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Considerações sobre Daniel e Apocalipse

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    Apocalipse 02 — As Cartas de Jesus às Igrejas

    No primeiro capítulo, o profeta esboçou o tema das sete igrejas e seu ministério, representadas pelos sete castiçais e aos ministros pelas sete estrelas. Considera agora cada igreja em particular e escreve a respectiva mensagem, dirigindo em cada caso a epístola ao anjo, ou seja, seu ministério.APLCDA 361.1

    Versículos 1-7: A o anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer. Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas. Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.APLCDA 361.2

    A igreja de Éfeso — Nas observações referentes a Apocalipse 1:4 foram apresentadas algumas razões por que as mensagens dirigidas às sete igrejas devem ser consideradas como proféticas e aplicáveis a sete períodos distintos que abrangem a dispensação cristã. Podemos acrescentar agora que esta opinião não é nova. Tomás Newton diz: “Muitos pretendem, e entre eles homens tão sábios como More e Vitringa, que as sete epístolas são proféticas e se referem a outros tantos períodos sucessivos ou estados da igreja, desde o início até o fim.”APLCDA 361.3

    Tomás Scott diz: “Muitos expositores pensam que estas epístolas às sete igrejas são profecias bíblicas de sete períodos distintos, em que se divide todo período compreendido desde os dias dos apóstolos até o fim do mundo.”APLCDA 361.4

    Embora nem Newton e nem Scott apoiem esta opinião, o seu testemunho demonstra que foi o ponto de vista de muitos expositores. Dois deles dizem:APLCDA 362.1

    “O mais antigo comentarista do Apocalipse cuja obra chegou a nós, foi Vitorino, bispo de Pettau, o Petávio, que sofreu o martírio em 303. Foi contemporâneo de Irineu, e homem de piedade e diligência na apresentação dos ensinos das Escrituras e vigoroso em sua percepção do significado dos escritores sagrados. A maior parte de seus escritos, com exceção de alguns fragmentos, perdeu-se. Ficaram seus comentários do Apocalipse em um texto menos fiel do que poderíamos desejar, mas são suficientes para nos dar o resumo de suas opiniões. Em sua Scholia in Apocalypsin, diz que o que João dirige a uma igreja, dirige a todas; que Paulo foi o primeiro a ensinar que há sete Igrejas em todo o mundo, e que as sete Igrejas nomeadas representam a Igreja Católica [universal]; e que João, a fim de seguir o mesmo método, não ultrapassou o número sete.APLCDA 362.2

    “O que Vitorino quer dizer é que Paulo, ao escrever sete Igrejas, e apenas sete, queria dar a entender que todas as igrejas de todos os tempos são abrangidas nas sete; e que, de igual maneira, as sete Igrejas do Apocalipse destinam-se a abranger todas as igrejas do mundo, isto é, a Igreja Católica [universal] de todos os tempos. Essa era também a opinião de Ticonio no século IV; de Aretas da Capadócia e Primasio de Andrumeto no século VI; e de Vitringa, Mede, Moro, Girdlestone e muitos outros teólogos de épocas posteriores.”APLCDA 362.3

    “Mede expôs as Sete Epístolas como proféticas das Sete Épocas da Igreja, de tal modo que todo o bem ali encontrado sobre ela e todo o mal acerca de Roma (ver Trench, loc. cit., p. 228). Mais tarde, Vitringa expôs as epístolas segundo o mesmo princípio; e escreve (p. 32-36): ‘Existimo Spiritum S. sub typo et emblemate. Septem Ecclesiarum Asiae nobis [...] voluisse depingere septem variantes status Ecclesiae Christianae [...] usque ad Adventum Domini’; acrescentando ‘demonstratur illas Prophetice non Dogmatice exponendas.’APLCDA 362.4

    “Mede (em suas ‘Obras’, Advert, cap. 10, p. 905) apresenta mais amplamente sua opinião como segue: ‘Se consideramos que seu número é sete, que é o número de revolução de vezes, ou se consideramos a eleição do Espírito Santo que não abrange todas as igrejas nem sequer as mais famosas do mundo, como Antioquia, Alexandria, Roma [...] se se consideram bem estas coisas não se podem ver que estas sete igrejas, além de seu aspecto literal, estavam destinadas a ser modelos e figuras das diversas épocas da igreja católica do princípio ao fim? De modo que estas sete igrejas seriam para nós amostras proféticas de sete temperamentos e estados sucessivos de toda a igreja visível segundo suas diferentes épocas. [...] E sendo assim [...] então certamente a Primeira Igreja (ou seja o estado efésio) deve ser a primeira, e a última será a derradeira. [...] A menção dos falsos judeus e a sinagoga de Satanás (em Apoc. 2) ao falar das cinco igrejas do meio, indica que pertencem aos tempos da Besta e Babilônia. E quanto à sexta em particular temos um caráter apropriado onde situá-la, a saber, parcialmente por volta do período da queda da Besta, e parcialmente após sua destruição, ao vir a Nova Jerusalém.’”APLCDA 363.1

