Loading...
Larger font
Smaller font
Copy
Print
Contents

Considerações sobre Daniel e Apocalipse

 - Contents
  • Results
  • Related
  • Featured
No results found for: "".
  • Weighted Relevancy
  • Content Sequence
  • Relevancy
  • Earliest First
  • Latest First
    Larger font
    Smaller font
    Copy
    Print
    Contents

    Apocalipse 07 — O Selo do Deus Vivo

    Versículos 1-3: Depois disto, vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, conservando seguros os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre árvore alguma. Vi outro anjo que subia do nascente do sol, tendo o selo do Deus vivo, e clamou em grande voz aos quatro anjos, aqueles aos quais fora dado fazer dano à terra e ao mar, dizendo: Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até selarmos na fronte os servos do nosso Deus.APLCDA 453.1

    O tempo em que se há de realizar a obra aqui introduzida fica estabelecida de um modo inequívoco. O capítulo sexto termina com os acontecimentos do sexto selo, e o sétimo selo não é mencionado senão no começo do capítulo 8. Todo o capítulo 7 é introduzido como entre parênteses. Por que se introduz aqui este ponto? Evidentemente com o propósito de apresentar detalhes adicionais acerca do sexto selo. A expressão “depois disto” não significa depois do cumprimento de todos os acontecimentos anteriormente descritos, mas depois de o profeta ter sido levado em visão ao fim do sexto selo. Para não interromper a ordem consecutiva dos acontecimentos apresentados no capítulo 6 sua mente é levada para o que é mencionado no capítulo 7, constituído por mais pormenores em relação com esse selo. Perguntamos: Entre que acontecimentos naquele selo se realizará esta obra? Deve ocorrer antes de o céu se retirar como um livro que se enrola, porque depois disso já não há lugar para semelhante obra. E deve ocorrer logo a seguir aos sinais no Sol, na Lua e nas estrelas, porque estes sinais apareceram e esta obra de selamento ainda não se cumpriu. Ocorre, portanto, entre os versículos 13 e 14 de Apocalipse 6. Como já demonstramos, este é justamente o tempo em que nos encontramos. Por isso, a primeira parte de Apocalipse 7 refere-se a uma obra cuja realização pode considerar-se para o tempo presente.APLCDA 453.2

    Quatro anjos — Os anjos são agentes que sempre intervêm nos assuntos da Terra. Por que não poderíamos admitir que se trata de quatro seres celestes, a cujas mãos Deus tenha confiado a obra de reter os ventos enquanto Deus não quer que não soprem, e soltá-los quando for o tempo de danificar a Terra?APLCDA 453.3

    Quatro cantos da Terra — Esta expressão significa os quatro pontos cardeais e indica que estes anjos, em sua esfera, têm a seu cargo toda a Terra.APLCDA 454.1

    Os quatro ventos — Ventos, na Bíblia, simbolizam comoções políticas, contendas e guerras (Daniel 7:2; Jeremias 25:32). Os quatro ventos, retidos por quatro anjos que estão nos quatro ângulos da Terra, devem representar todos os elementos de contenda e comoção que existem no mundo. Quando forem todos soltos e soprarem juntos constituirão a grande tormenta anunciada na profecia de Jeremias.APLCDA 454.2

    O anjo que subia da banda do Sol nascente — Apresenta-se aqui outro anjo literal, com o encargo de outra obra específica. A expressão que nossa versão traduz literalmente: “do nascente do sol”, refere-se evidentemente mais ao modo do que ao local. Assim como o Sol vai subindo a princípio com raios oblíquos e relativamente fracos, e vai aumentando de força até que brilham em todo o seu meridiano poder e esplendor, assim também a obra deste anjo começa em fraqueza, avança com sempre crescente influência e termina em força e poder.APLCDA 454.3

    O selo do Deus vivo — Este é o distintivo característico do anjo que sobe: traz consigo o selo do Deus vivo. Por este fato e pela cronologia da sua obra havemos de determinar, se possível, que movimento é simbolizado pela sua missão. A natureza da sua obra é evidentemente indicada pelo fato de ele ter o selo do Deus vivo. Para nos certificarmos de que obra se trata, temos de investigar em que consiste este selo do Deus vivo.APLCDA 454.4

