavras de Cristo: “Quem lê, entenda.” Mateus 24:15. Deste ponto se estenderiam até 1843, pois a soma de 508 com 1335 dá 1843. Começando na primavera da primeira data, terminam na primavera da última.APLCDA 330.4

    Mas alguém perguntará: Como sabemos que já terminaram, se no fim desses dias Daniel se levanta para receber sua herança, o que alguns entendem ser a ressurreição dos mortos? Esta pergunta se baseia num duplo equívoco. Em primeiro lugar, afirma-se que os dias no fim dos quais Daniel se levanta são os 1.335 dias; e em segundo lugar, que o levantamento de Daniel é sua ressurreição, o que também não se pode afirmar. A única coisa prometida para o fim dos 1.335 dias é uma bênção para os que aguardam e chegam até esse tempo, isto é, aos que então estiveram vivos.APLCDA 331.1

    Que bem-aventurança é essa? Olhando para o ano 1843, quando esses anos terminaram, que contemplamos? Vemos um notável cumprimento da profecia na grande proclamação da segunda vinda de Cristo. Quarenta e cinco anos antes começou o tempo do fim, o livro foi aberto e começou a aumentar a luz. Por volta de 1843 grandiosamente culminou toda a luz que fora derramada sobre os diversos assuntos proféticos. A proclamação se realizou com grande poder. A nova e comovente doutrina do estabelecimento do reino de Deus abalou o mundo. Nova vida foi comunicada aos verdadeiros discípulos de Cristo. Os incrédulos ficaram condenados, as igrejas eram provadas e se despertou um reavivamento sem igual desde esse tempo.APLCDA 331.2

    Foi esta a bênção? Escutemos as palavras do Salvador: “Bem-aventurados os vossos olhos”, disse aos Seus discípulos, “porque veem; e vossos ouvidos, porque ouvem.”(Mateus 13:16) Também disse a Seus discípulos que profetas e reis desejaram ver as coisas que eles viam e não as viram. Mas lhes disse: “Bem-aventurados os olhos que veem as coisas que vós vedes.” Se uma nova e gloriosa verdade era nos dias de Cristo uma bênção para os que a recebiam, por que não o seria igualmente em 1843?APLCDA 331.3

    Pode-se objetar que os participantes desse movimento ficaram desapontados em sua expectativa. O mesmo aconteceu com os discípulos de Cristo por ocasião de Sua primeira vinda. Eles O aclamaram em Sua entrada triunfal em Jerusalém, esperando que tomasse o reino. Mas o único trono ao qual Ele subiu foi a cruz e em vez de ser admitido como rei num palácio, Seu corpo inerte foi deixado no sepulcro novo de José. Contudo, foram “bem-aventurados” por haverem recebido as verdades que tinham ouvido.APLCDA 332.1

    Pode-se também objetar que essa não foi uma bem-aventurança suficiente para ser assinalada por um período profético. Por que não, já que o período em que há de ocorrer, o tempo do fim, é introduzido por um período profético; já que nosso Senhor, no versículo 14 de Sua grande profecia de Mateus 24, anuncia este movimento de forma especial; e já que também é apresentado em Apocalipse 14:6, 7, sob o símbolo de um anjo voando pelo meio do céu com um anúncio especial do Evangelho eterno aos habitantes da Terra? Por certo a Bíblia dá muita importância a este movimento.APLCDA 332.2

    Mais duas questões devem notar-se brevemente: A que dias se refere o versículo 13? Que significa, segundo outra versão, estar Daniel em sua sorte? Os que afirmam que os dias são os 1.335 anos são levados a essa aplicação porque não olham atrás, além do versículo anterior, onde os 1.335 dias são mencionados. Ao passo que para interpretarem esses dias tão indefinidamente introduzidos, deve certamente considerar-se todo o alcance da profecia desde o capítulo 8 de Daniel. Os capítulos 9, 10, 11 e 12 são claramente uma continuação e explicação da visão de Daniel 8. Daí podermos dizer que na visão do capítulo 8, conforme a temos seguido e explicado, há quatro períodos proféticos: os 2.300, os 1.260, os 1.290 e os 1.335 dias. O primeiro é o período principal e o mais longo; os outros são apenas partes intermediárias e subdivisões do primeiro. Agora, quando o anjo diz a Daniel, ao concluir suas instruções, que o profeta estará em sua sorte até o fim dos dias, sem especificar a que período se referia, não se volveria naturalmente a atenção de Daniel para o período principal e mais longo, os 2.300 dias, em vez de a qualquer de suas subdivisões? Nesse caso, os 2.300 dias são o período indicado. A tradução dos Setenta parece apontar claramente nesta direção: “Tu, porém, segue teu caminho e descansa; porque há ainda dias e estações até o pleno cumprimento [destas coisas]; e te levantarás em tua sorte no fim dos dias.” Isto certamente nos faz lembrar o longo período contido na primeira visão, em relação com a qual foram dadas as instruções subsequentes.APLCDA 332.3

    Como já se demonstrou, os 2300 dias terminaram em 1844 e nos levaram à purificação do santuário. Como Daniel se levantou em sua sorte nesse tempo? Na pessoa de seu Advogado, nosso grande Sumo Sacerdote, que apresenta os casos dos justos para que sejam aceitos por Seu Pai. A palavra aqui traduzida como “sorte” não significa parcela de propriedade imóvel, lote de terra, mas as “decisões” da sorte ou as “determinações da Providência.” No fim dos dias, a sorte seria lançada, por assim dizer. Em outras palavras, decidir-se-ia quem seria havido por digno de entrar na posse da herança celestial. Quando o caso de Daniel se apresenta a exame, ele é achado justo, subsiste e lhe é destinado um lugar na Canaã celestial.APLCDA 333.1

    Quando Israel estava para entrar na Terra Prometida, lançaram sortes e a cada tribo foi designada sua possessão. As tribos estiveram assim em suas “sortes”’ muito antes de entrarem realmente na posse da terra. O tempo da purificação do santuário corresponde a este período da história de Israel. Estamos agora nos limites da Canaã celestial e estão sendo tomadas as decisões que atribuem a alguns um lugar no reino eterno, e privam a outros para sempre daquele. Na decisão de seu caso é assegurado a Daniel a porção de sua herança celestial. Com ele estarão também de pé todos os fiéis. Quando este consagrado servo de Deus, que preencheu toda a sua longa vida com nobres ações de serviço ao seu Criador, embora sobre ele se acumulassem os mais pesados cuidados desta vida, entrar em sua recompensa pela prática do bem, poderemos também entrar com ele no repouso.APLCDA 333.2

    Concluímos nossas considerações sobre este livro com a observação de que nos proporcionou não pouca satisfação dedicar tempo e estudo a suas profecias maravilhosas e contemplar o caráter desse homem muito amado e o mais ilustre dos profetas. Deus não faz acepção de pessoas, e os que manifestem um caráter como o de Daniel verão manifestar-se em sua vida o favor divino de forma tão assinalada como ele o recebeu. Cultivemos suas virtudes para como ele termos a aprovação de Deus enquanto vivermos nesta Terra e na vida vindoura possamos habitar entre as criações de Sua glória infinita.APLCDA 334.1

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