    Lendo os autores acima citados, nota-se que o que levou os comentadores dos tempos mais modernos a descartar a ideia da natureza profética das mensagens às sete igrejas foi a doutrina relativamente recente e antibíblica do milênio temporal. O último período da igreja, como descrito em Apocalipse 3:15-17, parecia incompatível com o glorioso estado de coisas que devia existir na Terra durante mil anos, com todo o mundo convertido a Deus. Neste caso como em tantos outros, leva-se o ponto de vista bíblico a dar ao mais agradável. Os corações dos homens, como nos tempos antigos, ainda amam coisas aprazíveis e os seus ouvidos estão sempre favoravelmente abertos para os que lhes profetizem paz.APLCDA 363.2

    A primeira igreja é chamada Éfeso. Segundo a interpretação feita aqui, abrangeria o primeiro período, ou seja, o período apostólico. A definição da palavra Éfeso é “desejável”, palavra que descreve fielmente o caráter e condição da igreja durante seu primeiro estado. Os cristãos primitivos receberam a doutrina de Cristo toda a sua pureza. Desfrutaram os benefícios e bênçãos dos dons do Espírito Santo. Distinguiam-se por suas obras, trabalho e paciência. Fiéis aos puros princípios ensinados por Cristo, não podiam suportar os que praticavam o mal e punham à prova os falsos apóstolos, examinavam os seus verdadeiros caracteres e achavam-nos mentirosos. Não temos evidência de que isto fosse feito em maior escala pela igreja literal de Éfeso do que por outras igrejas desse tempo. Paulo nada diz a este respeito na epístola que escreveu àquela igreja. Era uma obra que toda a igreja cristã realizava naquele período, e essa era muita a propósito que o fizesse. (Ver Atos 15:2 Coríntios 11:13).APLCDA 364.1

    O anjo da igreja — O anjo de uma igreja deve significar um mensageiro ou ministro dessa igreja. Como cada igreja abrange certo período, o anjo de cada igreja deve significar o ministério, ou seja, o conjunto dos verdadeiros ministros de Cristo durante o período abrangido por essa igreja. Pelo fato das diferentes mensagens serem dirigidas aos ministros, não podem ser aplicáveis só a eles, mas se dirigem, com propriedade, por meio deles à igreja.APLCDA 364.2

    Um motivo de censura — “Tenho, porém, contra ti”, diz Cristo, “que abandonaste o teu primeiro amor”. “O abandono do primeiro amor é tão digno de censura como o afastamento de uma doutrina fundamental ou da moralidade bíblica. Aqui a igreja não é acusada de cair da graça, nem de ter permitido a extinção do amor, mas à sua diminuição. Não há zelo nem sofrimento que possam expiar a falta do primeiro amor.” Na vida cristã de alguém, jamais deveria chegar o tempo em que, caso lhe perguntassem qual foi o período de seu maior amor por Cristo, não pudesse responder: “O momento atual.” Mas se tal tempo chegasse, então deveria lembrar-se de onde caiu, meditar nisso, cuidadosamente recordar o estado de sua primeira aceitação de Deus, apressar-se a arrepender-se, e voltar a dirigir seus passos para essa desejável posição. O amor, como a fé, é manifestado por obras, e o primeiro amor, quando alcançado, trará sempre consigo as primeiras obras.APLCDA 364.3

    A admoestação — “E, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.” A vinda mencionada aqui deve ser uma vinda figurada, significando um juízo ou castigo, porquanto é condicional. A remoção do castiçal significa o fato de lhe serem tirados a luz e os privilégios do Evangelho e confiá-los a outras mãos, a menos que desempenhe melhor as responsabilidades a ela confiadas. Significa que Cristo rejeita os membros como Seus representantes que hão de levar a luz da verdade e do Evangelho perante o mundo. Esta ameaça aplica-se tanto aos membros individuais como ao conjunto da igreja. Não sabemos quantos assim fracassaram e foram rejeitados dentre os que professavam o cristianismo durante aquele período; sem dúvida foram muitos. Assim continuaram as coisas, alguns permanecendo firmes, outros apostatando, deixando de transmitir luz ao mundo; mas novos crentes iam preenchendo as vagas feitas pela morte e apostasia, até que a igreja alcançou uma nova era em sua experiência, apontada como outro período na sua história e abrangida por outra mensagem.APLCDA 365.1