    O selo é definido como um instrumento de selar; o que é “usado por indivíduos, corporações e estados, para fazer impressões em cera, sobre documentos escritos como uma evidência da sua autenticidade”. A palavra original neste texto é definida: “Um selo, isto é, um anel com sinete, uma marca, estampa, sinal, penhor.” O verbo significa: “Assegurar a alguém, certificá-lo; pôr um selo ou marca sobre alguma coisa em sinal de que é genuína ou aprovada; atestar, confirmar, estabelecer, distinguir por uma marca.” Tendo por base a definição comparar Gênesis 17:11 com Romanos 4:11, e Apocalipse 7:3 com Ezequiel 9:4, e veremos que as palavras “sinal”, “selo” e “marca”, segundo são usadas na Bíblia são termos sinônimos. O selo de Deus referido em nosso texto há de ser aplicado aos servos de Deus. Neste caso não se trata de alguma marca literal impressa carne, mas de alguma instituição ou observância com referência especial a Deus, que servirá de “sinal de distinção” entre os adoradores de Deus e os que não são Seus servos, ainda que professem segui-Lo.APLCDA 454.5

    O selo é usado para tornar válido ou autêntico qualquer decreto, ou lei, que uma pessoa ou poder promulgue. Nas Escrituras ocorrem frequentes exemplos do seu uso. Em 1 Reis 21:8 lemos que Jezabel “escreveu cartas em nome de Acabe, selou-as com o sinete dele.” Estas cartas ficaram, assim, com toda a autoridade do rei Acabe. Em Ester 3:12: “Em nome do rei Assuero se escreveu, e com o anel do rei se selou.” E no capítulo 8:8: “A escritura que se escreve em nome do rei, e se sela com o anel do rei, não é para revogar.”APLCDA 455.1

    O selo é usado em relação com alguma lei ou decreto que requer obediência, ou em documentos que terão valor legal ou que estarão sujeitos às disposições da lei. A ideia de lei é inseparável do selo.APLCDA 455.2

    Não devemos supor que nos decretos e leis de Deus, cuja obediência é obrigatória a todos homens, tenha de ser posto um selo literal, feito com instrumentos literais. Pela definição do termo e pelo fim para que o selo é usado, como já se demonstrou, temos de compreender como selo aquilo que, a rigor, dá validade e autenticidade a decretos e leis. No selo encontra-se o nome ou assinatura do poder legislador, expresso em termos que mostrem de que poder se trata, e seu direito para fazer leis e exigir obediência. Mesmo com um selo literal o nome deve sempre ser usado, segundo os textos já dados. Um exemplo do uso do nome só se encontra em Daniel 6:8: “Agora, pois, ó rei, sanciona o interdito, e assina a escritura, para que não seja mudada, segundo a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar.” Em outras palavras, põe a assinatura da realeza, mostrando quem é que exige obediência e seu direito de exigi-la.APLCDA 455.3

    Na profecia de Isaías 8, lemos: “Liga o Testemunho, sela a Lei entre os Meus discípulos.” Deve referir-se a uma obra de reavivar nas mentes dos discípulos algumas das exigências da Lei que foram desprezadas, ou pervertidas do seu verdadeiro significado. Na profecia, isto se chama o selar a Lei, ou restituir-lhe o selo, que havia sido tirado.APLCDA 456.1

    Os 144.000, que hão de ser selados com o selo de Deus na sua fronte, são de novo mencionados em Apocalipse 14:1, onde diz que têm o nome do Pai escrito em sua fronte.APLCDA 456.2

    Que é o selo de Deus? — Duas razões inevitavelmente se impõem do raciocínio e dos fatos e textos bíblicos citados:APLCDA 456.3

    1. O selo de Deus encontra-se na Lei de Deus.APLCDA 456.4

    2. O selo de Deus é a parte de Sua Lei que contém o Seu nome, o título descritivo, mostrando Quem é Ele, a extensão do Seu domínio e o Seu direito de governar.APLCDA 456.5

    Todas as principais denominações evangélicas admitem que a Lei de Deus se encerra sumariamente no Decálogo, ou Dez Mandamentos. Não temos, pois, mais a fazer do que examinar esses mandamentos para ver qual é o que constitui o selo da Lei, ou, em outras palavras, o que torna conhecido o verdadeiro Deus, o Poder legislador.APLCDA 456.6

    Os três primeiros mandamentos mencionam a palavra “Deus”, mas por eles não podemos dizer bem a quem se referem, porque há multidões de objetos a que é aplicado este nome. Há “muitos deuses e muitos senhores”. (1 Coríntios 8:5). Sem considerar agora o quarto mandamento, o quinto contém as palavras “Senhor” e “Deus”, mas não as define. E os outros cinco preceitos não contêm o nome de Deus. Só com a parte da Lei que examinamos seria impossível convencer de pecado o idólatra. O adorador de imagens podia dizer: “Este ídolo que está diante de mim é o meu deus; o seu nome é Deus, e estes são os seus preceitos.” O adorador dos astros podia também dizer: “O Sol é o meu deus, e eu o adoro segundo esta Lei.” Assim, sem o quarto mandamento o Decálogo é nulo e sem valor no que diz respeito a definir a adoração do verdadeiro Deus.APLCDA 456.7

    Mas acrescentemos agora o quarto mandamento, devolvamos à Lei este preceito, que tantos consideram descartado, e vejamos qual é a situação. Examinemos este mandamento, que contém a declaração: “Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar, e tudo o que neles há”, e vemos imediatamente que lendo os mandamentos dAquele que criou todas as coisas. O Sol não é, pois, o Deus do Decálogo. O verdadeiro Deus é Quem fez o Sol. Nenhum objeto do Céu ou da Terra é o Ser que aqui reclama obediência, porque o Deus desta Lei é o único que fez todas as coisas criadas. Temos agora uma arma contra a idolatria. Esta Lei não pode mais ser aplicada a falsos deuses, que “não fizeram os Céus e a Terra.” (Jeremias 10:11). O Autor desta Lei declarou Quem é Ele, a extensão do Seu domínio, e o Seu direito a governar, porque todo ser criado deve reconhecer imediatamente que Aquele que é o Criador de tudo, tem direito de exigir obediência de todas as Suas criaturas. Assim, com o quarto mandamento no seu lugar, esse maravilhoso documento, o Decálogo, o único documento entre os homens escrito pelo dedo de Deus tem uma assinatura, tem algo que o torna inteligível e autêntico; tem um selo. Mas sem o quarto mandamento a Lei é incompleta e carece de autoridade.APLCDA 457.1

    Nesta ordem de ideias é evidente que o quarto mandamento constitui o selo da Lei de Deus, ou o selo de Deus. As Escrituras acrescentam seu testemunho a esta conclusão.APLCDA 459.1

    Já vimos que na Bíblia os termos “sinal”, “selo” e “marca” são usados como sinônimos. O Senhor expressamente diz que o sábado é um sinal entre Ele e o Seu povo. “Certamente guardareis Meus sábados, porquanto isso é um sinal entre Mim e vós nas vossas gerações, para que saibais que Eu sou o Senhor que vos santifica.” (Êxodo 31:13). O mesmo fato é de novo afirmado em Ezequiel 20:12, 20. Aqui o Senhor diz ao Seu povo que o fim para que deviam guardar o sábado era para que soubessem que Ele é o verdadeiro Deus. É como se o Senhor dissesse: “O sábado é um selo. Da Minha parte é o selo de Minha autoridade, o sinal de que tenho o direito de exigir obediência. Da vossa parte é um sinal de que Me tomais por vosso Deus.”APLCDA 459.2

    Se alguém disser que este princípio não pode aplicar-se a cristãos hoje, como se o sábado fosse apenas um sinal entre Deus e os judeus, bastaria responder que os termos “judeus” e “Israel”, no verdadeiro sentido bíblico, não se limitam à descendência literal de Abraão. Este patriarca foi escolhido em princípio porque era o amigo de Deus, ao passo que seus pais eram idólatras. Seus descendentes foram escolhidos como povo de Deus, como guardas da Sua lei e depositários da Sua verdade, porque todos os outros povos tinham apostatado. Estas palavras a respeito do sábado lhes foram dirigidas enquanto tinham a honra de estar assim separados de todos os demais povos. Mas quando a parede de separação que estava no meio foi derribada, e os gentios foram chamados a participar das bênçãos de Abraão, todo o povo de Deus, tanto judeus como gentios, foi colocado numa nova e mais íntima relação com Deus por meio de Seu Filho, e eles são agora descritos por expressões como estas: “judeu é aquele que o é interiormente” e “um verdadeiro israelita” (Romanos 3:29; João 1:47). Estas declarações aplicam-se todos os que cumprem as condições nelas apresentadas, porque têm tanta ocasião de conhecer o Senhor como teve o Seu povo de outrora.APLCDA 459.3