    Os nicolaítas — Quão pronto está Cristo a elogiar o Seu povo pelas boas qualidades que possua! Se há alguma coisa que Ele aprova, logo a menciona. E nesta mensagem à igreja de Éfeso, tendo mencionado primeiro as suas boas qualidades e depois os fracassos, como se não quisesse passar por alto nenhuma das suas boas qualidades, menciona que eles aborreciam as obras dos nicolaítas, que Ele também aborrecia. A doutrina dos mesmos é condenada no versículo 15. Parece que eram pessoas cujas ações e doutrinas eram abominação para o Céu. Sua origem é de certa maneira duvidosa. Alguns dizem que procediam de Nicolau de Antioquia, um dos sete diáconos (Atos 6:5); outros, que a sua origem era atribuída a ele, só para se apoiar com o prestígio do seu nome; enquanto que uma terceira opinião é que a seita tomou o nome de um Nicolau de data posterior. A última teoria é provavelmente a opinião mais correta. Acerca das suas doutrinas e práticas, parece ser opinião geral que defendiam a poligamia, considerando o adultério e a fornicação como coisas indiferentes, e permitiam o comer coisas oferecidas aos ídolos. (Ver Clarke, Kitto e outras comentaristas).APLCDA 365.2

    O convite a prestar atenção — “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. Esta é uma forma solene de atrair a atenção universal para o que é de importância geral e mais urgente. Idêntica linguagem é usada com cada uma das sete igrejas. Cristo, quando esteve na Terra, usou a mesma forma de falar para chamar a atenção do povo para os mais importantes dos Seus ensinos. Usou-a com referência à missão de João (Mateus 11:15), à parábola do semeador (Mateus 13:9) e à parábola do joio, apresentando o fim do mundo (Mateus 13:43). É também usada quanto a um importante acontecimento profético em Apocalipse 13:9.APLCDA 366.1

    A promessa ao vencedor — Ao vencedor é prometido que há de comer da árvore da vida que cresce no meio do paraíso, o jardim de Deus. Onde está esse Paraíso? Está no terceiro Céu. Paulo escreve, em 2 Coríntios 12:2, que conheceu um homem (referia-se a si mesmo), que foi arrebatado até o terceiro Céu. No versículo 4 ele diz que foi arrebatado ao “Paraíso”, o que nos permite tirar a conclusão de que esse Paraíso está no terceiro Céu. Parece que neste Paraíso está a árvore da vida. A Bíblia apresenta só uma árvore da vida. É mencionada seis vezes: três em Gênesis e três, no Apocalipse, mas todas as vezes o nome é acompanhado com o artigo definido “a”. É a árvore da vida no primeiro livro da Bíblia, a árvore da vida no último, a árvore da vida no “Paraíso” (termo usado na tradução grega de Gênesis) do Éden, no princípio, e a árvore da vida no Paraíso celestial de que agora João fala. Se há apenas uma árvore, e ela esteve no princípio na Terra, pode-se perguntar como pode estar agora no Céu. A resposta é que deve ter sido levada para o Paraíso celeste. A única maneira de um mesmo corpo situado num lugar passar para outro lugar possa situar-se em outro é pelo seu transporte físico para ali. Há boas razões para crer que a árvore da vida foi levada da Terra para o Céu. Em II Esdras 7:26 [Apócrifo] aparece esta linguagem: “Eis tempo virá em que estes sinais que te tenho dito hão de acontecer, e a esposa aparecerá, e ao vir há de ser vista a que agora está retirada da terra.” Há aqui uma alusão evidente “à esposa, a mulher do cordeiro” (Apocalipse 21:9), que é a “santa cidade, a nova Jerusalém” (versículo 10; Gálatas 4:26), na qual está a arvore da vida (Apocalipse 22:2), que “agora está retirada da Terra”, mas que na devida época aparecerá, e será colocada entre os homens. Apocalipse 21:2-3 Um comentarista observa a respeito:APLCDA 366.2

    “O ato de Deus ao colocar querubins ‘para guardar o caminho da árvore da vida’ (Gênesis 3:24), no jardim do Éden, não tem apenas um aspecto que indica severidade judicial, mas é também, em certo sentido, uma promessa cheia de consolação. O bem-aventurado lugar, do qual o homem foi expulso, não é aniquilado nem abandonado à desolação e ruína, mas retirado da Terra e da humanidade e confiado ao cuidado das mais perfeitas criaturas de Deus, para poder por fim ser restituído ao homem depois de remido (Apocalipse 22:2). O jardim, como foi antes que Deus o plantasse e adornasse, caiu sob maldição, como o resto da Terra, mas o acréscimo celestial e paradisíaco foi eximido e confiado aos querubins. O Paraíso verdadeiro (ideal) foi trasladado ao mundo invisível. Mas pelo menos uma cópia simbólica dele, estabelecida no lugar santíssimo do tabernáculo, foi concedida ao povo de Israel segundo o modelo que Moisés viu no monte. (Êxodo 25:9, 40); no próprio original, como renovada habitação do homem remido, descerá finalmente à Terra. (Apocalipse 21:10).”APLCDA 367.1