    Assim, o Senhor considera o quarto mandamento como um sinal entre Ele e Seu povo, ou o selo da Sua Lei para todos os tempos. Ao observar esse mandamento o crente demonstra que é adorador do Deus verdadeiro. Pelo mesmo mandamento, Deus Se dá a conhecer como nosso Governador legítimo, visto que é nosso Criador.APLCDA 460.1

    Em harmonia com esta ideia deve notar-se o significativo fato de que os escritores sagrados querem distinguir o verdadeiro Deus dos falsos deuses, fazem um apelo aos grandes fatos da criação, sobre que está baseado o quarto mandamento. (Ver 2 Reis 19:15; 2 Crônicas 2:12; Neeemias 9:6; Salmos 96:5; 115:4-7, 15; 121:2; 124:8; 134:3; 146:6; Isaías 37:16; 42:5; 44:24; 45:12; Isaías 51:13; Jó 9:8; Jeremias 10:10-12; Jeremias 10:10-12; 32:17; 51:15; Atos 4:24; 14:15; 17:23, 24).APLCDA 460.2

    Note-se de novo o fato de que o mesmo grupo que em Apocalipse 7 tem o selo do Deus vivo em sua fronte é apresentado em Apocalipse 14:1 como tendo em sua fronte o nome do Pai. Temos aqui uma boa prova de que o “selo do Deus vivo” e o “nome do Pai” são usados como sinônimos. Completa-se a cadeia de evidências quando verificamos que o Senhor fala do quarto mandamento, que já mostramos ser o selo da Lei, como algo que contém o Seu nome. Vemos a prova disto em Deuteronômio 16:6: “Senão no lugar que escolher o Senhor teu Deus, para fazer habitar o Seu nome, ali sacrificarás a páscoa.” Onde é que sacrificavam a páscoa? Ali estava o santuário, que tinha em seu lugar santíssimo a arca com os Dez Mandamentos, o quarto dos quais declarava o verdadeiro Deus, e continha o Seu nome. Onde quer que estivesse este quarto mandamento, aí estaria o nome de Deus, e este era o único objeto a que podia aplicar-se a linguagem. (Ver Deuteronômio 12:5, 11, 21; 14:23, 24).APLCDA 460.3

    O selamento — Convencidos agora de que o selo de Deus é o Seu santo Sábado, que tem o Seu nome, estamos preparados para continuar com a sua aplicação. As cenas apresentadas pelos versículos que consideramos, os quatro ventos prestes a soprar, trazendo a guerra e perturbação sobre a Terra, e esta obra retardada até que os servos de Deus sejam selados, tudo isso nos lembra das casas dos israelitas assinaladas com o sangue do cordeiro pascal, e passadas por alto quando o anjo passou no país para matar os primogênitos do Egito (Êxodo 12). Também lembramos do sinal feito pelo que trazia um tinteiro de escrivão (Ezequiel 9), sobre todos os que seriam poupados pelos homens com as armas destruidoras que os seguiam. Concluímos que o selo de Deus, colocado sobre os Seus servos é algum sinal distintivo, ou característica religiosa, que os livrará dos juízos de Deus a cair sobre os ímpios que os rodeiam.APLCDA 460.4

    Tendo encontrado o selo de Deus no quarto mandamento, segue-se a pergunta: A observância desse mandamento inclui alguma particularidade na prática religiosa? Sim, e bem impressionante. Um dos fatos mais singulares que se encontram da história religiosa é que, num século em que brilha tão intensamente a luz do Evangelho, em que a influência do cristianismo é tão poderosa e espalhada, uma das práticas mais peculiares que uma pessoa pode adotar, uma das cruzes mais pesadas que pode tomar, é a simples observância da Lei de Deus. Este mandamento requer a observância do sétimo dia de cada semana como o sábado do Senhor, mas quase toda a cristandade, pelas influências do paganismo e do papado, foi iludida e observa o primeiro dia. Desde que alguém comece a observar o dia ordenado no mandamento, logo a pessoa fica marcada como peculiar. Distingue-se do professo mundo religioso como do mundo secular.APLCDA 461.1