    Ao vencedor é, pois, prometida uma restituição superior ao que Adão perdeu. Esta promessa se dirige não apenas aos vencedores daquele período da igreja, mas a todos os vencedores de todos os tempos, porque as grandes recompensas do Céu não têm restrições. Leitor, ponha empenho por ser um vencedor, pois quem tiver acesso à árvore da vida, que está no meio do Paraíso de Deus, jamais morrerá.APLCDA 368.1

    O período da igreja — Pode considerar-se o tempo abrangido por esta primeira igreja como se estendendo desde a ressurreição de Cristo até o fim do primeiro século, ou à morte do último dos apóstolos.APLCDA 368.2

    Versículo 8-11: Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver: Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás. Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.APLCDA 368.3

    A igreja de Esmirna — Note-se que ao apresentar-Se a cada igreja, o Senhor menciona algumas das Suas características que Lhe atribuem idoneidade para dar-lhes o testemunho que profere. A igreja de Esmirna, que estava prestes a passar pela prova ardente da perseguição, revela-Se como o que foi morto e reviveu. Se fossem chamados a selar com o sangue o seu testemunho, deviam lembrar-se de que repousavam sobre eles os olhos dAquele que participou da mesma sorte, mas triunfou sobre a morte e podia fazê-los sair das suas sepulturas de mártires.APLCDA 368.4

    Pobreza e riqueza — “Conheço [...] a tua pobreza”, diz-lhes Cristo, “(mas tu és rico).” À primeira vista, isto parece um estranho paradoxo! Mas quem são os verdadeiros ricos neste mundo? Os que são “ricos na fé” e “herdeiros do reino”. As riquezas deste mundo, pela qual os homens tão avidamente lutam pelas quais com frequência trocam a felicidade presente e a vida eterna futura, são “moeda que não corre no Céu”. Segundo a justa observação de certo escritor, “há muitos ricos pobres, e muitos pobres ricos.”APLCDA 368.5

    “A si mesmos se declaram judeus e não são” — É evidente que o termo “judeu” não é aqui usado no sentido literal. Denota um caráter que foi aprovado pelas normas evangélicas. A linguagem de Paulo esclarece este ponto. Diz ele: “Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra: cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.” (Romanos 2:28, 29) E, noutro lugar, diz: “Porque nem todos os que são de Israel, são israelitas; nem por serem descendência de Abraão são todos filhos.” (Romanos 9:6, 7) Em Gálatas 3:28, 29 Paulo diz-nos ainda que em Cristo não há distinção exterior entre judeu e grego, mas se somos de Cristo, então somos descendência de Abraão (no verdadeiro sentido) e herdeiros segundo a promessa. Dizer, como alguns, que o termo “judeu” nunca é aplicado a cristãos, é contradizer todas estas declarações inspiradas de Paulo e o testemunho da Testemunha fiel e verdadeira à igreja de Esmirna. Alguns hipocritamente pretendiam ser judeus neste sentido cristão, quando nada possuíam no respectivo caráter. Esses tais eram da sinagoga de Satanás.APLCDA 369.1

    Tribulação de dez dias — Como esta mensagem é profética, o tempo mencionado nela deve também ser considerado como profético. Em vista de que um dia profético representa um ano literal, os dez dias representam dez anos. E é um fato notável que a última e mais sangrenta das perseguições durou justamente dez anos, de 303 a 313.APLCDA 369.2

    Seria difícil aplicar esta linguagem se não se considerar que estas mensagens como proféticas, porque nesse caso apenas podiam ser significados dez dias literais. Não é provável que uma perseguição de dez dias, sofrida por uma única igreja, constituísse assunto de profecia; e nenhuma referência de um caso de tão restrita perseguição se pode encontrar. Por outro lado, aplicada esta perseguição a alguma das notáveis perseguições daquele período, como se pode dizer que se refere a uma igreja apenas? Todas as igrejas sofreram essas perseguições. Portanto, não seria apropriado destacar um só grupo, com exclusão dos restantes, como o única envolvida em tal calamidade.APLCDA 369.3

    A admoestação — “Sê fiel até a morte.” Alguns pretendem fazer desta expressão um argumento em favor da recepção da imortalidade no momento da morte. É um argumento sem peso, pois não se afirma aqui que a coroa da vida seja concedida imediatamente depois da morte. Por isso, devemos estudar outras passagens da Escritura para saber quando será dada a coroa da vida; e essas passagens nos dão plena informação. Paulo declara que esta coroa há de ser dada no dia do aparecimento de Cristo (2 Timóteo 4:8), ao soar da última trombeta (1 Coríntios 15:51-54), quando o Senhor descer do Céu (1 Tessalonicenses 4:16, 17); quando aparecer o Sumo Pastor (1 Pedro 5:4). Cristo diz que será na ressurreição dos justos (Lucas 14:14), quando Ele voltar, a fim de levar os Seus para a morada que lhes foi preparar, para que estejam com Ele para sempre (João 14:3). “Sê fiel até a morte” e depois de ter sido assim fiel, quando chegar o tempo de serem recompensados os santos de Deus, receberás a coroa da vida.APLCDA 371.1

    A promessa ao vencedor — “De nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.” Não é a linguagem usada aqui por Cristo um comentário do que Ele ensinou aos Seus discípulos, quando disse: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes Aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo?” (Mateus 10:28). Os membros da igreja de Esmirna podiam ser mortos aqui, mas a vida futura, que se lhes daria, nenhum homem lhe poderia tirar, nem Deus o permitiria. Assim não deviam temer os que podiam matar o corpo, nem temer coisa alguma das que haveriam de sofrer, pois a sua existência eterna estava assegurada.APLCDA 371.2

    Significado e época da igreja — Esmirna significa “mirra”, denominação apropriada para a igreja de Deus ao passar pela fornalha da perseguição, e era para Ele como um “perfume suave”. Mas logo chegamos aos tempos de Constantino, em que a igreja apresenta nova fase, sendo aplicados à sua história nome e mensagens muito diferentes.APLCDA 372.1

    Segundo a aplicação anterior, os limites da igreja de Esmirna seriam os anos 100-323.APLCDA 372.2

    Versículos 12-17: Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Estas coisas diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes: Conheço o lugar em que habitas, onde está o trono de Satanás, e que conservas o meu nome e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha testemunha, meu fiel, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição. Igualmente, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas. Portanto, arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.APLCDA 372.3

    A igreja de Pérgamo — Contra a igreja anterior não é pronunciada nenhuma palavra de condenação. A perseguição tende sempre a conservar a igreja pura e incita seus membros à piedade. Mas chegamos agora um período em que começam a operar influências através das quais se foram introduzindo erros e males na igreja.APLCDA 372.4

    A palavra “Pérgamo” significa “altura, elevação”. Foi um período em que os verdadeiros servos de Deus tiveram de lutar contra um espírito de política, orgulho e popularidade mundanos entre os professos seguidores de Cristo e contra as virulentas operações do mistério da iniquidade, que finalmente resultaram no completo desenvolvimento do homem do pecado (2 Tessalonicenses 2:3).APLCDA 372.5

    O elogio — “Onde está o trono de Satanás.” Cristo reconhece a situação desfavorável do Seu povo durante este período. A linguagem não se refere a qualquer localidade. Satanás opera onde quer que habitem cristãos. Mas certamente há momentos em que opera com especial poder, e o período abrangido pela igreja de Pérgamo foi um deles. Durante esse período a doutrina de Cristo corrompia-se, o mistério da iniquidade operava e Satanás começava a lançar o próprio fundamento desse estupendo sistema de iniquidade: o papado. Daí o desvio predito por Paulo em 2 Tessalonicenses 2:3.APLCDA 373.1

    É interessante notar que a cidade de Pérgamo veio a ser a sede do antigo culto babilônico do sol.APLCDA 373.2

    “Os magos caldeus tiveram um longo período de prosperidade em Babilônia. Um pontífice designado pelo soberano presidia um colégio de 72 hierofantes. [...] [Depois da ocupação medo-persa] os caldeus derrotados fugiram para a Ásia Menor, e estabeleceram seus colégio central em Pérgamo, onde tinham levado consigo o Paladião de Babilônia, ou pedra cúbica. Ali, livres do controle do Estado, perpetuaram os ritos de sua religião, e intrigando com os gregos, maquinaram contra a paz do Império Persa.”APLCDA 373.3

    Antipas — Há bons motivos para crer que este nome se refira a uma classe de pessoas e não a um indivíduo, porque hoje não se conhece qualquer informação autêntica a respeito de tal personagem. A este propósito diz Guilherme Miller:APLCDA 373.4

    “Supõe-se que Antipas não tenha sido um indivíduo, mas uma classe de homens que naquele tempo se opunham ao poder dos bispos, ou papas, sendo uma combinação de duas palavras: Anti, contra, oposto, e papas, pai, ou papa. Muitos deles naquele tempo sofreram o martírio em Constantinopla e Roma, onde bispos e papas começavam a exercer o poder que logo reduziria à sujeição os reis da Terra e pisotearia os direitos da igreja de Cristo. E, da minha parte, não vejo motivo para rejeitar esta explicação da palavra ‘Antipas’ no texto, pois que a história daqueles tempos é absolutamente omissa acerca de um indivíduo, como o nomeado aqui.”APLCDA 373.5