    Concluímos, pois, que o anjo que sobe do nascimento do sol, com o selo do Deus vivo, é um mensageiro divino encarregado da obra de reforma que deve ser realizada entre os homens relativa à observância do sábado do quarto mandamento. Os agentes desta obra na Terra são, é claro, ministros de Cristo, porque aos homens é dada a missão de instruir os outros na verdade bíblica. Mas, como há ordem na execução de todos os conselhos divinos, não parece improvável que um anjo literal possa ter como cargo a direção desta reforma.APLCDA 461.2

    Já notamos a cronologia desta obra, pondo-a em nosso tempo. Isto fica ainda mais evidente pelo fato de, logo após o assinalamento destes servos de Deus, eles se apresentam perante o trono com palmas de vitória nas mãos. O selamento é, portanto, a última obra realizada em favor deles antes de serem libertados da destruição que o mundo vai sofrer com relação ao segundo advento.APLCDA 462.1

    Identidade do anjo do selamento — Em Apocalipse 14 encontramos outra vez a mesma obra apresentada sob o símbolo de um anjo voando no meio do céu com a mais terrível ameaça que jamais soou aos ouvidos dos homens. Embora falaremos disso mais detidamente quando chegarmos a esse capítulo, agora nos referimos à sua proclamação por ser a última obra realizada em favor do mundo antes da vinda de Cristo, que é o acontecimento que se segue naquela profecia, podendo sincronizá-la assim com a obra aqui apresentada em Apocalipse 7:1-3. O anjo com o selo do Deus vivo é, portanto, o mesmo que o terceiro anjo de Apocalipse 14.APLCDA 462.2

    Esta opinião confirma a exposição anterior do selo. Como resultado da obra de selamento de Apocalipse 7, certo grupo é selado com o selo do Deus vivo, enquanto que como resultado da mensagem do terceiro anjo de Apocalipse 14 um grupo de pessoas obedece a todos os “mandamentos de Deus” (Apocalipse 14:12). O quarto mandamento do Decálogo é o único que o mundo cristão abertamente viola e ensina os homens a violar. Que esta é a questão vital que se trata nesta mensagem, torna-se evidente pelo fato de a guarda dos mandamentos, inclusive o sábado do Senhor, é o que distingue os servos de Deus dos que adoram a besta e recebem sua marca. Como veremos depois, esta marca é a observância de um falso dia de repouso.APLCDA 462.3

    Depois de ter aqui notado brevemente os principais pontos do assunto, chegamos agora ao mais impressionante. De acordo com o precedente argumento cronológico, encontramos que esta obra já está se cumprindo diante de nossos olhos. A mensagem do terceiro anjo está avançando. O anjo que subia do nascimento do sol está realizando a sua missão. A reforma na questão do sábado já começou. Ainda que em relativo silêncio, está seguramente abrindo caminho na Terra. Está destinada a agitar todos os países que recebem a luz do Evangelho, e terá como resultado um povo preparado para a iminente vinda do Salvador e selado para o Seu reino eterno. O selamento dos servos de Deus pelo anjo mencionado no versículo 3, é produzida em reconhecimento de sua fidelidade à observância da Lei de Deus, que Se identifica no quarto mandamento como Criador do céu e da Terra, e como Quem estabeleceu o sábado do sétimo dia como lembrança daquela grande obra.APLCDA 463.1

    A retenção dos ventos — Com mais uma pergunta deixamos estes versículos, com que tão longamente nos detivemos. Vimos entre as nações algum movimento a indicar que o clamor do anjo que subia: “Não danifiqueis” com o soprar dos ventos, “até que hajamos assinalado os servos do nosso Deus”? É óbvio que o tempo durante o qual os ventos são retidos não podia ser um tempo de profunda paz. Isto não corresponderia à profecia, pois para se tornar manifesto que os ventos estão sendo retidos, deve haver perturbação, agitação, ódio e inveja entre as nações, com estalidos ocasionais, como rajadas de vento escapando de uma tempestade. Estes estalidos serão reprimidos inesperadamente. Só assim, seria evidente ao que olhasse para os acontecimentos à luz da profecia, que para algum propósito a refreadora mão da Onipotência foi posta sobre os elementos de contenda. Tal tem sido o aspecto de nossos tempos, quando súbita e inexplicavelmente tudo voltava à calma. Na última metade do século XIX viram-se notáveis exemplos destas coincidências na conclusão súbita da guerra franco-alemã em 1871, a guerra russo-turca em 1878, e a guerra hispano-americana em 1898.APLCDA 463.2

    Logo ocorreu durante a primeira parte do presente século a Primeira Guerra Mundial na qual se permitiu que os quatro ventos soprassem sobre grande parte do mundo. Muitos escritores declararam que era o Armagedom do Apocalipse. Com o passar do tempo parecia que esta grande conflagração iria consumir o mundo inteiro, sem deixar raiz nem ramo. Mas de repente o anjo clamou: “Detenham-se!”, porque o selamento não havia ainda terminado. Em 11 de novembro de 1918 os quatro anjos reprimiram os ventos de luta, e um mundo enfermo pela guerra, enlouquecido pelos quatro anos de mortandade, alegrou-se de novo em uma aparente paz e segurança.APLCDA 464.1

    A trégua foi aclamada como princípio de uma idade de ouro e de paz, prosperidade e boa vontade entre os homens, pois não se tinha travado a guerra para acabar com as guerras? Milhões de pessoas creram que nunca mais haveria outra guerra, que a humanidade tinha aprendido sua lição. Por acaso não devia ser Deus que, intervindo nos negócios das nações, trouxesse a paz para facilitar o término da grande obra, segundo as palavras do anjo: “Até selarmos na fronte os servos do nosso Deus”?APLCDA 464.2

    O período decorrido desde o armistício de 1918 até o estalar da Segunda Guerra Mundial ficou longe de ser pacífico, pois o Almanaque Mundial apresenta durante esse tempo pelo menos 17 conflitos, afetando quatro continentes. Muitos destes ameaçaram alcançar sérias proporções. Toda vez que o mundo afligido começava a temer a difusão destes conflitos, as dificuldades eram subitamente resolvidas. Interveio o anjo em favor da paz?APLCDA 464.3

    Logo, de repente, os quatro anjos voltaram a soltar os ventos e estes foram em torvelinho em um conflito devastador, global que chamamos Segunda Guerra Mundial, e quase todo o mundo foi afetado. Por sua magnitude e depredações, esta guerra superou em muito a primeira.APLCDA 464.4

    Não podemos compreender nem explicar o fluxo e refluxo destas correntes de guerra e de paz senão pela revelação de Jesus Cristo dada pelo profeta João, segundo está registrada nestes versículos. Quando convém aos planos e propósitos de Deus permitir que soprem os ventos de luta, então a natureza não regenerada pela graça, uma vez solta, opera sem freio. Mas ao Ele dizer: “Basta!”, o anjo clama: “Detenham-se!”, e cessa a luta para que a obra de Deus possa avançar. Será assim até a grande conclusão do plano da salvação.APLCDA 465.1

    Você se sente aflito, amado leitor, pela intranquilidade e a confusão entre as nações? Quer saber o que significa tudo isso? Você achará a resposta no quadro apresentado nestes versículos: “O Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer.” (Daniel 4:32) No momento que decidir, Ele fará cessar a “guerra até aos confins do mundo” (Salmos 46:9).APLCDA 465.2

    Versículos 4-8: Então, ouvi o número dos que foram selados, que era cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel: da tribo de Judá foram selados doze mil; da tribo de Rúben, doze mil; da tribo de Gade, doze mil; da tribo de Aser, doze mil; da tribo de Naftali, doze mil; da tribo de Manassés, doze mil; da tribo de Simeão, doze mil; da tribo de Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil; da tribo de Zebulom, doze mil; da tribo de José, doze mil; da tribo de Benjamim foram selados doze mil.APLCDA 465.3

    O número dos selados — Aqui se apresenta o número dos selados: 144.000. Pelo fato de que há doze mil selados de cada uma das doze tribos, alguns supõem que esta obra já foi realizada, pelo menos no início da era cristã, quando essas tribos existiam literalmente. Não veem como se possa aplicar ao nosso tempo, em que todo vestígio de distinção entre essas tribos desde há tanto tempo foi apagado completamente. Convidamos essas pessoas a ler a linguagem clara da Epístola de Tiago: “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que andam dispersas, saúde. Meus irmãos.” Aqueles a quem Tiago se dirige são cristãos, pois que são seus irmãos. Alguns se converteram do paganismo e outros do judaísmo, mas todos são incluídos nas doze tribos. Como pode ser isto? Paulo explica-o em Romanos 11:17-24. Na vívida figura do enxerto, apresentada, a oliveira representa Israel.APLCDA 465.4