    O Dicionário Bíblico de Watson diz: “A antiga história eclesiástica não apresenta informação alguma deste Antipas.” O Dr. Clarke menciona a existência de uma obra, intitulada “Atos de Antipas”, mas dá-nos a entender que o seu título não merece crédito.APLCDA 374.1

    A causa da censura — Uma situação desvantajosa não é desculpa para a igreja cometer erros. Embora essa igreja vivesse num tempo em que Satanás elaborava poderosas seduções, era dever dos membros conservarem-se livres do fermento das suas más doutrinas. Assim, foram censurados por albergarem no seu meio os que seguiam a doutrina de Balaão e os nicolaítas. (Ver os comentários sobre os nicolaítas no v. 6). Revela-se aqui em que consistia a doutrina de Balaão. Ele ensinou Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel. (Ver o relato completo de sua obra e seus resultados em Números 22:25 e 31:13-16). Parece que Balaão queria amaldiçoar Israel para obter a rica recompensa que Balaque lhe oferecera. Mas, não lhe sendo permitido pelo Senhor amaldiçoá-lo, resolveu realizar essencialmente o mesmo, embora de modo diferente. Aconselhou Balaque a seduzir os israelitas, por meio das mulheres de Moabe, a participarem na celebração dos ritos da idolatria, e em todas as licenciosidades que os acompanhavam. O plano teve êxito. As abominações da idolatria espalharam-se pelo acampamento de Israel, caiu sobre eles a maldição de Deus, e morreram 24.000 pessoas.APLCDA 374.2

    As doutrinas censuradas na igreja de Pérgamo eram, sem dúvida, semelhantes em suas tendências, pois levavam à idolatria espiritual e a uma relação ilícita entre a igreja e o mundo. Este espírito produziu finalmente a união entre os poderes civil e eclesiástico, que culminou na formação do papado.APLCDA 374.3

    A admoestação — Cristo declarou que se os membros da igreja de Pérgamo não se arrependessem, Ele próprio tomaria o caso em Suas mãos e viria contra eles (em juízo) e batalharia contra eles (os que defendiam essas más doutrinas); e toda a igreja seria feita responsável pelos males praticados por esses hereges tolerados no seu meio.APLCDA 375.1

    A promessa ao vencedor — Ao que vencer é prometido que há de comer do maná escondido, e, como sinal de aprovação, há de receber do seu Senhor uma pedra branca, com um novo e precioso nome gravado nela. A maior parte dos comentadores aplicam o maná, a pedra branca e o novo nome a bênçãos espirituais a desfrutar já nesta vida. Mas como todas as outras promessas feitas ao vencedor, também esta se refere sem dúvida ao futuro, e será dada quando chegar o tempo de os santos serem recompensados. As seguintes palavras são as mais satisfatórias:APLCDA 375.2

    “Os comentadores supõem geralmente que isto se refere a um antigo costume judicial de lançar uma pedra negra numa urna quando se pretendia condenar, e uma pedra branca quando se indultava o preso. Mas este é um ato tão distinto do ‘dar-lhe-ei uma pedra branca’, que estamos dispostos a concordar com os que pensam que se refere antes a um costume muito diferente, e não desconhecido do leitor dos clássicos, que concorda de modo belo com o caso que temos diante de nós. Nos tempos primitivos, quando as viagens eram difíceis por falta de lugares de alojamento público, os particulares exerciam em larga escala a hospitalidade. Encontramos frequentes vestígios em toda a História, e em particular na do Antigo Testamento. As pessoas que se beneficiavam desta hospitalidade, e as que a praticavam, frequentemente contraíam relações de profunda amizade e consideração mútua; e tornou-se costume arraigado entre os gregos e os romanos dar ao hóspede algum sinal particular, que passava de pais a filhos e garantia hospitalidade e bom tratamento sempre que era apresentado. Este sinal era geralmente uma pequena pedra ou seixo, cortado ao meio, em cujas metades tanto o hospedeiro como o hóspede inscreviam os seus nomes, trocando-as depois entre si. A apresentação desta pedra era o suficiente para assegurar a amizade para si e para os descendentes sempre que de novo viajassem na mesma direção. É evidente que estas pedras deviam ser bem guardadas, e os nomes escritos nelas cuidadosamente ocultos, para que outros não obtivessem os privilégios em vez de as pessoas a quem eram destinadas.APLCDA 375.3

    “Quão natural, pois, a alusão a este costume nas palavras do texto: ‘Darei a comer do maná escondido!’, e depois disso, tendo-o feito participante da Minha hospitalidade, tendo-o como Meu hóspede e amigo, ‘lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe’. Dar-lhe-ei um penhor da Minha amizade, sagrada e inviolável, conhecido só por ele.”APLCDA 376.1