    Alguns dos ramos, os descendentes naturais de Abraão, foram quebrados por causa da sua incredulidade acerca de Cristo. Pela fé em Cristo os ramos da oliveira brava, os gentios, foram enxertados na boa oliveira, e assim são perpetuadas as doze tribos. E aqui encontramos uma explicação da linguagem do mesmo apóstolo: “Nem todos os que são de Israel são israelitas” e “não é judeu o que o é exteriormente [...] mas é judeu o que o é no interior.” Romanos 9:6-8; 2:28, 29. Assim, encontramos nas portas da Nova Jerusalém, que é uma cidade do Novo Testamento, ou cristã, os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Nos fundamentos desta cidade estão inscritos os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. (Apocalipse 21:12-14).APLCDA 467.1

    Se as doze tribos pertencem exclusivamente à primeira dispensação, a ordem mais natural teria sido pôr os seus nomes nos fundamentos e os dos doze apóstolos nas portas; mas não, os nomes das doze tribos estão nas portas. Como todas as hostes dos remidos hão de entrar e sair através destas portas, que levam essas inscrições, assim também todos os remidos serão contados como pertencendo a estas doze tribos, sem considerar se na Terra foram judeus ou gentios.APLCDA 467.2

    É digno de nota que a enumeração das tribos aqui difere da que é dada em outros lugares. Na passagem que está diante de nós as tribos de Efraim e Dã são omitidas, e em seu lugar se introduz as de Levi e José. A omissão de Dã explicam os comentadores deve-se fato de essa tribo ter sido muito afeiçoada à idolatria. (Ver Juízes 18). A tribo de Levi ocupa aqui o seu lugar com as restantes, visto que na Canaã celeste não existem as razões, que existiam na terrestre, para não terem herança. José provavelmente substitui Efraim, pois que é um nome que parece ter sido aplicado tanto à tribo de Efraim como à de Manassés (Números 13:11).APLCDA 467.3

    Doze mil são selados de cada uma das doze tribos, mostrando que nem todos os que nos registros do Céu tinham um lugar entre estas tribos quando começou a obra de selamento, suportaram a prova e foram vencedores no final, porque os nomes já inscritos no livro da vida, serão riscados se não vencerem (Apocalipse 3:5).APLCDA 468.1

    Versículos 9-12: Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação. Todos os anjos estavam de pé rodeando o trono, os anciãos e os quatro seres viventes, e ante o trono se prostraram sobre o seu rosto, e adoraram a Deus, dizendo: Amém! O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graças, e a honra, e o poder, e a força sejam ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém!APLCDA 468.2

    Terminado o selamento João contempla uma inumerável multidão que, em arrebatamento, adora a Deus perante o Seu trono. Esta vasta multidão é constituída pelos salvos de toda nação, povo, tribo e língua, que foram ressuscitados na segunda vinda de Cristo, mostrando que o selamento é a última obra realizada em favor do povo de Deus antes da trasladação.APLCDA 468.3

    Versículos 13-17: Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram? Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro, razão por que se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo. Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima.APLCDA 468.4

    Um grupo celestial — A pergunta feita por um dos anciãos a João: “Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram?”, considerada em relação com a resposta de João: “Meu senhor, tu o sabes”, dão a entender que João não sabia, e pareceriam ilógicas se se referisse a toda a grande multidão que estava diante dele. Porque João sabia quem eram e de onde tinham vindo, porque acabava de dizer que eram pessoas — remidas sem dúvida — de todas as nações, tribos, povos e línguas. E João podia responder: Estes são os remidos de todas as nações da Terra. Nenhum grupo se apresenta ao qual mais naturalmente se fizesse alusão do que ao grupo de que se fala na primeira parte do capítulo: os 144.000. João vira de fato este grupo no seu estado mortal, quando receberam o selo do Deus vivo no meio das perturbadas cenas dos últimos dias; mas ao encontrarem-se aqui entre a multidão dos remidos, a transição é tão grande, e a condição em que agora aparecem é tão diferente, que não os reconhece como o grupo especial que viu selado na Terra. E a este grupo parecem especialmente aplicáveis as especificações que se seguem:APLCDA 469.1