    Sobre o novo nome diz Wesley muito a propósito: “Jacó, depois da sua vitória, ganhou o nome de Israel. Queres tu saber qual será o teu novo nome? É simples, vence. Até então toda a tua curiosidade é vã. Depois o lerás escrito na pedra branca.”APLCDA 376.2

    Versículos 18-29: Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Estas coisas diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao bronze polido: Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras. Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos. Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição. Eis que a prostro de cama, bem como em grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras que ela incita. Matarei os seus filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas obras. Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira, a tantos quantos não têm essa doutrina e que não conheceram, como eles dizem, as coisas profundas de Satanás: Outra carga não jogarei sobre vós; tão-somente conservai o que tendes, até que eu venha. Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e com cetro de ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro; assim como também eu recebi de meu Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.APLCDA 376.3

    Se o período abrangido pela igreja de Pérgamo foi corretamente localizado, terminou com o estabelecimento do papado, em 538. A divisão mais natural que se pode conferir para a igreja de Tiatira seria a duração da supremacia papal, ou seja, os 1.260 anos que transcorrem desde 538 a 1798.APLCDA 377.1

    A igreja de Tiatira — Tiatira significa “perfume suave de labor” ou “sacrifício de contrição”. Este nome descreve bem o estado da igreja de Jesus Cristo durante o longo período de triunfo e perseguição papal. Este tempo que foi de terrível tribulação sobre a igreja, como nunca houve (Mateus 24:21) melhorou a condição religiosa dos crentes. Daí o receberem por suas obras, caridade, serviço, fé e paciência, o elogio dAquele cujos olhos são como chama de fogo. As obras são de novo mencionadas como dignas de duplo elogio, visto que as últimas são melhores do que as primeiras. A condição dos membros melhorou, cresceram na graça e em todos estes elementos do cristianismo. Este progresso, nessas condições, foi elogiado pelo Senhor.APLCDA 377.2

    Esta igreja é a única elogiada por progresso em coisas espirituais. Mas assim como na igreja de Pérgamo as circunstâncias desfavoráveis não eram desculpa para falsas doutrinas na igreja, nesta, a quantidade de trabalho, caridade, serviço, fé ou paciência não pode compensar igual pecado. É-lhes apresentado, pois, uma censura por tolerarem no seu meio um agente de Satanás.APLCDA 377.3

    O motivo da censura — “Essa mulher, Jezabel”. Como na igreja precedente Antipas não significava um indivíduo, mas uma classe de pessoas, “Jezabel” é aqui apresentada no mesmo sentido. Watson afirma: “O nome de Jezabel é usado proverbialmente. Apocalipse 2:20).” E Miller diz o seguinte:APLCDA 378.1

    “Jezabel é um nome figurado, alusivo à mulher de Acabe, que matou os profetas de Jeová, levou seu marido à idolatria e alimentou os profetas de Baal à sua própria mesa. Não se podia usar uma figura mais flagrante para representar as abominações papais (Ver 1 Reis 18, 19, 21). Vê-se, pela história, bem como por este versículo, que a Igreja de Cristo tolerava que alguns dos monges papais pregassem e ensinassem no meio dela.”APLCDA 378.2

    Certo comentarista apresenta a seguinte nota sobre o versículo 23: “Fala-se de filhos, o que confirma a ideia de que se tem em vista uma seita e os seus prosélitos.”APLCDA 378.3

    Os castigos com que se ameaça esta mulher estão em harmonia com as ameaças em outras partes deste livro contra a Igreja Romana, sob o símbolo de uma mulher corrupta, a mãe das prostituições e abominações da Terra (Ver Apoc. 17-19). A morte com a qual ele é ameaçada, sem dúvida, é a segunda morte, no fim do milênio de Apocalipse 20, quando se der a justa retribuição por Aquele que sonda os “rins e os corações” de todos os homens. E, além disso, notemos a declaração: “E vos darei a cada um segundo as vossas obras” é uma prova de que a carta a esta igreja refere-se profeticamente à recompensa ou castigo final de todos os seus responsáveis.APLCDA 378.4

    “E todas as igrejas conhecerão” — Tem-se argumentado que esta expressão demonstra que estas igrejas não podem significar sete períodos sucessivos da dispensação evangélica, mas deviam existir ao mesmo tempo, ou do contrário todas as igrejas não poderiam saber que Cristo era o perscrutador dos rins e corações, ao verem os seus juízos sobre Jezabel e seus filhos. Mas quando é que todas as igrejas hão de saber isto? Quando esses filhos forem castigados com a morte. E se isso há de suceder na altura em que a segunda morte é infligida a todos os ímpios, então, de fato, “todas as igrejas”, ao presenciarem a execução do castigo, conhecerão que não há nada secreto, não há mau pensamento ou desejo do coração, que se tenha furtado ao conhecimento dAquele que, com olhos como chamas de fogo, sonda os corações e rins dos homens.APLCDA 378.5