    Vieram da grande tribulação — Embora seja verdade até certo ponto, para todos os cristãos, que “através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (Atos 14:22), isso se aplica de um modo muito especial aos 144.000. Eles passam pelo tempo de angústia qual nunca houve desde que houve nação (Daniel 12:1). Experimentam a angústia mental do tempo da angústia de Jacó (Jeremias 30:4-7). Hão de subsistir sem mediador através das terríveis cenas das sete últimas pragas, que são manifestações da ira de Deus na Terra, como veremos em Apocalipse 15 e 16. Passam através do mais duro tempo de angústia que o mundo jamais conheceu, mas triunfam e são libertados.APLCDA 469.2

    Vestes brancas — Eles lavam as suas vestes e as branqueiam no sangue do Cordeiro. A última geração recebem conselhos muito enfáticos sobre a necessidade de adquirir a veste branca (Apocalipse 3:5, 18). Os 144.000 recusam violar os mandamentos de Deus (Apocalipse 14:1, 12). Ver-se-á que puseram sua esperança de vida eterna nos méritos do sangue derramado de seu divino Redentor, e fizeram dEle sua fonte de justiça. Há ênfase especial ao dizer-se deles que lavaram suas roupas e as alvejaram no sangue do Cordeiro.APLCDA 470.1

    As primícias — O versículo 15 descreve o posto de honra que eles ocupam no reino e sua proximidade de Deus. Noutro lugar são chamados “primícias para Deus e para o Cordeiro” (Apocalipse 14:4).APLCDA 470.2

    Nunca mais terão fome — O versículo 16 diz: “Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede.” Isto mostra que já tiveram fome e sede. A que se pode referir isto? Como sem dúvida se refere a alguma experiência especial, não poderá referir-se às suas provações no tempo de angústia, mais especialmente durante as sete últimas pragas? Nesse tempo os justos ficarão reduzidos a pão e água, mas estas coisas lhes “serão certas” (Isaías 33:16), e terão o suficiente para o sustento. Todavia não poderá suceder que quando os pastos se secarem com todos os frutos e vegetação (Joel 1:18-20), e os rios e fontes se converterem em sangue (Apocalipse 16:4-9), reduzindo a sua relação com a Terra e as coisas terrenas ao mais baixo limite, os santos que passarem por esse tempo serão levados transitoriamente aos extremos graus de fome e sede? Mas uma vez ganho o reino, “nunca mais terão fome, nunca mais terão sede”.APLCDA 470.3

    O profeta continua, em referência a este grupo: “Nem sol nem calma alguma cairá sobre eles.” Os 144.000 vivem no tempo em que é dado poder ao Sol “para abrasar os homens com fogo” (Apocalipse 16:8, 9). Embora sejam protegidos do mortal efeito produzido sobre os ímpios que os rodeiam, não podemos supor que a sua sensibilidade esteja tão embotada que esse terrível calor não lhes cause qualquer sensação desagradável. Não, e quando entrarem nos campos da Canaã celeste estarão preparados para apreciar a promessa divina de que nem sol nem calma alguma os prejudicará.APLCDA 470.4

    O Cordeiro os apascentará — Outro testemunho acerca do mesmo grupo, e que se aplica ao mesmo tempo, diz: “São eles os seguidores do Cordeiro por onde quer que vá.” (Apocalipse 14:4). Ambas as expressões apresentam o estado de íntima e divina comunhão em que o bendito Redentor em relação a Si próprio os admite.APLCDA 471.1

    O salmista parece aludir à mesma promessa, nesta bela passagem: “Eles se banqueteiam na fartura da tua casa; tu lhes dás de beber do teu rio de delícias.” (Salmos 36:8, NVI). A fraseologia desta promessa feita aos 144.000 encontra-se também parcialmente na seguinte profecia saída da pena de Isaías: “Aniquilará a morte para sempre, e assim enxugará o Senhor Jeová as lágrimas de todos os rostos, e tirará o opróbrio do Seu povo de toda a Terra; porque o Senhor o disse.” Isaías 25:8.APLCDA 471.2

    Larger font
    Smaller font
    Copy
    Print
    Contents