    “Outra carga não jogarei sobre vós” — Cremos que é aqui prometido à igreja alívio da carga, a saber, que durante tanto tempo suportou o peso da opressão papal. Não pode aplicar-se à recepção de novas verdades, porque a verdade não é uma carga para nenhum ser responsável. Mas os dias de tribulação que haviam de vir sobre a igreja seriam abreviados por causa dos escolhidos (Mateus 24:22). “Serão ajudados”, diz o profeta, “com um pequeno socorro.” (Daniel 11:34). “E a terra ajudou a mulher”, diz João (Apocalipse 12:16).APLCDA 379.1

    A admoestação — “Conservai o que tendes, até que eu venha.” Estas palavras do Filho de Deus apresentam-nos uma vinda incondicional. As igrejas de Éfeso e Pérgamo eram ameaçadas com esta vinda sob condições: “Arrepende-te, pois, quando não, em breve virei a ti.” Esta vinda implicava um castigo. Mas aqui se apresenta uma vinda de caráter diferente. Não é uma ameaça de castigo. Não depende de condição. É proposta ao crente como uma esperança, e não se pode referir a outro acontecimento senão à futura segunda vinda do Senhor em glória, em que cessarão as provações do cristão. Então seus esforços na carreira da vida e sua luta pela coroa de justiça serão recompensados com sucesso eterno.APLCDA 379.2

    Esta igreja leva-nos ao tempo em que começam a cumprir-se os mais imediatos sinais da Sua vinda iminente. Em 1780, dezoito anos antes do fim deste período, realizaram-se os sinais preditos no Sol e na Lua. (Ver os comentários sobre Apocalipse 6:12). E, referindo-Se a esses sinais, disse o Salvador: “Quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima.” (Lucas 21:28). Na história desta igreja atingimos um ponto em que o fim se aproxima tanto que a atenção do povo podia chamar-se mais particularmente para esse acontecimento. Para todo o intervalo de tempo Cristo disse: “Negociai até que Eu venha.” (Lucas 19:13). Mas, para agora diz: “Retende-o até que Eu venha.”APLCDA 379.3

    A promessa ao vencedor — “Até o fim” Isto deve referir-se ao fim da era cristã. “Aquele que perseverar até o fim”, diz Cristo, “será salvo.” (Mateus 24:13). Não temos aqui uma promessa igual para aqueles que guardam as obras de Cristo, fazem o que Ele ordenou e têm a fé de Jesus? (Apocalipse 14:12).APLCDA 380.1

    “Autoridade sobre as nações” — Neste mundo dominam os ímpios, e os servos de Cristo não são estimados. Mas está chegando o tempo em que a justiça terá a primazia, em que toda impiedade será vista à sua verdadeira luz e será plenamente desacreditada, e em que o cetro do poder estará nas mãos do povo de Deus. Esta promessa é esclarecida pelos seguintes fatos e afirmações bíblicas: As nações hão de ser entregues pelo Pai nas mãos de Cristo para serem esmigalhadas com uma vara de ferro e despedaçadas como um vaso de oleiro (Salmos 2:8, 9). Os santos associar-se-ão com Cristo quando Ele assim iniciar Sua obra de poder e juízo (Apocalipse 3:21). Hão de reinar com Ele, nessas funções, por mil anos (Apocalipse 20:4). Durante este período é determinado o grau do castigo dos ímpios e dos anjos maus (1 Coríntios 6:2, 3). No fim dos mil anos terão a honra de participar com Cristo na execução da sentença escrita (Salmos 49:9).APLCDA 380.2

    A Estrela da Manhã — Cristo diz, em Apocalipse 22:16, que Ele próprio é a Estrela da Manhã. A estrela da manhã é a imediata precursora do dia. A aqui chamada Estrela da Manhã é chamada Estrela da Alva em 2 Pedro 1:19, onde está relacionada com o amanhecer: “Até que o dia clareie e a Estrela da Alva nasça em vossos corações.”APLCDA 380.3

    Durante a penosa noite de vigília dos santos a palavra de Deus derrama a necessária luz sobre o seu caminho. Mas quando a Estrela da Alva lhes aparece nos corações, ou a Estrela da Manhã é dada aos vencedores, entrarão numa relação tão íntima com Cristo que os seus corações ficarão completamente iluminados pelo Seu Espírito, e eles andarão na Sua luz. Então não mais terão necessidade da firme palavra da profecia, que agora brilha como uma luz em lugar escuro.APLCDA 381.1

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